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...sofrer todas as consequências
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do aquecimento global...'
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...'Oh, és velho,
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não tens com o que te preocupar.'
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Mas esse não é um bom pensamento,
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ou um pensamento correto...
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...fazemos uma pequena discriminação
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sobre o que cheira bem
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e o que não cheira bem...
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...Acho que, quando estamos no nosso leito de morte,
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provavelmente já não nos apegamos
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a alimentos de sabor agradável...
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...lamentamos: por quê,
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por que abri mão desse sabor?
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...essa é a forma de olhar
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de um mestre Zen...
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Temos a tendência de dizer:
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'Bem, não estarei aqui, de qualquer forma.'
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Temos a tendência de pensar
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que os jovens terão de
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sofrer todas as consequências
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do aquecimento global,
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mas eu, porque sou velho
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e não estarei lá,
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não estarei lá para sofrer,
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não terei de passar por isso.
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E, às vezes, talvez os jovens
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também pensem:
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'Oh, és velho, não tens com o que te preocupar.'
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Mas esse não é um bom pensamento
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ou um pensamento correto
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da minha parte.
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Isso pode significar que não sou tão responsável.
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Espero que não signifique isso.
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Portanto, desse ponto de vista,
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não é um pensamento correto.
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Mas também do ponto de vista
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da realidade das coisas,
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não é um pensamento correto.
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Porque,
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uma vez que este corpo
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tenha sido consumido
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pelo fogo ou enterrado na terra,
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para onde ele vai?
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E a mente que acompanha o corpo,
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para onde vai?
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Ela não vai a lugar algum.
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Então, continuaremos a estar aqui,
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de uma forma ou de outra.
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Ontem, estávamos a ler sobre
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o Tocando a Terra, Mãe Terra.
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'Levas-me de volta na morte,'
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'dás-me vida,'
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'levas-me de volta na morte.'
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Isso é muito bonito,
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porque, quando morremos, tornamo-nos um
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com a Mãe Terra.
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E assim, tudo o que a Mãe Terra
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tiver de passar,
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continuaremos com a Mãe Terra.
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Isso está mais próximo de um pensamento correto.
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<sino a despertar>
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<sino>
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E esse perfume da rosa
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não sou eu, não é meu.
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Fazemos uma pequena discriminação
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sobre o que cheira bem
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e o que não cheira bem.
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Mas, dependendo da espécie que somos,
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coisas diferentes cheiram bem ou não.
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Esse gosto não sou eu,
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não é meu, não é meu.
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Acho que,
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quando estamos no nosso leito de morte,
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provavelmente já não nos apegamos
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a alimentos de sabor agradável.
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Mas há algumas histórias
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sobre pessoas que ainda se apegam.
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Às vezes, quando nos tornamos vegetarianos,
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abrimos mão de certas coisas,
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como
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molho de anchovas
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<risos suaves>
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Esse é o molho de peixe no Vietname.
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E gostas tanto desse sabor, mas
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estás realmente determinado a ser vegetariano,
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então decides nunca mais.
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E enterram-no na terra
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ou algo assim.
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Mas então, no teu leito de morte,
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arrependes-te.
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Arrependes-te: por quê?
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Por que abri mão desse sabor?
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Isto realmente aconteceu.
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E perguntas às pessoas
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à tua volta, e elas perguntam:
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'Precisarás de alguma coisa?'
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'Gostarias de algo?'
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E pedes:
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'Por favor, posso ter um pouco de molho de anchovas?'
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Molho de peixe.
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E isso é algo
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que Thay testemunhou.
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E então todos à volta disseram: 'Não, não!'
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porque é mau karma.
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Se te dermos isso,
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isso pode influenciar o teu progresso
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no caminho espiritual depois de partires.
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Mas Thay disse:
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que essa não é a abordagem certa.
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Thay disse: 'Devem dar.'
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'Devem dar, porque
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então, ao provar,
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eles verão que é... horrível!'
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<risos>
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e então serão capazes de desistir
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do apego a isso.
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Enquanto que, se disserem: 'Não, não, não!'
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não conseguirão desistir do apego.'
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Então, essa é a forma de olhar
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de um mestre Zen
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para ajudar os seus alunos.