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Dang Nghiem significa adorno
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com não-discriminação.
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O som do sino é
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muito importante para mim.
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Posso dizer que salvou a minha vida.
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Muitos sofrimentos surgiram em mim.
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E às vezes pareciam tão avassaladores
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que eu não conseguia suportar.
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Quando fui ordenada monja,
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pude convidar este grande sino.
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Não usamos a palavra "tocar",
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porque soa violento.
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"Convidar" é algo
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muito respeitoso e muito pacífico.
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E muitas vezes
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eu ia ao grande salão de meditação
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do New Hamlet,
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que fica em Plum Village,
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o hamlet das irmãs,
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e convidava o sino
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repetidamente,
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às vezes por horas,
apenas para respirar,
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para abraçar e acalmar os meus sentimentos.
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E este é o meu amigo, este sou eu.
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Thay ensina-nos muito claramente
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os passos que podemos dar
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para convidar o sino.
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Para muitos de nós que vivem em casa
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e não no mosteiro,
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isto é algo que podemos usar.
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Este é um sino pequeno,
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e este aqui é o convidador do sino.
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Este também é considerado um sino,
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e também tem um convidador de sino. [ding]
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É o ritual,
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é estabelecer a relação
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com o sino
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que pode significar tudo para nós.
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Por exemplo, antes de convidar o sino,
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colocamo-lo direito, não inclinado,
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certificamo-nos de que o sino está reto.
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Sentamo-nos calmamente,
com as costas direitas,
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três vezes inspirando, expirando:
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inspiração,
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expiração,
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inspiração,
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expiração.
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São três ciclos assim.
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A respiração é o som do sino
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que está sempre connosco,
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porque nem sempre temos acesso
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ao grande sino ou ao sino pequeno.
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Então aprendi a usar a minha respiração
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como o meu sino de atenção plena,
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ao qual posso voltar
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a cada momento da minha vida diária.
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Depois juntamos as palmas das mãos,
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como uma bela flor de lótus,
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ao nível do nosso coração.
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Inspiramos,
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expiramos,
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e isso é inclinar-se diante do sino,
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que é o Buda.
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O Buda fará um som
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que nos trará de volta
ao nosso verdadeiro lar.
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Mas também é inclinar-se perante nós mesmos.
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Quando nos sentamos ao som do sino,
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somos o mestre do sino,
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e precisamos de estabelecer corpo e mente
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naquela atenção plena,
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naquele estado de reverência.
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Abaixo-me, e podes ver que
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coloco uma mão sobre a outra,
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porque é difícil
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abaixar-me com as duas mãos,
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e pego neste convidador de sino
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com toda a atenção e respeito.
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Na cultura asiática,
quando queremos
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demonstrar respeito,
usamos sempre as duas mãos.
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Depois, colocamo-lo na palma da mão,
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como uma flor de lótus com pétalas.
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E enquanto seguro assim,
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posso recitar o gatha:
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Corpo, fala e mente
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em perfeita unidade,
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envio o meu coração
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junto com o som do sino.
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Que os ouvintes despertem
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do esquecimento
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e transcendam toda ansiedade e tristeza.
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É importante despertar
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o som do sino [ding leve].
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Ah, lá vem o som do sino,
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e então respiramos.
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[convida o sino]
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[ressoa o som do sino]
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Inspiração um
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Expiração
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Inspiração
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Expiração dois
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Inspiração
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Expiração três
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Respiro [ding] e expiro.
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Na inspiração, praticas comigo, certo?
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Agora, o terceiro som do sino [ding].
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Estar presente para o que se passa na mente
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manifestado através do corpo.
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Então, o sino respira,
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e nós respiramos com o sino.
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Como vivemos no mosteiro,
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usamos o sino grande com mais frequência.
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Em vietnamita, chamamos-lhe
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Chuông Gia Trì.
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Ele tem uma almofada por baixo
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e fica sentado nela, apenas a repousar,
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aproveitando a respiração
até sentires
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que estás em contacto
com a tua respiração
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e o teu corpo.
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Também é bom colocar uma mão
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na borda do sino e tocá-lo suavemente.
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O sino agora está muito frio.
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Respiro, junto as palmas,
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uma bela flor de lótus,
e expiro.
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Inclino-me para o Buda no sino,
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inclino-me para o Buda em mim.
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Estendo as mãos para pegar
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no convidador do sino.
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Corpo, fala e mente
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em perfeita unidade,
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envio o meu coração
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junto com o som do sino.
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Aproveito um pouco mais a respiração.
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Que os ouvintes despertem
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do esquecimento
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e transcendam todas as ansiedades e tristezas.
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Este é um som de despertar do sino.
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Inspiração, expiração.
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[convidar o sino]
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Inspiração, expiração.
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Inspiração, expiração.
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Inspiração, expiração.
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[convidar o sino]
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Segue a tua respiração,
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respira com o sino.
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Inspira enquanto pegas no convidador do sino,
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expira enquanto convidamos o sino.
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[ressoa o som do sino]
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Escuto este som maravilhoso do sino
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que me traz de volta ao meu verdadeiro lar.
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[ressoa o som do sino]
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Também usamos o telemóvel
como sino de atenção plena,
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que temos connosco o tempo todo.
Com os telemóveis das pessoas,
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ouvimos três vezes, assim.
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Ou pelo menos duas vezes,
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ou uma vez: uma inspiração, uma expiração.
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O toque do telefone tornou-se
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um objeto de perigo,
um objeto de ansiedade.
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E dessa forma, dia após dia,
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ano após ano, tornamo-nos mais
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estressados, facilmente irritados,
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facilmente tristes.
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Depois podemos desenvolver dores crónicas
nas costas,
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ou vários tipos de doenças físicas e mentais.
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Então, o primeiro treino
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é treinar a mente a estar com a respiração,
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a estar com o corpo.
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Reconhecer como se sente
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quando a respiração e o corpo estão em stress.
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Das buzinas de carros alheios,
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aos gritos e berros de outras pessoas,
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aos sons ásperos de outras vozes,
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voltamos ao nosso corpo e mente
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e dizemos: "Estes são sinos de atenção plena."
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E isto é o que acontece ao meu corpo.
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Reconheço isso.
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Também dizemos: "Ah, é assim que se sente
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quando o corpo está relaxado.
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É assim que se sente
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quando a mente está em paz consigo mesma."
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Aos poucos, a mente aprende a acalmar-se,
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a silenciar-se,
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e apenas a saborear aquele momento
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de quietude.
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O silêncio também é tranquilo,
e a mente é muito saborosa.
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A respiração é a melhor música que existe.
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É o reflexo mais verdadeiro
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do nosso estado de corpo e mente.
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A coisa mais poderosa
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que está no meu poder
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é ser capaz de me sentar comigo mesmo,
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estar presente para tudo o que surgir.
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Sempre temos razões para não aproveitar
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o toque do telefone.
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Mas é por isso que é preciso muito amor
e compaixão por nós mesmos.
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É preciso disciplina também,
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para dizer: "Isto é pela minha saúde,
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para agora e para os anos que virão.
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Este é um verdadeiro ato de amor,
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e não se trata de falar,
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mas de fazer isso neste momento."
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Isso é verdadeiramente um antídoto,
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é um remédio aqui e agora.