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Há coisas que não vão bem
no nosso corpo,
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e há coisas que não vão bem
na nossa consciência.
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Sofremos
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e somos motivados pelo
desejo de praticar
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para podermos aliviar
um pouco do nosso sofrimento.
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Sabemos que
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podemos obter algum alívio
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do nosso sofrimento
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se soubermos como praticar.
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Por isso, é o alívio que procuramos.
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Temos algumas preocupações,
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temos algum medo,
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temos algum problema com o nosso corpo,
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com a nossa mente
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e podemos praticar de acordo
com os ensinamentos do Buda
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e encontrar algum alívio.
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E talvez, em alguns dias,
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em algumas semanas, possamos obter algum alívio,
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possamos restaurar o equilíbrio
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e sejamos capazes de continuar a nossa vida.
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Embora o sofrimento ainda esteja presente,
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já não é tanto.
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Nem todos nós desejamos procurar
o maior alívio,
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para alcançarmos uma libertação total
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do medo,
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do desejo,
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das nossas preocupações.
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Procuramos apenas alívio suficiente
para podermos continuar.
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Conseguimos suportar essa quantidade de sofrimento
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para continuar no nosso caminho, para sobreviver.
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Mas o propósito da prática budista
é mais do que isso:
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não apenas sobreviver,
mas libertarmo-nos.
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E o único caminho
é ir mais fundo na natureza...
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de ti, de ti mesmo.
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Porque somos capazes de reconhecer que
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este corpo não somos nós.
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Não nos identificamos com esse corpo.
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Por isso, a forma como carregamos o corpo
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torna-se mais leve.
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Porque existe a sabedoria
do não-apego ao corpo.
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Se conseguires olhar para o teu corpo
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sem o veres como um eu,
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então também poderás olhar para os teus sentimentos
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sem os veres como o eu.
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Se tens sentimentos,
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então tens de carregar o peso dos teus sentimentos,
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tal como carregas o corpo.
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E, enquanto ser humano,
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não podes evitar ter sentimentos,
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porque tens perceção, tens sentimentos.
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E, por vezes, não conseguimos…
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não conseguimos suportar o nosso sentimento,
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o sentimento é tão doloroso
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que sentimos a tentação de destruir o corpo
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para que esse sentimento desapareça.
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Mas há aqueles entre nós
que conseguem lidar com os sentimentos.
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Não estamos presos pelos nossos sentimentos.
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Não nos identificamos
com esse sentimento,
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e, por isso,
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somos livres dos nossos sentimentos,
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e sabemos
como cuidar dos nossos sentimentos
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para que não tenhamos de sofrer tanto.
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Sabemos como libertar-nos do medo,
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da raiva, da tensão,
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e é por isso que os nossos sentimentos
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já não pesam tanto
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como antes pesavam.
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É como uma cebola.
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Quando tiramos uma camada da cebola,
não vemos nada no seu interior.
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Mas, quando o Bodhisattva olha profundamente
para a natureza da forma e do sentimento,
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descobre que não existe
uma natureza substancial,
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não há uma natureza-própria no corpo
nem no sentimento.
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E, por isso,
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está livre.