Return to Video

Lições da vida de um jovem inventor | Alex Deans | TEDxFrankfurt

  • 0:08 - 0:10
    Vocês devem estar lendo
    o título da minha palestra
  • 0:10 - 0:14
    e se perguntando:
    "O que esse garoto deve saber?"
  • 0:14 - 0:15
    E estão certos.
  • 0:15 - 0:18
    Como um jovem de 20 anos,
    ainda tenho muito a aprender.
  • 0:18 - 0:20
    Reconheço isso.
  • 0:20 - 0:24
    Mas nos últimos cinco anos,
    tive algumas experiências incríveis,
  • 0:24 - 0:25
    e vou compartilhá-las com vocês,
  • 0:25 - 0:29
    esperando que signifiquem tanto
    para vocês como significam para mim.
  • 0:29 - 0:30
    Me chamo Alex.
  • 0:30 - 0:32
    Se já se perguntaram como é um canadense,
  • 0:32 - 0:33
    basta olhar para mim.
  • 0:33 - 0:34
    (Risos)
  • 0:34 - 0:36
    Sou filho de imigrantes.
  • 0:36 - 0:38
    Cresci jogando hóquei.
  • 0:38 - 0:40
    Fui praticamente criado em cima de esquis.
  • 0:40 - 0:41
    E falo francês.
  • 0:41 - 0:44
    Não dá pra ser mais canadense do que eu.
  • 0:44 - 0:46
    Quando eu tinha 12 anos,
  • 0:46 - 0:49
    inventei um novo dispositivo de ajuda
    na locomoção de deficientes visuais.
  • 0:49 - 0:52
    Neste ano, tive a sorte
    de ser nomeado pela rainha
  • 0:52 - 0:54
    como "Jovem Líder pelo Canadá".
  • 0:54 - 0:57
    Quando eu tinha 12 anos,
    estava andando no centro da cidade,
  • 0:57 - 1:00
    e vi essa mulher na calçada.
  • 1:00 - 1:01
    Não essa mulher... mulher errada.
  • 1:01 - 1:03
    (Risos)
  • 1:03 - 1:05
    E ela estava parada na esquina,
  • 1:05 - 1:06
    em frente à faixa de pedestres,
  • 1:06 - 1:09
    mas ela não se movia,
    não atravessava a rua.
  • 1:09 - 1:11
    Estava paralisada ali.
  • 1:11 - 1:13
    E também não estava perdida.
  • 1:13 - 1:17
    A expressão dela era de medo,
    e ela estava tremendo.
  • 1:17 - 1:19
    Achei aquilo estranho,
  • 1:19 - 1:22
    fui perguntar se ela precisava de ajuda,
  • 1:22 - 1:27
    olhei nos olhos dela ao me aproximar
    e percebi que ela era cega.
  • 1:28 - 1:30
    E ouvi a história dela.
  • 1:30 - 1:32
    Seu cão-guia havia morrido recentemente,
  • 1:32 - 1:34
    e um novo custaria quase US$ 40 mil,
  • 1:34 - 1:38
    então, enquanto isso,
    ela recebeu uma bengala guia,
  • 1:38 - 1:40
    mas odiava usar aquilo
  • 1:40 - 1:43
    porque, por exemplo,
    ela não a ajuda a atravessar a rua.
  • 1:44 - 1:48
    A perda da visão tirou muito mais dela.
  • 1:48 - 1:52
    Tirou a confiança e a independência.
  • 1:52 - 1:54
    Então, fui embora,
  • 1:54 - 1:57
    e estava chocado e um pouco emocionado
  • 1:58 - 2:01
    porque, pela primeira vez, eu percebi
  • 2:01 - 2:04
    que os deficientes visuais não têm
    toda a ajuda de que necessitam.
  • 2:05 - 2:08
    Temos 285 milhões de pessoas
    no planeta com deficiência visual,
  • 2:08 - 2:11
    e a maioria delas não tem quem as ajude.
  • 2:12 - 2:17
    Voltei pra casa e encomendei
    diversos componentes de robótica
  • 2:17 - 2:20
    e decidi que procurar uma solução
    para isso seria divertido como hobby.
  • 2:20 - 2:23
    Mas eu não era programador,
    nem entendia de códigos,
  • 2:23 - 2:25
    então eu precisava buscar ajuda.
  • 2:25 - 2:28
    Procurei e encontrei um grupo
    de inventores nos EUA,
  • 2:28 - 2:31
    e era basicamente um grupo
    de senhores de 60 anos
  • 2:31 - 2:33
    que adoravam construir coisas.
  • 2:33 - 2:36
    E estavam alugando um enorme depósito,
  • 2:36 - 2:40
    que era um playground
    para a imaginação deles.
  • 2:40 - 2:41
    E o paraíso pra mim.
  • 2:42 - 2:45
    Não sei se vocês já trabalharam
    com técnicos norte-americanos,
  • 2:45 - 2:50
    mas eles mal podem esperar três minutos
    para contar tudo sobre o trabalho deles,
  • 2:50 - 2:51
    o que é ótimo.
  • 2:51 - 2:54
    E são loucos para te apresentar
    para todo mundo,
  • 2:54 - 2:57
    dos colegas de programação
    até o velho tio Pete.
  • 2:58 - 2:59
    E foi isso o que eles fizeram.
  • 2:59 - 3:03
    Me apresentaram inventores
    da África do Sul e da Argentina,
  • 3:03 - 3:05
    inventores mais velhos,
  • 3:05 - 3:09
    e essas mentes criativas e geniais
    tornaram-se meus mentores.
  • 3:09 - 3:13
    Nos dois anos seguintes,
    comecei a dar forma à minha ideia.
  • 3:13 - 3:16
    E foram dois anos bem frustrantes,
  • 3:16 - 3:22
    mas, aos 14 anos, criei
    o protótipo que chamei de "iBelt".
  • 3:22 - 3:25
    O iBelt tinha um sensor
    acoplado a um cinto,
  • 3:25 - 3:28
    e se um obstáculo aparecesse no caminho,
    o usuário seria alertado.
  • 3:29 - 3:33
    Levei o iBelt para o Canadian National
    Institute for the Blind, o CNIB,
  • 3:34 - 3:36
    e para encurtar a história, não funcionou.
  • 3:37 - 3:40
    Tecnicamente, o dispositivo era perfeito,
  • 3:40 - 3:45
    mas o feedback e respostas que recebi
    me deixaram com um pé atrás.
  • 3:45 - 3:48
    Era claro que eu não compreendia
    realmente o problema.
  • 3:49 - 3:52
    Então, voltei para o CNIB,
    e disse aos pacientes:
  • 3:52 - 3:55
    "Esqueçam o iBelt. Como é ser vocês?
  • 3:56 - 3:58
    Como é se colocar no lugar de vocês?"
  • 3:59 - 4:00
    E as respostas que tive
  • 4:00 - 4:04
    foram algumas das conversas
    mais reveladoras das quais já participei.
  • 4:04 - 4:08
    Aprendi que alguns dos pacientes
    não eram totalmente cegos,
  • 4:08 - 4:12
    mas muitos, se não a maioria,
    tinha medo de sair de casa,
  • 4:12 - 4:14
    porque não se sentiam seguros fora dela.
  • 4:14 - 4:17
    Só sairiam se tivessem
    um amigo para acompanhá-los.
  • 4:18 - 4:22
    Eles não procuravam um produto
    ou uma solução de última tecnologia,
  • 4:22 - 4:24
    Eles procuravam confiança.
  • 4:24 - 4:27
    Então, algumas semanas depois,
    eu estava em uma aula de arte.
  • 4:27 - 4:29
    Sou um grande pintor.
  • 4:29 - 4:32
    E, para mim, um quadro em branco,
    no qual você pode criar algo do zero,
  • 4:32 - 4:35
    é como um vício; é algo muito excitante.
  • 4:35 - 4:38
    Eu estava pintando esta fotografia
    do Steve McCurry "A menina afegã",
  • 4:39 - 4:41
    com os dedos,
  • 4:41 - 4:44
    e percebi que, enquanto meus dedos
    corriam pela tela,
  • 4:44 - 4:47
    podia sentir todas as texturas e fibras.
  • 4:47 - 4:49
    Meus dedos eram sensíveis
    ao toque a esse ponto.
  • 4:49 - 4:54
    Por que não direcionar deficientes visuais
    a partir das mãos deles?
  • 4:54 - 4:56
    E foi o que fiz.
  • 4:56 - 4:59
    Construí um pequeno joystick
    que cabe na palma de uma mão,
  • 4:59 - 5:02
    e rotaciona automaticamente
    mostrando para onde se deve ir.
  • 5:02 - 5:05
    E também inclina para mostrar
    a que distância está.
  • 5:06 - 5:09
    Em muitos níveis, é como ter um amigo
    ao seu lado 24 horas por dia,
  • 5:09 - 5:13
    segurando sua mão
    e te guiando até seu destino.
  • 5:13 - 5:17
    Coloca a confiança de uma amizade
    nas mãos do usuário.
  • 5:17 - 5:18
    E os pacientes adoraram,
  • 5:18 - 5:21
    então nomeei o protótipo final de "iAid".
  • 5:21 - 5:23
    Vou mostrar um breve vídeo,
  • 5:23 - 5:26
    uma pequena demonstração
    de um dos primeiros protótipos do iAid,
  • 5:26 - 5:29
    que mostra o joystick em movimento.
  • 5:29 - 5:31
    (Vídeo)
  • 5:31 - 5:34
    Terei que sair desta sala
    pela minha esquerda.
  • 5:34 - 5:37
    Vocês verão o joystick, girando.
  • 5:37 - 5:39
    Sinto a direção e sei para onde ir.
  • 5:39 - 5:42
    O joystick me dá instruções passo a passo,
  • 5:42 - 5:45
    posso senti-lo facilmente
    e saber para onde devo ir.
  • 5:45 - 5:47
    Daqui a alguns segundos,
  • 5:47 - 5:49
    verão que preciso virar para a esquerda.
  • 5:54 - 5:57
    O joystick vai girar,
  • 5:57 - 6:00
    Eu me viro, seguindo a direção,
    e sei para onde ir.
  • 6:00 - 6:01
    (Fim do vídeo)
  • 6:01 - 6:03
    No próximo verão, eu vou para Botsuana.
  • 6:04 - 6:06
    Vou trabalhar com
    a Fundação da Rainha Elizabeth,
  • 6:06 - 6:09
    e vamos desenvolver o primeiro programa
  • 6:09 - 6:13
    para proporcionar exames oculares
    gratuitos para os estudantes.
  • 6:13 - 6:16
    e o objetivo principal
    é acabar com o tracoma
  • 6:16 - 6:18
    e a oncocercose na Botsuana.
  • 6:18 - 6:21
    Este será um território
    desconhecido para o iAid.
  • 6:21 - 6:24
    Nunca fiz adaptações para usá-lo
    em países do terceiro mundo antes,
  • 6:24 - 6:26
    e acredito que a chave para o sucesso
  • 6:26 - 6:29
    seria realmente compreender
    quais são as necessidades da população
  • 6:29 - 6:32
    antes de fazer qualquer mudança
    drástica no dispositivo.
  • 6:34 - 6:38
    Conforme o iAid foi conquistando espaço,
  • 6:38 - 6:41
    as mídias que noticiaram minha história
    começaram a me rotular.
  • 6:41 - 6:44
    De repente, todos esses termos
    foram atirados em cima de mim:
  • 6:44 - 6:47
    "garoto prodígio", "gênio tecnológico",
    "jovem talento".
  • 6:47 - 6:49
    Mas isso me deixou muito chateado.
  • 6:49 - 6:52
    Estou acostumado a dar palestras
    para uma plateia
  • 6:52 - 6:54
    que mede 30 centímetros
    a menos do que vocês.
  • 6:54 - 6:56
    Trabalho com jovens.
  • 6:56 - 7:01
    E quando sou rotulado
    como "garoto prodígio",
  • 7:01 - 7:04
    isso faz com que outros jovens
    pensem que o que realizo é inatingível
  • 7:04 - 7:08
    e que achem que jamais
    criariam algo como o iAid.
  • 7:08 - 7:10
    Quando, na verdade, é o oposto.
  • 7:10 - 7:14
    Não sou um jovem inventor ou prodígio.
  • 7:14 - 7:16
    Sou um garoto que teve uma ideia.
  • 7:16 - 7:20
    Não tive acesso especial a laboratórios
    ou conhecimentos técnicos,
  • 7:20 - 7:22
    Tinha US$ 100 em componentes robóticos,
  • 7:22 - 7:27
    acesso à internet, e amor
    pelo ato de construir coisas.
  • 7:27 - 7:33
    Meu sucesso não foi limitado
    por ser um jovem comum ou pela idade.
  • 7:33 - 7:36
    Na verdade, minha idade é uma vantagem.
  • 7:36 - 7:39
    Acabei de começar um trabalho
    com uma empresa automobilística.
  • 7:39 - 7:43
    Estamos criando uma tecnologia pra impedir
    que jovens digitem no celular ao volante,
  • 7:43 - 7:47
    mas fui convidado pra este projeto
    especificamente por eu ser jovem.
  • 7:47 - 7:50
    Estou em posição de realmente
    entender o problema
  • 7:50 - 7:52
    e encontrar uma solução
    que possa funcionar.
  • 7:54 - 7:58
    Quando comecei a trabalhar no iAid,
    as pessoas diziam que eu era maduro
  • 7:58 - 8:02
    por pensar em uma solução
    que pudesse ajudar outras pessoas.
  • 8:02 - 8:04
    Mas a verdade é um pouco mais triste.
  • 8:05 - 8:09
    Comecei a trabalhar no iAid,
    pois achei que seria um hobby divertido.
  • 8:10 - 8:13
    O iAid não começou como algo altruísta.
  • 8:13 - 8:16
    Na verdade, começou
    como algo um tanto egoísta.
  • 8:17 - 8:19
    Então, esse é meu grito de socorro.
  • 8:19 - 8:23
    Sou a prova viva de que só é preciso
    um jovem ou uma criança comum
  • 8:23 - 8:26
    com uma boa ideia
    para se criar algo especial.
  • 8:26 - 8:31
    Temos que conciliar nosso tempo
    com os nossos talentos.
  • 8:31 - 8:37
    Temos que sair da nossa zona de conforto,
    e nos colocar no lugar das outras pessoas.
  • 8:38 - 8:40
    E, mais importante,
  • 8:40 - 8:46
    temos que aprender que criatividade
    e habilidade podem ser coisas comuns.
  • 8:46 - 8:47
    Muito obrigado.
  • 8:47 - 8:50
    (Aplausos)
Title:
Lições da vida de um jovem inventor | Alex Deans | TEDxFrankfurt
Description:

Alex Deans explica que tudo o que é preciso para criar algo especial é uma criança normal e uma boa ideia. nenhum talento especial, nenhum conhecimento especial e nem mesmo equipamentos especiais.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
08:55

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions Compare revisions