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Karen Armstrong: Vamos reviver a Regra de Ouro

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    Por anos me senti frustrada
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    porque, como historiadora da religião,
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    percebi nitidamente
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    a centralidade da compaixão
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    nas principais religiões em todo o mundo.
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    Cada uma delas
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    desenvolveu sua própria versão
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    do que chamamos de Regra de Ouro
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    As vezes aparece numa versão positiva:
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    "Sempre trate os outros como você gostaria de ser tratado."
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    E, igualmente importante
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    em sua versão negativa:
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    "Não faça aos outros o que não gostaria que fizessem com você."
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    Olhe para o seu próprio coração.
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    Descubra o que é que te causa dor.
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    Então recuse, em qualquer circunstância
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    causar essa dor a qualquer outra pessoa.
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    As pessoas vêm enfatizando a importância da compaixão
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    não só porque soa bem,
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    mas porque funciona.
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    As pessoas vêm descobrindo que
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    quando implementam a Regra de Ouro
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    como diz Confúcio, "todo o dia e todos os dias,"
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    não somente fazendo sua boa ação do dia
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    para voltar a uma vida de ganância
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    e egoísmo.
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    Mas quando você a incorpora todo o dia e todos os dias,
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    você destrona a si mesmo do centro do seu mundo,
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    e põe outro lá, transcendendo a si mesmo
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    Isso leva você à presença
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    do que é chamado Deus, Nirvana, Râma, Tao.
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    Algo que vai além
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    do que conhecemos em nossa existência egocêntrica.
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    Mas você sabe que várias vezes você não percebe
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    que isto é tão central à vida religiosa.
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    Porque, salvo exceções maravilhosas,
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    freqüentemente, quando pessoas religiosas se encontram,
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    líderes religiosos se encontram, eles debatem doutrinas obscuras
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    ou então manifestam conselhos de ódio
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    ou de repulsa contra homossexualidade ou coisas do gênero.
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    Freqüentemente as pessoas não querem sem compassivas.
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    As vezes vejo
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    quando estou palestrando a uma congregação de pessoas religosas
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    uma espécie de reação muda cruzando seus rostos
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    porque ao invés disso as pessoas preferem ter razão.
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    O que, é claro, derrota o objeto desse exercício.
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    Por que me senti tão grata ao TED?
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    Porque me tiraram gentilmente
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    dos meus estudos guiados por livros
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    e me trouxeram ao século XXI,
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    possibilitando que eu falasse a uma audiência muito, muito mais ampla
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    do que eu jamais poderia imaginar.
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    Porque sinto urgência em relação a esse assunto.
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    Se não conseguirmos implementar
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    a Regra de Ouro globalmente,
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    de modo que tratemos todas as pessoas, onde quer que estejam e quem quer que sejam,
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    como se fossem tão importantes quanto nós,
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    eu duvido que tenhamos
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    um mundo viável para passar à próxima geração.
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    A tarefa do nosso tempo,
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    uma das maiores tarefas do nosso tempo,
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    é construir uma sociedade global, como disse,
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    onde as pessoas consigam viver juntas em paz.
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    E a religião, que deveria exercer uma importante contribuição
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    é ao invés disso parte do problema.
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    E é claro que não são apenas pessoas religiosas que acreditam na Regra de Ouro.
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    É a origem de toda a moralidade.
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    Esse ato criativo de empatia,
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    colocando-se no lugar do outro.
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    Então me parece que temos uma escolha.
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    Ou continuamos expondo e enfatizando
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    os aspectos dogmáticos e intolerantes da nossa fé,
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    ou podemos nos voltar para os rabinos
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    Rabino Hillel, contemporâneo a Jesus,
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    que, quando desafiado por um pagão
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    para resumir todo o ensinamento Judaico enquanto se apoiava em uma só perna
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    disse, "Aquilo que é odioso para ti, não faças a teu vizinho.
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    Essa é a Torah inteira, todo o resto é comentário."
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    E aos rabinos e patriarcas da Igreja quando disseram que
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    qualquer interpretação das escrituras
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    que suscite ódio e desdém é ilegítima.
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    E nós precisamos reviver essa atitude.
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    O que não acontecerá apenas
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    por causa de um espírito arrebatador.
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    Temos que fazer isso acontecer,
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    e podemos fazê-lo
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    com os meios de comunicação modernos
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    que o TED introduziu.
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    Já fiquei tremendamente comovida
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    por todas as respostas de nossos parceiros.
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    Em Singapura temos um grupo
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    que usará a carta para curar divisões
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    que recentemente abateram a sociedade de Singapura,
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    e alguns membros do parlamento desejam
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    implementá-la politicamente.
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    Na Malásia haverá uma exposição
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    na qual artistas renomados estarão
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    levando pessoas, jovens,
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    e mostrando que a compaixão também está
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    na raiz de toda a arte.
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    Por toda a Europa, as comunidades muçulmanas
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    estão promovendo eventos e discussões
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    falando da centralidade da compaixão
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    no Islã e em todas as religiões.
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    Mas não pode parar por aí. Não pode parar no lançamento.
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    Ensino religioso, é aí que erramos tão feio,
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    concentrando em crenças e doutrinas complicadas.
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    O ensino religioso deve sempre levar à ação.
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    E eu pretendo trabalhar nisto até o dia da minha morte.
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    E quero continuar com nossos parceiros
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    para fazer duas coisas:
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    educar e estimular o pensamento compassivo.
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    Educação, porque desistimos
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    tão intensamente da compaixão.
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    Pessoas pensam frequentemente que significa simplesmente
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    sentir pena por alguém.
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    Mas, é claro, você não entenderá a compaixão
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    se só ficar pensando nela.
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    Você precisa praticá-la.
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    Quero que envolvam a mídia
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    porque ela é crucial
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    para ajudar a dissolver algumas visões estereotipadas
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    que temos de outras pessoas,
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    nos afastando uns dos outros.
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    O mesmo se aplica aos educadores.
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    E gostaria que a juventude sentisse
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    o dinamismo, a dinâmica e o desafio
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    de um estilo de vida compassivo.
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    E veja que isto demanda inteligência,
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    não um sentimento grudento.
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    Gostaria de fazer um chamado aos acadêmicos para explorarem
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    o tema da compaixão
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    na sua tradição e em tradições distintas.
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    E, talvez, acima de tudo,
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    a encorajar a sensibilidade sobre
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    o discurso incompassivo.
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    Quando as pessoas tiverem essa carta,
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    apesar de suas crenças ou falta delas,
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    elas se sentirão fortalecidas
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    para desafiar o discurso incompassivo,
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    posições desdenhosas
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    de seus líderes religiosos, líderes políticos,
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    de donos de indústrias
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    Porque podemos mudar o mundo,
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    nós temos a habilidade.
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    Eu jamais teria pensado em pôr a carta na internet.
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    Eu estava presa no mundo antigo
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    de um monte de pesquisadores sentados numa sala
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    publicando discursos arcaicos.
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    e TED me apresentou a uma maneira totalmente diferente
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    de pensar e apresentar idéias.
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    Porque isso é que é tão maravilhosos sobre o TED.
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    Nessa sala, com todos esses especialistas,
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    se nos unirmos
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    podemos mudar o mundo.
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    E, é claro, os problemas as vezes parecem insuperáveis.
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    Mas gostaria de fazer uma citação antes do fim
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    com uma referência de um autor britânico, de Oxford
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    que não cito freqüentemente,
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    C.S. Lewis.
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    Mas ele escreveu algo que ficou na minha mente
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    desde que li, quando estava na escola.
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    Está no seu livro Os Quatro Amores.
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    Ele disse que distinguia ente amor erótico,
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    quando duas pessoas flertam, encantadas, olho no olho.
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    E então ele comparou isso à amizade.
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    Quando duas pessoas ficam lado a lado, ombro a ombro,
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    com seus olhos fixos num objetivo comum.
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    Não precisamos nos apaixonar uns pelos outros,
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    mas podemos nos tornar amigos.
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    E estou convencida.
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    Sinto intensamente
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    durante nossa pequena conversa em Vevey, Suíça,
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    que quando pessoas de diferentes convicções
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    unem-se, trabalhando lado a lado
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    por um mesmo objetivo,
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    as diferenças se desmancham.
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    E aprendemos a amistosidade
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    E aprendemos a viver juntos e conhecer uns aos outros.
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    Muito obrigada.
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    (Aplauso)
Title:
Karen Armstrong: Vamos reviver a Regra de Ouro
Speaker:
Karen Armstrong
Description:

Faltando poucas semanas para o lançamento da Carta para Compaixão, Karen Armstrong avalia o papel da religião no século XXI: Seus dogmas nos dividirão? Ou nos unirão para um bem comum? Ela revisa os catalisadores que poderão conduzir fiéis de todo o mundo a redescobrir a Regra de Ouro.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
09:36
Elisa Hoerlle added a translation

Portuguese, Brazilian subtitles

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