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Gerir a magia dos micróbios | Jessica Green | TEDxPortland

  • 0:30 - 0:33
    Isto são imagens de microrganismos.
  • 0:33 - 0:38
    A pequena forma de vida que
    não podemos ver a olho nu:
  • 0:38 - 0:41
    vírus, bactérias, arqueobactérias.
  • 0:41 - 0:45
    São os mais abundantes e
    diversificados organismos da Terra
  • 0:45 - 0:49
    e cobrem cada recanto
    e fenda do nosso corpo,
  • 0:49 - 0:51
    dos edifícios e das cidades.
  • 0:52 - 0:54
    A maioria de vós,
    quando pensa em micróbios,
  • 0:54 - 1:00
    provavelmente pensa nos patogénicos,
    como SARM ou VIH ou "antrax".
  • 1:01 - 1:07
    Mas a maioria dos micróbios é-nos benéfica.
  • 1:09 - 1:12
    O nosso corpo,
    como qualquer ecossistema,
  • 1:12 - 1:15
    sobrevive à custa de micróbios.
  • 1:15 - 1:19
    Os nossos micróbios protegem-nos
    de germes e patogénicos,
  • 1:19 - 1:23
    permitem-nos obter
    nutrientes dos alimentos
  • 1:23 - 1:26
    e estimulam o nosso sistema imunitário.
  • 1:26 - 1:31
    Provas recentes sugerem que eles até
    influenciam o nosso humor,
  • 1:31 - 1:34
    os nossos níveis de "stress",
    ansiedade e depressão.
  • 1:35 - 1:40
    Se se sentem fantásticos hoje, como eu,
    devem agradecer aos vossos micróbios.
  • 1:40 - 1:42
    (Risos)
  • 1:42 - 1:46
    E devem agradecer à vossa mãe,
    porque a maioria dos nossos micróbios
  • 1:46 - 1:50
    provém da nossa mãe quando nascemos.
  • 1:50 - 1:53
    Também os obtemos da comida que ingerimos,
  • 1:53 - 1:56
    das pessoas com quem passamos tempo,
    dos nossos amigos
  • 1:56 - 1:59
    e das pessoas no metro,
  • 1:59 - 2:02
    se os cumprimentamos
    na descida da escada rolante.
  • 2:02 - 2:03
    (Risos)
  • 2:03 - 2:05
    Também obtemos micróbios
  • 2:05 - 2:07
    do nosso "habitat" primário,
    que são os edifícios.
  • 2:08 - 2:12
    Todos nós gastaremos 90% da nossa vida
    dentro de portas.
  • 2:12 - 2:14
    Enquanto estamos no interior,
  • 2:14 - 2:18
    frequentemente, continuamente,
    contactamos com micróbios
  • 2:18 - 2:21
    ao respirar e ao tocar em superfícies.
  • 2:22 - 2:24
    Algo em que me tenho interessado,
  • 2:24 - 2:27
    dada a importância dos micróbios
    para o nosso bem-estar,
  • 2:28 - 2:32
    é até que ponto gerimos
    os micróbios, nos edifícios,
  • 2:32 - 2:34
    onde passamos tanto tempo.
  • 2:36 - 2:42
    Para explicar o que aprendi ultimamente,
    farei uma analogia com um jardim.
  • 2:42 - 2:48
    Um jardim microbiano que está...
    no interior!
  • 2:49 - 2:53
    As nossas atuais técnicas para eliminar
    os micróbios no interior
  • 2:53 - 2:56
    seguem mais ou menos
    quatro regras básicas.
  • 2:57 - 3:04
    A primeira regra é que se deve manter
    todos os micróbios fora do edifício,
  • 3:04 - 3:07
    mantendo o edifício em quarentena.
  • 3:07 - 3:12
    Temos edifícios modernos
    hermeticamente fechados.
  • 3:13 - 3:16
    Um exemplo da forma
    como os edifícios mudaram,
  • 3:16 - 3:19
    é que agora temos janelas funcionais
  • 3:19 - 3:23
    substituídas por elaborados
    sistemas de ar condicionado
  • 3:23 - 3:25
    e sistemas de filtragem concebidos
  • 3:25 - 3:29
    para manter lá fora os micróbios nativos,
  • 3:29 - 3:31
    os que geralmente crescem em plantas
  • 3:31 - 3:34
    e vivem no solo e nos cursos de água.
  • 3:35 - 3:37
    Não os queremos
    dentro dos nossos edifícios.
  • 3:38 - 3:43
    A segunda regra, ou princípio,
    é pormos portas nos nossos edifícios
  • 3:43 - 3:46
    e permitir às pessoas entrar nos edifícios
  • 3:46 - 3:51
    e plantar nos jardins os micróbios
    a que chamo micróbios invasores,
  • 3:51 - 3:55
    ou seja, os micróbios
    que vivem no nosso corpo,
  • 3:55 - 3:58
    estão na nossa pele, na nossa boca.
  • 3:59 - 4:03
    Cada ser humano que entra
    num edifício, em cada hora,
  • 4:03 - 4:07
    contribui com 37 milhões
    de bactérias para o ar.
  • 4:08 - 4:12
    São tantas bactérias como as pessoas
  • 4:12 - 4:15
    que atualmente vivem
    no estado da Califórnia.
  • 4:15 - 4:21
    Contribuímos com micróbios para o ar,
    libertando-os diretamente do corpo
  • 4:21 - 4:24
    e também empurramos
    micróbios de superfícies
  • 4:24 - 4:27
    deixados por outras pessoas
    que estiveram no edifício.
  • 4:29 - 4:36
    A terceira regra básica é manter
    um ambiente estático no nosso jardim.
  • 4:37 - 4:41
    Mantemos estáveis a temperatura
    e a humidade relativa.
  • 4:42 - 4:48
    Não permitimos que mudanças ambientais
    diárias ou sazonais alterem o interior
  • 4:48 - 4:52
    e mantemos esta zona de conforto térmico,
  • 4:52 - 4:56
    porque queremos poder andar de cuecas
  • 4:56 - 4:58
    mesmo que esteja a nevar lá fora.
  • 4:58 - 5:02
    Mas pensem segundo
    a perspetiva de um micróbio!
  • 5:02 - 5:05
    O que fazemos ao criar um ambiente
  • 5:05 - 5:09
    é selecionar o que penso ser
    um tipo de micróbio urbano
  • 5:09 - 5:13
    que prospera neste ambiente homogéneo.
  • 5:14 - 5:17
    A quarta regra que seguimos no interior,
  • 5:17 - 5:22
    é regularmente matar tudo no jardim.
  • 5:22 - 5:28
    Fazemo-lo no interior usando regularmente
    produtos de limpeza antimicrobianos
  • 5:28 - 5:31
    e esterilizando superfícies no interior.
  • 5:31 - 5:35
    Pensando nisso, é uma forma
    de genocídio microbiano
  • 5:35 - 5:40
    porque matamos micróbios bons
    juntamente com os maus.
  • 5:40 - 5:43
    Se tivéssemos
    um jardim vegetal no exterior,
  • 5:43 - 5:45
    nunca mataríamos todas as plantas
  • 5:45 - 5:48
    por querermos livrar-nos duma erva daninha.
  • 5:48 - 5:51
    Mas é isso que estamos a fazer
    dentro de portas.
  • 5:51 - 5:56
    Quando limpamos montes de organismos
    de um ecossistema,
  • 5:56 - 6:01
    arranjamos espaço para que organismos
    daninhos de crescimento rápido
  • 6:01 - 6:03
    apareçam e colonizem estes locais,
  • 6:03 - 6:06
    porque não há lá nada
    para competir com eles.
  • 6:07 - 6:13
    Quais são as consequências desta forma
    de gerir os micróbios no interior?
  • 6:14 - 6:17
    Ainda não sabemos, as pessoas
    ainda estão a aprender,
  • 6:17 - 6:21
    mas disponho-me a adivinhar
    o que está a acontecer.
  • 6:22 - 6:26
    Os seres humanos estão por cá
    há centenas de milhares de anos
  • 6:26 - 6:31
    mas esta era de edifícios modernos,
    hermeticamente fechados,
  • 6:31 - 6:38
    com um ambiente constante,
    limpos regularmente,
  • 6:38 - 6:41
    só existe desde há 60 anos.
  • 6:41 - 6:43
    Acredito que aquilo
    que criamos no interior
  • 6:43 - 6:49
    cresce como uma monocultura microbiana.
  • 6:49 - 6:52
    Pensando no nosso corpo, provavelmente
  • 6:52 - 6:57
    não evoluímos com capacidade
    de lidar muito bem
  • 6:57 - 7:00
    com este tipo de ambiente microbiano.
  • 7:01 - 7:04
    Há muitas provas
    publicadas recentemente
  • 7:04 - 7:08
    que sugerem que várias
    das modernas formas de vida
  • 7:08 - 7:12
    podem estar ligadas ao aumento
    da resistência aos antibióticos
  • 7:12 - 7:15
    e à subida das doenças autoimunes
  • 7:15 - 7:19
    que enfrentamos no mundo desenvolvido,
    como a asma e as alergias.
  • 7:21 - 7:26
    Colaborei recentemente
    com biólogos e arquitetos,
  • 7:26 - 7:30
    incluindo Brandon Bohanan e Charlie Brown
    na Universidade do Oregon,
  • 7:30 - 7:33
    para entender como os projetos de edifícios
  • 7:33 - 7:36
    causam impacto nos micróbios de interior.
  • 7:36 - 7:39
    Conduzimos recentemente um estudo
  • 7:39 - 7:42
    no Complexo Empresarial Lillis
    da Universidade do Oregon
  • 7:42 - 7:46
    — isto é com o Lillis parece
    na perspetiva de um humano.
  • 7:46 - 7:48
    E isto é como provavelmente parece
  • 7:48 - 7:52
    na perspetiva de um micróbio
    voando na atmosfera.
  • 7:52 - 7:54
    Este é um infravermelho que mostra
  • 7:54 - 7:56
    as diferenças de calor no edifício
  • 7:56 - 8:00
    — sabe-se que os micróbios
    são muito sensíveis ao calor.
  • 8:01 - 8:04
    Isto é como parece o Lillis
    na perspetiva de um arquiteto.
  • 8:05 - 8:07
    O que fizemos neste edifício foi...
  • 8:07 - 8:10
    — estávamos muito interessados no Lillis,
    porque é um edifício certificado LEED.
  • 8:10 - 8:12
    Queríamos saber:
  • 8:12 - 8:16
    "O projeto do edifício
    influencia os micróbios
  • 8:16 - 8:18
    "de forma positiva ou negativa?"
  • 8:18 - 8:21
    No primeiro andar do edifício,
  • 8:21 - 8:24
    dirigimos o edifício
    tal como estava programado.
  • 8:25 - 8:27
    O que isso significou
  • 8:27 - 8:31
    foi deixar o ar exterior entrar
    no edifício por claraboias.
  • 8:31 - 8:35
    No segundo andar do edifício, manipulámos
    a forma de funcionamento programada,
  • 8:35 - 8:39
    e forçámos o ar a passar por sistemas
    de ventilação mecânica
  • 8:39 - 8:42
    antes de atingir as salas de aulas
  • 8:42 - 8:45
    — todas as salas de aula estudadas por nós.
  • 8:45 - 8:48
    Estes são os resultados,
    saídos agora da impressora
  • 8:48 - 8:50
    — é uma informação nunca antes mostrada,
  • 8:50 - 8:53
    obtivemos os resultados na semana passada.
  • 8:53 - 8:57
    O que veem é o primeiro e o segundo andar
    do Complexo Empresarial de Lillis.
  • 8:57 - 9:01
    Verão que há uma escala indicadora
    neste diagrama
  • 9:01 - 9:05
    onde o rosa mostra
    amostras de ar recolhidas
  • 9:05 - 9:08
    que tinham um ADN microbiano
  • 9:08 - 9:12
    muito parecido com o encontrado
    dentro e sobre os humanos.
  • 9:13 - 9:19
    O azul mostra amostras de ar
    com ADN microbiano muito parecido
  • 9:19 - 9:22
    com o encontrado no exterior,
    por exemplo no solo.
  • 9:22 - 9:26
    Verão que, no primeiro andar
    do edifício, que é dirigido por nós,
  • 9:26 - 9:28
    de acordo com estes padrões chave,
  • 9:28 - 9:31
    onde o ar provinha
    diretamente do exterior,
  • 9:31 - 9:33
    o ar é mais parecido com o do exterior.
  • 9:33 - 9:37
    E, no segundo andar do edifício,
    o ar é mais parecido com o do humano.
  • 9:37 - 9:40
    Estes resultados científicos são intuitivos
  • 9:40 - 9:45
    mas mostram claramente
    que temos algum controlo
  • 9:45 - 9:48
    sobre os tipos de micróbios
    que crescem no interior.
  • 9:53 - 9:56
    O que é que isto significa?
  • 9:56 - 10:03
    Hoje temos arquitetos paisagistas
    que projetam espaços exteriores
  • 10:03 - 10:10
    e jardineiros cujo trabalho
    é manter estes espaços exteriores
  • 10:10 - 10:12
    por longos períodos de tempo.
  • 10:12 - 10:17
    O território inexplorado aqui
    é pensar sobre micróbios
  • 10:17 - 10:21
    duma nova forma
    e perceber como fazer crescer
  • 10:21 - 10:24
    os tipos de bons micróbios
    que queremos no interior,
  • 10:24 - 10:28
    para podermos treinar
    um novo tipo de arquiteto,
  • 10:28 - 10:31
    um arquiteto paisagista de interiores
  • 10:31 - 10:34
    que possa projetar
    jardins interiores saudáveis.
  • 10:34 - 10:38
    Vamos precisar também
    duma nova gama de empreiteiros
  • 10:38 - 10:43
    que, penso, serão jardineiros de interior
  • 10:43 - 10:50
    que possam ajudar a manter edifícios
    saudáveis e pessoas saudáveis.
  • 10:50 - 10:51
    Muito obrigado.
  • 10:51 - 10:54
    (Aplausos)
Title:
Gerir a magia dos micróbios | Jessica Green | TEDxPortland
Description:

Jessica — também conhecida por "Thumper Biscuit" nos círculos de "roller derby" — é professora na Universidade do Oregon e no Instituto de Santa Fé. É uma bolseira TED cujo atual objetivo é ajudar as pessoas a visualizar o mundo invisível dos microrganismos, para criar um mundo cheio de edifícios que limitam as doenças infecciosas e maximizam a energia.

Esta palestra foi dada num evento local TEDx, produzido independentemente das Conferências TED.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
10:59

Portuguese subtitles

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