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Estamos na Galeria Nacional em Londres
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e estamos olhando um pintura
realmente rara
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- uma pintura de Duccio -
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- existem muito poucas no mundo
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- essa é uma virgem com criança e santos
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- ela tem no seu topo uma pequena
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imagem do Rei Davi.
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Do Velho Testamento.
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E ele é circundado por profetas
do Velho Testamento
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que são identificados por
seus pergaminhos.
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É um tipo padrão de iconografia
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- então você tem profetas que prevêm
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a chegada de Cristo
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- e então abaixo daqui temos um triptício
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de modo que quando as asas são abertas
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- Maria e Cristo são mostrados
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- então é fantástico o fato de
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você ter os profetas no topo
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- os quais estão sempre lá com o Rei Davi
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- e então quando o triptício é
aberto a revelação
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da verdade de suas profecias aparece
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- e o Rei Davi é tido ou entendido como
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um ancestral de Cristo.
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E está vestindo um azul que se relaciona
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diretamente com o azul que Maria veste
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- há uma espécie de intimidade aqui
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que é absolutamente revolucionária
e é a fundação
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da Renascença mais tarde
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- vejam como Cristo olha pra cima
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realmente em adoração à sua mãe.
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Ele se agarra ao seu véu
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para como que se assegurar
que ele vê a sua face.
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E veja a delicadeza
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desse véu - Eu acho que é uma das mais
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bonitas áreas dessa pintura
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- a forma como ele agarra o véu
com uma mão
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e o puxa com a outra
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- e cria esta espécie de arco muito suave
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entre eles - essa ponte entre eles
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- Duccio é um artista de Siena
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e certamente o trabalho de
Duccio se caracteriza
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pela sensibilidade ao decorativo,
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tanto na delicadeza da cor quanto na forma
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- um tipo de atenção ao decorativo
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na sua assência
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- e eu acho que vocês realmente
vêm isso no modo
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como Cristo puxa a roupa
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em torno do pescoço de Maria e cria
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uma série de dobras lelas e ritmadas.
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Sim - e alegres linhas e curvas
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que continuam em torno da orla dourada
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das roupas de Cristo e de Maria.
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Vocês também vêm na apresentação
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de Santa Áurea, uma santa raramente
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apresentada nas pinturas daquela época,
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- eu penso que em todas as épocas
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- e também São Domingos à esquerda
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- ambos esses santo são tão aparentes
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que parecem estar quase que
saindo do plano da pintura
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- existe um sentimento de autenticidade
- de quase veracidade
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que parece tão preciosa para esse momento.
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Eu acho que quando olhamos para a pintura
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como um todo - nesse pequeno retábulo,
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que deve ter sido um retábulo privado,
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para a devoção de alguém
que o podia transportar
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caso se mudasse e queria ter a facilidade
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de venerar e rezar
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- então é importante lembrar que
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essa peça é uma auxiliar à reza
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-mas quando a olhamos há uma sensação real
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da presença física dos santos
de ambos os lados
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e dessa conexão emocional
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com Maria e sua presença física
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- então estamos vendo o começo
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dessa mudança para a Renascença.
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Então é interessante que Duccio
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está criando essa conexão
que irá pavimentar
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os fundamentos d Renascença
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que virá um século mais tarde
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- mas ao mesmo tempo ela também
está tão firmemente enraizada
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na tradição medieval,
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e nós não estamos nunca muito longe dela
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- não apenas temos esses largos campos
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dourados que são a representação real
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do divino e do paraíso
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- não existe relação racional
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entre as figuras em termos de escala
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- e então é claro que existe uma forte
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influência bizantina ainda no alongar
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do nariz - observem Maria - dos seus dedos
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- mesmo que Duccio comece
a explorar a possibilidade
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de criar uma interpretação mais
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íntima, e eu penso que
carregada emocionalmente
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(Legendado por Luiz Fontenelle