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(música)
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As pessoas gostam de respostas definitivas.
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Nós realmente queremos ter um entendimento claro de tudo o que vemos.
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Os historiadores de arte especialmente.
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Mas as pessoas também gostam de fazer coisas.
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Nós gostamos de fazer arte.
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E uma das mais antigas obras de arte do mundo já encontrada
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é uma pequena estatueta feminina
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às vezes simplesmente chamada de nu feminino,
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mas ainda é universalmente conhecida como a Vénus de Willendorf -
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um nome que não faz sentido algum,
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mas que realmente revela um olhar da nossa cultura.
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Ela adquiriu o nome de Vénus quando foi encontrada em 1908
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numa vila na Áustria, chamada de Willendorf.
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Tem apenas cerca de 11 centímetros de altura
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e data de há cerca de 25 000 anos.
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Portanto, ela é muito antiga.
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E no Museu de Viena
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estamos olhando para ela no Museu de História Natural,
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colocaram-na na escuridão, numa caixa de vidro,
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iluminada a partir de cima.
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O exterior parece um templo grego
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e nele está escrito 'Vénus de Willendorf'.
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E de facto, no templo, há um pequeno botão,
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porque lembre-se de que este é um museu de ciência,
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com muitas crianças e as crianças gostam de botões.
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E quando o fazem, a luz branca por cima da estatueta fica vermelha
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e começa a tocar uma música com flauta.
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Agora, é claro que não temos a mínima ideia se essas pessoas ouviam música,
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o que seria essa música.
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É realmente uma tentativa de preencher todas as lacunas.
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Não sabemos quase nada sobre ela.
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Não sabemos por que foi feita, quem a fez.
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O que temos é a figura e praticamente nenhum contexto.
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É de certa forma um objeto antropológico, em vez de um objeto de arte.
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Dando-lhe o nome de uma deusa grega,
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a deusa do amor, Vénus,
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atribuímos-lhe um significado -
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um significado de ela ser a figura de uma deusa
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e de alguma forma estar associada à fertilidade.
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Agora, não temos nenhuma razão para acreditar que qualquer uma destas coisas seja verdade.
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Suponho que temos um pouco mais de contexto e que é
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esta é apenas uma das várias figuras femininas que têm sido encontrados desta época.
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Foi durante a última era glacial.
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E é uma das primeiras esculturas figurativas que conhecemos.
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O que é interessante é que quase todas as esculturas que foram encontradas foram figuras femininas.
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Deveríamos dizer que todas as figuras que foram encontradas até agora
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são figuras femininas e estão nuas.
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Mas são de diferentes formas.
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Algumas exageram os seios e nádegas, mas outras são magras.
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Mas talvez dentro de dez anos ou cem anos
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os arqueólogos e os historiadores de arte vão encontrar figuras masculinas.
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Então, tudo isso são hipóteses,
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tudo o que temos que fazer é olhar para a figura em si.
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Vamos dar uma olhada.
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Ela não tem pés e tem braços muito finos,
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que ela repousa sobre os seios.
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E ela não tem características faciais.
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Isto é consistente com quase todas as figuras deste período que foram encontradas.
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Há um desenho cuidado dos cabelos,
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ou talvez um chapéu que está na sua cabeça.
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Alguns arqueólogos têm sugerido ela pode estar a usar um chapéu de palha.
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Oh, há música e a luz vermelha.
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É isso mesmo. Uma menina acabou de carregar no botão.
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As mãos estão articuladas assim ligeiramente, definindo os dedos.
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E os arqueólogos que olharam para isto em pormenor sugeriram que
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talvez o exagero do estômago e dos seios e da cabeça,
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são formas bulbosas,
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são parcialmente o resultado da forma natural da pedra.
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Este é um objeto de pedra calcária.
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Ela é simétrica.
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E claramente não é algo que era para ficar erguido,
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como mencionou não tinha pés.
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Mas esta é uma figura que teria facilmente enchido uma mão.
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E tem-se a sensação de que se trata de algo que era para ser segurado,
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segurado talvez num bolso ou algo parecido.
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Ela se encaixa confortavelmente numa mão.
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Sabemos que ela foi originalmente pintada com tinta ocre, uma espécie de tinta vermelha.
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Para além disso, realmente é difícil dizer muito mais.
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Por isso continuaremos a estar fascinados por ela.
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Os historiadores de arte vão continuar a tentar encontrar respostas.
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E de algumas maneiras, eu tenho certeza, cairemos sempre
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na armadilha dos nossos próprios interesses e das nossas próprias necessidades
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à medida que tentamos entender este objeto.
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Não tenho a certeza de que algum dia o compreendamos completamente
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ou seremos capazes de recuperar os seus significados originais.
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Não.
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(música)