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The Wisdom of Non-Discrimination | Dharma talk by Thich Nhat Hanh (EN subtitles)

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    [Sino]
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    [Sino]
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    [Sino]
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    [Thay faz uma vénia para entrar]
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    Querida sangha, hoje é dia 29
  • 0:33 - 0:35
    de julho
  • 0:35 - 0:36
    de 2001.
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    Estamos atualmente no Templo do Néctar da Compaixão
    (Cam Lộ), Lower Hamlet, Plum Village.
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    Há cerca de seis anos,
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    Thay foi...
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    numa digressão de ensinamentos pela Itália,
  • 0:57 - 1:01
    e passou por uma...
  • 1:01 - 1:06
    região onde se cultivavam apenas oliveiras.
  • 1:08 - 1:11
    Em França, parecia que não tínhamos oliveiras.
  • 1:11 - 1:14
    Provavelmente havia algumas no...
  • 1:14 - 1:16
    sul.
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    Mas em Itália, havia muitas, muitas oliveiras.
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    Thay apercebeu-se de que...
  • 1:24 - 1:31
    as árvores nesses olivais
    cresciam de uma forma bastante curiosa.
  • 1:31 - 1:37
    Em vez de serem plantadas separadamente,
    essas árvores cresciam em grupos de 3 ou 4.
  • 1:37 - 1:44
    Não cresciam isoladas, mas sim
    em grupos de 3 ou 4 no mesmo local.
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    Essas oliveiras ainda eram jovens.
  • 1:49 - 1:52
    Parecia que tinham apenas...
  • 1:54 - 1:56
    7 ou 8 anos de idade.
  • 1:59 - 2:05
    Mas quando voltámos a perguntar, disseram-nos que,
  • 2:07 - 2:13
    7 ou 8 anos antes,
    tinha havido um inverno muito rigoroso,
  • 2:13 - 2:19
    e todas as oliveiras daquela região morreram.
  • 2:19 - 2:25
    Por isso, tiveram de as cortar
    todas pela base do tronco.
  • 2:28 - 2:34
    A parte acima do solo morreu, mas as raízes
    das oliveiras continuaram vivas. Então, depois de cortarem cada uma
  • 2:34 - 2:36
    pela base do tronco,
  • 2:36 - 2:42
    das raízes de uma única oliveira-mãe,
    nasceram 3 ou 4 árvores-filhas.
  • 2:42 - 2:46
    Assim, 9 ou 10 anos depois, vemos que
  • 2:46 - 2:52
    as oliveiras cresceram em grupos.
  • 2:52 - 2:56
    À vista desarmada, parecia
    que havia 3 ou 4 oliveiras.
  • 2:56 - 3:03
    Mas olhando profundamente, essas 3 ou 4 árvores
    eram, na verdade, apenas uma, todas a brotar do mesmo sítio.
  • 3:03 - 3:10
    Estávamos enganados, pensávamos que eram 3 ou 4 árvores separadas.
    Na verdade, todas tinham as mesmas raízes.
  • 3:15 - 3:16
    Digamos que,
  • 3:16 - 3:25
    se a primeira oliveira tem ciúmes da segunda, e
    a segunda se mete numa briga com a terceira,
  • 3:25 - 3:28
    seria muito engraçado, porque são uma só árvore
  • 3:28 - 3:33
    mas comportam-se como se fossem 3 ou 4.
  • 3:36 - 3:41
    Nelas existe discriminação.
  • 3:41 - 3:46
    "Eu sou uma oliveira, e
    tu és outra oliveira".
  • 3:46 - 3:52
    A verdade é que aquelas 3 ou 4 oliveiras
    são apenas uma árvore.
  • 4:02 - 4:09
    Perguntamo-nos se as oliveiras terão ciúmes umas das outras,
    ou se ficam zangadas umas com as outras, mas...
  • 4:10 - 4:13
    muitos jovens
  • 4:13 - 4:15
    e muitos mais velhos —
  • 4:18 - 4:24
    apesar de virem da mesma raiz — continuam
    com ciúmes uns dos outros e zangados entre si.
  • 4:24 - 4:29
    Comportam-se como se fossem pessoas diferentes,
    sem nada em comum.
  • 4:29 - 4:33
    Não sabem que todas brotam da mesma raiz.
  • 4:44 - 4:53
    Por isso, acabam divididas por aquilo a que chamamos
    "discriminação" e "pensamento dualista."
  • 4:58 - 5:03
    "Phân biệt kỳ thị" em vietnamita
    é "discriminação" em inglês.
  • 5:06 - 5:12
    É essa discriminação que nos divide,
    que nos faz ver o outro como inimigo
  • 5:12 - 5:15
    e não nos amar uns aos outros.
  • 5:16 - 5:21
    Por vezes, irmãos e irmãs de sangue
    dentro de uma mesma família veem-se como inimigos.
  • 5:30 - 5:35
    Por isso praticamos para
    olhar profundamente e ver por nós mesmos
  • 5:35 - 5:42
    que todos nos manifestamos
    a partir da mesma origem e raiz.
  • 5:42 - 5:48
    Quando conseguimos ver por nós mesmos que
    todos nos manifestamos da mesma fonte,
  • 5:48 - 5:54
    podemos remover essa discriminação,
  • 5:54 - 6:00
    e teremos um tipo de sabedoria muito especial
    chamado "a sabedoria da não-discriminação."
  • 6:00 - 6:05
    A sabedoria da não-discriminação significa
    a sabedoria em que não existe discriminação
  • 6:05 - 6:08
    ...nem parcialidade. Isto é muito belo.
  • 6:29 - 6:34
    "Trí vô phân biệt", ou
    "a sabedoria da não-discriminação",
  • 6:37 - 6:39
    é um termo que devemos conhecer de cor
  • 6:39 - 6:42
    porque na escola não nos ensinam este termo.
  • 6:42 - 6:46
    A sabedoria da não-discriminação.
  • 6:54 - 7:02
    Em sânscrito, é nirvikalpa-jñāna.
  • 7:06 - 7:08
    "Vikalpa" significa "discriminação."
  • 7:08 - 7:10
    "Nir" significa "não."
  • 7:10 - 7:12
    E "jñāna" significa "sabedoria."
  • 7:31 - 7:34
    Temos um tipo de sabedoria que distingue,
  • 7:34 - 7:37
    "Isto é um girassol,
  • 7:37 - 7:38
    e isto é um livro.
  • 7:38 - 7:40
    Um girassol é diferente de um livro."
  • 7:40 - 7:44
    Esse tipo de distinção e discriminação
    por vezes é útil. Porque nela,
  • 7:44 - 7:47
    não há pensamento dualista,
  • 7:47 - 7:50
    não há parcialidade.
  • 7:53 - 7:58
    Podemos apenas distinguir,
    "Isto é uma cenoura, aquilo é um tomate."
  • 7:58 - 8:02
    Isso também é um tipo de sabedoria, chamado
    "a sabedoria da discriminação",
  • 8:09 - 8:12
    que muitas vezes é bastante útil.
  • 8:14 - 8:20
    Mas, mais profundamente, temos outro tipo
    de sabedoria, chamada "a sabedoria da não-discriminação",
  • 8:23 - 8:24
    ou "a sabedoria da não-dualidade."
  • 8:24 - 8:28
    Este é um tipo de sabedoria muito importante.
  • 8:28 - 8:32
    Na escola, aprendemos muito
    sobre a sabedoria da discriminação.
  • 8:32 - 8:37
    Mas num mosteiro, precisamos de aprender
    outro tipo de sabedoria, chamada...
  • 8:37 - 8:39
    "a sabedoria da não-discriminação."
  • 8:39 - 8:42
    É o tipo de sabedoria que não trata
    os outros como inferiores, superiores ou iguais.
  • 8:42 - 8:45
    Não dizemos,
  • 8:46 - 8:50
    "Eu não sou aquela pessoa. Ela é branca,
    e eu sou negra.
  • 8:50 - 8:53
    Eu não gosto de pessoas brancas,
    só gosto de pessoas negras."
  • 8:53 - 8:55
    Ou: "Aquela pessoa é negra,
    e eu sou branca.
  • 8:55 - 8:59
    Só gosto de pessoas brancas,
    não gosto de pessoas negras."
  • 8:59 - 9:01
    Isso chama-se...
  • 9:02 - 9:04
    discriminação baseada no pensamento dualista.
  • 9:07 - 9:10
    Dizemos: "Eles são judeus,
  • 9:10 - 9:16
    mas eu não sou judeu. Sou palestiniano."
  • 9:17 - 9:19
    Isso é discriminação baseada na dualidade.
    E se uma pessoa judia disser:
  • 9:19 - 9:23
    "Sou judeu, não sou palestiniano", isso é
    discriminação baseada na dualidade.
  • 9:23 - 9:25
    Os dois lados fazem sofrer um ao outro.
    A verdade é que,
  • 9:25 - 9:30
    todos vimos da mesma origem e raiz.
  • 9:40 - 9:43
    No Islão, assim como no Judaísmo,
  • 9:43 - 9:51
    aprendemos que todos nascem da mesma raiz.
  • 10:00 - 10:04
    Todos vêm de Allah, todos...
  • 10:05 - 10:07
    vêm de Deus — uma fonte, uma origem.
  • 10:08 - 10:11
    E, no entanto, agora vemo-nos como inimigos,
  • 10:11 - 10:15
    temos discriminação baseada na dualidade.
  • 10:15 - 10:19
    Lutamos uns contra os outros, e queremos olho por olho.
  • 10:19 - 10:23
    Isso é discriminação baseada na dualidade
  • 10:24 - 10:28
    que precisamos remover dos nossos corações e mentes.
  • 10:28 - 10:32
    Contudo, para a remover,
    é necessário meditar e olhar profundamente
  • 10:33 - 10:35
    para realizar por si mesmo
  • 10:35 - 10:41
    a sabedoria da não-discriminação
  • 10:45 - 10:49
    la sagesse de la non-discrimination.
  • 11:02 - 11:06
    O que é "a sabedoria da não-discriminação"?
    É algo que podemos compreender? É sim.
  • 11:06 - 11:09
    Podemos compreender o que é.
  • 11:09 - 11:11
    Com alguma facilidade.
  • 11:11 - 11:16
    Basta olhar para a nossa mão — a mão direita, por exemplo.
  • 11:18 - 11:22
    Esta mão tem em si
    a sabedoria da não-discriminação.
  • 11:24 - 11:26
    Esta mão...
  • 11:26 - 11:28
    esta mão...
  • 11:28 - 11:30
    já fez tantas coisas.
  • 11:30 - 11:32
    É muito hábil.
  • 11:33 - 11:35
    Por vezes, é certo que tem
    um pouco de falta de jeito, mas...
  • 11:35 - 11:37
    também há nela muita destreza.
  • 11:37 - 11:41
    Por exemplo, esta mão já criou...
  • 11:41 - 11:45
    centenas e milhares de poemas.
  • 11:45 - 11:47
    Todos os poemas
  • 11:47 - 11:51
    que o Avô Professor escreveu
    foram feitos com a mão direita.
  • 11:52 - 11:57
    Esta mão esquerda nunca escreveu um poema.
  • 11:57 - 11:59
    Exceto numa ocasião,
  • 11:59 - 12:03
    quando o Avô Professor não tinha
    papel, tinta nem caneta por perto.
  • 12:03 - 12:06
    Teve de colocar um envelope
    na máquina de escrever,
  • 12:06 - 12:09
    e começou a datilografar o poema.
  • 12:09 - 12:12
    Só esse poema foi feito à máquina.
  • 12:12 - 12:17
    O poema chama-se: "O Búfalo Pequeno
    a Correr Atrás do Sol."
  • 12:18 - 12:21
    "O Búfalo Pequeno a Correr Atrás do Sol."
  • 12:21 - 12:25
    Apenas esse poema foi feito pelas duas mãos juntas.
  • 12:25 - 12:30
    Todos os outros poemas
    foram escritos apenas com a mão direita do Avô Professor.
  • 12:36 - 12:40
    Esta mão também faz muitas outras coisas, como...
  • 12:45 - 12:49
    sempre que é preciso segurar um martelo para pregar
    um prego na parede, é esta mão direita que o segura.
  • 12:49 - 12:52
    Esta mão esquerda é um pouco desajeitada.
  • 12:53 - 12:55
    Não é tão forte.
    E às vezes falha com o martelo.
  • 12:55 - 13:01
    A mão direita também falha por vezes, mas
    normalmente tem um controlo melhor sobre o martelo.
  • 13:01 - 13:11
    A mão direita também escreve poemas e caligrafias,
  • 13:14 - 13:16
    entre muitas outras coisas.
  • 13:16 - 13:23
    Mas a mão direita nunca discriminou ou
    criticou a mão esquerda com pensamento dualista.
  • 13:23 - 13:27
    Nunca disse: "Eh, Mão Esquerda,
  • 13:27 - 13:30
    tu não serves para nada,
  • 13:30 - 13:32
    não consegues fazer coisa nenhuma.
  • 13:32 - 13:37
    Não sabes escrever poemas,
    também não sabes fazer caligrafia."
  • 13:38 - 13:43
    A mão direita nunca pensa assim.
  • 13:46 - 13:51
    Nesta mão direita, não se encontra
    aquilo a que chamamos "discriminação dualista."
  • 13:51 - 13:56
    Ela não acredita numa entidade própria separada, dizendo:
    "Sou melhor do que / tão boa como / pior do que tu."
  • 13:56 - 14:00
    Por isso, nesta mão direita há
    a sabedoria da não-discriminação.
  • 14:00 - 14:06
    E, por isso, consegue viver em harmonia, paz
    e felicidade com a mão esquerda.
  • 14:06 - 14:08
    Enquanto isso, a mão esquerda não tem complexos.
  • 14:08 - 14:13
    Não diz: "Meu Deus,
    tu consegues fazer coisas que eu não consigo!"
  • 14:13 - 14:16
    Esta mão esquerda não tem qualquer complexo.
  • 14:16 - 14:18
    Porque ambas as mãos
  • 14:18 - 14:20
    sabem
  • 14:20 - 14:23
    que vêm da mesma raiz,
  • 14:23 - 14:26
    que são irmãs.
  • 14:26 - 14:30
    Entre irmãs, não há discriminação
    nem se tratam como entidades separadas.
  • 14:30 - 14:32
    Por essa razão,
  • 14:32 - 14:35
    não há problemas entre as duas mãos.
  • 14:35 - 14:38
    Agora, será que nós e a nossa irmã mais velha
  • 14:38 - 14:41
    nos tratamos assim, como as duas mãos?
  • 14:42 - 14:45
    Ou será que nós e o nosso irmão mais novo
  • 14:45 - 14:47
    nos tratamos como as duas mãos?
  • 14:47 - 14:49
    Às vezes ainda há socos.
  • 14:49 - 14:52
    E às vezes ainda há
    zanga, ressentimento, ciúmes, etc.
  • 14:52 - 14:54
    Tudo o que possas imaginar.
  • 14:54 - 14:59
    Então, dentro de nós ainda não há muita
    sabedoria da não-discriminação como há nas nossas mãos.
  • 14:59 - 15:01
    É difícil de compreender, queridos?
  • 15:06 - 15:12
    Vemos quanto sofrimento
    a discriminação baseada na dualidade já causou.
  • 15:12 - 15:15
    As pessoas brancas discriminam as pessoas negras.
  • 15:16 - 15:18
    Muçulmanos
  • 15:18 - 15:21
    discriminam hindus.
  • 15:23 - 15:26
    Hindus discriminam muçulmanos.
  • 15:39 - 15:42
    Judeus discriminam palestinianos.
  • 15:42 - 15:47
    E palestinianos discriminam judeus.
  • 15:48 - 15:52
    Falhámos ao não nos tratarmos uns aos outros
    como as duas mãos de um mesmo corpo,
  • 15:52 - 15:56
    porque, dentro de nós, falta uma visão profunda
  • 15:56 - 16:00
    —a visão da sabedoria da não-discriminação.
  • 16:00 - 16:04
    Devemos saber que, quando
    uma mão se magoa, a outra também sofre.
  • 16:06 - 16:08
    Precisamos de ver isto por nós mesmos.
  • 16:10 - 16:12
    Uma vez,
  • 16:12 - 16:16
    Thay segurava o martelo com a mão direita
  • 16:16 - 16:18
    e um prego com a esquerda,
  • 16:18 - 16:21
    na tentativa de pendurar uma caligrafia
    na parede para decoração.
  • 16:21 - 16:28
    De alguma forma, a mão direita falhou o prego
    e acertou diretamente no polegar da esquerda. Doeu bastante.
  • 16:29 - 16:33
    Logo que esta mão esquerda se magoou,
    a mão direita pousou o martelo
  • 16:33 - 16:35
    e segurou a esquerda,
  • 16:35 - 16:40
    enquanto procurava um antisséptico
    e um penso rápido para aplicar.
  • 16:41 - 16:43
    Fez tudo isto de forma natural,
  • 16:44 - 16:47
    sem nunca dizer: "Sou a Mão Direita,
  • 16:49 - 16:52
    estou a tratar da tua ferida.
  • 16:52 - 16:56
    Estou a cuidar de ti. Não te esqueças disso.
  • 16:56 - 16:58
    Não sejas ingrata comigo."
  • 16:58 - 17:01
    A mão direita nunca teve esse pensamento.
  • 17:01 - 17:04
    Não tem...
  • 17:04 - 17:07
    discriminação
  • 17:07 - 17:09
    entre "eu" e "o outro",
  • 17:09 - 17:10
    ou entre "um" e "outro",
  • 17:10 - 17:15
    porque dentro dela há uma sabedoria
    muito bonita de não-discriminação.
  • 17:16 - 17:18
    Uma ausência total de discriminação e dualismo.
  • 17:18 - 17:22
    É por isso que as duas mãos
    conseguem viver em perfeita harmonia.
  • 17:22 - 17:26
    Quando as duas mãos se juntam para formar
    um botão de lótus, é algo muito belo.
  • 17:27 - 17:30
    Quando comemos, a mão esquerda segura a taça
  • 17:30 - 17:34
    e a direita segura os pauzinhos.
  • 17:35 - 17:38
    A esquerda não diz: "Agora tenho de levantar esta taça,
  • 17:40 - 17:41
    que chatice!"
  • 17:41 - 17:44
    E a direita não diz:
    "Tenho de apanhar o arroz, que aborrecimento!"
  • 17:44 - 17:48
    Nunca houve discriminação,
    pensamento dualista, ou reclamações assim.
  • 17:48 - 17:49
    Muito belo.
  • 17:50 - 17:52
    Por isso, sabemos que
  • 17:53 - 17:55
    a sabedoria da não-discriminação,
  • 17:56 - 18:00
    ou la sagesse de la non-discrimination,
    é algo real
  • 18:00 - 18:02
    que podemos ver com os nossos próprios olhos.
  • 18:02 - 18:06
    Quando praticamos para alcançar
    a iluminação como um Buda,
  • 18:06 - 18:08
    um bodhisattva,
  • 18:08 - 18:09
    ou um arhat,
  • 18:09 - 18:12
    podemos verdadeiramente ser assim.
  • 18:12 - 18:15
    Deixamos de ter discriminação
    e pensamento dualista.
  • 18:19 - 18:22
    Quando chegamos a Plum Village, vemos
  • 18:22 - 18:27
    que os Irmãos e Irmãs aqui
    estão a dar o seu melhor para ser assim.
  • 18:27 - 18:32
    Cada Irmã no Hamlet Inferior
  • 18:32 - 18:34
    é como um dedo
  • 18:34 - 18:36
    de uma mão.
  • 18:38 - 18:41
    Esta pessoa faz isto,
    aquela faz aquilo.
  • 18:44 - 18:46
    Tudo é feito em silêncio,
  • 18:46 - 18:48
    sem que ninguém saiba,
  • 18:48 - 18:52
    sem nunca dizer: “O que eu estou a fazer é mais importante
    do que o que as minhas Irmãs estão a fazer.”
  • 18:53 - 18:55
    Ou: “O que as outras Irmãs estão a fazer
  • 18:57 - 19:00
    é… é… não é tão importante
    quanto o que eu estou a fazer.”
  • 19:00 - 19:03
    As Irmãs nunca têm esse pensamento na mente.
  • 19:03 - 19:06
    Todas trabalham com o mesmo propósito comum.
  • 19:06 - 19:08
    Uma pessoa está a cozinhar.
  • 19:08 - 19:10
    Outra está a lavar a loiça.
  • 19:10 - 19:12
    Outra vai às compras.
  • 19:12 - 19:16
    E outra está a buscar amigos leigos
    nos aeroportos ou nas estações de autocarro.
  • 19:16 - 19:19
    Outra varre e arruma.
    E outra limpa a sanita.
  • 19:19 - 19:22
    Mas ninguém se queixa ou resmunga,
  • 19:22 - 19:27
    “Porque é que ninguém faz nada além de mim?”
  • 19:27 - 19:32
    Porque é assim? Porque
    nelas já existe um pouco...
  • 19:32 - 19:36
    Ainda que não exatamente como um Buda ou Bodhisattva,
    mas nelas já há um pouco da sabedoria
  • 19:36 - 19:40
    da não-discriminação.
  • 19:44 - 19:47
    O mesmo com os Irmãos do Hamlet Superior.
  • 19:48 - 19:49
    Há tantas tarefas a fazer,
  • 19:49 - 19:53
    especialmente no verão, quando muitos amigos leigos vêm.
  • 19:55 - 19:57
    Praticamos de forma a que os amigos leigos sintam paz e bem-estar,
  • 19:57 - 20:01
    porque tornámo-nos monásticos
    porque queremos ajudar a aliviar o sofrimento.
  • 20:01 - 20:03
    Entre os amigos leigos que vêm cá,
    alguns trazem muita dor e sofrimento,
  • 20:03 - 20:05
    por isso precisamos escutá-los profundamente.
  • 20:05 - 20:10
    Precisamos mostrar-lhes como caminhar em meditação,
    como respirar com atenção,
  • 20:10 - 20:17
    como praticar para sofrer menos.
    Essa é a nossa alegria e felicidade enquanto monásticos.
  • 20:19 - 20:22
    Uma pessoa dá um ensinamento do Dharma.
  • 20:22 - 20:25
    Outra facilita a partilha do Dharma.
    Outra faz as compras.
  • 20:25 - 20:28
    E outra cuida apenas do transporte.
    Todos encontram alegria no que fazem, da mesma forma.
  • 20:28 - 20:30
    Porque fazer compras também é importante.
  • 20:30 - 20:33
    Sem comida, como podem participar
    num círculo de partilha do Dharma…
  • 20:33 - 20:37
    e ouvir os ensinamentos?
    Estariam com demasiada fome para ouvir os ensinamentos.
  • 20:37 - 20:41
    Por isso, fazer compras e cozinhar
    para toda a sangha é tão importante…
  • 20:41 - 20:43
    quanto facilitar uma família de partilha do Dharma
  • 20:43 - 20:44
    ou dar um ensinamento.
  • 20:44 - 20:50
    É por isso que é um prazer para todos fazer
    o que lhes é atribuído.
  • 20:51 - 20:53
    Assim, não há discriminação nem dualismo.
  • 20:54 - 20:57
    Fazer compras ou limpar sanitas
    é tão sagrado
  • 20:57 - 21:00
    e tão belo…
  • 21:00 - 21:02
    quanto facilitar uma partilha do Dharma
    ou oferecer um ensinamento.
  • 21:02 - 21:06
    Por isso, ninguém tem o complexo
    de ser superior a alguém,
  • 21:06 - 21:07
    ou inferior a alguém,
  • 21:07 - 21:09
    ou igual a alguém.
  • 21:09 - 21:10
    Todos trabalham juntos
  • 21:10 - 21:12
    como os cinco dedos de uma mão
  • 21:12 - 21:14
    muito harmoniosamente
  • 21:14 - 21:16
    sem… sem…
  • 21:16 - 21:17
    qualquer atrito,
  • 21:17 - 21:18
    qualquer animosidade,
  • 21:18 - 21:19
    qualquer pensamento dualista.
  • 21:19 - 21:21
    Porque, ao trabalhar em conjunto,
  • 21:21 - 21:24
    existe—de certo modo, o vislumbre
  • 21:24 - 21:26
    da sabedoria da não-discriminação.
  • 21:30 - 21:34
    Um dia, o Irmão Pháp Độ foi ao Hamlet Superior
  • 21:34 - 21:36
    apanhar algumas verduras.
  • 21:37 - 21:39
    Talvez porque os que vivem no
    Hamlet do Meio tendem a comer muitas verduras,
  • 21:39 - 21:40
    especialmente ervas vietnamitas,
  • 21:41 - 21:45
    o Irmão Pháp Độ passou toda a manhã
    e toda a tarde a apanhar verduras ali,
  • 21:45 - 21:47
    antes de ir aos outros hamlets
    continuar a apanha.
  • 21:47 - 21:49
    Então surgiu um mal-entendido,
  • 21:49 - 21:52
    de que o Hamlet do Meio tinha ficado sem comida.
  • 21:52 - 21:54
    Correu o rumor de que o Hamlet do Meio
  • 21:54 - 21:58
    ficaria sem comida nos dias seguintes.
  • 21:59 - 22:01
    Mas isso foi uma perceção errada.
  • 22:02 - 22:05
    Ao ouvir isso, o Hamlet Superior
  • 22:05 - 22:07
    levou alguma comida ao Hamlet do Meio.
  • 22:07 - 22:09
    Depois,...
  • 22:09 - 22:13
    o Hamlet Inferior também levou comida
    ao Hamlet do Meio.
  • 22:13 - 22:16
    E o Hamlet Novo também levou
    comida ao Hamlet do Meio.
  • 22:17 - 22:18
    Porquê?
  • 22:18 - 22:21
    Porque o Hamlet Superior, o Hamlet Inferior
    e o Hamlet Novo
  • 22:21 - 22:25
    vêem-se como dedos de uma mesma mão.
  • 22:25 - 22:27
    Ao ouvir a notícia de que um dos hamlets
    estava com falta de comida,
  • 22:27 - 22:31
    assumiram a responsabilidade de cuidar disso.
    Não disseram: “Somos deste hamlet.
  • 22:31 - 22:37
    Somos nós que levamos comida
    ao vosso hamlet. Não se esqueçam disso.”
  • 22:37 - 22:40
    Nunca houve tal pensamento.
  • 22:41 - 22:52
    Há um provérbio vietnamita:
    “Quando um irmão cai, o outro levanta-o.”
  • 22:52 - 22:56
    Sabemos que todos vimos da mesma raiz,
    por isso cuidamos bem uns dos outros, e…
  • 22:56 - 22:59
    não discriminamos uns contra os outros.
  • 23:03 - 23:04
    [Tocar o sino]
  • 23:06 - 23:08
    [Sino]
  • 23:25 - 23:28
    No texto A Visão Que Nos Leva à Outra Margem,
    há um verso que diz:
  • 23:28 - 23:30
    “Ouve, Śāriputra, este Corpo em si
  • 23:30 - 23:32
    é Vacuidade
  • 23:32 - 23:34
    e a Vacuidade em si é este Corpo.
  • 23:34 - 23:38
    Este Corpo não é diferente da Vacuidade
    e a Vacuidade não é diferente deste Corpo.”
  • 23:40 - 23:44
    Agora podemos aplicar isto na nossa família, dizendo:
  • 23:47 - 24:00
    “Irmã, tu és eu
    e eu sou tu.
  • 24:00 - 24:04
    Tu não és diferente de mim
    e eu não sou diferente de ti.
  • 24:05 - 24:10
    O mesmo se aplica ao nosso pai, mãe,
    avó, avô, etc.”
  • 24:10 - 24:13
    “O mesmo se aplica aos Sentimentos, Perceções,
    Formações Mentais e Consciência.”
  • 24:13 - 24:16
    Significa que todos viemos da mesma raiz.
  • 24:16 - 24:18
    Precisamos ver por nós próprios que...
  • 24:18 - 24:19
    somos todos...
  • 24:19 - 24:21
    dedos de uma mesma mão.
  • 24:21 - 24:24
    Assim, o polegar em si
  • 24:24 - 24:25
    é o dedo indicador.
  • 24:25 - 24:27
    O dedo indicador em si é o polegar.
  • 24:27 - 24:30
    O polegar não é diferente do dedo indicador
  • 24:30 - 24:34
    e o dedo indicador não é diferente do polegar.
  • 24:35 - 24:40
    O mesmo se aplica ao dedo do meio,
    ao anelar e ao mindinho.
  • 24:40 - 24:43
    Isto é aplicar A Visão Que Nos Leva à Outra Margem.
  • 24:44 - 24:47
    “Ouve, Śāriputra, este Corpo em si é Vacuidade
    e a Vacuidade em si é este Corpo.
  • 24:47 - 24:50
    Este Corpo não é diferente da Vacuidade
    e a Vacuidade não é diferente deste Corpo.
  • 24:50 - 24:52
    O mesmo se aplica aos Sentimentos, Perceções,
    Formações Mentais e Consciência.”
  • 24:52 - 24:53
    Agora podemos dizê-lo com toda a clareza:
  • 24:53 - 24:58
    “Ouve, Śāriputra,
    o polegar em si é o dedo indicador
  • 24:58 - 25:00
    e o dedo indicador em si é o polegar.
  • 25:00 - 25:04
    O polegar não é diferente do dedo indicador
    e o dedo indicador não é diferente do polegar.
  • 25:04 - 25:11
    O mesmo se aplica ao dedo do meio,
    ao anelar e ao mindinho.”
  • 25:11 - 25:15
    Esse é o espírito da não-discriminação.
  • 25:15 - 25:16
    Assim, mesmo sendo jovens,
  • 25:16 - 25:21
    podemos compreender A Visão Que Nos Leva à Outra Margem
    um sutra muito profundo no budismo.
  • 25:23 - 25:26
    Portanto, esta tarde, queridas crianças,
  • 25:26 - 25:28
    vamos fazer uma peça de teatro.
  • 25:29 - 25:32
    Nessa peça, haverá um pai, uma mãe,
    um avô paterno, uma avó materna,
  • 25:32 - 25:34
    e algumas crianças.
  • 25:34 - 25:37
    Ao início, as crianças...
  • 25:38 - 25:40
    não têm ainda a sabedoria da não-discriminação,
  • 25:40 - 25:43
    por isso discutem entre si
    e não cedem umas às outras.
  • 25:46 - 25:49
    Então, a avó materna
    irá chamá-las e dizer:
  • 25:49 - 25:51
    “Não sabiam que
  • 25:51 - 25:55
    a irmã mais velha é o irmão mais novo,
    e o irmão mais novo é a irmã mais velha?
  • 25:55 - 25:57
    A irmã mais velha não é diferente do irmão mais novo,
  • 25:57 - 25:58
    e o irmão mais novo não é diferente da irmã mais velha.
  • 25:58 - 26:04
    O mesmo se aplica aos avós maternos,
    aos avós paternos e aos pais.”
  • 26:04 - 26:06
    Isso é expressar A Visão Que Nos Leva à Outra Margem.
  • 26:06 - 26:10
    Com isso, os dois irmãos podem rebentar numa gargalhada,
    abraçarem-se, e deixarem de estar zangados um com o outro.
  • 26:10 - 26:14
    No dia seguinte,
    os pais parecem estar numa discussão acesa.
  • 26:14 - 26:16
    Então, uma das crianças
    pode ir até lá e dizer: “Pai,
  • 26:16 - 26:19
    não sabias que tu és a Mãe
    e que a Mãe é tu?
  • 26:19 - 26:21
    Tu não és diferente da Mãe
    e a Mãe não é diferente de ti.
  • 26:21 - 26:25
    O mesmo se aplica aos meus avós paternos,
    avós maternos e a todos nós, crianças.”
  • 26:25 - 26:28
    Essa é A Visão Que Nos Leva à Outra Margem.
  • 26:31 - 26:32
    Podemos aplicá-la imediatamente.
  • 26:32 - 26:35
    Vamos ensaiar.
  • 26:36 - 26:41
    Sempre que houver discriminação, preconceito,
    zanga, etc., precisamos recitar esse mantra:
  • 26:43 - 26:45
    “Deve-se saber que é um Grande Mantra,
    o mantra mais iluminador,
  • 26:45 - 26:48
    o mantra supremo,
    um mantra incomparável.
  • 26:48 - 26:54
    A Verdadeira Sabedoria que tem o poder de pôr fim
    a todo o tipo de dualismo e discriminação.”
  • 26:57 - 27:00
    Quando entramos num mosteiro,
  • 27:00 - 27:04
    como o Mosteiro Bút Tháp
    na província de Bắc Ninh (Vietname),
  • 27:05 - 27:06
    veremos uma...
  • 27:06 - 27:11
    estátua do Bodhisattva Avalokiteśvara.
  • 27:11 - 27:13
    Essa estátua do Bodhisattva
  • 27:13 - 27:16
    não tem apenas dois braços,
  • 27:16 - 27:18
    mas mil braços.
  • 27:23 - 27:28
    Podemos ficar admirados, a pensar,
    “Como pode uma pessoa ter tantos braços?”
  • 27:30 - 27:34
    Algum de vocês já viu
    uma estátua de Bodhisattva com muitos braços?
  • 27:40 - 27:44
    Nunca? E se fizéssemos uma agora mesmo?
  • 27:44 - 27:47
    Irmã Tuệ Nghiêm, por favor,
    vem aqui ajudar os pequenos
  • 27:47 - 27:49
    a criar uma estátua do Bodhisattva Chunde com muitos braços.
  • 27:50 - 27:53
    Querida criança, podes segurar isto, está bem?
  • 27:57 - 27:59
    Esta mão segura esta coisa.
  • 27:59 - 28:01
    E esta outra mão segura esta.
  • 28:09 - 28:11
    Aqui tens, segura esta.
  • 28:21 - 28:23
    Um de vocês precisa sentar-se.
  • 28:23 - 28:27
    \[Irmã Tuệ Nghiêm\] Queres sentar-te, querida criança?
  • 28:49 - 28:53
    Vejam. Esta é uma pessoa com muitos braços.
  • 29:02 - 29:07
    Este é o Bodhisattva Chunde.
  • 29:07 - 29:09
    Muito bonita.
  • 29:09 - 29:11
    Vamos imaginar
  • 29:11 - 29:15
    que estamos a ver apenas uma pessoa—
    uma pessoa com muitos e muitos braços.
  • 29:15 - 29:18
    Mas a estátua no Mosteiro Bút Tháp
  • 29:18 - 29:20
    tem mil braços.
  • 29:20 - 29:26
    Aqui temos só... Vamos ver, 4… 6…
    8… 10… 12 braços… Bem, só 14 braços.
  • 29:37 - 29:39
    Já são muitos braços.
  • 29:49 - 29:54
    O Bodhisattva Avalokiteśvara tem grande compaixão
  • 29:54 - 29:59
    e ela/ele/elu aspira fazer muitas coisas ao mesmo tempo.
  • 30:01 - 30:04
    Digam-me quando os vossos braços estiverem cansados, queridos.
  • 30:06 - 30:10
    Quando temos amor ilimitado,
  • 30:11 - 30:17
    quando temos grande compaixão,
    queremos fazer muitas coisas ao mesmo tempo.
  • 30:19 - 30:23
    Queremos deitar água num copo para quem amamos.
  • 30:23 - 30:27
    Queremos ajudar os irmãos mais novos com os estudos.
  • 30:27 - 30:32
    Queremos ler um livro à avó materna.
  • 30:32 - 30:38
    Queremos escrever uma carta a um amigo.
  • 30:38 - 30:43
    Queremos oferecer uma flor ao pai
    no seu dia de continuação.
  • 30:43 - 30:48
    Queremos oferecer uma flor à mãe
    no seu dia de continuação.
  • 30:48 - 30:53
    Queremos controlar o tempo
    para que ninguém chegue atrasado à escola.
  • 30:55 - 30:58
    Queremos… queremos…
  • 30:58 - 31:01
    ler as nossas cartas aos amigos.
  • 31:02 - 31:05
    Queremos gravar a palestra do Dharma
    do Avô Professor para os que não puderam vir hoje.
  • 31:05 - 31:09
    Queremos enviar este livro à mãe.
  • 31:09 - 31:12
    Queremos...
  • 31:12 - 31:13
    usar este livro para ensinar os irmãos mais novos.
  • 31:13 - 31:16
    Queremos usar aquele livro...
  • 31:17 - 31:21
    para nos gravarmos a lê-lo numa cassete.
    Quando temos grande amor,
  • 31:21 - 31:23
    queremos fazer muitas coisas.
  • 31:23 - 31:26
    Se só tivermos dois braços,
    como podemos fazer tantas coisas?
  • 31:26 - 31:29
    Então, o Bodhisattva tem...
  • 31:29 - 31:32
    mil mãos
  • 31:32 - 31:34
    e mil braços.
  • 31:37 - 31:41
    Muito obrigado, queridos pequenos. Agora, por favor, devolvam esses itens deixando-os aqui.
  • 31:44 - 31:47
    Agora, imaginemos em Lower Hamlet,
  • 31:47 - 31:51
    ou seja, este templo — Néctar da Compaixão,
    como sendo um bodhisattva,
  • 31:51 - 31:53
    chamado Bodhisattva Lower Hamlet.
  • 31:53 - 31:57
    Perguntamo-nos então: quantas mãos tem
    o Bodhisattva Lower Hamlet?
  • 31:57 - 32:03
    Tem tantas mãos e braços
    quantas são as monjas e os amigos leigos.
  • 32:03 - 32:05
    Então, quantas mãos e braços
    tem a Lower Hamlet?
  • 32:08 - 32:10
    Chamamos a isso, Bodhisattva Lower Hamlet.
  • 32:13 - 32:18
    Uma mão cuida da abadessa.
  • 32:18 - 32:21
    Outra mão, do conselho de manutenção.
  • 32:21 - 32:23
    Outra mão ainda, do escritório de registo.
  • 32:23 - 32:25
    Outra, dos transportes
  • 32:25 - 32:28
    e dos alojamentos para os amigos leigos.
  • 32:28 - 32:30
    Bem, são tantas mãos.
  • 32:30 - 32:32
    Então, imaginemos
  • 32:32 - 32:34
    que o Bodhisattva Lower Hamlet...
  • 32:36 - 32:39
    tem centenas de mãos.
  • 32:40 - 32:43
    Não olhemos para a Lower Hamlet
    como muitas pessoas,
  • 32:43 - 32:46
    mas sim como uma só pessoa.
  • 32:47 - 32:49
    Ao chegarmos a Lower Hamlet,
  • 32:49 - 32:55
    vemos que o Bodhisattva Lower Hamlet
    estende centenas de braços para nos acolher.
  • 32:55 - 33:00
    Uma mão mostra-nos onde são os nossos quartos.
  • 33:00 - 33:03
    Outra mão dá...
  • 33:04 - 33:06
    dá...
  • 33:07 - 33:11
    a outra pessoa um copo de água, por exemplo.
  • 33:11 - 33:13
    Cada Irmã
  • 33:13 - 33:16
    desempenha o papel de...
  • 33:16 - 33:19
    um braço de um bodhisattva.
  • 33:19 - 33:22
    Esses braços não têm fricção
    nem se envolvem em confrontos entre si.
  • 33:22 - 33:27
    Embora haja muitos braços,
    eles trabalham juntos com uma grande harmonia.
  • 33:27 - 33:33
    Não há conflitos que provoquem discussões,
    desentendimentos ou rupturas nas relações.
  • 33:34 - 33:40
    Por isso, praticamos olhar para a Lower Hamlet
    como um bodhisattva com muitos braços e mãos.
  • 33:40 - 33:42
    Praticamos também ver a Upper Hamlet
  • 33:42 - 33:46
    como um bodhisattva com muitos braços.
    Cada Irmão é um braço
  • 33:46 - 33:48
    desse bodhisattva.
  • 33:49 - 33:53
    Alguma vez vimos os Irmãos
    em discussões ou confrontos físicos?
  • 33:53 - 33:56
    Alguma vez vimos os Irmãos
  • 33:56 - 34:00
    a discriminar e a tratar os outros com preconceito,
    causando sofrimento uns aos outros?
  • 34:00 - 34:04
    O mesmo acontece com a New Hamlet.
    A New Hamlet também é um bodhisattva com muitos braços e mãos.
  • 34:04 - 34:08
    Cada Irmã ou cada residente permanente é um braço.
  • 34:08 - 34:10
    Todos realizam o trabalho de um bodhisattva
  • 34:10 - 34:14
    para cuidar dos amigos leigos, para trazer...
  • 34:14 - 34:19
    paz e felicidade aos amigos leigos,
    tanto jovens como mais velhos, durante o tempo que passam em Plum Village.
  • 34:19 - 34:25
    Quanto maior for essa paz e felicidade...
  • 34:25 - 34:30
    e esse espírito de harmonia
    e de não-discriminação,
  • 34:30 - 34:35
    maior será a paz e felicidade dos amigos leigos.
  • 34:35 - 34:38
    Alguma vez vimos as Irmãs
    zangarem-se umas com as outras,
  • 34:38 - 34:42
    tratarem-se com preconceito, ou
    atacarem-se verbalmente?
  • 34:43 - 34:47
    É porque as Irmãs estão a praticar
    a sabedoria da não-discriminação.
  • 34:47 - 34:51
    Embora não o façam tão bem como os grandes Bodhisattvas,
  • 34:52 - 34:54
    e nem tão bem...
  • 34:55 - 34:56
    como os Budas,
  • 34:56 - 35:00
    em cada Irmã e em cada Irmão,
  • 35:00 - 35:05
    já existe um pouco
    da visão da não-discriminação.
  • 35:05 - 35:09
    Por essa razão, podem viver juntos
    em harmonia, paz e felicidade.
  • 35:09 - 35:13
    Graças a isso, conseguem...
  • 35:13 - 35:17
    construir e criar felicidade
    para aqueles que vêm até eles.
  • 35:19 - 35:21
    Há cerca de cinco ou seis anos,
  • 35:21 - 35:23
    Thay foi...
  • 35:23 - 35:27
    à Coreia numa viagem de ensinamentos.
  • 35:28 - 35:38
    Thay foi convidado por uma universidade budista
    em Seul para dar um ensinamento do Dharma.
  • 35:38 - 35:42
    Essa universidade é a Universidade Dongguk.
  • 35:43 - 35:48
    Lá, Thay disse: "A universidade
    tem de ser um bodhisattva,
  • 35:48 - 35:54
    e cada professor da universidade
    tem de ser um braço do bodhisattva."
  • 35:56 - 35:59
    E Thay
  • 35:59 - 36:01
    desenvolveu ainda mais esse tema.
  • 36:01 - 36:03
    A palestra foi muito apropriada,
  • 36:03 - 36:07
    porque, de outra forma,
    deixaria de ser uma universidade budista.
  • 36:07 - 36:09
    Uma universidade budista
  • 36:09 - 36:15
    tem de estar organizada
    como o corpo de um bodhisattva.
  • 36:16 - 36:18
    Desde o Diretor da Escola
    e os professores,
  • 36:18 - 36:21
    até aos membros do staff, todos devem ser
    braços de um grande bodhisattva
  • 36:21 - 36:24
    para poder oferecer e dedicar aos seus estudantes
  • 36:24 - 36:31
    duas substâncias: sabedoria e amor compassivo.
  • 36:31 - 36:35
    Se a única coisa que uma universidade oferece
    é conhecimento,
  • 36:35 - 36:37
    isso não é suficiente.
  • 36:38 - 36:41
    Uma universidade deve ir além do conhecimento,
  • 36:41 - 36:44
    isto é, deve oferecer sabedoria e amor compassivo.
  • 36:44 - 36:49
    Se, nesta sabedoria, também conseguir oferecer
    a sabedoria da não-discriminação, será muito bem feito.
  • 36:49 - 36:52
    Portanto, quem estiver a pensar
    em dirigir uma universidade budista
  • 36:52 - 36:54
    deve ter isto em mente.
  • 36:54 - 36:59
    Uma universidade, no futuro, tem de ser um bodhisattva.
  • 36:59 - 37:03
    Essa universidade deve dedicar-se
  • 37:03 - 37:06
    a oferecer as substâncias da sabedoria
    e do amor compassivo.
  • 37:07 - 37:13
    A sabedoria da discriminação já foi
    oferecida por muitas universidades.
  • 37:13 - 37:18
    Mas poucas são as universidades
    que se dedicam à sabedoria da não-discriminação.
  • 37:18 - 37:22
    Se uma igreja budista, um mosteiro,
    ou uma universidade budista
  • 37:22 - 37:25
    opera verdadeiramente em nome da tradição,
  • 37:25 - 37:28
    então tem de oferecer
    a sabedoria da não-discriminação.
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    Não é suficiente oferecer apenas
    a sabedoria da discriminação.
  • 37:31 - 37:35
    O conhecimento do mundo que ajuda alguém
    a tornar-se médico, engenheiro,
  • 37:35 - 37:39
    ou professor de ciências ou literatura,
  • 37:39 - 37:40
    não é suficiente.
  • 37:40 - 37:44
    É necessário também haver formação nesta área,
    ou seja, na “sabedoria da não-discriminação”,
  • 37:44 - 37:50
    porque é desta sabedoria que nasce o amor,
  • 37:50 - 37:52
    ou seja, a bondade amorosa e a compaixão.
  • 37:53 - 37:57
    Sem a sabedoria da não-discriminação,
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    não haverá aceitação nem verdadeiro amor.
  • 38:12 - 38:16
    Nas escolas do mundo, só nos é oferecida
    a sabedoria da discriminação.
  • 38:17 - 38:19
    Mas numa universidade budista,
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    e num mosteiro,
  • 38:22 - 38:25
    devemos dar o nosso melhor para também oferecer
    esta sabedoria da não-discriminação.
  • 38:25 - 38:29
    Só quando a sabedoria da não-discriminação
    é transmitida, é que a aceitação e o amor se tornam possíveis.
  • 38:29 - 38:34
    Só então, a paz, o bem-estar
    e a harmonia podem surgir.
  • 38:39 - 38:46
    Então, só precisamos olhar com atenção
    para a mão direita. Perceberemos que ela tem muito a ensinar-nos.
  • 38:46 - 38:49
    Ela contém em si a sabedoria da não-discriminação.
    E o mesmo acontece com esta mão esquerda.
  • 38:49 - 38:51
    Ela não carrega nenhum complexo,
  • 38:51 - 38:53
    como “sou melhor do que”, “sou pior do que” ou “sou igual a”.
  • 38:53 - 38:54
    Muito bem.
  • 38:54 - 38:59
    São, por isso, dois belos exemplos
    de irmandade.
  • 39:00 - 39:02
    Agora, vamos todos olhar com atenção
    para as nossas mãos.
  • 39:02 - 39:05
    Usa uma mão para segurar a outra, para sentir...
  • 39:05 - 39:06
    para sentir...
  • 39:06 - 39:12
    que são como dois irmãos a viver juntos
    em harmonia e com muita alegria,
  • 39:12 - 39:14
    porque em cada mão existe...
  • 39:14 - 39:17
    a sabedoria da não-discriminação.
  • 39:22 - 39:29
    Viste as duas mãos a abraçarem-se?
    Todos, independentemente da idade, estão convidados
  • 39:29 - 39:33
    a usar a mão direita
    para abraçar a mão esquerda,
  • 39:36 - 39:41
    para verem que são verdadeiros irmãos,
  • 39:41 - 39:44
    que podem viver juntos em harmonia
    graças à...
  • 39:44 - 39:47
    sabedoria da não-discriminação que há nelas.
  • 39:50 - 39:51
    Já o fizeste?
  • 39:52 - 39:54
    Vamos respirar três vezes.
  • 40:01 - 40:05
    Consegues ver a sabedoria
    da não-discriminação nas tuas mãos?
  • 40:06 - 40:08
    Muito bem. Agora,...
  • 40:08 - 40:12
    usa as tuas mãos para segurar as mãos
    de quem está sentado ao teu lado,
  • 40:12 - 40:15
    para veres se essas mãos...
  • 40:17 - 40:22
    também carregam a sabedoria da não-discriminação.
  • 40:23 - 40:28
    Rapazes, se ao vosso lado estiver uma rapariga,
    podem segurar-lhe a mão. Não há problema.
  • 40:28 - 40:30
    Irmão Thông Hội...
  • 40:30 - 40:31
    Aqui.
  • 40:36 - 40:38
    Somos todos irmãos e irmãs.
  • 40:47 - 40:49
    Amigos franceses seguram as mãos dos amigos britânicos.
  • 40:49 - 40:52
    Amigos britânicos seguram as mãos dos amigos alemães.
  • 40:52 - 40:55
    Amigos palestinianos seguram
    as mãos dos amigos judeus.
  • 40:55 - 40:58
    Amigos judeus seguram as mãos
    dos amigos palestinianos.
  • 40:58 - 41:01
    Vamos dar as mãos uns aos outros,
  • 41:01 - 41:06
    para que possamos aprender a lição
    da sabedoria da não-discriminação.
  • 41:10 - 41:17
    Eu próprio sou tu,
    e tu próprio és eu.
  • 41:18 - 41:23
    Eu não sou diferente de ti,
    e tu não és diferente de mim.
  • 41:30 - 41:32
    Este é o espírito de prajñā.
  • 41:32 - 41:35
    Este é o espírito
    da sabedoria da não-discriminação.
  • 41:35 - 41:39
    Esta é uma palestra do Dharma cujo significado —
    ainda que profundamente profundo,
  • 41:39 - 41:44
    pode ainda assim ser compreendido
    pelos mais jovens, pelos mais pequeninos.
  • 41:44 - 41:48
    Se vocês, jovens, continuarem a aprender
    nesta direção, ao crescerem,
  • 41:48 - 41:54
    terão um conhecimento e uma prática
    profundos e firmes no Budismo.
  • 42:01 - 42:04
    [Sino]
  • 42:08 - 42:11
    [Sino]
  • 42:16 - 42:18
    [Sino]
Title:
The Wisdom of Non-Discrimination | Dharma talk by Thich Nhat Hanh (EN subtitles)
Description:

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Duration:
42:19

Portuguese subtitles

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