O que os povos da Amazónia sabem e nós não
-
0:01 - 0:04Sou etnobotânico, um cientista
que trabalha na floresta tropical -
0:04 - 0:07para documentar como
as pessoas usam as plantas locais. -
0:08 - 0:10Faço isso há muito tempo,
-
0:11 - 0:12e quero dizer-vos,
-
0:12 - 0:15estas pessoas conhecem estas florestas
e estes tesouros medicinais -
0:15 - 0:18melhor do que nós conhecemos
e jamais conheceremos. -
0:19 - 0:21Também, estas culturas,
-
0:21 - 0:22estas culturas nativas,
-
0:22 - 0:26estão a desaparecer
mais rapidamente do que a floresta. -
0:27 - 0:30A maior e a mais ameaçada espécie
-
0:30 - 0:32na Floresta Amazónica
-
0:32 - 0:34não é o jaguar,
-
0:34 - 0:35não é o gavião-real,
-
0:35 - 0:38são as tribos isoladas e não contactadas.
-
0:39 - 0:42Há quatro anos feri-me na perna
num acidente de alpinismo -
0:43 - 0:44e fui ao médico.
-
0:44 - 0:46A médica deu-me calor,
-
0:46 - 0:48deu-me frio, aspirina,
-
0:49 - 0:52analgésicos narcóticos,
anti-inflamatórios, -
0:52 - 0:54injeções de cortisona.
-
0:54 - 0:56Não surtiram efeito.
-
0:56 - 0:58Muitos meses depois,
-
0:58 - 1:00eu estava no nordeste da Amazónia,
-
1:00 - 1:03entrei num povoado, e o xamã disse-me:
-
1:03 - 1:04"O senhor está a coxear".
-
1:04 - 1:07Jamais esquecerei
isto na minha vida: -
1:07 - 1:09Ele olhou-me nos olhos e disse-me:
-
1:09 - 1:12"Tire o sapato e dê-me a catana".
-
1:13 - 1:15(Risos)
-
1:15 - 1:17Avançou até a uma palmeira
-
1:17 - 1:18e cortou um feto,
-
1:18 - 1:20deitou-o à fogueira,
-
1:20 - 1:21aplicou-mo no pé,
-
1:21 - 1:24pô-lo numa panela com água
-
1:24 - 1:25e fez com que eu bebesse aquele chá.
-
1:25 - 1:28A dor desapareceu durante sete meses.
-
1:29 - 1:31Quando voltou, fui novamente
ter com o xamã. -
1:31 - 1:32Ele deu-me o mesmo tratamento,
-
1:32 - 1:35e há três anos que estou curado.
-
1:36 - 1:39Quem prefeririam vocês que vos tratasse?
-
1:39 - 1:41(Aplausos)
-
1:42 - 1:43Mas não me interpretem mal.
-
1:43 - 1:47A medicina ocidental é o melhor sistema
de tratamento jamais concebido, -
1:47 - 1:49mais ainda tem muitas lacunas.
-
1:49 - 1:52Onde está a cura para o cancro da mama?
-
1:52 - 1:54E a cura para a esquizofrenia?
-
1:54 - 1:56Onde está a cura para a azia?
-
1:56 - 1:58E a cura para a insónia?
-
1:58 - 2:00A realidade é que essas pessoas
-
2:00 - 2:02às vezes podem — às vezes, às vezes —
-
2:02 - 2:04sarar coisas que nós não podemos.
-
2:04 - 2:06Aqui vê-se um homem
no nordeste da Amazónia -
2:06 - 2:08a tratar a leishmaniose:
-
2:08 - 2:10uma doença terrível
causada por protozoários -
2:10 - 2:13que aflige 12 milhões
de pessoas no mundo. -
2:13 - 2:16O tratamento ocidental
são injeções de antimónio -
2:16 - 2:18que doem, são caras,
-
2:18 - 2:20e que podem não ser boas para o coração:
-
2:20 - 2:22é um metal pesado.
-
2:22 - 2:25Este homem cura-a com três plantas
da floresta amazónica. -
2:26 - 2:28Esta é a rã mágica.
-
2:28 - 2:31O meu colega, o grande
e já falecido Loren McIntyre, -
2:31 - 2:33que descobriu a fonte do Amazonas,
-
2:33 - 2:35a Laguna McIntyre nos Andes do Peru,
-
2:35 - 2:38perdeu-se na fronteira
entre o Peru e o Brasil, há 30 anos. -
2:38 - 2:42Foi resgatado por um grupo de
indígenas isolados: os matsés. -
2:43 - 2:45Fizeram-lhe sinais para ele
os seguir para a floresta, -
2:45 - 2:47e ele assim fez.
-
2:47 - 2:49Aí encheram cestos com folhas de palmeira.
-
2:49 - 2:52Aí apanharam estas rãs perereca verdes
-
2:52 - 2:54— são muito grandes, são assim —
-
2:54 - 2:55e começaram a lambê-las.
-
2:56 - 2:59São extremamente alucinogénicas.
-
2:59 - 3:03McIntyre escreveu isso e foi lido
pelo editor da revista High Times. -
3:04 - 3:07Os etnobotânicos têm amigos
em todo o tipo de culturas estranhas. -
3:07 - 3:09(Risos)
-
3:09 - 3:12Ele decidiu ir ao Amazonas
e tentar o mesmo, lambê-las. -
3:13 - 3:16Foi o que fez e escreveu:
-
3:16 - 3:18"A minha pressão arterial
subiu em flecha, -
3:18 - 3:20"perdi o controlo de todo o meu corpo,
-
3:20 - 3:22"desmaiei,
-
3:22 - 3:25"acordei seis horas mais tarde
numa rede de dormir -
3:25 - 3:27"e senti-me como Deus durante dois dias."
-
3:27 - 3:28(Risos)
-
3:28 - 3:30Um químico italiano leu aquilo e disse:
-
3:30 - 3:33"Não estou interessado nos
aspetos teológicos da rã perereca verde. -
3:33 - 3:36"O que é isso da variação
na pressão arterial?" -
3:36 - 3:38
Trata-se de um químico italiano -
3:38 - 3:41que está a criar um novo tratamento
para a tensão alta -
3:41 - 3:44com base em péptidos na pele da rã verde.
-
3:44 - 3:48Outros cientistas procuram uma cura
-
3:48 - 3:50para o Staphylococcus aureus,
resistente a drogas. -
3:50 - 3:54Seria irónico se estes índios isolados
e a sua rã mágica -
3:54 - 3:56provassem ser uma das curas.
-
3:56 - 3:58Eis um xamã ayahuasca
-
3:58 - 4:01no noroeste do Amazonas,
numa cerimónia "iagê". -
4:01 - 4:05Levei-o a Los Angeles a um encontro
com um funcionário duma fundação, -
4:05 - 4:08para arranjar dinheiro
para proteger a sua cultura. -
4:08 - 4:10Ele olhou para o curandeiro e disse:
-
4:10 - 4:13"O senhor não frequentou
uma escola de medicina, pois não?" -
4:13 - 4:15O xamã respondeu: "Não".
-
4:15 - 4:18E o outro: "Então, o que é que o senhor
sabe sobre curas?" -
4:18 - 4:20O xamã olhou para ele e disse:
-
4:20 - 4:22"Sabe? Se tiver uma infeção,
vá ao médico. -
4:23 - 4:29"Porém, muitas aflições humanas são
doenças do coração, da mente e do espírito. -
4:30 - 4:33"A medicina ocidental não pode
tocar nessas. Eu curo-as." -
4:34 - 4:38(Aplausos)
-
4:39 - 4:42Mas nem tudo são rosas na aprendizagem
de novas medicinas na Natureza. -
4:42 - 4:44Esta é uma víbora do Brasil,
-
4:44 - 4:47cuja peçonha foi estudada aqui
na Universidade de São Paulo -
4:48 - 4:51e foi depois desenvolvida em
inibidores da ECA. -
4:51 - 4:54É um tratamento de vanguarda
para a hipertensão. -
4:54 - 4:56A hipertensão causa
-
4:56 - 4:58mais do 10% das mortes
no planeta todos os dias. -
4:58 - 5:01É uma indústria
de 4 mil milhões de dólares -
5:01 - 5:03baseada no veneno duma víbora brasileira,
-
5:03 - 5:05e os brasileiros não receberam
nem um centavo. -
5:06 - 5:10Não é um modo aceitável de fazer negócios.
-
5:11 - 5:15Chamam à floresta tropical
"a maior expressão da vida na Terra". -
5:15 - 5:17Há um ditado em Suriname
que eu adoro: -
5:18 - 5:23"A floresta tropical guarda respostas
para perguntas que ainda não fizemos." -
5:23 - 5:26Porém, está a desaparecer rapidamente.
-
5:26 - 5:28Aqui no Brasil, na Amazónia,
-
5:28 - 5:30em todo o mundo.
-
5:30 - 5:32Tirei esta fotografia de um aeroplano
-
5:32 - 5:35que sobrevoava a fronteira leste
da reserva indígena Xingu -
5:35 - 5:38em Mato Grosso, a noroeste daqui.
-
5:38 - 5:39Na metade de cima da foto
-
5:39 - 5:41vê-se onde moram os índios.
-
5:41 - 5:45A linha no meio
é a fronteira oriental da reserva. -
5:45 - 5:48Na metade de cima os índios,
na metade de baixo os brancos. -
5:48 - 5:51Em cima: drogas maravilhosas,
-
5:51 - 5:53em baixo: apenas algumas vacas magras.
-
5:54 - 5:57Na parte de cima: carbono capturado
na floresta onde ele pertence, -
5:57 - 6:00Na metade de baixo: carbono na atmosfera
-
6:00 - 6:03que leva à mudança climática.
-
6:03 - 6:05De facto, a segunda causa
-
6:05 - 6:08de o carbono ser emitido para a atmosfera
-
6:08 - 6:10é a destruição das florestas.
-
6:11 - 6:13Mas, quando falamos de destruição,
-
6:13 - 6:14é importante levar em conta
-
6:14 - 6:18que a Amazónia é a paisagem
mais poderosa de todas. -
6:18 - 6:21É um espaço de beleza e maravilha.
-
6:21 - 6:23O maior papa-formigas do mundo
-
6:23 - 6:25mora na floresta tropical,
-
6:25 - 6:28chega a pesar 40 quilogramas.
-
6:28 - 6:30A tarântula-golias
-
6:30 - 6:32é a maior aranha do mundo.
-
6:32 - 6:34Encontra-se também na Amazónia.
-
6:34 - 6:38A envergadura do gavião-real
mede mais de 2 metros -
6:38 - 6:40e o jacaré-negro,
-
6:40 - 6:44esse monstro, pode pesar
mais de meia tonelada. -
6:44 - 6:46São famosos por comerem seres humanos.
-
6:47 - 6:50A anaconda, a serpente mais comprida,
-
6:50 - 6:52a capivara, o maior roedor.
-
6:52 - 6:54Um espécime daqui, no Brasil,
-
6:54 - 6:57atingiu 91 quilogramas.
-
6:58 - 7:00Vamos ver onde estas criaturas moram,
-
7:00 - 7:02no nordeste da Amazónia,
-
7:02 - 7:03o lar da tribo Akuriyo.
-
7:03 - 7:09As pessoas não contactadas têm
um papel místico e icónico -
7:09 - 7:11na nossa imaginação.
-
7:11 - 7:14São as pessoas que conhecem
melhor a Natureza. -
7:14 - 7:15São as pessoas que vivem verdadeiramente
-
7:15 - 7:18em perfeita harmonia com a Natureza.
-
7:19 - 7:21Segundo os nossos padrões,
podemos considerá-las primitivas. -
7:21 - 7:23"Nem sabem fazer fogo,
-
7:23 - 7:25"ou não sabiam quando os conhecemos."
-
7:25 - 7:28Mas conhecem a floresta muito melhor
do que nós. -
7:29 - 7:31Os akuriyos têm 35 palavras
para dizer "mel" -
7:31 - 7:34e os outros índios respeitam-nos
-
7:34 - 7:37por serem eles os verdadeiros amos
do Reino Esmeralda. -
7:38 - 7:40Aqui podem ver o rosto
do meu amigo Pohnay. -
7:40 - 7:42Quando eu era um adolescente
-
7:42 - 7:44e ouvia os Rolling Stones
em Nova Orleães, -
7:44 - 7:47Ponhay era um nómada da floresta
-
7:47 - 7:49que vagueava pelas selvas
do nordeste amazónico -
7:49 - 7:52num pequeno grupo, à procura de caça,
-
7:53 - 7:55à procura de plantas medicinais,
-
7:55 - 7:56à procura de uma mulher,
-
7:56 - 7:58noutros pequenos grupos nómadas.
-
7:59 - 8:01Mas são pessoas como ele
-
8:01 - 8:03que sabem coisas que nós não sabemos
-
8:03 - 8:06e que têm muitas lições para nos ensinar.
-
8:07 - 8:10Porém, se vocês entrarem
na maior parte das florestas da Amazónia, -
8:10 - 8:12não há povos nativos.
-
8:12 - 8:14Isto é o que vocês encontram:
-
8:14 - 8:17gravações em pedras que os nativos,
-
8:17 - 8:22ainda não contactados, usavam
para afiar a ponta do machado. -
8:22 - 8:24Essas culturas que outrora dançavam,
-
8:24 - 8:26faziam amor, cantavam aos deuses,
-
8:26 - 8:28veneravam a floresta...
-
8:28 - 8:31tudo o que resta disso é essa
marca na pedra que vocês podem ver. -
8:31 - 8:34Vamos para o oeste da Amazónia,
-
8:34 - 8:37que é o epicentro dos povos isolados.
-
8:37 - 8:39Cada um destes pontos representa
-
8:39 - 8:42uma pequena tribo ainda não contactada.
-
8:42 - 8:47A grande novidade é que acreditamos
que há 14 ou 15 grupos isolados -
8:47 - 8:50apenas na Amazónia colombiana.
-
8:50 - 8:52Porque é que estão isolados?
-
8:52 - 8:55Eles sabem que nós existimos,
sabem que há um mundo exterior. -
8:55 - 8:57É uma forma de resistência.
-
8:57 - 8:59Escolheram manter-se isolados,
-
8:59 - 9:02e eu penso que é o direito deles
permanecerem assim. -
9:02 - 9:05Porque é que estas tribos
se ocultam do homem? -
9:05 - 9:06Eis a razão.
-
9:06 - 9:09Evidentemente, isso começou em 1492.
-
9:10 - 9:12Contudo, no início do século passado
-
9:12 - 9:13começou o comércio da borracha.
-
9:13 - 9:15A procura da borracha natural,
-
9:15 - 9:17que vinha da Amazónia,
-
9:17 - 9:20detonou o equivalente botânico
a uma Febre do Ouro. -
9:20 - 9:22Borracha para os pneus de bicicletas
-
9:22 - 9:23e de automóveis,
-
9:23 - 9:25borracha para os zepelins.
-
9:25 - 9:28Foi uma corrida maluca
para conseguir essa borracha. -
9:28 - 9:31O homem à esquerda, Julio Arana,
-
9:31 - 9:33é um dos verdadeiros bandidos da história.
-
9:34 - 9:35A sua gente, a sua empresa,
-
9:35 - 9:37e outras empresas como a dele
-
9:37 - 9:41mataram, massacraram,
torturaram, exterminaram índios -
9:41 - 9:45como os witotos
que veem à direita da foto. -
9:46 - 9:49Ainda hoje, quando eles saem da floresta,
-
9:49 - 9:51raras vezes a história tem um final feliz.
-
9:51 - 9:54Estes são nukaks.
Foram contactados nos anos 80. -
9:54 - 9:58Ao fim de um ano, todos os maiores
de 40 anos tinham morrido. -
9:58 - 10:00Lembrem-se que são povos analfabetos.
-
10:00 - 10:02Os idosos são as bibliotecas deles.
-
10:02 - 10:04Quando um xamã morre,
-
10:04 - 10:06é como se uma biblioteca se incendiasse.
-
10:07 - 10:09Eles foram obrigados
a sair das suas terras. -
10:10 - 10:13Os traficantes de drogas
ocuparam as terras dos nukaks, -
10:14 - 10:16e os nukaks vivem como indigentes
-
10:16 - 10:19em parques públicos no leste da Colômbia.
-
10:20 - 10:23Da terra dos nukaks,
quero levá-los para sudoeste, -
10:23 - 10:25à paisagem mais espetacular do mundo:
-
10:25 - 10:27o Parque Nacional de Chiribiquete.
-
10:27 - 10:29Estava rodeado por três tribos isoladas
-
10:29 - 10:32e, graças ao governo colombiano
e a colegas colombianos, -
10:32 - 10:34foi-se expandindo.
-
10:34 - 10:36É maior do que o estado de Maryland.
-
10:36 - 10:39É um tesouro importante
de diversidade botânica. -
10:39 - 10:42Foi explorado botanicamente
por primeira vez em 1943 -
10:42 - 10:44pelo meu mentor, Richard Schultes,
-
10:44 - 10:47que podem ver aqui
no topo da montanha La Campana, -
10:47 - 10:49a montanha sagrada dos karijonas.
-
10:49 - 10:52Vou mostrar-vos como se vê agora.
-
10:52 - 10:54A sobrevoar o Chiribiquete,
-
10:54 - 10:56vejam que estas montanhas
continuam perdidas do mundo. -
10:56 - 10:58Nenhum cientista esteve lá no alto.
-
10:58 - 11:00Ninguém esteve no topo
do monte La Campana -
11:00 - 11:02desde Schultes em 1943.
-
11:02 - 11:04E nós vamos parar aqui
no monte La Campana -
11:05 - 11:07a leste da foto.
-
11:07 - 11:09Vou mostrar-vos como se vê hoje.
-
11:10 - 11:13Não é apenas um tesouro importante
de diversidade botânica, -
11:13 - 11:15não é apenas o lar
de três tribos isoladas, -
11:16 - 11:18mas é o tesouro mais valioso
-
11:18 - 11:20de arte pré-colombiana do mundo:
-
11:21 - 11:24tem mais de 200 mil pinturas.
-
11:24 - 11:26O cientista holandês
Thomas van der Hammen -
11:26 - 11:31descreveu-a como a Capela Sistina
da Floresta Amazónica. -
11:32 - 11:34Mas passemos de Chiribiquete a sudeste,
-
11:34 - 11:36novamente, para a Amazónia colombiana.
-
11:36 - 11:39A Amazónia colombiana
é maior do que Nova Inglaterra. -
11:39 - 11:41A Amazónia é uma grande floresta,
-
11:41 - 11:44e o Brasil tem grande parte dela,
mas não a tem toda. -
11:44 - 11:45Descendo para os dois parques nacionais,
-
11:45 - 11:47Cahuinari e Puré,
-
11:47 - 11:49na Amazónia colombiana
-
11:49 - 11:51— esta é a fronteira brasileira à direita —
-
11:52 - 11:54são o lar de muitos grupos de povos
-
11:54 - 11:56isolados e não contactados.
-
11:56 - 11:58O olhar treinado pode ver os tetos
-
11:58 - 12:00dessas malocas, dessas casas compridas
-
12:00 - 12:02e ver que há diversidade cultural.
-
12:02 - 12:04São, de facto, tribos diferentes.
-
12:04 - 12:06Isoladas como estas áreas são,
-
12:06 - 12:10vou mostrar-vos
como o mundo exterior está a entrar: -
12:11 - 12:14vê-se o aumento do comércio
e do transporte em Putumayo. -
12:14 - 12:16Com o fim da guerra civil na Colômbia,
-
12:16 - 12:18o mundo exterior está a aparecer.
-
12:18 - 12:21Ao norte, há extração ilegal de ouro,
-
12:21 - 12:23também do leste, do Brasil.
-
12:23 - 12:26Aumenta a caça e a pesca
com fins comerciais. -
12:27 - 12:29Vemos o derrube ilegal
de madeira a sul, -
12:29 - 12:33traficantes de drogas
estão a tentar passar pelo parque -
12:33 - 12:34para entrar no Brasil.
-
12:34 - 12:37Isso, no passado,
era a razão para não nos metermos -
12:37 - 12:39com índios isolados.
-
12:39 - 12:41E se parece que a foto está desfocada
-
12:41 - 12:42é porque foi tirada à pressa.
-
12:42 - 12:44Eis a razão:
-
12:44 - 12:46(Risos)
-
12:46 - 12:49(Aplausos)
-
12:52 - 12:55Parece um hangar da Amazónia brasileira.
-
12:55 - 12:57Mas é uma exposição de arte
em Havana, em Cuba. -
12:58 - 12:59Um grupo chamado "Los Carpinteros".
-
12:59 - 13:04Isto é a perceção deles do porquê
de não se meter com índios não contactados. -
13:04 - 13:06Contudo, o mundo está a mudar.
-
13:06 - 13:08Esses são mashco-piros
na fronteira Brasil-Peru -
13:08 - 13:10que fugiram da selva
-
13:10 - 13:12por serem praticamente perseguidos
-
13:12 - 13:15por traficantes de droga e de madeira.
-
13:15 - 13:17No Peru há um negócio mau.
-
13:17 - 13:19Chama-se "Safari Humano":
-
13:19 - 13:23Levam turistas para poderem tirar fotos
a grupos isolados. -
13:23 - 13:26Com certeza, quando lhes levam
roupa ou ferramentas, -
13:26 - 13:27levam-lhes doenças também.
-
13:27 - 13:30Nós chamamos a isso
“safaris desumanos.” -
13:30 - 13:32Estes são índios na fronteira do Peru,
-
13:32 - 13:36que foram sobrevoados
por missionários -
13:36 - 13:38que querem ir convertê-los
ao cristianismo. -
13:38 - 13:41Sabemos como vai acabar isso.
-
13:41 - 13:43O que temos que fazer?
-
13:43 - 13:45Introduzir tecnologia
nas tribos contactadas, -
13:45 - 13:47— não nas tribos não contactadas —
-
13:47 - 13:49de um modo sensível à cultura deles.
-
13:50 - 13:54Esta é a união perfeita
entre a antiga sabedoria dos xamãs -
13:54 - 13:56e a tecnologia do século XXI.
-
13:57 - 14:00Já fizemos isso com mais de 30 tribos,
-
14:00 - 14:03proteção mapeada, gerida e reforçada
-
14:03 - 14:06de mais de 70 milhões de acres
de floresta tropical ancestral. -
14:07 - 14:10(Aplausos)
-
14:13 - 14:15Isso permite que os índios controlem
-
14:15 - 14:19o seu meio ambiente
e o seu destino cultural -
14:19 - 14:21Eles também instalam casas de vigia
-
14:21 - 14:22para afastar os forasteiros.
-
14:23 - 14:25Estes são índios treinados,
como guardas florestais, -
14:25 - 14:27que patrulham as fronteiras
-
14:27 - 14:29e mantêm o mundo exterior afastado.
-
14:30 - 14:33Esta é uma foto de contacto real.
-
14:33 - 14:35Estes são índios chitonahuas
-
14:35 - 14:37na fronteira Brasil-Peru.
-
14:37 - 14:38Saíram da selva
-
14:38 - 14:40para pedir ajuda.
-
14:40 - 14:42Dispararam contra eles
-
14:42 - 14:44incendiaram-lhes as malocas.
-
14:44 - 14:46Alguns deles foram massacrados.
-
14:47 - 14:53O uso de armas automáticas
para massacrar povos não contactados -
14:53 - 14:57é a violação dos direitos humanos
mais ruim e desprezível -
14:57 - 14:59atualmente no nosso planeta,
e tem que parar. -
15:00 - 15:03(Aplausos)
-
15:07 - 15:09Permitam-me concluir assim:
-
15:09 - 15:11Este trabalho pode ser
espiritualmente compensador, -
15:12 - 15:14mas é difícil e pode ser perigoso.
-
15:15 - 15:18Dois colegas meus morreram recentemente
-
15:18 - 15:19no acidente dum pequeno avião.
-
15:20 - 15:22Estavam a servir a floresta
-
15:22 - 15:24a proteger tribos não contactadas.
-
15:24 - 15:26Então, para concluir, a questão é:
-
15:26 - 15:28como será o futuro?
-
15:28 - 15:30Este é o povo uray no Brasil.
-
15:30 - 15:32O que o futuro lhes reserva,
-
15:32 - 15:34e o que o futuro nos reserva a nós?
-
15:36 - 15:37Pensemos de modo diferente.
-
15:37 - 15:39Façamos um mundo melhor.
-
15:39 - 15:41Se o clima vai mudar,
-
15:41 - 15:44que seja para melhor e não para pior.
-
15:45 - 15:48Queremos morar num planeta
-
15:48 - 15:51cheio de vegetação exuberante,
-
15:51 - 15:53em que povos isolados
-
15:53 - 15:55possam permanecer isolados,
-
15:55 - 15:57possam manter esse mistério
-
15:57 - 15:59e esse conhecimento,
-
15:59 - 16:00se assim o decidirem.
-
16:00 - 16:02Vivamos num mundo
-
16:02 - 16:05onde os xamãs possam morar
nessas florestas -
16:05 - 16:08e se curem e nos curem
-
16:08 - 16:10com as suas plantas místicas
-
16:10 - 16:12e essas rãs sagradas.
-
16:12 - 16:14Mais uma vez, obrigado.
-
16:14 - 16:17(Aplausos)
- Title:
- O que os povos da Amazónia sabem e nós não
- Speaker:
- Mark Plotkin
- Description:
-
more » « less
"A maior e mais ameaçada espécie na floresta da Amazónia não é o jaguar nem o gavião-real," diz Mark Plotkin, "mas as tribos isoladas." Numa enérgica palestra, o etnobotânico leva-nos ao mundo das tribos nativas da floresta e das incríveis plantas medicinais que os xamãs usam para curar. Ele sublinha os desafios e os perigos que os ameaçam — e a sabedoria deles — e alerta-nos para nós protegermos esse insubstituível depósito de conhecimento.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:35
|
Isabel Vaz Belchior approved Portuguese subtitles for What the people of the Amazon know that you don’t | |
|
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for What the people of the Amazon know that you don’t | |
|
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for What the people of the Amazon know that you don’t | |
|
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for What the people of the Amazon know that you don’t | |
|
Margarida Ferreira accepted Portuguese subtitles for What the people of the Amazon know that you don’t | |
|
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for What the people of the Amazon know that you don’t | |
|
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for What the people of the Amazon know that you don’t | |
|
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for What the people of the Amazon know that you don’t |

