Ron Eglash sobre os Fractais Africanos
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0:01 - 0:04Eu quero começar minha estória pela Alemanha, em 1877,
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0:04 - 0:06com um matemático chamado Georg Cantor.
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0:06 - 0:11Cantor resolveu pegar uma linha e apagar 1/3 dela,
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0:11 - 0:16pegar essas duas partes restantes, e repetir o mesmo processo, um processo recursivo.
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0:16 - 0:18Assim ele começa com uma linha, depois duas,
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0:18 - 0:21e então quatro, dezesseis, assim por diante.
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0:21 - 0:24E se ele fizesse isso um número infinito de vezes, o que você pode fazer em matemática,
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0:24 - 0:26ele terminaria com um número infinito de linhas,
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0:26 - 0:29em que cada uma tem um número infinito de pontos nela.
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0:29 - 0:33Então ele se deu conta que tinha um conjunto que era maior que o infinito.
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0:33 - 0:36E isso o enlouqueceu. Literalmente, ele foi parar num sanatório. (Risadas)
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0:36 - 0:38E então, quando ele saiu do sanatório,
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0:38 - 0:44estava convencido de que havia sido posto na terra para descobrir a teoria dos conjuntos transfinitos,
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0:44 - 0:47porque o maior conjunto infinito poderia ser o próprio Deus.
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0:47 - 0:48Ele era um homem bem religioso.
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0:48 - 0:50Era um matemático numa missão.
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0:50 - 0:52E outros matemáticos fizeram o mesmo tipo de coisa.
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0:52 - 0:54O matemático suéco, von Koch,
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0:54 - 0:58decidiu que ao invés de subtrair linhas, ele iria adicioná-las.
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0:58 - 1:00Então ele obteve esta bela curva.
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1:00 - 1:03E não há uma razão particular pela qual devamos iniciar com este formato de uma semente;
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1:03 - 1:07nós podemos utilizar qualquer formato de semente que gostarmos.
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1:07 - 1:11Eu irei rearranjar isto e colocar noutro lugar - aqui em baixo, Ok -
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1:11 - 1:18e agora sob interação, aquela forma-semente meio que desdobra-se numa estrutura bem diferente.
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1:18 - 1:20Assim todas elas têm a propriedade da auto-semelhança:
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1:20 - 1:22a parte assemelha-se ao todo.
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1:22 - 1:24É o mesmo padrão em escalas diferentes.
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1:25 - 1:27Agora, os matemáticos acharam isso muito estranho,
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1:27 - 1:32porque a medida que você encolhe uma régua, você mede um comprimento cada vez maior.
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1:32 - 1:34E desde que passassem por iterações um infinito número de vezes,
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1:34 - 1:40a medida que a régua encolhe para o infinito, o comprimento vai ao infinito.
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1:40 - 1:41Isso não fez sentido algum,
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1:41 - 1:44então eles colocaram essas curvas no final dos livros de matemática.
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1:44 - 1:48Eles disseram "estas são curvas patológicas e não temos que discuti-las."
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1:48 - 1:49(Risadas)
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1:49 - 1:51E isto funcionou por cem anos.
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1:52 - 1:57Então, em 1977, Benoit Mandelbrot, um matemático francês,
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1:57 - 2:02percebeu que se você usa computação gráfica com formas que ele chamou de fractais
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2:02 - 2:04você obtém as formas da natureza.
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2:04 - 2:08Você tem os pulmões humanos, tem as árvores acácias, as samambaias,
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2:08 - 2:10você tem essas belas formas naturais.
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2:10 - 2:14Se você pega seu dedo polegar e o indicador e olha direto onde eles se encontram -
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2:14 - 2:16vamos lá e façam agora -
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2:16 - 2:19e relaxe sua mão, você têm uma ruga,
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2:19 - 2:22e então uma ruga no enrugamento, e uma ruga num enrugamento. Certo?
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2:22 - 2:24Seu corpo é coberto com fractais.
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2:24 - 2:27Os matemáticos que diziam que estas formas eram patológicas e sem uso?
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2:27 - 2:29Estavam respirando aquelas palavras com pulmões fractais.
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2:29 - 2:33É muito irônico. E mostrarei uma pequena recursão natural aqui.
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2:33 - 2:38De novo, nós apenas pegamos as linhas e as substituímos recursivamente com a forma inteira.
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2:38 - 2:43Então há uma segunda iteração, e uma terceira, quarta e assim por diante.
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2:43 - 2:45Então a própria natureza tem esta estrutura dita auto-semelhante.
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2:45 - 2:47A natureza usa sistemas ditos auto-organizados
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2:47 - 2:50Mas em 1980, ocorreu de eu perceber
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2:50 - 2:54que se você pega uma fotografia aérea de uma vila africana, você vê fractais.
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2:54 - 2:58E eu pensei: "Isso é fabuloso! E me perguntei, por quê?"
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2:58 - 3:00E, naturalmente, eu tive que ir a África perguntar as pessoas porque.
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3:00 - 3:06Então ganhei uma bolsa de estudos Fulbright para viajar pela África por um ano
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3:06 - 3:08perguntando as pessoas porque construiam fractais,
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3:08 - 3:10o que é um ótimo trabalho, se você pode tê-lo.
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3:10 - 3:11(Risadas)
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3:11 - 3:18E então finalmente cheguei nessa cidade, e tinha feito um pequeno modelo fractal da cidade
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3:18 - 3:21só para ver como ela se desdobrava -
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3:21 - 3:24Mas quando cheguei lá, eu estava no palácio do chefe,
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3:24 - 3:27e meu francês não é muito bom, eu disse algo como,
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3:27 - 3:30"Eu sou um matemático e gostaria de subir no seu telhado."
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3:30 - 3:33Mas ele foi muito legal e me levou até lá em cima,
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3:33 - 3:34e nós conversamos sobre fractais.
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3:34 - 3:37E ele disse, " Ah, Sim! Nós conheciamos isso: um retângulo dentro de um retângulo,
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3:37 - 3:39nós já sabíamos tudo sobre isso."
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3:39 - 3:43E ocorre que a própria insígnia real tinha um retângulo dentro de um retângulo,
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3:43 - 3:47e o caminho internos pelo palácio é de fato como essa espiral.
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3:47 - 3:51E a medida que você segue pelo caminho, você precisa ser mais e mais refinado.
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3:51 - 3:54Então eles mapeiam a escala social numa escala geométrica;
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3:54 - 3:59é um padrão consciente. Não é inconsciente como o fractal de um formigueiro.
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3:59 - 4:01Esta é uma vila no sul da Zambia.
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4:01 - 4:05Os Ba-Ila construíram esta vila com cerca de 400 metros de diâmetro.
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4:05 - 4:07Você tem um imenso anel.
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4:07 - 4:13Os anéis que representam os cercados familiares ficam mais e mais largos à medida que você vai para trás
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4:14 - 4:18e ai você tem o anel do chefe aqui em direção ao fundo
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4:18 - 4:21e o anel da família do chefe neste anel.
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4:21 - 4:22Então aqui está um pequeno modelo disso.
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4:22 - 4:25Aqui há uma casa com um altar sagrado,
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4:25 - 4:28aqui a "casa das casas" o cercado familiar,
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4:28 - 4:31com os humanos aqui onde o altar sagrado deveria estar
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4:31 - 4:33e aqui a vila como um todo -
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4:33 - 4:38um anel de anéis de anéis, com a família agregada do chefe aqui, a família do chefe aqui,
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4:38 - 4:41e aqui há uma minúscula vila desse tamanho.
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4:41 - 4:45Bem, mas você deve perguntar: "como as pessoas cabem nessa vila desse tamanho?"
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4:45 - 4:48Isto é porque eles são espíritos. São os ancestrais.
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4:48 - 4:53E, naturalmente, os espíritos têm uma miniatura da vila, na vila deles, certo?
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4:53 - 4:56Então assim como Georg Cantor disse, a recursividade continua para sempre.
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4:56 - 5:00Esta é nas montanhas de Madra, próximo à borda nigeriana com os Camarões, Mokoulek.
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5:00 - 5:03Eu vi esse diagrama desenhado por um arquiteto francês,
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5:03 - 5:05e pensei: "Puxa! Mas que fractal bonito!"
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5:05 - 5:11Então eu tentei reproduzir essa forma-semente, a qual, sob iteração, iria se desdobrar nessa coisa.
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5:11 - 5:13E terminei com essa estrutura aqui.
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5:13 - 5:17Vamos ver, primeira iteração, segunda, terceira, quarta.
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5:17 - 5:19Mas, depois que realizei a simulação,
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5:19 - 5:22eu me dei conta que a vila toda se espirala ao redor, desse jeito aqui,
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5:22 - 5:28e aqui essa linha se replica, uma linha auto-replicante que desdobra-se em fractal.
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5:28 - 5:33Bem, notei que a linha era apenas onde o prédio quadrado na vila estava.
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5:33 - 5:35Então, quando cheguei ao povoado,
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5:35 - 5:37eu disse: " vocês podem me levar até o edifício quadrado?
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5:37 - 5:39Eu penso que tem algo acontecendo lá."
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5:39 - 5:42E eles disseram: "Bem, nó podemos te levar até la, mas você não pode entrar
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5:42 - 5:45porque é um altar sagrado, onde nós fazemos sacrifícios todos os anos
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5:45 - 5:48para manter os ciclos de fertilidade de nossos campos."
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5:48 - 5:50E comecei a me dar conta que aqueles ciclos de fertilidade
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5:50 - 5:54eram como os ciclos recursivos do algoritmo geométrico que constrói a aldeia.
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5:54 - 5:58E que a recursividade em algumas dessas aldeias continuava até escalas bem pequenas.
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5:58 - 6:00Então, aqui é a aldeia Nankani no Mali.
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6:00 - 6:03E vocês podem ver, você vai dentro do cercado da família
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6:03 - 6:07você vai lá e aqui potes na lareira, empilhados recursivamente.
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6:07 - 6:11Aqui estão as cabaças que Issa estava nos mostrando,
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6:11 - 6:13e elas estão empilhadas recursivamente.
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6:13 - 6:15Agora, a menor cabaça aqui contém a alma da mulher.
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6:15 - 6:17E quando ela morre, eles têm uma cerimônia
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6:17 - 6:22aonde eles quebram essa pilha chamada zalanga e sua alma sai em direção à eternidade.
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6:22 - 6:25Mais uma vez, infinidade é importante.
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6:26 - 6:30Agora, vocês devem se perguntar três questões à essa altura.
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6:30 - 6:34Esses padrões são universais para todas as arquiteturas indígenas?
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6:34 - 6:36E essa era de fato minha hipótese original.
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6:36 - 6:38Quando eu vi pela primeira vez os fractais africanos,
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6:38 - 6:42Eu pensei, "Uau! Então qualquer povo indígena que não tem uma sociedade estatal,
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6:42 - 6:45ou aquele tipo de hierarquia, deve ter um tipo de arquitetura de "baixo para cima."
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6:45 - 6:47Mas isso não se mostrou verdadeiro.
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6:47 - 6:51Eu comecei a coletar fotografias aéreas das arquiteturas dos Índios Norte-americanos e do Sul do Pacífico;
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6:51 - 6:53Apenas as africanas eram fractais.
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6:53 - 6:59E se você pensa nisso, todas essas diferentes sociedades têm padrões geométricos distintos que elas usam.
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6:59 - 7:05Então os Índios norte americanos têm uma combinação de simetria circular e quadrangular.
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7:05 - 7:07Vocês podem ver isso na cerâmica e nas cestaria.
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7:07 - 7:10Aqui é uma foto aérea de uma das ruínas Anasazi;
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7:10 - 7:15vocês podem ver que ela é circular em grande escala, mas é retangular em escala menor, certo?
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7:15 - 7:19não se trata do mesmo padrão em duas escalas diferentes.
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7:19 - 7:20Segundo, vocês podem perguntar,
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7:20 - 7:23Bom, Dr. Eglash, o senhor não está ignorando a diversidade das culturas africanas?
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7:24 - 7:26E, por três vezes, a resposta é não.
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7:26 - 7:30Primeiro, eu concordo com o maravilhoso livro de Munmdibe, " A invenção da África",
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7:30 - 7:33que "África" é uma invenção artificial, primeiro do colonialismo,
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7:33 - 7:35e depois dos movimentos oposicionistas.
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7:35 - 7:40Não, porque uma prática de design largamente compartilhada, não te dá necessariamente uma unidade de cultura
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7:40 - 7:43e definitivamente não está no DNA.
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7:43 - 7:45E finalmente, fractais têm auto-similaridade --
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7:45 - 7:49pois são semelhantes em si, mas não necessariamente similares entre si -
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7:49 - 7:51você vê diferentes usos de fractais.
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7:51 - 7:53É uma tecnologia compartilhada na África.
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7:54 - 7:57E, finalmente, bem, isso não é apenas intuição?
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7:57 - 7:59Isso não é realmente conhecimento matemático.
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7:59 - 8:02Não é possível que africanos usem realmente geometria fractal, certo?
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8:02 - 8:04Não tinha sido inventada até os anos setenta.
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8:05 - 8:10Bem, é verdade que alguns fractais africanos são, até onde eu saiba, apenas intuição.
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8:10 - 8:13Então algumas dessas coisas, de quando andei pelas ruas de Dakar
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8:13 - 8:16perguntado as pessoas "Qual é o algoritmo ? Qual é a regra para fazer isto?"
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8:16 - 8:17e elas diziam,
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8:17 - 8:20Bom, nós apenas fazemos isso porque parece bonito, seu bobo. (Risadas)
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8:20 - 8:23Mas algumas vezes, não era este o caso.
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8:23 - 8:28Em alguns casos, de fato, havia algoritmos, e algoritmos sofisticados.
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8:28 - 8:31Então numa escultura Manghetu, você verá essa geometria recursiva.
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8:31 - 8:36Nas cruzes etíopes, você vê maravilhosos desdobramentos dessa forma.
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8:36 - 8:40Em Angola, o povo Chokwe desenha linhas na areia,
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8:40 - 8:43e isso é o que o matemático alemão Euler chamou de grafo;
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8:43 - 8:45nós o chamamos agora um caminho Euleriano -
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8:45 - 8:47você nunca levanta seu graveto da superfície
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8:47 - 8:50e nunca pode passar duas vezes sobre a mesma linha.
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8:50 - 8:53Mas eles fazem isso recursivamente, e o fazem com um sistema graduado por idade,
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8:53 - 8:56ai os pequenos aprendem esse aqui, os mais velhos aprendem esse outro,
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8:56 - 8:59então no próximo grau de iniciação, você aprende esse daqui.
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8:59 - 9:02E com cada iteração do algoritmo,
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9:02 - 9:04você aprende as iterações do mito.
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9:04 - 9:06Você aprende o próximo nível de conhecimento.
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9:07 - 9:09E finalmente, por toda África, você vê este jogo de tabuleiro.
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9:09 - 9:12É chamado de Owari em Gana, onde eu o estudei;
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9:12 - 9:17é chamado de Mancala na costa leste, Bao no Quênia, Sogo em outros lugares.
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9:17 - 9:22Bem, você vê padrões auto-organizados que espontaneamente ocorrem nesse jogo de tabuleiro.
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9:22 - 9:25E as pessoas em Gana conheciam estes padrões auto-organizados
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9:25 - 9:27e usavam eles estrategicamente.
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9:27 - 9:29Então isso é um conhecimento altamente consciente.
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9:29 - 9:31Aqui temos um maravilhoso fractal.
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9:31 - 9:35Em qualquer lugar que você vá em Sahel, você verá essa tela contra o vento.
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9:35 - 9:39E, naturalmente, cercas em todo mundo, são todas cartesianas, tudo muito linear.
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9:39 - 9:43Mas aqui na África, você tem essas escalas não-lineares nas cercas.
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9:43 - 9:45Então eu segui uma dessas pessoas que faz estas coisas,
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9:45 - 9:49um cara em Mali nos arredores de Bamako, e perguntei a ele,
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9:49 - 9:51Como você faz essas cercas fractais? Porque ninguém mais faz.
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9:51 - 9:53E a resposta dele foi muito interessante.
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9:53 - 9:58Ele disse: " Bom, se eu morasse na selva, eu usaria apenas gravetos longos,
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9:58 - 10:00porque são mais rápidos e muito baratos.
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10:00 - 10:03não leva muito tempo, não precisa de muitos gravetos."
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10:03 - 10:05Ele disse:" Mas vento e poeira passam através facilmente.
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10:05 - 10:09Agora, as colunas estreitas no topo, realmente seguram vento e poeira.
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10:09 - 10:14Mas leva muito tempo, e são necessários muitos gravetos, porque eles estão realmente muito apertados."
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10:14 - 10:16"Agora, " ele disse: " nós sabemos por experiência
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10:16 - 10:21que quanto mais longe do chão você vai, mais forte o vento sopra."
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10:21 - 10:24Certo? É apenas uma análise de custo-benefício
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10:24 - 10:26Então eu medi o comprimento dos gravetos,
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10:26 - 10:28coloquei isso numa tabela, obtive a escala exponencial,
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10:28 - 10:33e isso encaixa quase exatamente na escala exponencial da relação entre velocidade do vento e altura
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10:33 - 10:34nos livros de engenharia eólica.
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10:34 - 10:39Ou seja, estes caras acertaram no alvo em termos de uso prático dessa tecnologia de escala.
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10:39 - 10:44O mais complexo exemplo de uso algoritmo numa abordagem fractal que eu achei
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10:44 - 10:46foi, de fato, não em geometria, mas em código simbólico,
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10:46 - 10:49e este foi na adivinhação de areia Bamana.
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10:49 - 10:52E a mesma adivinhação é encontrada por toda a África.
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10:52 - 10:57Você pode achá-la tanto na costa leste quanto oeste,
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10:57 - 10:59e geralmente os símbolos são bem preservados,
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10:59 - 11:05então cada um desses símbolos têm quatro bits - é uma palavra de quatro bits -
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11:05 - 11:10você desenha essas linhas na areia randomicamente, e então começa a contar
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11:10 - 11:12e se é um número par, você coloca um traço,
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11:12 - 11:14e se for ímpar, você põe embaixo dois traços.
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11:14 - 11:17E eles faziam isso muito rápido,
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11:17 - 11:19e não pude entender de onde estavam pegando --
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11:19 - 11:21eles fizeram a parte aleatória apenas quatro vezes.
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11:21 - 11:23Eu não entendia onde eles estavam pegando os outros 12 símbolos.
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11:23 - 11:25E eles não estavam me contando.
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11:25 - 11:27Disseram:" não, não, eu não posso te contar sobre isso"
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11:27 - 11:29E eu disse" Bom, olha, eu vou te pagar, você se torna meu professor,
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11:29 - 11:31eu virei aqui a cada dia e lhe pago"
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11:31 - 11:34Eles disseram:" Não é uma questão de dinheiro, é uma questão religiosa"
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11:34 - 11:35E finalmente, já em desespero, eu disse,
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11:35 - 11:38"Bom, deixa eu te explicar Georg Cantor, em 1877."
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11:38 - 11:42Eu comecei a explicar porque eu estava lá na África,
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11:42 - 11:44e eles ficaram muito interessados quando viram o conjunto de Cantor.
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11:44 - 11:48E um deles disse: " Venha aqui. Eu penso que posso ajudá-lo nisso"
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11:48 - 11:53E então ele me conduziu ao ritual de iniciação de um sacerdote Bamana.
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11:53 - 11:55E naturalmente, eu estava interessado apenas na matemática,
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11:55 - 11:57então todo o tempo, ele sacudia a cabeça,
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11:57 - 11:58Você sabe, eu não aprendi desse jeito.
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11:58 - 12:02Mas tive que dormir com uma semente de Cola próximo da minha cama, ser enterrado na areia,
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12:02 - 12:05e dar sete moedas para os sete leprosos e assim por diante.
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12:05 - 12:09E finalmente, ele revelou o assunto que interessava.
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12:10 - 12:14E acontece que se trata de um gerador de números pseudo-randômicos usando caos determinístico.
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12:14 - 12:20Quando você tem um símbolo de quatro bits, você então põe junto com outro do lado.
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12:20 - 12:22Então par mais ímpar te dá ímpar.
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12:22 - 12:24Ímpar mais par te da ímpar.
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12:24 - 12:27Par mais par te dá par. Ímpar mais ímpar te da par.
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12:27 - 12:31É uma adição de módulo 2, exatamente como a paridade de bit em seu computador.
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12:31 - 12:35E então você toma esse símbolo e o coloca de volta
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12:35 - 12:37então é um auto-gerador de diversidade dos símbolos.
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12:37 - 12:41Eles estão verdadeiramente usando caos determinístico ao fazerem isso.
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12:41 - 12:43Agora, porque isso é um código binário,
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12:43 - 12:45você pode de fato implementar isso em máquinas -
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12:45 - 12:50que fantástica ferramenta de ensino isto deveria ser nas escolas de engenharia africanas.
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12:50 - 12:53E a coisa mais interessante que eu achei sobre isso foi histórica.
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12:53 - 12:59No século 12, Hugo Santalla trouxe isso dos místicos islâmicos para a Espanha.
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12:59 - 13:05E lá isso entrou na comunidade dos alquimistas como geomancia:
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13:05 - 13:07adivinhação através da terra.
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13:07 - 13:12Esta é uma carta geomântica desenhada pelo rei Richard II em 1390.
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13:12 - 13:15Leibniz, o matemático alemão,
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13:15 - 13:19falou sobre geomancia na sua dissertação intitulada "De Combinatoria."
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13:19 - 13:23E ele disse:" Bom, vamos, ao invés de usar um ou dois traços,
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13:23 - 13:27vamos usar um e zero, e assim nós podemos contar em base 2."
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13:27 - 13:29Certo? Uns e zeros, o código binário.
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13:29 - 13:32Georg Boole pegou o código binário de Leibniz e criou a álgebra booleana,
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13:32 - 13:35e John von Neumann pegou a álgebra booleana e criou o computador digital.
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13:35 - 13:38Então todos esses pequenos PDAs e laptops -
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13:38 - 13:41cada circuito digital no mundo - começou na África.
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13:41 - 13:46E eu sei que Brian Eno disse que não há muito de África nos computadores;
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13:46 - 13:51vocês sabem, eu penso que não há muito de história da África em Brian Eno.
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13:51 - 13:54(Aplausos)
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13:54 - 13:58Então deixe-me terminar com apenas algumas palavras sobre as aplicações que achei para isto.
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13:58 - 14:00E vocês podem ir até nosso website,
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14:00 - 14:02os aplicativos são todos grátis, eles rodam apenas no navegador.
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14:02 - 14:04Qualquer um pode usá-los.
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14:04 - 14:09O programa para a Ampliação na Computação da Fundação Nacional para a Ciência
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14:09 - 14:16recentemente nos premiou com uma bolsa para fazermos uma versão programável dessas ferramentas de design,
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14:16 - 14:18então esperamos que em três anos, qualquer um seja capaz de ir até a web
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14:18 - 14:21e criar suas próprias simulações e seus próprios artefatos.
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14:21 - 14:26Nós focamos nos Estados Unidos nos estudantes Afro-americanos, bem como nos Indígenas e Latinos.
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14:26 - 14:32Nós achamos uma melhora estatisticamente significativa com crianças que usaram o software nas aulas de matemática
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14:32 - 14:35em comparação com um grupo controlado que não teve acesso ao software.
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14:35 - 14:41É realmente um sucesso ensinar crianças que elas têm uma herança que é sobre matemática
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14:41 - 14:45que não é apenas sobre cantar e dançar.
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14:45 - 14:48Nós iniciamos um programa piloto em Gana,
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14:48 - 14:53tivemos uma pequena ajuda, apenas para ver se as pessoas queriam trabalhar conosco nisso;
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14:53 - 14:56nós estamos muito animados sobre as possibilidades futuras para isso.
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14:56 - 14:58Nós estivemos também trabalhando com design
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14:58 - 15:03Eu não citei seu nome aqui - meu colega, Kerry, no Quênia, surgiu com essa grande idéia
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15:03 - 15:08para usar estruturas fractais para os endereços postais nas vilas que têm estrutura fractal,
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15:08 - 15:12porque se você tenta impor um sistema de grade de código postal numa vila fractal,
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15:12 - 15:14ele não encaixa bem.
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15:14 - 15:19Bernard Tschumi na Universidade de Columbia terminou usando isso para o design de um museu de arte africana.
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15:19 - 15:27David Hughes na Universidade de Ohio escreveu uma cartilha sobre arquitetura afrocêntrica
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15:27 - 15:29na qual ele usou algumas dessas estruturas fractais.
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15:29 - 15:34E, finalmente, eu queria apenas apontar que essa idéia de auto-organização,
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15:34 - 15:36como nós ouvimos mais cedo, está no cérebro.
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15:36 - 15:41está no motor de busca do Google.
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15:41 - 15:43De fato, a razão pela qual o Google foi um sucesso
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15:43 - 15:47é porque eles foram os primeiros a obter vantagem das propriedades auto-organizativas da web.
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15:47 - 15:49Está na sustentabilidade ecológica.
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15:49 - 15:51Está no poder de desenvolvimento do empreendedorismo,
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15:51 - 15:53na força ética da democracia.
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15:54 - 15:56Está também em algumas coisas ruins.
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15:56 - 15:59Auto-organização é o porque da AIDS espalhar-se tão rápido.
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15:59 - 16:03E se vocês não pensam que capitalismo, o qual é auto-organizado, pode ter efeitos destrutivos,
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16:03 - 16:05vocês não abriram seus olhos o suficiente.
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16:05 - 16:09Então precisamos pensar, como foi falado antes,
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16:09 - 16:11nos métodos africanos tradicionais de auto-organização.
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16:11 - 16:13Estes são algoritmos robustos.
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16:14 - 16:17Estes são modos de se realizar auto-organização - de se fazer empreendedorismo
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16:17 - 16:19que não são agressivos, são igualitários.
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16:19 - 16:23Então se queremos achar melhores maneiras de fazer este tipo de trabalho,
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16:23 - 16:28não precisamos procurar mais longe que na África para achar esses robustos algoritmos de auto-organização.
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16:28 - 16:29Obrigado.
- Title:
- Ron Eglash sobre os Fractais Africanos
- Speaker:
- Ron Eglash
- Description:
-
"Eu sou um matemático e gostaria de subir no seu telhado." Foi assim que Ron Eglash cumprimentou várias famílias africanas enquanto pesquisava os padrões africanos de fractais que ele percebeu por todo o continente.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:34