< Return to Video

Origem | Charles Darwin | TEDxRíodelaPlataED

  • 0:16 - 0:23
    Gerry Garbuslky: Estamos em 1837.
    Nosso próximo orador tem 28 anos.
  • 0:24 - 0:29
    Acaba de voltar de uma viagem incrível,
  • 0:29 - 0:35
    que mais tarde mudaria
    nossa ideia sobre a vida.
  • 0:37 - 0:42
    Com vocês, ele mesmo: Charles Darwin.
  • 0:42 - 0:45
    (Aplausos)
  • 0:48 - 0:51
    Charles Darwin: Queridos colegas, amigos.
  • 0:52 - 0:59
    Aceitei esse convite para lhes falar
    de uma ideia que aos poucos
  • 0:59 - 1:03
    foi amadurecendo em minha mente.
  • 1:03 - 1:09
    Eu a considero uma ideia perigosa.
  • 1:09 - 1:13
    Somente por saber
    que posso confiar em vocês,
  • 1:13 - 1:15
    pessoas de mente aberta
  • 1:15 - 1:19
    que saberão julgar esta questão delicada,
  • 1:19 - 1:26
    é que me atrevo a expô-la,
    embora ainda esteja inacabada.
  • 1:26 - 1:30
    É uma ideia que me preocupa,
  • 1:30 - 1:34
    e de algum modo está sendo
    uma carga muito pesada
  • 1:34 - 1:36
    para carregá-la sozinho.
  • 1:38 - 1:41
    Sempre achei que meus estudos acadêmicos
  • 1:41 - 1:45
    não passavam de uma perda de tempo.
  • 1:45 - 1:49
    E realmente não sabia o que eu ia ser,
  • 1:49 - 1:57
    até que seis anos atrás recebi
    uma carta que mudaria minha vida.
  • 1:57 - 1:59
    Era o meu querido amigo e mentor, Henslow:
  • 1:59 - 2:02
    informava-me que o capitão Fitz-Roy
  • 2:02 - 2:06
    estava prestes a começar
    uma expedição ao redor do mundo
  • 2:06 - 2:09
    e disposto a ceder
    parte do seu camarote
  • 2:09 - 2:14
    a um jovem naturalista,
    sem nenhuma remuneração.
  • 2:14 - 2:19
    Seria o começo de uma aventura
    que concretizaria...
  • 2:19 - 2:21
    Por que digo concretizaria?
  • 2:21 - 2:26
    Superaria todos os meus sonhos,
    desde quando era uma criança!
  • 2:27 - 2:32
    A expedição durou mais do que o previsto.
    acabou sendo cinco anos.
  • 2:32 - 2:36
    E nem assim pude me acostumar
    aos movimentos do barco.
  • 2:36 - 2:43
    Porém, as maravilhas naturais que vi,
    o que aprendi nessa viagem...
  • 2:43 - 2:45
    Fiz anotações quase todos os dias,
  • 2:45 - 2:50
    voltei com muitos cadernos
    que espero publicar o mais breve possível.
  • 2:50 - 2:59
    Desde pequeno amava a natureza,
    colecionava minerais, insetos.
  • 2:59 - 3:03
    Lembro uma vez que encontrei
    um besouro espetacular,
  • 3:03 - 3:06
    muito diferente de todos os que eu tinha.
  • 3:06 - 3:08
    Agarrei-o com uma mão,
  • 3:08 - 3:11
    depois apareceu outro besouro
    e o peguei com a outra mão;
  • 3:11 - 3:15
    finalmente surgiu um terceiro
    e não me ocorreu uma ideia melhor
  • 3:15 - 3:19
    do que colocar um dos besouros na boca
    para poder liberar uma das mãos.
  • 3:19 - 3:22
    Nesse momento, o besouro
    soltou um líquido horrível,
  • 3:22 - 3:27
    muito ácido, tive que cuspi-lo
    e perdi os demais besouros.
  • 3:29 - 3:34
    Imaginem o que significou para mim, então,
  • 3:34 - 3:39
    conseguir este lugar no barco do Fitz-Roy.
  • 3:41 - 3:42
    Antes de partir,
  • 3:42 - 3:48
    o professor Henslow
    me deu um livro de geologia.
  • 3:48 - 3:51
    Confesso que embora estudasse
    em Edimburgo,
  • 3:51 - 3:54
    a geologia sempre me pareceu muito chata.
  • 3:54 - 3:58
    E até jurei nunca mais ler
    um livro sobre esse tema.
  • 3:58 - 4:04
    Mas, como foi da parte dele,
    aceitei levá-lo e lê-lo.
  • 4:06 - 4:17
    O livro é “Princípios de Geologia”
    de Charles Lyell,
  • 4:17 - 4:24
    um autor que admirei
    desde a primeira página.
  • 4:24 - 4:30
    E hoje me gabo de tê-lo
    entre os amigos mais próximos.
  • 4:30 - 4:37
    Lyell afirma que quando nos deparamos
    com um acidente geológico qualquer,
  • 4:37 - 4:39
    como um desfiladeiro ou um vale,
  • 4:39 - 4:44
    não devemos explicá-lo
    por meio de causas extraordinárias,
  • 4:44 - 4:47
    como um dilúvio singular
    ou o capricho dos deuses.
  • 4:47 - 4:55
    Não. Todos os eventos do passado,
    por mais extraordinários que pareçam,
  • 4:55 - 5:00
    devem ser explicados
    por meio de causas cotidianas.
  • 5:00 - 5:08
    Por exemplo, um desfiladeiro ou um vale
    resulta da ação de um rio comum,
  • 5:08 - 5:11
    que faz uma erosão lenta e ininterrupta,
  • 5:11 - 5:14
    durante muito tempo.
  • 5:14 - 5:19
    A chave era o tempo.
  • 5:19 - 5:26
    Imaginem quanto tempo pode levar
    um pequeno curso de água
  • 5:26 - 5:29
    para criar um desfiladeiro.
  • 5:29 - 5:36
    A Terra, amigos, é muito mais antiga
    do que acreditávamos.
  • 5:36 - 5:41
    Tempo e gotas de chuva.
  • 5:41 - 5:45
    Multiplicando as gotas
    por milhares de chuvas fortes,
  • 5:45 - 5:49
    e multiplicando a ação de um rio
    por milhares de anos,
  • 5:49 - 5:54
    Lyell faz da geologia
    uma ciência madura.
  • 5:54 - 5:58
    Nos ensina, de modo simples, a reconhecer
  • 5:58 - 6:03
    e decifrar nas rochas
    a mensagem do tempo.
  • 6:03 - 6:09
    Nos ensina a ver de um modo novo
    os acidentes geológicos já conhecidos,
  • 6:09 - 6:16
    como se fossem as rugas
    no rosto de um mundo ancião.
  • 6:16 - 6:21
    O livro me causou tal impacto,
  • 6:21 - 6:24
    que toda vez que eu me deparava
    com uma paisagem nunca vista por Lyell,
  • 6:24 - 6:27
    eu a via com olhos dele.
  • 6:27 - 6:30
    E por mais que a natureza
    já não fosse a mesma depois dele,
  • 6:30 - 6:34
    continuaria sendo
    o objeto de minha paixão.
  • 6:34 - 6:38
    Então ocorreu-me perguntar-me
    se este enfoque
  • 6:38 - 6:42
    não poderia ser aplicado a outros campos.
  • 6:42 - 6:47
    vale dizer, se a repetição
    de pequenos eventos
  • 6:47 - 6:51
    ao longo de enormes períodos,
    os torna eficientes.
  • 6:51 - 6:59
    Talvez o tempo tenha criado
    coisas novas em esferas insuspeitadas.
  • 6:59 - 7:05
    Quer dizer, Lyell explica
    a origem de um desfiladeiro
  • 7:05 - 7:09
    com processos tão simples
    como o da erosão.
  • 7:09 - 7:15
    É possível então explicar
    de modo semelhante
  • 7:15 - 7:19
    o mistério dos mistérios?
  • 7:19 - 7:23
    Ou seja: a origem das espécies?
  • 7:27 - 7:34
    Mas quais são as formas,
    as forças que hoje ainda atuam
  • 7:34 - 7:36
    que modelaram a vida?
  • 7:36 - 7:40
    Qual foi a erosão que gerou
  • 7:40 - 7:45
    a maravilhosa diversidade de espécies
    que habitam nosso planeta?
  • 7:45 - 7:50
    Não tenho a mínima dúvida
    de que o naturalista
  • 7:52 - 7:58
    que descobrir quais são tais processos
    será o Newton da história natural.
  • 7:58 - 8:02
    Mas, enquanto eu me perguntava
    tais coisas durante a viagem,
  • 8:02 - 8:07
    comecei a notar certos indícios
    na natureza,
  • 8:07 - 8:11
    sem contudo poder entender
    seus significados, nem implicações.
  • 8:11 - 8:15
    Como um detetive que chega
    à cena de um crime
  • 8:15 - 8:18
    sem saber que ele foi cometido.
  • 8:18 - 8:22
    Estou falando da ideia perigosa
  • 8:22 - 8:25
    que vim lhes contar.
  • 8:25 - 8:29
    Por exemplo, no arquipélago de Galápagos,
  • 8:29 - 8:34
    notei que em cada uma das ilhas
    habitavam tartarugas diferentes,
  • 8:34 - 8:40
    com aspecto,
    mas sobretudo com sabor diferente.
  • 8:40 - 8:48
    Muitos se orgulhavam de reconhecer
    de que ilha era a ceia
  • 8:48 - 8:50
    apenas experimentando um pouco.
  • 8:50 - 8:55
    Para muitos, eram apenas
    caprichos do criador.
  • 8:55 - 8:57
    Isso me inquietava.
  • 8:57 - 9:01
    Eu precisava encontrar outra resposta.
  • 9:01 - 9:05
    Dispunha de pistas para uma nova ideia.
  • 9:05 - 9:09
    Mas essa ideia não amadureceu
    durante a viagem, somente depois.
  • 9:09 - 9:12
    E por um acaso.
  • 9:12 - 9:16
    Eu enviara toda a minha coleção de aves
    da viagem a um ornitólogo especialista
  • 9:16 - 9:18
    para que a catalogasse.
  • 9:18 - 9:23
    Na amostra, havia uma série
    de pequenos pássaros, tentilhões,
  • 9:23 - 9:28
    que eu havia recolhido das quatro ilhas
    que visitei nos Galápagos.
  • 9:28 - 9:34
    Em cada uma das ilhas, os tentilhões
    apresentavam modificações diferentes.
  • 9:34 - 9:38
    A ideia que me ocorreu, a mais razoável,
  • 9:38 - 9:41
    é que os passarinhos tinham vindo
    do continente
  • 9:41 - 9:44
    e foram se adaptando
    aos diferentes ambientes
  • 9:44 - 9:47
    de cada ilha.
  • 9:47 - 9:51
    Fomos ensinados, dogmaticamente,
  • 9:51 - 9:57
    que uma espécie nunca
    se transforma em outra.
  • 9:57 - 10:03
    Contudo, o especialista me disse
    que apesar das semelhanças,
  • 10:03 - 10:06
    não eram variantes de uma mesma espécie,
  • 10:06 - 10:09
    mas espécies diferentes.
  • 10:09 - 10:15
    As modificações que os tentilhões
    haviam sofrido em cada ilha
  • 10:15 - 10:19
    conseguiram o que pensávamos
    ser impossível:
  • 10:19 - 10:23
    a mudança de espécie.
  • 10:23 - 10:28
    Será que os mecanismos comuns
    que produzem as modificações
  • 10:28 - 10:34
    dentro de cada espécie
    são capazes de criar espécies diferentes
  • 10:34 - 10:37
    se lhes dermos tempo suficiente?
  • 10:39 - 10:44
    Pensei em como os taxonomistas
    agrupam as formas de vida,
  • 10:44 - 10:47
    as variedades em espécies,
    as espécies em gêneros,
  • 10:47 - 10:49
    os gêneros em famílias.
  • 10:49 - 10:53
    A ideia de “família” começou
    a dar voltas em minha mente.
  • 10:55 - 10:57
    E se fosse exatamente isso?
  • 10:57 - 11:01
    Se o parentesco não fosse
    apenas um modo de falar
  • 11:01 - 11:02
    mas algo real?
  • 11:02 - 11:07
    E se toda a vida na Terra
    fosse parte de uma grande família?
  • 11:07 - 11:14
    Talvez toda a biodiversidade
  • 11:14 - 11:17
    seja o produto da descendência
  • 11:17 - 11:21
    de uns poucos antepassados ancestrais.
  • 11:21 - 11:26
    Talvez, e isto seja um pouco arriscado,
  • 11:26 - 11:30
    exista um único precursor para todos.
  • 11:32 - 11:41
    Imaginem: a história da Terra,
    a história da vida na Terra
  • 11:41 - 11:44
    seria como a história de uma árvore.
  • 11:44 - 11:46
    Uma árvore cujos ramos representam
  • 11:46 - 11:49
    as variações de todas as famílias
  • 11:49 - 11:53
    que habitaram e habitam nosso planeta.
  • 11:53 - 11:59
    Uma árvore genealógica que cresce
    imperceptivelmente dia a dia.
  • 12:00 - 12:08
    É aqui que a ideia
    fica ainda mais perigosa.
  • 12:09 - 12:13
    Se seguirmos a lógica implícita
    neste pensamento
  • 12:13 - 12:15
    nós, os seres humanos,
  • 12:15 - 12:18
    também seríamos parte
    desta grande família,
  • 12:18 - 12:24
    junto com as mariposas, os orangotangos
    e os tentilhões de Galápagos.
  • 12:24 - 12:30
    Seríamos um pequeno ramo
    da frondosa árvore da vida.
  • 12:30 - 12:36
    Não seríamos mais o produto
    da ação direta do criador.
  • 12:36 - 12:39
    Não seríamos mais o centro da criação,
  • 12:39 - 12:45
    mas simplesmente os descendentes
    de uma forma animal já extinta.
  • 12:47 - 12:51
    Porém, como sempre, isto nos leva
    a novas perguntas.
  • 12:51 - 12:54
    Se todos fazemos parte
    de uma grande família,
  • 12:54 - 12:59
    é inevitável querermos saber
    como eram nossos antepassados.
  • 12:59 - 13:03
    Talvez, no futuro, tenhamos sorte
  • 13:03 - 13:08
    e possamos encontrar
    fósseis de seus ossos.
  • 13:08 - 13:12
    Mas, como saber de que modo se moviam,
    em que pensavam,
  • 13:12 - 13:16
    o que os fazia rir, chorar,
    com o que sonhavam?
  • 13:18 - 13:25
    Lyell me ensinou a ler o passado
    nos estratos geológicos.
  • 13:25 - 13:30
    Pergunto-me em quais estratos,
    nós, os naturalistas,
  • 13:30 - 13:34
    devemos ler nosso próprio passado?
  • 13:34 - 13:39
    Somos portadores das marcas
    com as quais no futuro
  • 13:39 - 13:41
    poderemos resgatar nossos antepassados.
  • 13:43 - 13:47
    As forças que buscamos
    deixaram um cenário cheio de pistas.
  • 13:47 - 13:51
    E a resposta, a exemplo da erosão,
    está visível.
  • 13:51 - 13:55
    Só é preciso ter a mente aberta
    para podermos encontrá-la.
  • 13:58 - 14:00
    Pensem nisto:
  • 14:00 - 14:06
    se alguém se encontrasse comigo,
    com meu irmão ou com meu primo Francis
  • 14:06 - 14:10
    em uma casa, poderia suspeitar
    que somos parentes.
  • 14:10 - 14:16
    Poderia, inclusive, arriscar que meu irmão
    é mais próximo de mim que de meu primo.
  • 14:16 - 14:18
    Tudo isto, somente graças
  • 14:18 - 14:23
    à observação detalhada
    das semelhanças físicas.
  • 14:24 - 14:33
    Agora observem a asa deste morcego.
  • 14:33 - 14:39
    Tem os mesmos ossos, a mesma disposição
    que a nossa própria mão.
  • 14:41 - 14:45
    Também podemos encontrar
    essas semelhanças
  • 14:45 - 14:48
    na estrutura da asa de uma ave,
  • 14:48 - 14:55
    e inclusive em um réptil já extinto.
  • 14:56 - 15:01
    Em meu modo de ver,
    essas semelhanças existem
  • 15:01 - 15:04
    porque são herdadas
    de um organismo comum:
  • 15:04 - 15:07
    o organismo do qual descendem.
  • 15:07 - 15:12
    E estas semelhanças refletem
    uma relação genealógica.
  • 15:12 - 15:18
    Aves, mamíferos e répteis são uma família.
  • 15:18 - 15:21
    E também podemos deduzir
    que os morcegos
  • 15:21 - 15:26
    estão mais próximos de nós
    do que dos répteis e das aves,
  • 15:26 - 15:29
    como o meu irmão é mais próximo de mim
  • 15:29 - 15:31
    do que de meu primo.
  • 15:31 - 15:35
    E outra coisa muito importante:
  • 15:35 - 15:39
    se alguém observasse meu primo,
    meu irmão e a mim,
  • 15:39 - 15:43
    poderia imaginar, mesmo sem conhecê-lo,
  • 15:43 - 15:46
    as características do meu avô.
  • 15:46 - 15:52
    Nós, examinando estes ossos,
  • 15:52 - 15:55
    podemos saber as características
    do organismo do qual descendem.
  • 15:55 - 15:58
    Como por exemplo,
    que tinha uma coluna vertebral,
  • 15:58 - 16:02
    que certos ossos
    estavam ligados a outros, etc.
  • 16:02 - 16:07
    E não é possível aplicar este mesmo método
    a algo mais, além dos ossos?
  • 16:07 - 16:11
    Os nossos fieis amigos, os cães,
    muitas vezes não nos contagiam
  • 16:11 - 16:13
    com os bocejos que foram herdados
  • 16:13 - 16:15
    de nossos antepassados?
  • 16:15 - 16:17
    Não é significativo
  • 16:17 - 16:21
    que em nossos gestos de indignação
    mostremos os dentes?
  • 16:21 - 16:25
    como se quiséssemos mostrar enormes presas
    que já não possuímos?
  • 16:25 - 16:31
    Talvez seja um gesto que cães e humanos
    herdaram de um antepassado comum.
  • 16:31 - 16:34
    E os cães, que nos fazem companhia
    em nossas casa,
  • 16:34 - 16:37
    e que consideramos parte de nossa família,
  • 16:37 - 16:42
    quem diria que realmente são
    a nossa família?
  • 16:42 - 16:45
    E quem diria que as perdizes também são,
  • 16:45 - 16:50
    nas quais tanto os humanos como os cães
    fincavam os nossos dentes?
  • 16:52 - 16:56
    Sei que falta encontrar uma explicação
  • 16:56 - 16:58
    à maneira de Lyell,
  • 16:58 - 17:00
    que dê conta de como são produzidas
  • 17:00 - 17:02
    estas modificações,
  • 17:02 - 17:07
    estas ramificações na árvore da vida.
  • 17:07 - 17:11
    Como foi que os meus amigos tentilhões
  • 17:11 - 17:14
    sofreram modificações no bico,
    em cada uma das ilhas,
  • 17:14 - 17:18
    para poder consumir
    a comida ali disponível?
  • 17:18 - 17:22
    Falta encontrar o mecanismo natural
  • 17:22 - 17:27
    que dá origem às belas adaptações
    dos organismos
  • 17:27 - 17:29
    ao seu meio ambiente.
  • 17:31 - 17:37
    Sinceramente, não tenho ideia
    de qual é este mecanismo.
  • 17:38 - 17:44
    De qualquer modo,
    isto muda radicalmente
  • 17:44 - 17:48
    a maneira como nos vemos;
  • 17:48 - 17:52
    por isso, a ideia é tão perigosa.
  • 17:52 - 17:57
    Vai contra os fundamentos
    que sustentam a nossa moral.
  • 17:57 - 18:01
    Como eu poderia compartilhar esta ideia
    com pessoas que ainda pensam
  • 18:01 - 18:04
    que somos o centro da criação?
  • 18:04 - 18:07
    Como poderia dividi-la com um público
  • 18:07 - 18:12
    que sequer reconhece uma origem comum
    para todos os seres humanos
  • 18:12 - 18:16
    e que com isso pretende
    justificar a escravidão?
  • 18:16 - 18:17
    Como eles receberiam minha ideia
  • 18:17 - 18:21
    de que nós e os primatas
    temos uma origem comum?
  • 18:22 - 18:27
    Para além da gravidade desta afirmação,
  • 18:27 - 18:30
    conforta-me saber que esta concepção
  • 18:30 - 18:34
    dá argumentos a todos aqueles, como nós,
  • 18:34 - 18:38
    que temos horror à escravidão.
  • 18:38 - 18:40
    Recordo o enorme desgosto que senti
  • 18:40 - 18:45
    ao ver o tratamento desigual
    que os negros recebiam no Brasil,
  • 18:45 - 18:48
    ou os índios na Argentina.
  • 18:52 - 18:57
    Vejo daqui que alguns me olham pasmados.
  • 18:58 - 19:02
    Outros, inclusive, mostram-me os dentes.
  • 19:04 - 19:08
    Outros, curiosamente,
    parecem gostar da ideia.
  • 19:09 - 19:15
    Não preciso ser convencido
    de que é uma ideia difícil de digerir.
  • 19:15 - 19:21
    Joga fora muito do que aprendi
    em meus anos de formação
  • 19:21 - 19:24
    e muito do que provavelmente
    vocês também aprenderam.
  • 19:27 - 19:31
    Bem, a confissão foi feita.
  • 19:33 - 19:37
    Digo confissão, porque ter-lhes contado
    a minha ideia,
  • 19:37 - 19:42
    para minha consciência
    e para meus temores,
  • 19:42 - 19:45
    é como ter confessado um crime.
  • 19:46 - 19:47
    Obrigado.
  • 19:47 - 19:51
    (Aplausos)
Title:
Origem | Charles Darwin | TEDxRíodelaPlataED
Description:

Esta palestra foi dada num evento TEDx local, produzido independentemente das Conferências TED.

Aos 28 anos, ao voltar de uma viagem que mudaria sua vida, Darwin nos conta uma ideia que revolucionaria a concepção da vida em geral.

Charles nasceu em 1809 no Reino Unido. Embora desde criança estivesse interessado pela natureza, licenciou-se em Arte em Cambridge.
Obviamente, seus estudos acadêmicos não satisfizeram este interesse e ele somente pôde se dedicar plenamente à sua paixão quando recebeu um convite que mudaria a sua vida: fazer parte da segunda expedição do HMS Beagle sob o comando do Capitão Robert Fitz Roy. Ficou cinco anos viajando ao redor do mundo e voltou como um naturalista profissional (além de ter sofrido um enjoo impressionante com a maresia).

more » « less
Video Language:
Spanish
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
20:08

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions