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A ciência por trás de um cabeçalho de jornal sobre o clima

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    Gostava de vos falar sobre a dimensão
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    do esforço científico que é necessário
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    para fazer os cabeçalhos
    que vemos nos jornais,
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    com este visual quando
    tratam de alterações climáticas,
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    e com este visual
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    quando tratam da qualidade do ar
    ou do smog.
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    São ambos ramos da mesma área
    — a ciência atmosférica.
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    Os cabeçalhos eram assim
    quando o Painel Intergovernamental
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    sobre Mudanças Climáticas, ou IPCC,
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    publicou um relatório sobre
    a nossa compreensão do sistema atmosférico.
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    O relatório foi escrito
    por 620 cientistas de 40 países.
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    Há cerca de 1000 páginas sobre o assunto.
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    Todas essas páginas foram revistas
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    por outros 400 cientistas
    e revisores, de 113 países.
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    É uma grande comunidade.
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    Tão grande que o nosso encontro anual
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    é o maior encontro mundial
    das ciências físicas.
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    Juntam-se mais de 15 mil cientistas
    em São Francisco todos os anos.
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    Cada cientista
    está num grupo de investigação,
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    cada grupo de investigação
    estuda uma larga variedade de tópicos.
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    Para nós, em Cambridge,
    vão desde a oscilação do El Niño,
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    que afeta o tempo e o clima,
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    até à assimilação de dados de satélite,
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    passando por emissões das colheitas
    para biocombustíveis, que é o que eu estudo.
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    Em cada uma destas áreas,
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    há estudantes de doutoramento, como eu.
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    Estudamos temas incrivelmente específicos,
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    tão específicos como alguns processos
    ou algumas moléculas.
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    Uma dessas moléculas que estudo
    chama-se isopreno e está aqui.
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    Provavelmente nunca ouviram falar
    desta pequena molécula orgânica.
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    O peso de um clipe de papel
    é quase igual a um número enorme,
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    1 seguido de 21 zeros,
    de moléculas de isopreno.
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    Mas apesar do seu peso pequeno
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    todos os anos é emitida para a atmosfera
    uma quantidade suficiente,
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    equivalente ao peso
    de todas as pessoas no planeta.
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    É uma enorme quantidade.
    É igual ao peso de metano.
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    Por isso, é muito importante
    para o sistema atmosférico.
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    Como é importante
    para o sistema atmosférico,
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    fazemos o que podemos
    para a estudar.
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    Explodimo-la
    e observamos os componentes,
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    Esta é a Câmara de Fumo EUPHORE
    em Espanha.
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    As explosões atmosféricas,
    ou combustão completa,
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    demoram cerca de 15 mil vezes
    mais do que no vosso carro.
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    Observamos os componentes.
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    Processamos modelos enormes
    em supercomputadores.
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    É isso que eu faço.
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    Os nossos modelos têm centenas
    de milhares de computadores em grelha,
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    a calcular centenas de variáveis cada,
    em escalas de tempo diminutas.
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    Levam semanas a realizar
    as integrações de dados.
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    Realizamos dezenas de integrações
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    para perceber o que está a acontecer.
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    Também viajamos por todo o mundo
    em busca do isopreno.
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    Recentemente, estive na Malásia.
    Noutros sítios também.
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    Encontrámos ali uma torre
    de vigia atmosférica global,
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    no meio da selva, e pendurámos nessa torre
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    centenas de milhares de dólares,
    em equipamento científico
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    para procurar isopreno e outras coisas.
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    Isto é a torre no meio da floresta,
    vista de cima.
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    E aqui, vista de baixo.
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    Durante parte desta expedição,
    até trouxemos um avião connosco.
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    Este avião, modelo BA146,
    que era operado pela FAAM,
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    transporta normalmente
    entre 120 a 130 pessoas.
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    Talvez tenham viajado num avião semelhante
    para cá chegarem hoje.
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    Mas não o usámos só para voar.
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    Estávamos 100 metros acima das árvores
    para medir esta molécula.
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    Extremamente perigoso.
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    Tivemos que voar com uma certa inclinação
    para fazer essas medições.
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    Contratámos pilotos militares
    e de teste para as manobras.
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    Quando chegamos às encostas dos vales,
    as forças podem chegar aos 2G.
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    Temos que estar muito bem seguros e presos
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    para fazer estas medições a bordo.
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    Como podem imaginar,
    este avião não se parece
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    com o avião que usamos para ir de férias.
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    É um laboratório voador que levámos
    para medirmos esta molécula no local.
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    Fazemos tudo isto para perceber
    a química de uma só molécula.
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    Quando uma estudante como eu
    tem inclinação por esta molécula
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    ou conhecimentos sobre ela,
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    escreve um artigo científico sobre ela.
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    Deste trabalho de campo,
    vamos talvez obter
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    umas dezenas de artigos
    sobre umas dezenas de moléculas.
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    À medida que o conhecimento aumenta,
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    formará uma subsecção,
    ou uma subsubsecção
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    de um grupo como o IPCC,
    embora tenhamos outros.
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    Cada uma das 11 secções do IPCC
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    tem 6 a 10 subsecções.
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    Podem imaginar o esforço necessário.
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    Em cada uma dessas avaliações
    que escrevemos,
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    adicionamos sempre um sumário.
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    O sumário é destinado
    a um público não-científico.
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    Damos esse sumário
    a jornalistas e políticos,
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    para que se façam cabeçalhos como estes.
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    Muito obrigada.
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    (Aplausos)
Title:
A ciência por trás de um cabeçalho de jornal sobre o clima
Speaker:
Rachel Pike
Description:

Em 4 minutos, a química atmosférica Rachel Pike dá-nos um vislumbre do grande esforço científico por trás dos cabeçalhos a negrito sobre a alteração climática, com a sua equipa — uma de milhares que contribuem — fazendo um voo arriscado sobre a floresta tropical em busca de dados sobre uma molécula chave.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
03:57
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The science behind a climate headline
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The science behind a climate headline
Sérgio Lopes added a translation

Portuguese subtitles

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