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Des-avaliando a educação | Elizabeth Wissner-Gross | TEDxBeaconStreet

  • 0:15 - 0:17
    Como muitos norte-americanos,
  • 0:17 - 0:22
    quando li que alunos
    do ensino médio nos EUA
  • 0:22 - 0:26
    estão atrasados em comparação
    com alunos de 20 outros países
  • 0:26 - 0:29
    na leitura, matemática e ciências,
  • 0:29 - 0:31
    eu me senti incomodada.
  • 0:31 - 0:35
    Com todas as grandes oportunidades
    que temos neste país,
  • 0:36 - 0:43
    me incomodava pensar que nossos alunos
    estão ficando bem para trás.
  • 0:44 - 0:47
    Nossos professores são incríveis.
  • 0:47 - 0:51
    Temos pessoas muito dedicadas
    e que trabalham bastante.
  • 0:51 - 0:53
    Nossos alunos também são esforçados.
  • 0:53 - 0:55
    Temos alunos maravilhosos,
  • 0:55 - 0:58
    ansiosos para aprender
    e ir às aulas todos os dias,
  • 0:58 - 1:01
    querendo aprender mais
    e com grandes sonhos.
  • 1:02 - 1:05
    Ao mesmo tempo, percebo
    que os pais os apoiam muito.
  • 1:05 - 1:07
    Algumas pesquisas apontam que:
  • 1:07 - 1:09
    "Os pais norte-americanos não os apoiam".
  • 1:09 - 1:10
    Mas eu vi o oposto.
  • 1:10 - 1:12
    Vi pais muito participativos
  • 1:12 - 1:15
    que querem a melhor educação
    para seus filhos.
  • 1:15 - 1:17
    Quando estão para mudar de endereço,
  • 1:17 - 1:20
    eles procuram pelas melhores escolas,
  • 1:20 - 1:22
    e perguntam para o consultor imobiliário:
  • 1:22 - 1:26
    "Onde fica o melhor distrito escolar?"
    ou "Quais são as melhores escolas?"
  • 1:26 - 1:32
    E, nossas escolas são como palácios
    em comparação com outros países.
  • 1:32 - 1:35
    Temos refeitórios em nossas escolas.
  • 1:35 - 1:40
    Temos ginásios e auditórios
    como este aqui.
  • 1:40 - 1:43
    Cerca da metade delas
    tem campos de futebol
  • 1:43 - 1:46
    e até campos de beisebol exclusivos.
  • 1:46 - 1:49
    Em comparação com outros países,
    temos escolas incríveis.
  • 1:50 - 1:55
    Então, o que há de errado
    com a educação norte-americana?
  • 1:56 - 1:58
    Onde estamos errando?
  • 2:00 - 2:03
    Que "elefante" é esse na sala de aula?
  • 2:04 - 2:06
    Pensei muito sobre essas questões
  • 2:07 - 2:10
    e percebi que o que está errado
    na educação norte-americana
  • 2:10 - 2:12
    é o nosso sistema de avaliação,
  • 2:12 - 2:18
    e algo que eu chamaria de "antiensino"
    ou mesmo de "te peguei avaliando",
  • 2:18 - 2:22
    pois, fazemos com que nossos professores
    depreciem seus alunos
  • 2:22 - 2:28
    ao ter que distribuir notas entre eles.
  • 2:31 - 2:34
    Sabem aquele professor
    que deu uma prova surpresa
  • 2:34 - 2:36
    quando menos se esperava?
  • 2:37 - 2:40
    Sabem aquele professor
    que avisou para a classe
  • 2:40 - 2:43
    que havia pegadinhas
    nas questões da prova?
  • 2:44 - 2:49
    Ou aquele professor que incluiu na prova
    perguntas de matéria não dada
  • 2:49 - 2:51
    ou que nem estavam no livro?
  • 2:52 - 2:55
    Ou aquele professor
    que mal ensinou a matéria,
  • 2:55 - 2:59
    de tal forma que, os alunos tiveram
    que procurar por aulas particulares?
  • 2:59 - 3:05
    E uma sala de aula cheia de alunos
    estudando a matéria no canto da sala
  • 3:05 - 3:09
    para que pudessem tirar uma boa nota.
  • 3:10 - 3:14
    Sabem aquele professor que te deu um B+
  • 3:14 - 3:17
    em seu primeiro trabalho nesse semestre?
  • 3:18 - 3:19
    E você disse a si mesmo:
  • 3:19 - 3:24
    "Eu vou me dedicar muito
    para tirar um A nessa matéria".
  • 3:24 - 3:29
    Você entrega o próximo trabalho,
    mas depois vê que tirou um B+ novamente.
  • 3:30 - 3:32
    E não importa o que
    você fizesse naquela matéria,
  • 3:32 - 3:35
    mesmo que tivesse contratado
    um ganhador do Prêmio Nobel,
  • 3:35 - 3:39
    você sabia que ainda tiraria um B+,
  • 3:39 - 3:45
    porque sabia que o professor
    já havia te marcado como o aluno B+.
  • 3:46 - 3:48
    E isso não é por acidente.
  • 3:48 - 3:50
    Esses são exemplos
  • 3:50 - 3:55
    do que eu chamaria de "antiensino"
    ou "te peguei avaliando".
  • 3:56 - 4:01
    Eu cheguei a essa conclusão
    quando estava ensinando numa faculdade.
  • 4:01 - 4:03
    Eu tinha apenas terminado
    um semestre maravilhoso,
  • 4:03 - 4:08
    do tipo que, como professor,
    você sente como algo mágico.
  • 4:09 - 4:10
    Os alunos se dedicaram muito.
  • 4:10 - 4:12
    Para poder frequentar minhas aulas,
  • 4:12 - 4:15
    eles tiveram que cumprir
    uma série de pré-requisitos.
  • 4:15 - 4:18
    Então, essa era a garotada
    que se saiu bem nos pré-requisitos
  • 4:18 - 4:20
    e entrou na minha classe.
  • 4:20 - 4:24
    Eu estava animada para ensiná-los,
    e eles estavam animados por estar lá.
  • 4:24 - 4:28
    Houve provas, questionários
    e muitos trabalhos escritos.
  • 4:28 - 4:30
    Era um currículo muito rigoroso.
  • 4:31 - 4:34
    E no final do semestre,
  • 4:34 - 4:37
    eu fiquei muito animada
    quando tive que dar notas para eles,
  • 4:37 - 4:41
    porque a maioria havia tirado A,
  • 4:41 - 4:43
    e havia somente alguns Bs na classe.
  • 4:43 - 4:48
    Pensei: "Uau, sou uma boa professora
    e eles são bons alunos,
  • 4:48 - 4:50
    e todos éramos felizes juntos".
  • 4:52 - 4:56
    Alguns dias depois, eu encontrei
    o meu chefe de departamento no corredor
  • 4:57 - 5:00
    e ele me disse: "Gostaria de falar
    com você sobre suas notas".
  • 5:01 - 5:04
    E eu ingenuamente disse:
    "Sim, não é fantástico?
  • 5:04 - 5:07
    Meus alunos se saíram muito bem
    e trabalharam muito por isso.
  • 5:07 - 5:10
    Tivemos grandes debates nas aulas.
  • 5:10 - 5:12
    Foi um semestre incrível".
  • 5:13 - 5:16
    Ele disse: "É sobre isso
    que quero falar com você.
  • 5:16 - 5:19
    Você não pode ter notas
    como essas no próximo semestre.
  • 5:19 - 5:23
    Você já deu essas notas,
    por isso não posso mudá-las.
  • 5:23 - 5:24
    Mas no próximo semestre,
  • 5:24 - 5:30
    quero que suas notas coincidam
    com as do restante do departamento".
  • 5:31 - 5:34
    Estas eram as notas
    do restante do departamento.
  • 5:34 - 5:41
    Ele disse: "Dê um terço de Cs,
    um terço de Bs e um terço de As.
  • 5:41 - 5:45
    Nós seguimos isso de maneira estrita,
  • 5:45 - 5:47
    assim como algumas universidades".
  • 5:47 - 5:50
    Princeton mudou seu sistema de avaliação,
  • 5:50 - 5:52
    acho que no mês passado.
  • 5:52 - 5:57
    Mas muitas escolas seguem
    estritamente a esses "um terço".
  • 5:57 - 5:59
    E eu disse: "Mas espere,
  • 5:59 - 6:02
    e se meus alunos realmente se esforçaram
    e mereceram aqueles As?
  • 6:02 - 6:06
    Não dei As aleatoriamente
    para deixá-los felizes.
  • 6:06 - 6:07
    Eles mereceram as notas;
  • 6:07 - 6:12
    as médias deles nos trabalhos,
    nas provas e nos questionários foram As".
  • 6:13 - 6:17
    E eu disse: "E porque tiveram que cumprir
    os pré-requisitos para entrar nessa turma,
  • 6:17 - 6:21
    estes eram todos alunos nota A
    entrando na minha turma.
  • 6:21 - 6:23
    Eu não poderia aleatoriamente dar Cs".
  • 6:23 - 6:27
    Mas ele disse: "Você terá
    que ludibriar um pouco os alunos".
  • 6:28 - 6:30
    Eu: "O que quer dizer com isso?"
  • 6:30 - 6:34
    Ele respondeu: "Dê algumas
    provas-surpresa no próximo semestre.
  • 6:34 - 6:38
    Talvez, dê algumas provas
    com perguntas pegadinhas,
  • 6:39 - 6:41
    ou crie uma curva de notas.
  • 6:41 - 6:44
    Avise à classe que você irá
    calcular a média geral,
  • 6:44 - 6:49
    assim, os alunos que normalmente
    tiram B podem tirar C,
  • 6:49 - 6:52
    os alunos nota A- podem tirar B
  • 6:52 - 6:55
    e os alunos nota A+ vão tirar A.
  • 6:55 - 7:00
    Assim, será capaz de fazer um terço de As,
    um terço de BS e um terço de Cs".
  • 7:01 - 7:03
    Bom, isso me magoou e não gostei.
  • 7:03 - 7:08
    Acho que, se você trabalhou por algo,
    merece ser recompensado por isso.
  • 7:08 - 7:12
    Mas ele disse que eu deveria
    ir para casa e pensar sobre isso.
  • 7:13 - 7:15
    Perguntei: "Por que mesmo
    estamos fazendo isso?"
  • 7:15 - 7:20
    Ele respondeu: "Temos que nos preocupar
    com a inflação de notas".
  • 7:21 - 7:23
    O que também não fazia sentido para mim
  • 7:23 - 7:27
    porque inflação de notas
    não é inflação monetária,
  • 7:27 - 7:32
    e nada de mais aconteceria se os alunos
    que tiraram As ficassem com seus As.
  • 7:32 - 7:35
    Mas eu disse que iria para casa
    e pensaria sobre isso.
  • 7:35 - 7:38
    E ele: "Quero que você avalie
    mais como os seus colegas
  • 7:38 - 7:40
    no próximo semestre".
  • 7:41 - 7:43
    Chegou o próximo semestre
  • 7:43 - 7:46
    e, no primeiro dia de aula,
    entrei na minha nova sala
  • 7:46 - 7:51
    e vi 24 alunos com os olhos brilhando
  • 7:51 - 7:52
    e ansiosos para aprender.
  • 7:52 - 7:55
    E eu queria reivindicar aquela magia.
  • 7:55 - 7:57
    Eu amava ensinar e me conectar aos alunos.
  • 7:57 - 7:59
    Eu amava essa conexão.
  • 7:59 - 8:02
    Pensei: "Vou conquistar esses alunos".
  • 8:02 - 8:05
    Mas, de repente, havia esse fardo:
  • 8:05 - 8:10
    dentre os 24 alunos,
    oito deles teriam que tirar C.
  • 8:11 - 8:13
    Olhei ao redor da sala,
  • 8:13 - 8:15
    me vi analisando os alunos
  • 8:15 - 8:20
    e pensando: "Em quem posso despejar o Cs?"
  • 8:21 - 8:23
    Estávamos nos apresentando
  • 8:23 - 8:29
    e havia uma garota na fileira de trás
    que parecia muito tímida e quieta.
  • 8:29 - 8:32
    Ela não fez qualquer contato visual comigo
  • 8:32 - 8:36
    e já logo pensei: "A-ha, essa é um C.
  • 8:36 - 8:39
    Ela não vai reclamar do C
  • 8:39 - 8:42
    e posso me safar dando essa nota".
  • 8:42 - 8:45
    Então, um garoto entra na sala
  • 8:46 - 8:48
    e profusamente pede desculpas dizendo:
  • 8:48 - 8:52
    "Me desculpe! Eu tive uma aula
    no outro lado do campus
  • 8:52 - 8:54
    e levei muito tempo para chegar aqui.
  • 8:54 - 9:00
    Vou me esforçar para chegar aqui a tempo,
    mas não posso garantir. Sinto muito!"
  • 9:01 - 9:05
    E eu meio que sorri por dentro,
    um sorriso muito perverso, pensando:
  • 9:05 - 9:07
    "A-ha, lá vai outro C!
  • 9:07 - 9:11
    Ainda mais se eu ensinar bastante matéria
    nos primeiros cinco minutos de aula.
  • 9:11 - 9:13
    Eu posso pegá-lo nessa".
  • 9:14 - 9:17
    Naquela noite eu fui para casa e disse:
  • 9:17 - 9:24
    "Essa magia de ensinar e de se conectar
    com cada aluno está faltando.
  • 9:24 - 9:26
    O que aconteceu?"
  • 9:26 - 9:30
    De repente, senti como
    se estivesse contra os alunos,
  • 9:31 - 9:33
    como se eu estivesse contra os alunos,
  • 9:33 - 9:40
    e ainda tinha que encontrar os oito Cs
    antes que pudesse ter alguma paz,
  • 9:40 - 9:43
    e depois teria que encontrar
    mais oito Bs na turma.
  • 9:43 - 9:45
    Essa seria a minha missão.
  • 9:45 - 9:47
    Não tinha nada a ver com ensinar.
  • 9:47 - 9:52
    Tinha a ver com encontrar aqueles alunos
    que iriam receber os Cs e os Bs.
  • 9:53 - 9:56
    E esse não é o tipo de professora
    que eu quero ser.
  • 9:56 - 9:58
    Essa não é a pessoa que eu quero ser.
  • 9:58 - 10:01
    Ensinar não deveria ser assim.
  • 10:01 - 10:03
    E, assim, resolvi naquela noite
  • 10:03 - 10:06
    que não iria jogar o jogo do "antiensinar"
  • 10:06 - 10:10
    e que iria dar aos meus alunos
    as notas que eles mereciam.
  • 10:11 - 10:14
    Sabia que isso significaria
    que, no final do semestre,
  • 10:14 - 10:18
    eu provavelmente teria que dizer
    adeus àquela universidade.
  • 10:19 - 10:23
    Mas queria ser a professora
    que eu queria ser.
  • 10:27 - 10:31
    Minha solução para esse problema,
    que é predominante,
  • 10:31 - 10:34
    seria acabar de vez com a avaliação.
  • 10:34 - 10:37
    Gostaria de substituí-la
    pela aprendizagem de maestria
  • 10:37 - 10:42
    na qual cada professor é livre
    para realmente ensinar todos os alunos
  • 10:42 - 10:48
    e não prender em armadilhas os alunos
    mais vulneráveis na sala de aula.
  • 10:49 - 10:51
    Somente quando permitirmos
    que os professores
  • 10:51 - 10:55
    possam realmente tentar ensinar
    cada aluno na sala de aula,
  • 10:56 - 11:01
    os EUA vão chegar ao topo onde pertencem.
  • 11:01 - 11:02
    Obrigada.
  • 11:02 - 11:04
    (Aplausos)
Title:
Des-avaliando a educação | Elizabeth Wissner-Gross | TEDxBeaconStreet
Description:

Elizabeth Wissner-Gross, autora de livros best-sellers sobre educação, fundadora e presidente da Educational Strategies (Estratégias Educacionais), compartilha sua epifania sobre o porquê de as escolas americanas estarem muito atrasadas em comparação com outros países. Dica: não é culpa dos professores nem dos alunos, pais, sindicatos, estabilidade no cargo, muita lição de casa, pouca lição de casa, ou mesmo, de muitas provas. O problema, puro e simplesmente, é a inflação das notas. Isto é, o sistema americano de avaliação obriga seus professores a "antiensinar".

Esta palestra TEDxBeaconStreet, inspirada pelo livro a ser lançado "Gotcha Grading" (Te peguei avaliando), revela que eliminar o sistema de avaliação poderia levar a educação americana de volta ao topo.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
11:08

Portuguese, Brazilian subtitles

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