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A verdade nua e crua: a imagem da mulher na publicidade | Jean Kilbourne | TEDxLafayetteCollege

  • 0:19 - 0:23
    Comecei a colecionar anúncios e a falar
    sobre a imagem da mulher na publicidade
  • 0:23 - 0:25
    no final dos anos 60.
  • 0:25 - 0:28
    Tanto quanto sei,
    fui a primeira pessoa a fazer isso.
  • 0:28 - 0:32
    Rasgava os anúncios das revistas,
    colava-os no meu frigorífico
  • 0:32 - 0:34
    e a pouco e pouco comecei a ver
    um padrão nos anúncios,
  • 0:34 - 0:38
    uma espécie de declaração sobre
    o que significa ser uma mulher na cultura.
  • 0:38 - 0:42
    Organizei uma apresentação de diapositivos
    e comecei a viajar pelo país.
  • 0:42 - 0:45
    Em 1979, fiz o meu primeiro filme
  • 0:45 - 0:47
    "Killing Us Softly:
    Advertising's Image of Women","
  • 0:47 - 0:49
    [Morte lenta:
    Imagem da Mulher na Publicidade]
  • 0:49 - 0:52
    que já refiz três vezes desde então.
  • 0:52 - 0:54
    Estes eram alguns dos anúncios
    na minha coleção inicial,
  • 0:54 - 0:56
    há já muito tempo.
  • 0:56 - 0:59
    "O odor feminino é um problema
    de toda a gente".
  • 1:01 - 1:05
    "Se o teu cabelo não é bonito,
    o resto pouco interessa".
  • 1:06 - 1:09
    "Querida, o teu desodorizante não presta".
  • 1:11 - 1:15
    "Provavelmente hoje não estaria casada,
    se não tivesse perdido 25 kg".
  • 1:15 - 1:19
    Uma mulher disse-me que este era o melhor
    reclamo à gordura que ela já tinha visto.
  • 1:19 - 1:20
    (Risos)
  • 1:20 - 1:23
    Hoje, vou fazer uma versão
    muito abreviada desta palestra
  • 1:23 - 1:27
    mas quero começar com a pergunta
    que mais frequentemente me fazem:
  • 1:27 - 1:29
    "Como é que se meteu nisto?
    O que é que a motivou?"
  • 1:29 - 1:32
    Houve muitos fatores na minha vida
    que despertaram o meu interesse.
  • 1:32 - 1:35
    Comecei a ser ativa na segunda vaga
    do movimento das mulheres
  • 1:35 - 1:38
    no final dos anos 60.
  • 1:38 - 1:39
    Eu trabalhava na comunicação social.
  • 1:39 - 1:43
    Passei um ano em Londres
    a trabalhar para a BBC
  • 1:43 - 1:46
    e um ano em Paris a trabalhar
    para uma empresa de cinema francesa.
  • 1:46 - 1:50
    Isto parece muito mais fascinante
    do que era — eu era secretária.
  • 1:50 - 1:53
    Nessa época, as opções para as mulheres
    eram muito limitadas.
  • 1:53 - 1:56
    Fui secretária, fui empregada de mesa,
  • 1:56 - 1:59
    mas tive outra opção
    de que raras vezes falo.
  • 1:59 - 2:03
    Fui encorajada a entrar
    em concursos de beleza e a ser modelo.
  • 2:03 - 2:06
    Isto está muito bem feito
    para parecer que eu tinha ganho.
  • 2:06 - 2:08
    Na verdade, fiquei em segundo lugar.
  • 2:09 - 2:10
    Este foi o meu primeiro anúncio.
  • 2:10 - 2:14
    Penso que o carro revela
    há que tempos que isso foi.
  • 2:15 - 2:17
    E este saiu num jornal londrino.
  • 2:18 - 2:20
    Ser modelo, naquela época,
    era uma das poucas maneiras
  • 2:20 - 2:22
    em que uma mulher podia ganhar dinheiro.
  • 2:22 - 2:24
    Era muito sedutor
  • 2:24 - 2:27
    mas, para mim, também
    era alienatório, era arrasador.
  • 2:27 - 2:31
    Havia muito assédio sexual
    naquele território,
  • 2:31 - 2:32
    por isso não continuei nessa via.
  • 2:32 - 2:35
    Mas fiquei com um interesse
    para toda a vida
  • 2:35 - 2:39
    sobre toda essa ideia
    da beleza e do poder da imagem.
  • 2:39 - 2:44
    Desde essa época, a publicidade tornou-se
    mais alargada, mais poderosa
  • 2:44 - 2:47
    e mais sofisticada do que nunca.
  • 2:47 - 2:51
    Bebés de seis meses
    reconhecem logotipos de empresas
  • 2:51 - 2:56
    e os publicitários começam agora
    a visar as crianças dessa idade.
  • 2:56 - 2:59
    Simultaneamente, quase toda a gente acha
  • 2:59 - 3:02
    que está imune à influência da publicidade.
  • 3:02 - 3:05
    Onde quer que eu vá,
    aquilo que eu mais oiço é:
  • 3:05 - 3:08
    "Eu não presto atenção aos anúncios.
    Corto-lhes o som.
  • 3:08 - 3:09
    "Não me influenciam".
  • 3:09 - 3:12
    Oiço isto sobretudo das pessoas
    que usam "T-shirts" Abercrombie,
  • 3:12 - 3:14
    mas isso é outra história.
  • 3:14 - 3:16
    (Risos)
  • 3:16 - 3:19
    A influência da publicidade
    é rápida, cumulativa
  • 3:19 - 3:21
    e, na sua maior parte, subconsciente.
  • 3:21 - 3:24
    A publicidade vende mais do que produtos.
  • 3:24 - 3:27
    Claro que, nestes anos todos,
    percorremos um longo caminho.
  • 3:27 - 3:30
    Mas, na minha perspetiva
    de mais de 40 anos,
  • 3:30 - 3:33
    a imagem da mulher
    na publicidade está pior do que nunca.
  • 3:33 - 3:36
    A pressão sobre as mulheres
    para serem jovens, delgadas, belas
  • 3:36 - 3:38
    é mais intensa do que nunca.
  • 3:38 - 3:40
    Sempre foi impossível.
  • 3:40 - 3:43
    Há anos, a supermodelo
    Cindy Crawford disse:
  • 3:43 - 3:46
    "Gostava de me parecer
    com a Cindy Crawford".
  • 3:46 - 3:48
    Claro que não podia,
    ninguém pode ter aquele aspeto.
  • 3:48 - 3:53
    Mas hoje é sobretudo impossível
    por causa da magia do Photoshop,
  • 3:53 - 3:56
    que pode transformar esta mulher...
    nesta mulher
  • 3:56 - 4:00
    e depois tentar que a gente acredite
    que há um creme antirrugas que faz isto.
  • 4:00 - 4:02
    Ora bem, ela é uma mulher bonita
  • 4:02 - 4:05
    mas na nossa cultura as mulheres
    mais velhas só são consideradas atrativas
  • 4:05 - 4:08
    se continuarem a ter
    um aspeto impossível de jovens.
  • 4:08 - 4:13
    Aprendemos a ler as caras dos homens
    e das mulheres de modo diferente.
  • 4:13 - 4:17
    Temos aqui Brad Pitt e a antiga
    supermodelo Linda Evangelista,
  • 4:17 - 4:21
    mais ou menos da mesma idade,
    cada um deles num anúncio da Chanel.
  • 4:21 - 4:25
    Ele tem o aspeto dum ser humano
    e ela está transformada num boneco.
  • 4:26 - 4:30
    Por vezes, aqui e ali,
    há uma celebridade que resiste.
  • 4:30 - 4:33
    Talvez saibam que, ainda esta semana,
    a Lorde enviou um "tweet"
  • 4:33 - 4:35
    com uma fotografia sem retoques,
  • 4:35 - 4:38
    por baixo da versão
    trabalhada em Photoshop, e escreveu:
  • 4:38 - 4:41
    "Não se esqueçam, os defeitos são ok".
  • 4:41 - 4:44
    Ainda bem para ela,
    mas isto não acontece muitas vezes.
  • 4:45 - 4:46
    Os homens também são retocados,
  • 4:46 - 4:49
    mas, quando são retocados,
    é para os tornar maiores.
  • 4:49 - 4:53
    Roddick fartou-se de rir quando viu
    os braços volumosos nesta foto de capa
  • 4:53 - 4:56
    e sugeriu que deviam ser devolvidos
    ao homem a quem eles pertenciam.
  • 4:56 - 4:58
    (Risos)
  • 4:58 - 5:02
    A obsessão com a magreza
    é pior do que nunca por causa do Photoshop.
  • 5:02 - 5:06
    Esta tem a cabeça maior do que o pélvis,
    o que é anatomicamente impossível.
  • 5:06 - 5:07
    (Risos)
  • 5:07 - 5:11
    O modelo real para este anúncio
    foi despedida por estar gorda demais
  • 5:11 - 5:15
    e usaram o Photoshop
    para criar esta imagem excêntrica.
  • 5:15 - 5:17
    Mais recentemente, usaram o Photoshop
  • 5:17 - 5:20
    para eliminar
    o temível intervalo entre coxas.
  • 5:20 - 5:24
    Infelizmente, também eliminaram
    uma parte importante do corpo dela.
  • 5:24 - 5:25
    (Risos)
  • 5:25 - 5:28
    A imagem é impossível para toda a gente
  • 5:28 - 5:30
    mas muito em especial
    para mulheres de cor
  • 5:30 - 5:35
    que só são consideradas bonitas
    se se parecerem com o ideal branco:
  • 5:35 - 5:40
    pele clara, cabelo liso,
    feições caucasianas, olhos redondos.
  • 5:40 - 5:43
    Até a pele da Beyonce
    está mais clara neste anúncio.
  • 5:44 - 5:49
    A imagem não é real. É artificial.
    É uma montagem. É impossível.
  • 5:49 - 5:53
    Mas as mulheres e raparigas reais
    comparam-se com ela todos os dias.
  • 5:54 - 5:56
    Claro que isto afeta
    a autoestima feminina
  • 5:56 - 6:01
    e afeta o modo como os homens
    apreciam as mulheres reais na sua vida.
  • 6:04 - 6:06
    O corpo da mulher
    é desmembrado nos anúncios,
  • 6:06 - 6:09
    anúncio após anúncio,
    para todo o tipo de produtos,
  • 6:09 - 6:12
    e por vezes, o corpo não só é desmembrado
  • 6:12 - 6:13
    como é insultado.
  • 6:13 - 6:16
    Como neste anúncio espantoso
    que apareceu há uns bons anos
  • 6:16 - 6:18
    em muitas revistas femininas
    e para adolescentes.
  • 6:18 - 6:21
    Este é o anúncio completo
    e vou ler-vos o que diz:
  • 6:21 - 6:24
    "O seu peito pode ser grande demais,
    caído demais, descarado demais,
  • 6:24 - 6:28
    "chato demais, cheio demais, junto demais,
    separado demais, desequilibrado demais,
  • 6:28 - 6:32
    "curvilíneo demais, pálido demais,
    acolchoado demais, pontiagudo demais,
  • 6:32 - 6:36
    "suspenso demais, ou parecer apenas
    duas picadas de mosquito,
  • 6:36 - 6:38
    "mas com os produtos Dep
  • 6:38 - 6:41
    "pelo menos pode ter o cabelo
    que sempre quis ter".
  • 6:41 - 6:42
    (Risos)
  • 6:42 - 6:45
    É ridículo, mas apareceu
    em revistas para adolescentes.
  • 6:45 - 6:48
    Estas revistas destinam-se
    a raparigas de 12 anos.
  • 6:48 - 6:51
    Estão a dizer às miúdas de 12 anos:
    "Os teus seios nunca estarão Ok".
  • 6:51 - 6:54
    Estas raparigas tão novas
    já estão a receber a mensagem
  • 6:54 - 6:57
    de que têm que ser incrivelmente
    elegantes, belas, sensuais.
  • 6:57 - 6:59
    mas que inevitavelmente vão falhar.
  • 6:59 - 7:03
    Porque não há hipótese de chegar
    a este ideal impossível.
  • 7:03 - 7:06
    A autoestima das raparigas nos EUA
    geralmente cai a pique
  • 7:06 - 7:08
    quando elas atingem a adolescência.
  • 7:08 - 7:11
    As raparigas geralmente sentem-se bem
    na sua pele quando têm 8, 9, 10 anos.
  • 7:11 - 7:14
    Mas chegam à adolescência
    e esbarram num muro.
  • 7:14 - 7:15
    Uma parte desse muro é sem dúvida
  • 7:15 - 7:18
    esta terrível ênfase na perfeição física.
  • 7:19 - 7:22
    O corpo do homem raras vezes
    é desmembrado nos anúncios.
  • 7:22 - 7:25
    É mais do que dantes, mas continua
    a aparecer como um choque.
  • 7:25 - 7:28
    Este anúncio apareceu há uns 20 anos,
    na Vanity Fair,
  • 7:28 - 7:31
    — são todos dos "media" nacionais
    mais importantes.
  • 7:31 - 7:34
    Foi um dos primeiros exemplos
    de transformar o homem num objeto sexual.
  • 7:34 - 7:37
    Mas, quando este anúncio
    apareceu, há uns 20 anos,
  • 7:37 - 7:39
    o anúncio foi tão chocante
  • 7:39 - 7:42
    que o próprio anúncio mereceu
    uma cobertura nacional dos "media".
  • 7:42 - 7:45
    Foi uma coisa boa,
    teve uma boa cobertura, suponho.
  • 7:45 - 7:47
    (Risos)
  • 7:47 - 7:49
    Os repórteres ligaram-me de todo o país.
  • 7:49 - 7:52
    "Já viu? Estão a fazer aos homens
    o mesmo que fazem às mulheres".
  • 7:52 - 7:54
    Bem, não é bem assim.
  • 7:54 - 7:57
    Estariam a fazer aos homens
    o mesmo que fazem às mulheres
  • 7:57 - 8:00
    se copiassem um anúncio
    mais ou menos assim:
  • 8:00 - 8:04
    "O seu pénis pode ser pequeno demais,
    flácido demais, caído demais, torto demais,
  • 8:04 - 8:07
    "fino demais, gordo demais,
    pálido demais, pontiagudo demais,
  • 8:07 - 8:11
    grosseiro demais, ou ter apenas 5 cm...
  • 8:11 - 8:12
    (Risos)
  • 8:15 - 8:17
    ".... mas, pelo menos,
    pode ter uns "jeans" ótimos".
  • 8:17 - 8:19
    (Risos)
  • 8:20 - 8:22
    Nunca acontecerá, nem deve acontecer.
  • 8:22 - 8:25
    Acreditem, não é esse tipo
    de igualdade que eu defendo.
  • 8:25 - 8:28
    Não quero que façam aos homens
    o mesmo que fazem às mulheres.
  • 8:28 - 8:31
    Mas podemos aprender
    uma coisa com estes dois anúncios.
  • 8:31 - 8:33
    Um deles existiu, o outro nunca existiria.
  • 8:33 - 8:35
    O que nos mostram, muito concretamente,
  • 8:35 - 8:38
    é que os homens e as mulheres
    vivem em mundos muito diferentes.
  • 8:38 - 8:41
    Os homens, normalmente,
    não vivem num mundo em que...
  • 8:41 - 8:44
    — é melhor mudar para outro —
  • 8:44 - 8:47
    Claro que há estereótipos
    que prejudicam os homens,
  • 8:47 - 8:50
    mas normalmente são menos pessoais,
    menos relacionados com o corpo.
  • 8:50 - 8:54
    No entanto, os homens estão a ser
    mais coisificados do que antigamente,
  • 8:54 - 8:57
    mas não há consequências que daí resultem.
  • 8:57 - 8:59
    Os homens não vivem num mundo
    em que estejam sujeitos
  • 8:59 - 9:01
    a violações, assédios ou espancamentos.
  • 9:01 - 9:04
    Pelo menos, os homens brancos
    hetero não vivem nesse mundo.
  • 9:04 - 9:06
    enquanto que as mulheres vivem.
  • 9:06 - 9:09
    Quando as mulheres são coisificadas,
    há sempre a ameaça da violência sexual.
  • 9:09 - 9:13
    Há sempre intimidação,
    há sempre a possibilidade de perigo.
  • 9:13 - 9:16
    As mulheres vivem num mundo
    definido por essa ameaça,
  • 9:16 - 9:19
    enquanto os homens não.
  • 9:21 - 9:23
    A linguagem corporal das mulheres
  • 9:23 - 9:26
    mantém-se passiva, vulnerável,
    submissa e muito diferente
  • 9:26 - 9:29
    da linguagem corporal
    dos homens e dos rapazes.
  • 9:29 - 9:31
    Provavelmente a melhor maneira
    de ilustrar isto
  • 9:31 - 9:34
    é pôr um homem numa pose
    tradicionalmente feminina:
  • 9:34 - 9:38
    torna-se obviamente trivial e absurda.
  • 9:38 - 9:41
    As mulheres são frequentemente
    infantilizadas nos anúncios,
  • 9:41 - 9:43
    e, cada vez mais,
    as rapariguinhas são sexualizadas.
  • 9:43 - 9:45
    Há décadas que ando a falar nisto.
  • 9:45 - 9:48
    Escrevi um livro sobre isto,
    e as coisas estão a piorar.
  • 9:48 - 9:50
    Esta miúda tem 9 anos.
  • 9:50 - 9:52
    Isto está a acontecer numa cultura
  • 9:52 - 9:55
    em que há um amplo
    abuso sexual de crianças.
  • 9:56 - 9:58
    Imagens como esta não causam
    qualquer problema,
  • 9:58 - 10:02
    mas certamente normalizam atitudes
    muito perigosas para com crianças.
  • 10:03 - 10:06
    Vendem-se sutiãs almofadados
    e cuecas fio dental para 7 anos
  • 10:06 - 10:08
    nos grandes armazéns.
  • 10:08 - 10:11
    E o produto mais recente?
    Sapatos de salto alto para bebés.
  • 10:11 - 10:13
    Para não deixar os rapazes de fora,
  • 10:13 - 10:17
    também há "T-shirts" para crianças
    com inscrições como "Esquadrão de Chulos".
  • 10:17 - 10:18
    (Risos)
  • 10:18 - 10:22
    Assim, os rapazes também são sexualizados,
    embora de maneira diferente das raparigas.
  • 10:22 - 10:25
    Os rapazes são encorajados a olhar
    para as raparigas como objetos sexuais,
  • 10:25 - 10:28
    os rapazes são encorajados
    a serem precoces sexualmente,
  • 10:28 - 10:32
    os rapazes aprendem
    a serem durões e invulneráveis,
  • 10:32 - 10:34
    praticamente desde a infância.
  • 10:35 - 10:38
    No fundo, nós aceitamos
    que os nossos filhos sejam sexualizados,
  • 10:38 - 10:40
    mas recusamo-nos a educá-los
    quanto ao sexo.
  • 10:40 - 10:44
    Os EUA são a única nação
    desenvolvida do mundo
  • 10:44 - 10:46
    que não ensina
    educação sexual nas escolas.
  • 10:46 - 10:49
    Mas as nossas crianças
    recebem educação sexual;
  • 10:49 - 10:51
    recebem doses maciças,
  • 10:51 - 10:55
    mas recebem-nas da publicidade,
    dos "media", da cultura popular.
  • 10:55 - 10:58
    Este é um anúncio de "jeans",
    embora pareça que falta qualquer coisa.
  • 10:59 - 11:00
    Mas, para cada um destes anúncios,
  • 11:00 - 11:04
    para produtos internacionais importantes,
    nos "media" predominantes,
  • 11:04 - 11:05
    — muito gráfico —
  • 11:05 - 11:07
    o problema não é o sexo,
  • 11:07 - 11:12
    é a atitude pornográfica da cultura
    em relação ao sexo, a banalização do sexo.
  • 11:12 - 11:15
    Em parte alguma o sexo é mais banalizado
    do que na publicidade,
  • 11:15 - 11:18
    onde, por definição,
    é usado para vender tudo.
  • 11:19 - 11:23
    "Dê-lhe o que lhe der esta noite,
    ele apreciá-lo mais, com arroz".
  • 11:23 - 11:25
    Não me considero especialmente ingénua,
  • 11:25 - 11:28
    mas ainda não percebi
    que diabo fazemos com arroz.
  • 11:28 - 11:29
    (Risos)
  • 11:30 - 11:32
    Talvez seja arroz selvagem.
  • 11:32 - 11:33
    (Risos)
  • 11:33 - 11:37
    Uma mulher gritou que só esperava
    que não fosse Arroz Instantâneo.
  • 11:37 - 11:38
    (Risos)
  • 11:39 - 11:41
    Isto é um anúncio antigo,
    e vocês podem dizer:
  • 11:41 - 11:43
    "O sexo sempre serviu para vender",
    e é verdade.
  • 11:43 - 11:48
    Mas hoje é mais gráfico
    e mais pornográfico do que nunca.
  • 11:49 - 11:52
    Só para ilustrar isso,
    vou mostrar um antigo anúncio
  • 11:52 - 11:55
    — é um antigo anúncio
    que usa o sexo para vender comida —
  • 11:55 - 11:58
    é este aqui, o Burger King.
  • 11:58 - 12:01
    "O super equipamento de 18 cm.
    Vai fazer explodir a tua cabeça".
  • 12:01 - 12:05
    E para um produto corrente,
    como este aqui.
  • 12:05 - 12:12
    Acho que todas estas imagens,
    são profundamente anti-eróticas,
  • 12:12 - 12:14
    porque na publicidade
    e na cultura popular,
  • 12:14 - 12:17
    a sexualidade só pertence
    aos jovens e aos belos.
  • 12:17 - 12:21
    Se não formos jovens e de aspeto perfeito,
    não temos sexualidade.
  • 12:21 - 12:24
    Isto faz com que a maior parte das pessoas
    se sintam menos desejáveis.
  • 12:24 - 12:28
    Como é que uma mulher pode sentir-se
    sensual, se odeia o seu corpo?
  • 12:29 - 12:33
    A Internet deu-nos hoje
    um acesso fácil à pornografia.
  • 12:33 - 12:36
    À medida que a porno se torna
    mais acessível e mais aceitável,
  • 12:36 - 12:39
    a linguagem e as imagens pornográficas
    tornam-se generalizadas.
  • 12:39 - 12:42
    As jovens celebridades competem
    com as estrelas porno
  • 12:42 - 12:47
    e hoje há bonecas dançarinas de varão
    para oferecer à nossa filha.
  • 12:47 - 12:49
    As raparigas são encorajadas
    a apresentar-se
  • 12:49 - 12:52
    como estrelas de "striptease"
    e de pornografia,
  • 12:52 - 12:55
    a rapar os pelos púbicos,
    e a estar sexualmente disponíveis
  • 12:55 - 12:57
    enquanto pouco ou nada esperam em troca,
  • 12:57 - 12:59
    Ao mesmo tempo, são insultadas:
  • 12:59 - 13:02
    "Sabe bem. Escorrega que é uma maravilha ".
  • 13:02 - 13:05
    À medida que as raparigas aprendem
  • 13:05 - 13:09
    que o seu comportamento sexual
    é uma coisa gratificante,
  • 13:09 - 13:13
    aprendem a sexualizar-se,
    a considerarem-se como objetos.
  • 13:13 - 13:17
    Estas imagens causam grandes prejuízos
    às raparigas e mulheres reais.
  • 13:17 - 13:21
    As raparigas expostas
    a imagens sexualizadas, desde tenra idade,
  • 13:21 - 13:25
    sofrem mais de distúrbios alimentares,
    depressões e baixa autoestima.
  • 13:26 - 13:29
    Inevitavelmente,
    a coisificação leva à violência,
  • 13:29 - 13:32
    e isso também se tornou mais extremo.
  • 13:32 - 13:36
    A publicidade frequentemente
    normaliza e banaliza o espancamento,
  • 13:36 - 13:40
    o ataque sexual, e até mesmo o assassínio.
  • 13:40 - 13:43
    Na verdade a maioria dos homens
    não são violentos.
  • 13:43 - 13:45
    Na sua esmagadora maioria
    não são violentos.
  • 13:45 - 13:49
    Mas há muitos homens com medo de falar,
    com medo de apoiar as mulheres
  • 13:49 - 13:51
    e com medo de enfrentar outros homens.
  • 13:51 - 13:54
    Tenho uma grande admiração
    pelos homens que fazem isso.
  • 13:54 - 13:58
    Estes anúncios não provocam diretamente
    a violência contra as mulheres,
  • 13:58 - 14:00
    mas normalizam atitudes perigosas.
  • 14:00 - 14:04
    Criam um clima em que as mulheres
    são vistas como coisas, como objetos.
  • 14:04 - 14:07
    Claro que transformar
    um ser humano numa coisa
  • 14:07 - 14:09
    é quase sempre o primeiro passo
  • 14:09 - 14:12
    para justificar a violência
    contra essa pessoa,
  • 14:12 - 14:16
    e esse passo está sempre a ser dado
    com as mulheres e as raparigas.
  • 14:16 - 14:21
    Portanto, a violência, o abuso, é em parte
    o resultado horripilante, mas lógico,
  • 14:21 - 14:23
    deste tipo de coisificação.
  • 14:24 - 14:27
    Em todos estes aspetos,
    as coisas pioraram,
  • 14:27 - 14:29
    mas num aspeto importante,
    melhoraram muito.
  • 14:29 - 14:31
    Eu já não estou sozinha,
  • 14:31 - 14:35
    Há montes de filmes,
    centenas de filmes, e de livros,
  • 14:35 - 14:38
    de organizações,
    como a Brave Girls Alliance
  • 14:38 - 14:41
    que recentemente organizou
    um grande evento em Times Square.
  • 14:41 - 14:44
    Ensina-se nas nossas escolas
    a literacia dos "media".
  • 14:44 - 14:47
    Há uma ação política
    a exercer-se em todo o mundo.
  • 14:47 - 14:50
    Tenho uma extensa lista de recursos
    no meu "website"
  • 14:50 - 14:52
    que lista montes destas coisas.
  • 14:52 - 14:57
    Sou inspirada por jovens ativistas,
    como Julia Blomm que, aos 14 anos,
  • 14:57 - 15:00
    lançou uma petição à revista Seventeen
  • 15:00 - 15:04
    pedindo-lhes para limitar
    o uso do Photoshop, e conseguiu.
  • 15:04 - 15:07
    Aqui ela está a festejar
    com algumas das suas aliadas.
  • 15:07 - 15:10
    Inspirou outras raparigas
    a fazer o mesmo.
  • 15:10 - 15:12
    Esta geração dá-me esperança.
  • 15:13 - 15:15
    Mas temos um longo caminho a percorrer.
  • 15:15 - 15:18
    As mudanças terão
    que ser profundas e globais
  • 15:18 - 15:22
    e dependerão de um público consciente,
    ativo e informado,
  • 15:22 - 15:26
    pessoas que se consideram
    sobretudo como cidadãos
  • 15:26 - 15:29
    e não como meros consumidores.
  • 15:29 - 15:31
    Todos nós somos afetados
    por estas imagens,
  • 15:31 - 15:34
    todos nós temos um interesse profundo
    em contestá-las.
  • 15:34 - 15:39
    Temos que criar um mundo melhor
    para nós e para os nossos filhos.
  • 15:40 - 15:44
    Ao fim destes anos todos,
    ainda tenho esperança de que o consigamos.
  • 15:44 - 15:46
    Muito obrigada.
  • 15:46 - 15:49
    (Aplausos)
Title:
A verdade nua e crua: a imagem da mulher na publicidade | Jean Kilbourne | TEDxLafayetteCollege
Description:

Esta palestra foi feita num evento local TEDx, produzido independentemente das Conferências TED.

A ativista pioneira e teórica cultural Jean Kilbourne há mais de 40 anos que tem vindo a estudar a imagem das mulheres na publicidade. Nesta palestra fulgurante, apaixonada e muito interessante, analisa as experiências que a inspiraram a criar esta nova área e ilustra vivamente como essas imagens nos afetam a todos. Nunca mais olharemos para um anúncio da mesma maneira.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
15:51

Portuguese subtitles

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