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Garotos não são "assim mesmo". Garotos são o que os ensinamos a ser | Ben Hurst | TEDxLondonWomen

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    Garotos são assim mesmo, certo?
  • 0:18 - 0:20
    É isso que dizem.
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    É como um passe livre
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    para qualquer situação.
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    Quando você vai em um supermercado
    e vê um garotinho esperneando,
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    tendo um chilique,
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    você olha sem jeito para os pais,
    sorri e diz: "Garotos são assim mesmo".
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    Quando dois garotos brigam em um parquinho
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    e um deles dá um soco no outro,
    deixando um olho roxo,
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    nós os repreendemos, mas, você sabe...
    garotos são assim mesmo.
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    Quando universitários chegam em casa
    depois de uma bebedeira
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    e acordam todo mundo na casa,
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    é muito irritante, mas é de se esperar,
    afinal, garotos são assim mesmo.
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    Mas o que dizemos com isso?
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    Quando fiquei sabendo
    que iria dar esta palestra,
  • 1:05 - 1:08
    decidi que uma das coisas
    mais importantes a fazer
  • 1:08 - 1:11
    seria chegar em casa
    e fazer algumas pesquisas.
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    Então conversei com o meu pai.
    Este é meu pai.
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    Eu perguntei o que ele pensava
    sobre a masculinidade,
  • 1:20 - 1:23
    perguntei sobre a experiência
    de ser um homem,
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    perguntei como é criar um filho,
  • 1:25 - 1:27
    e se existiam problemas
  • 1:27 - 1:30
    que ele achava necessário
    serem discutidos por nós homens.
  • 1:30 - 1:36
    E o que meu pai disse provavelmente
    ficará marcado comigo pelo resto da vida.
  • 1:37 - 1:39
    Ele me disse...
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    para perguntar ao meu tio.
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    (Risos)
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    Então fui perguntar ao meu tio,
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    e ele me deu um ótimo conselho.
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    Ele me disse para perguntar ao meu primo.
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    Fui falar com meu primo,
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    e ele me mandou para o seu irmãozinho.
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    Digo isso para demonstrar que, em geral,
    homens não são muito bons para conversar,
  • 1:59 - 2:04
    especialmente quando o tópico
    é sobre masculinidade.
  • 2:04 - 2:06
    O trabalho que faço
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    na Good Lad Initiative é basicamente este:
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    falar sobre masculinidade.
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    Trabalhamos em escolas,
    com garotos de 11 a 18 anos,
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    falando sobre masculinidade
    e igualdade de gênero,
  • 2:17 - 2:20
    envolvendo-os nas conversas.
  • 2:20 - 2:24
    Uma das minhas atividades
    preferidas nesses workshops
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    se chama "Corrida de palavras".
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    Dividimos os garotos em dois times
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    e conduzimos um jogo
    de associação de palavras
  • 2:32 - 2:34
    em que eles têm que correr para a lousa
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    e escrever palavras associadas
    com um tópico dado.
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    Normalmente começamos
    com uma partida prática bem rápida;
  • 2:40 - 2:43
    damos palavras como
    "café da manhã" ou "música".
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    Depois fazemos uma partida
    com o tópico "homem",
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    e outra com o tópico "mulher".
  • 2:49 - 2:50
    E como você pode imaginar,
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    os garotos aparecem
    com um arsenal de palavras
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    para descrever genitália
    e partes do corpo.
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    Eles dizem coisas como "pau",
    "pepeca", "rola", "boceta",
  • 3:01 - 3:05
    tudo o que você imaginar vai estar
    nessas folhas de papel ou nessas lousas.
  • 3:05 - 3:08
    E eles aparecem
    com algumas características,
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    normalmente coisas como "forte"
    ou "dominante" para homens
  • 3:11 - 3:16
    e coisas como "gentil" ou "mãe"
    ou "cozinha" para mulheres.
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    O jogo mais interessante que tivemos
  • 3:21 - 3:25
    foi em um treinamento com pessoas
    que trabalham com crianças .
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    Demos a elas o tópico "garotos e garotas"
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    para trazer à tona os estereótipos
    que possuem para com outros gêneros.
  • 3:32 - 3:35
    Elas escreveram coisas
    um pouco perturbadoras.
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    Sobre os garotos,
  • 3:36 - 3:40
    disseram que eram fedorentos, sujos,
    viciados em pornô, violentos, preguiçosos,
  • 3:40 - 3:43
    todo tipo de adjetivos negativos.
  • 3:43 - 3:44
    Lembre-se
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    que essas são as pessoas que pagamos
    para trabalhar com nossas crianças,
  • 3:48 - 3:50
    o que me leva a fazer uma pergunta:
  • 3:50 - 3:54
    o que, na verdade, esperamos dos garotos?
  • 3:55 - 3:59
    E acho que estamos colocando
    parâmetros muito baixos.
  • 4:00 - 4:03
    Na sua palestra TED em 2010,
  • 4:03 - 4:07
    Tony Porter falou sobre a ideia
    da socialização coletiva de homens,
  • 4:07 - 4:09
    ou o que ele chama de caixa masculina.
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    A caixa masculina é a ideia que estabelece
    todas as expectativas que temos
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    sobre como homens e garotos deveriam ser.
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    Ela contém coisas como "não chore",
    "seja forte", "seja dominante",
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    "seja um protetor",
    "não mostre nenhuma fraqueza",
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    "não seja como uma mulher".
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    Ao conduzir essa atividade com os garotos,
    é como se algo despertasse neles
  • 4:29 - 4:32
    e eles percebessem que têm sido
    enganados por toda a vida.
  • 4:33 - 4:36
    Algumas vezes eles querem preservar
    coisas da caixa masculina,
  • 4:36 - 4:41
    e tudo bem, algumas coisas não são ruins,
    como ser atlético, forte ou corajoso,
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    essas coisas são legais,
  • 4:42 - 4:46
    mas algumas vezes eles dizem que se sentem
    como se estivessem presos em uma cela
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    e a pressão é sufocante.
  • 4:49 - 4:51
    Nós falamos sobre a origem dessas ideias.
  • 4:51 - 4:54
    Conversamos sobre coisas
    como filmes do James Bond
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    e como ele nunca diz não para sexo
    a não ser que esteja tentado matar alguém.
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    Nós falamos sobre consentimento
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    e como garotos nunca se sentem
    com propriedade para dar consentimento
  • 5:06 - 5:07
    em nenhuma circunstância.
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    Falamos sobre como enxergamos
    mulheres como guardiãs do sexo.
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    E falamos sobre como é mais apropriado
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    dar um soco na cara de alguém
    do que chorar quando te envergonham.
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    Falamos sobre filmes e TV
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    e de onde vêm todas essas influências.
  • 5:23 - 5:26
    E conversamos sobre
    se os garotos tivessem a escolha,
  • 5:26 - 5:31
    eles provavelmente não escolheriam ser
    o que a sociedade quer que eles sejam.
  • 5:31 - 5:34
    Como resolvemos esses problemas?
  • 5:34 - 5:38
    Bem, baseando-se no meu trabalho,
    eu diria que o que precisamos fazer
  • 5:38 - 5:40
    é conversar,
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    o que parece ser mais fácil
    do que realmente é algumas vezes.
  • 5:44 - 5:49
    Garotos precisam de espaços
    para superarem esses problemas
  • 5:49 - 5:52
    baseados em conversas
  • 5:52 - 5:54
    sobre o que eles pensam ser importante.
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    Nós criamos uma caixa masculina
  • 5:56 - 5:58
    com um grupo de garotos
    outro dia, em uma sessão,
  • 5:58 - 6:02
    e eles disseram que sentem pressão
    para serem destruidores de boceta,
  • 6:02 - 6:05
    disseram que precisam pegar mulheres -
    não riam, não é engraçado -
  • 6:05 - 6:06
    que precisavam pegar mulheres,
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    que precisavam ser
    geneticamente superiores,
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    tudo isso deve ser muita pressão
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    e não tenho certeza se são coisas
    que podemos controlar.
  • 6:14 - 6:17
    Precisamos falar sobre masculinidade,
  • 6:17 - 6:19
    precisamos falar dessas coisas,
    livres de julgamento,
  • 6:19 - 6:22
    e dar aos garotos espaços seguros
    para explorar esses tópicos.
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    Precisamos falar de onde vem tudo isso,
    como isso é aprendido e herdado,
  • 6:26 - 6:28
    e porque somos recompensados
  • 6:28 - 6:31
    por nos comportarmos de formas
    que são inerentemente negativas.
  • 6:34 - 6:37
    A realidade é que garotos
    não são assim mesmo;
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    garotos são o que os ensinamos a ser.
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    (Aplausos) (Vivas)
  • 6:48 - 6:53
    O que precisamos fazer
    é ter conversas sérias;
  • 6:54 - 6:57
    precisamos falar sobre a masculinidade
    em todas as suas formas.
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    Os homens na minha vida nunca me disseram
  • 7:01 - 7:04
    que o patriarcado
    foi uma merda pra todo mundo.
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    Plateia: Sim.
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    Ben Hurst: Talvez por não terem
    as palavras para articular,
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    ou por não entenderem.
  • 7:11 - 7:15
    Mas, como homem, sinto que todos nós
    temos esse entendimento
  • 7:15 - 7:19
    de que a maneira que esperam
    que nos comportemos
  • 7:19 - 7:21
    não é a melhor forma de viver nossa vida
  • 7:21 - 7:25
    e não nos guia para sermos
    pessoas completas e felizes.
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    Garotos não serão apenas garotos;
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    garotos serão homens
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    e é aí que teremos um problema.
  • 7:37 - 7:38
    No Reino Unido,
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    o suicídio é o que mais mata
    homens entre 15 e 55 anos.
  • 7:44 - 7:46
    Nem todos os homens são violentos,
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    mas a maioria dos atos de violência
    são praticados por homens.
  • 7:51 - 7:53
    Mulheres de todo o planeta
  • 7:53 - 7:57
    se sentem mais seguras
    com outras mulheres do que com homens.
  • 7:58 - 8:02
    Nas nossas escolas, universidades,
    locais de trabalho,
  • 8:02 - 8:04
    e até mesmo em nossas casas,
  • 8:04 - 8:06
    as mulheres sofrem diariamente;
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    elas experienciam abusos
    pelas mãos de homens.
  • 8:11 - 8:14
    Essas coisas não acontecem
    por causa das mulheres,
  • 8:14 - 8:18
    por isso é dever dos homens
    resolver esses problemas.
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    Homens precisam de espaços
    para explorar e expressar suas emoções.
  • 8:23 - 8:27
    Eles sabem que essa caixa masculina
    é limitadora e assustadora.
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    Eles precisam se livrar das coisas
    que os estão prejudicando,
  • 8:30 - 8:33
    não apenas pelas mulheres,
    mas por si mesmos.
  • 8:33 - 8:36
    E nós não podemos ter a mesma conversa
  • 8:36 - 8:39
    que sempre tivemos sobre a masculinidade,
  • 8:39 - 8:42
    em que falamos sobre
    o quão tóxica e ruim ela é.
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    A maneira como conversamos
    sobre masculinidade com nossos homens
  • 8:45 - 8:49
    tende a utilizar uma abordagem
    de baixos padrões.
  • 8:49 - 8:51
    Tendemos a dizer coisas como:
  • 8:51 - 8:53
    isso que você precisa fazer
    para não se encrencar,
  • 8:53 - 8:55
    é assim que não se infringe a lei,
  • 8:55 - 8:57
    é assim que você não estupra alguém
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    ou como não ser taxado de assediador
    ou abusador sexual.
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    Mas o que precisamos fazer
  • 9:02 - 9:07
    é mover para uma discussão
    sobre masculinidade positiva.
  • 9:07 - 9:08
    Precisamos conversar sobre
  • 9:08 - 9:13
    como homens podem ter relacionamentos
    e amizades saudáveis e frutíferas,
  • 9:13 - 9:16
    sexuais ou não, românticas ou não.
  • 9:17 - 9:21
    Precisamos nos mover para
    uma nova versão de masculinidade,
  • 9:21 - 9:23
    em que celebramos sermos homens
  • 9:23 - 9:25
    e celebramos todas
    as boas partes de ser homens,
  • 9:25 - 9:28
    em que damos aos homens a oportunidade
  • 9:28 - 9:31
    de se livrarem de todas
    as mensagens problemáticas
  • 9:31 - 9:34
    que eles têm aprendido
    sobre o que significa ser um homem
  • 9:34 - 9:38
    e damos espaço para reaprenderem
    o que significa ser um homem.
  • 9:38 - 9:41
    Mais importante, precisamos de diálogo.
  • 9:42 - 9:45
    Precisamos dar espaço
    para os homens "fazerem o trabalho".
  • 9:45 - 9:48
    É uma frase clichê,
    que dizemos o tempo todo,
  • 9:48 - 9:51
    mas, na verdade, os homens
    precisam de tempo e ajuda
  • 9:51 - 9:54
    para desaprender todas essas coisas
    que eles têm aprendido
  • 9:54 - 9:58
    que são nocivas para eles e para outros,
  • 9:58 - 10:01
    e precisamos de diálogo.
  • 10:01 - 10:02
    Obrigado.
  • 10:02 - 10:05
    (Aplausos)
Title:
Garotos não são "assim mesmo". Garotos são o que os ensinamos a ser | Ben Hurst | TEDxLondonWomen
Description:

Garotos são assim mesmo, certo? Ben Hurst rejeita essa frase comumente utilizada como um passe livre para os garotos. Em vez disso, ele declara: garotos serão o que os ensinarmos a ser. Citando a palestra TED de Tony Porter, "Uma chamada para os homens", Ben usa como referência os workshops conduzidos por ele com garotos e rapazes para ilustrar a pressão que o patriarcalismo impõe nos homens para que reprimam seus sentimentos e abracem a hiper sexualização e a violência. Ben acredita que precisamos rever as nossas premissas em relação a formas tóxicas de masculinidade ao encorajar o diálogo, dando espaços para que homens expressem suas emoções, recusando-se a aceitar padrões de comportamento baixos, construindo masculinidades positivas.

O trabalho do Ben desafia as formas tóxicas de masculinidade e explora ideias de baixos padrões e masculinidade positiva. Ele é o chefe de facilitação e treinamento na The Good Lad Initiative (GLI) e coordena workshops em escolas e universidades. Ben também trabalha para a Fearless Futures, uma organização antiopressão e é o diretor fundador da SPACE for PSHE,
que facilita conversas importantes com rapazes sobre sexo, raça e igualdade de gênero. Ben também é cofundador da D/ecology, que promove conversas sobre descolonização de espaços compartilhados.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
10:13

Portuguese, Brazilian subtitles

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