A verdade nua e crua: a imagem da mulher na publicidade | Jean Kilbourne | TEDxLafayetteCollege
-
0:19 - 0:23Comecei a colecionar anúncios e a falar
sobre a imagem da mulher na publicidade -
0:23 - 0:25no final dos anos 60.
-
0:25 - 0:28Tanto quanto sei,
fui a primeira pessoa a fazer isso. -
0:28 - 0:32Rasgava os anúncios das revistas,
colava-os no meu frigorífico -
0:32 - 0:34e a pouco e pouco comecei a ver
um padrão nos anúncios, -
0:34 - 0:38uma espécie de declaração sobre
o que significa ser uma mulher na cultura. -
0:38 - 0:42Organizei uma apresentação de diapositivos
e comecei a viajar pelo país. -
0:42 - 0:45Em 1979, fiz o meu primeiro filme
-
0:45 - 0:47"Killing Us Softly:
Advertising's Image of Women"," -
0:47 - 0:49[Morte lenta:
Imagem da Mulher na Publicidade] -
0:49 - 0:52que já refiz três vezes desde então.
-
0:52 - 0:54Estes eram alguns dos anúncios
na minha coleção inicial, -
0:54 - 0:56há já muito tempo.
-
0:56 - 0:59"O odor feminino é um problema
de toda a gente". -
1:01 - 1:05"Se o teu cabelo não é bonito,
o resto pouco interessa". -
1:06 - 1:09"Querida, o teu desodorizante não presta".
-
1:11 - 1:15"Provavelmente hoje não estaria casada,
se não tivesse perdido 25 kg". -
1:15 - 1:19Uma mulher disse-me que este era o melhor
reclamo à gordura que ela já tinha visto. -
1:19 - 1:20(Risos)
-
1:20 - 1:23Hoje, vou fazer uma versão
muito abreviada desta palestra -
1:23 - 1:27mas quero começar com a pergunta
que mais frequentemente me fazem: -
1:27 - 1:29"Como é que se meteu nisto?
O que é que a motivou?" -
1:29 - 1:32Houve muitos fatores na minha vida
que despertaram o meu interesse. -
1:32 - 1:35Comecei a ser ativa na segunda vaga
do movimento das mulheres -
1:35 - 1:38no final dos anos 60.
-
1:38 - 1:39Eu trabalhava na comunicação social.
-
1:39 - 1:43Passei um ano em Londres
a trabalhar para a BBC -
1:43 - 1:46e um ano em Paris a trabalhar
para uma empresa de cinema francesa. -
1:46 - 1:50Isto parece muito mais fascinante
do que era — eu era secretária. -
1:50 - 1:53Nessa época, as opções para as mulheres
eram muito limitadas. -
1:53 - 1:56Fui secretária, fui empregada de mesa,
-
1:56 - 1:59mas tive outra opção
de que raras vezes falo. -
1:59 - 2:03Fui encorajada a entrar
em concursos de beleza e a ser modelo. -
2:03 - 2:06Isto está muito bem feito
para parecer que eu tinha ganho. -
2:06 - 2:08Na verdade, fiquei em segundo lugar.
-
2:09 - 2:10Este foi o meu primeiro anúncio.
-
2:10 - 2:14Penso que o carro revela
há que tempos que isso foi. -
2:15 - 2:17E este saiu num jornal londrino.
-
2:18 - 2:20Ser modelo, naquela época,
era uma das poucas maneiras -
2:20 - 2:22em que uma mulher podia ganhar dinheiro.
-
2:22 - 2:24Era muito sedutor
-
2:24 - 2:27mas, para mim, também
era alienatório, era arrasador. -
2:27 - 2:31Havia muito assédio sexual
naquele território, -
2:31 - 2:32por isso não continuei nessa via.
-
2:32 - 2:35Mas fiquei com um interesse
para toda a vida -
2:35 - 2:39sobre toda essa ideia
da beleza e do poder da imagem. -
2:39 - 2:44Desde essa época, a publicidade tornou-se
mais alargada, mais poderosa -
2:44 - 2:47e mais sofisticada do que nunca.
-
2:47 - 2:51Bebés de seis meses
reconhecem logotipos de empresas -
2:51 - 2:56e os publicitários começam agora
a visar as crianças dessa idade. -
2:56 - 2:59Simultaneamente, quase toda a gente acha
-
2:59 - 3:02que está imune à influência da publicidade.
-
3:02 - 3:05Onde quer que eu vá,
aquilo que eu mais oiço é: -
3:05 - 3:08"Eu não presto atenção aos anúncios.
Corto-lhes o som. -
3:08 - 3:09"Não me influenciam".
-
3:09 - 3:12Oiço isto sobretudo das pessoas
que usam "T-shirts" Abercrombie, -
3:12 - 3:14mas isso é outra história.
-
3:14 - 3:16(Risos)
-
3:16 - 3:19A influência da publicidade
é rápida, cumulativa -
3:19 - 3:21e, na sua maior parte, subconsciente.
-
3:21 - 3:24A publicidade vende mais do que produtos.
-
3:24 - 3:27Claro que, nestes anos todos,
percorremos um longo caminho. -
3:27 - 3:30Mas, na minha perspetiva
de mais de 40 anos, -
3:30 - 3:33a imagem da mulher
na publicidade está pior do que nunca. -
3:33 - 3:36A pressão sobre as mulheres
para serem jovens, delgadas, belas -
3:36 - 3:38é mais intensa do que nunca.
-
3:38 - 3:40Sempre foi impossível.
-
3:40 - 3:43Há anos, a supermodelo
Cindy Crawford disse: -
3:43 - 3:46"Gostava de me parecer
com a Cindy Crawford". -
3:46 - 3:48Claro que não podia,
ninguém pode ter aquele aspeto. -
3:48 - 3:53Mas hoje é sobretudo impossível
por causa da magia do Photoshop, -
3:53 - 3:56que pode transformar esta mulher...
nesta mulher -
3:56 - 4:00e depois tentar que a gente acredite
que há um creme antirrugas que faz isto. -
4:00 - 4:02Ora bem, ela é uma mulher bonita
-
4:02 - 4:05mas na nossa cultura as mulheres
mais velhas só são consideradas atrativas -
4:05 - 4:08se continuarem a ter
um aspeto impossível de jovens. -
4:08 - 4:13Aprendemos a ler as caras dos homens
e das mulheres de modo diferente. -
4:13 - 4:17Temos aqui Brad Pitt e a antiga
supermodelo Linda Evangelista, -
4:17 - 4:21mais ou menos da mesma idade,
cada um deles num anúncio da Chanel. -
4:21 - 4:25Ele tem o aspeto dum ser humano
e ela está transformada num boneco. -
4:26 - 4:30Por vezes, aqui e ali,
há uma celebridade que resiste. -
4:30 - 4:33Talvez saibam que, ainda esta semana,
a Lorde enviou um "tweet" -
4:33 - 4:35com uma fotografia sem retoques,
-
4:35 - 4:38por baixo da versão
trabalhada em Photoshop, e escreveu: -
4:38 - 4:41"Não se esqueçam, os defeitos são ok".
-
4:41 - 4:44Ainda bem para ela,
mas isto não acontece muitas vezes. -
4:45 - 4:46Os homens também são retocados,
-
4:46 - 4:49mas, quando são retocados,
é para os tornar maiores. -
4:49 - 4:53Roddick fartou-se de rir quando viu
os braços volumosos nesta foto de capa -
4:53 - 4:56e sugeriu que deviam ser devolvidos
ao homem a quem eles pertenciam. -
4:56 - 4:58(Risos)
-
4:58 - 5:02A obsessão com a magreza
é pior do que nunca por causa do Photoshop. -
5:02 - 5:06Esta tem a cabeça maior do que o pélvis,
o que é anatomicamente impossível. -
5:06 - 5:07(Risos)
-
5:07 - 5:11O modelo real para este anúncio
foi despedida por estar gorda demais -
5:11 - 5:15e usaram o Photoshop
para criar esta imagem excêntrica. -
5:15 - 5:17Mais recentemente, usaram o Photoshop
-
5:17 - 5:20para eliminar
o temível intervalo entre coxas. -
5:20 - 5:24Infelizmente, também eliminaram
uma parte importante do corpo dela. -
5:24 - 5:25(Risos)
-
5:25 - 5:28A imagem é impossível para toda a gente
-
5:28 - 5:30mas muito em especial
para mulheres de cor -
5:30 - 5:35que só são consideradas bonitas
se se parecerem com o ideal branco: -
5:35 - 5:40pele clara, cabelo liso,
feições caucasianas, olhos redondos. -
5:40 - 5:43Até a pele da Beyonce
está mais clara neste anúncio. -
5:44 - 5:49A imagem não é real. É artificial.
É uma montagem. É impossível. -
5:49 - 5:53Mas as mulheres e raparigas reais
comparam-se com ela todos os dias. -
5:54 - 5:56Claro que isto afeta
a autoestima feminina -
5:56 - 6:01e afeta o modo como os homens
apreciam as mulheres reais na sua vida. -
6:04 - 6:06O corpo da mulher
é desmembrado nos anúncios, -
6:06 - 6:09anúncio após anúncio,
para todo o tipo de produtos, -
6:09 - 6:12e por vezes, o corpo não só é desmembrado
-
6:12 - 6:13como é insultado.
-
6:13 - 6:16Como neste anúncio espantoso
que apareceu há uns bons anos -
6:16 - 6:18em muitas revistas femininas
e para adolescentes. -
6:18 - 6:21Este é o anúncio completo
e vou ler-vos o que diz: -
6:21 - 6:24"O seu peito pode ser grande demais,
caído demais, descarado demais, -
6:24 - 6:28"chato demais, cheio demais, junto demais,
separado demais, desequilibrado demais, -
6:28 - 6:32"curvilíneo demais, pálido demais,
acolchoado demais, pontiagudo demais, -
6:32 - 6:36"suspenso demais, ou parecer apenas
duas picadas de mosquito, -
6:36 - 6:38"mas com os produtos Dep
-
6:38 - 6:41"pelo menos pode ter o cabelo
que sempre quis ter". -
6:41 - 6:42(Risos)
-
6:42 - 6:45É ridículo, mas apareceu
em revistas para adolescentes. -
6:45 - 6:48Estas revistas destinam-se
a raparigas de 12 anos. -
6:48 - 6:51Estão a dizer às miúdas de 12 anos:
"Os teus seios nunca estarão Ok". -
6:51 - 6:54Estas raparigas tão novas
já estão a receber a mensagem -
6:54 - 6:57de que têm que ser incrivelmente
elegantes, belas, sensuais. -
6:57 - 6:59mas que inevitavelmente vão falhar.
-
6:59 - 7:03Porque não há hipótese de chegar
a este ideal impossível. -
7:03 - 7:06A autoestima das raparigas nos EUA
geralmente cai a pique -
7:06 - 7:08quando elas atingem a adolescência.
-
7:08 - 7:11As raparigas geralmente sentem-se bem
na sua pele quando têm 8, 9, 10 anos. -
7:11 - 7:14Mas chegam à adolescência
e esbarram num muro. -
7:14 - 7:15Uma parte desse muro é sem dúvida
-
7:15 - 7:18esta terrível ênfase na perfeição física.
-
7:19 - 7:22O corpo do homem raras vezes
é desmembrado nos anúncios. -
7:22 - 7:25É mais do que dantes, mas continua
a aparecer como um choque. -
7:25 - 7:28Este anúncio apareceu há uns 20 anos,
na Vanity Fair, -
7:28 - 7:31— são todos dos "media" nacionais
mais importantes. -
7:31 - 7:34Foi um dos primeiros exemplos
de transformar o homem num objeto sexual. -
7:34 - 7:37Mas, quando este anúncio
apareceu, há uns 20 anos, -
7:37 - 7:39o anúncio foi tão chocante
-
7:39 - 7:42que o próprio anúncio mereceu
uma cobertura nacional dos "media". -
7:42 - 7:45Foi uma coisa boa,
teve uma boa cobertura, suponho. -
7:45 - 7:47(Risos)
-
7:47 - 7:49Os repórteres ligaram-me de todo o país.
-
7:49 - 7:52"Já viu? Estão a fazer aos homens
o mesmo que fazem às mulheres". -
7:52 - 7:54Bem, não é bem assim.
-
7:54 - 7:57Estariam a fazer aos homens
o mesmo que fazem às mulheres -
7:57 - 8:00se copiassem um anúncio
mais ou menos assim: -
8:00 - 8:04"O seu pénis pode ser pequeno demais,
flácido demais, caído demais, torto demais, -
8:04 - 8:07"fino demais, gordo demais,
pálido demais, pontiagudo demais, -
8:07 - 8:11grosseiro demais, ou ter apenas 5 cm...
-
8:11 - 8:12(Risos)
-
8:15 - 8:17".... mas, pelo menos,
pode ter uns "jeans" ótimos". -
8:17 - 8:19(Risos)
-
8:20 - 8:22Nunca acontecerá, nem deve acontecer.
-
8:22 - 8:25Acreditem, não é esse tipo
de igualdade que eu defendo. -
8:25 - 8:28Não quero que façam aos homens
o mesmo que fazem às mulheres. -
8:28 - 8:31Mas podemos aprender
uma coisa com estes dois anúncios. -
8:31 - 8:33Um deles existiu, o outro nunca existiria.
-
8:33 - 8:35O que nos mostram, muito concretamente,
-
8:35 - 8:38é que os homens e as mulheres
vivem em mundos muito diferentes. -
8:38 - 8:41Os homens, normalmente,
não vivem num mundo em que... -
8:41 - 8:44— é melhor mudar para outro —
-
8:44 - 8:47Claro que há estereótipos
que prejudicam os homens, -
8:47 - 8:50mas normalmente são menos pessoais,
menos relacionados com o corpo. -
8:50 - 8:54No entanto, os homens estão a ser
mais coisificados do que antigamente, -
8:54 - 8:57mas não há consequências que daí resultem.
-
8:57 - 8:59Os homens não vivem num mundo
em que estejam sujeitos -
8:59 - 9:01a violações, assédios ou espancamentos.
-
9:01 - 9:04Pelo menos, os homens brancos
hetero não vivem nesse mundo. -
9:04 - 9:06enquanto que as mulheres vivem.
-
9:06 - 9:09Quando as mulheres são coisificadas,
há sempre a ameaça da violência sexual. -
9:09 - 9:13Há sempre intimidação,
há sempre a possibilidade de perigo. -
9:13 - 9:16As mulheres vivem num mundo
definido por essa ameaça, -
9:16 - 9:19enquanto os homens não.
-
9:21 - 9:23A linguagem corporal das mulheres
-
9:23 - 9:26mantém-se passiva, vulnerável,
submissa e muito diferente -
9:26 - 9:29da linguagem corporal
dos homens e dos rapazes. -
9:29 - 9:31Provavelmente a melhor maneira
de ilustrar isto -
9:31 - 9:34é pôr um homem numa pose
tradicionalmente feminina: -
9:34 - 9:38torna-se obviamente trivial e absurda.
-
9:38 - 9:41As mulheres são frequentemente
infantilizadas nos anúncios, -
9:41 - 9:43e, cada vez mais,
as rapariguinhas são sexualizadas. -
9:43 - 9:45Há décadas que ando a falar nisto.
-
9:45 - 9:48Escrevi um livro sobre isto,
e as coisas estão a piorar. -
9:48 - 9:50Esta miúda tem 9 anos.
-
9:50 - 9:52Isto está a acontecer numa cultura
-
9:52 - 9:55em que há um amplo
abuso sexual de crianças. -
9:56 - 9:58Imagens como esta não causam
qualquer problema, -
9:58 - 10:02mas certamente normalizam atitudes
muito perigosas para com crianças. -
10:03 - 10:06Vendem-se sutiãs almofadados
e cuecas fio dental para 7 anos -
10:06 - 10:08nos grandes armazéns.
-
10:08 - 10:11E o produto mais recente?
Sapatos de salto alto para bebés. -
10:11 - 10:13Para não deixar os rapazes de fora,
-
10:13 - 10:17também há "T-shirts" para crianças
com inscrições como "Esquadrão de Chulos". -
10:17 - 10:18(Risos)
-
10:18 - 10:22Assim, os rapazes também são sexualizados,
embora de maneira diferente das raparigas. -
10:22 - 10:25Os rapazes são encorajados a olhar
para as raparigas como objetos sexuais, -
10:25 - 10:28os rapazes são encorajados
a serem precoces sexualmente, -
10:28 - 10:32os rapazes aprendem
a serem durões e invulneráveis, -
10:32 - 10:34praticamente desde a infância.
-
10:35 - 10:38No fundo, nós aceitamos
que os nossos filhos sejam sexualizados, -
10:38 - 10:40mas recusamo-nos a educá-los
quanto ao sexo. -
10:40 - 10:44Os EUA são a única nação
desenvolvida do mundo -
10:44 - 10:46que não ensina
educação sexual nas escolas. -
10:46 - 10:49Mas as nossas crianças
recebem educação sexual; -
10:49 - 10:51recebem doses maciças,
-
10:51 - 10:55mas recebem-nas da publicidade,
dos "media", da cultura popular. -
10:55 - 10:58Este é um anúncio de "jeans",
embora pareça que falta qualquer coisa. -
10:59 - 11:00Mas, para cada um destes anúncios,
-
11:00 - 11:04para produtos internacionais importantes,
nos "media" predominantes, -
11:04 - 11:05— muito gráfico —
-
11:05 - 11:07o problema não é o sexo,
-
11:07 - 11:12é a atitude pornográfica da cultura
em relação ao sexo, a banalização do sexo. -
11:12 - 11:15Em parte alguma o sexo é mais banalizado
do que na publicidade, -
11:15 - 11:18onde, por definição,
é usado para vender tudo. -
11:19 - 11:23"Dê-lhe o que lhe der esta noite,
ele apreciá-lo mais, com arroz". -
11:23 - 11:25Não me considero especialmente ingénua,
-
11:25 - 11:28mas ainda não percebi
que diabo fazemos com arroz. -
11:28 - 11:29(Risos)
-
11:30 - 11:32Talvez seja arroz selvagem.
-
11:32 - 11:33(Risos)
-
11:33 - 11:37Uma mulher gritou que só esperava
que não fosse Arroz Instantâneo. -
11:37 - 11:38(Risos)
-
11:39 - 11:41Isto é um anúncio antigo,
e vocês podem dizer: -
11:41 - 11:43"O sexo sempre serviu para vender",
e é verdade. -
11:43 - 11:48Mas hoje é mais gráfico
e mais pornográfico do que nunca. -
11:49 - 11:52Só para ilustrar isso,
vou mostrar um antigo anúncio -
11:52 - 11:55— é um antigo anúncio
que usa o sexo para vender comida — -
11:55 - 11:58é este aqui, o Burger King.
-
11:58 - 12:01"O super equipamento de 18 cm.
Vai fazer explodir a tua cabeça". -
12:01 - 12:05E para um produto corrente,
como este aqui. -
12:05 - 12:12Acho que todas estas imagens,
são profundamente anti-eróticas, -
12:12 - 12:14porque na publicidade
e na cultura popular, -
12:14 - 12:17a sexualidade só pertence
aos jovens e aos belos. -
12:17 - 12:21Se não formos jovens e de aspeto perfeito,
não temos sexualidade. -
12:21 - 12:24Isto faz com que a maior parte das pessoas
se sintam menos desejáveis. -
12:24 - 12:28Como é que uma mulher pode sentir-se
sensual, se odeia o seu corpo? -
12:29 - 12:33A Internet deu-nos hoje
um acesso fácil à pornografia. -
12:33 - 12:36À medida que a porno se torna
mais acessível e mais aceitável, -
12:36 - 12:39a linguagem e as imagens pornográficas
tornam-se generalizadas. -
12:39 - 12:42As jovens celebridades competem
com as estrelas porno -
12:42 - 12:47e hoje há bonecas dançarinas de varão
para oferecer à nossa filha. -
12:47 - 12:49As raparigas são encorajadas
a apresentar-se -
12:49 - 12:52como estrelas de "striptease"
e de pornografia, -
12:52 - 12:55a rapar os pelos púbicos,
e a estar sexualmente disponíveis -
12:55 - 12:57enquanto pouco ou nada esperam em troca,
-
12:57 - 12:59Ao mesmo tempo, são insultadas:
-
12:59 - 13:02"Sabe bem. Escorrega que é uma maravilha ".
-
13:02 - 13:05À medida que as raparigas aprendem
-
13:05 - 13:09que o seu comportamento sexual
é uma coisa gratificante, -
13:09 - 13:13aprendem a sexualizar-se,
a considerarem-se como objetos. -
13:13 - 13:17Estas imagens causam grandes prejuízos
às raparigas e mulheres reais. -
13:17 - 13:21As raparigas expostas
a imagens sexualizadas, desde tenra idade, -
13:21 - 13:25sofrem mais de distúrbios alimentares,
depressões e baixa autoestima. -
13:26 - 13:29Inevitavelmente,
a coisificação leva à violência, -
13:29 - 13:32e isso também se tornou mais extremo.
-
13:32 - 13:36A publicidade frequentemente
normaliza e banaliza o espancamento, -
13:36 - 13:40o ataque sexual, e até mesmo o assassínio.
-
13:40 - 13:43Na verdade a maioria dos homens
não são violentos. -
13:43 - 13:45Na sua esmagadora maioria
não são violentos. -
13:45 - 13:49Mas há muitos homens com medo de falar,
com medo de apoiar as mulheres -
13:49 - 13:51e com medo de enfrentar outros homens.
-
13:51 - 13:54Tenho uma grande admiração
pelos homens que fazem isso. -
13:54 - 13:58Estes anúncios não provocam diretamente
a violência contra as mulheres, -
13:58 - 14:00mas normalizam atitudes perigosas.
-
14:00 - 14:04Criam um clima em que as mulheres
são vistas como coisas, como objetos. -
14:04 - 14:07Claro que transformar
um ser humano numa coisa -
14:07 - 14:09é quase sempre o primeiro passo
-
14:09 - 14:12para justificar a violência
contra essa pessoa, -
14:12 - 14:16e esse passo está sempre a ser dado
com as mulheres e as raparigas. -
14:16 - 14:21Portanto, a violência, o abuso, é em parte
o resultado horripilante, mas lógico, -
14:21 - 14:23deste tipo de coisificação.
-
14:24 - 14:27Em todos estes aspetos,
as coisas pioraram, -
14:27 - 14:29mas num aspeto importante,
melhoraram muito. -
14:29 - 14:31Eu já não estou sozinha,
-
14:31 - 14:35Há montes de filmes,
centenas de filmes, e de livros, -
14:35 - 14:38de organizações,
como a Brave Girls Alliance -
14:38 - 14:41que recentemente organizou
um grande evento em Times Square. -
14:41 - 14:44Ensina-se nas nossas escolas
a literacia dos "media". -
14:44 - 14:47Há uma ação política
a exercer-se em todo o mundo. -
14:47 - 14:50Tenho uma extensa lista de recursos
no meu "website" -
14:50 - 14:52que lista montes destas coisas.
-
14:52 - 14:57Sou inspirada por jovens ativistas,
como Julia Blomm que, aos 14 anos, -
14:57 - 15:00lançou uma petição à revista Seventeen
-
15:00 - 15:04pedindo-lhes para limitar
o uso do Photoshop, e conseguiu. -
15:04 - 15:07Aqui ela está a festejar
com algumas das suas aliadas. -
15:07 - 15:10Inspirou outras raparigas
a fazer o mesmo. -
15:10 - 15:12Esta geração dá-me esperança.
-
15:13 - 15:15Mas temos um longo caminho a percorrer.
-
15:15 - 15:18As mudanças terão
que ser profundas e globais -
15:18 - 15:22e dependerão de um público consciente,
ativo e informado, -
15:22 - 15:26pessoas que se consideram
sobretudo como cidadãos -
15:26 - 15:29e não como meros consumidores.
-
15:29 - 15:31Todos nós somos afetados
por estas imagens, -
15:31 - 15:34todos nós temos um interesse profundo
em contestá-las. -
15:34 - 15:39Temos que criar um mundo melhor
para nós e para os nossos filhos. -
15:40 - 15:44Ao fim destes anos todos,
ainda tenho esperança de que o consigamos. -
15:44 - 15:46Muito obrigada.
-
15:46 - 15:49(Aplausos)
- Title:
- A verdade nua e crua: a imagem da mulher na publicidade | Jean Kilbourne | TEDxLafayetteCollege
- Description:
-
Esta palestra foi feita num evento local TEDx, produzido independentemente das Conferências TED.
A ativista pioneira e teórica cultural Jean Kilbourne há mais de 40 anos que tem vindo a estudar a imagem das mulheres na publicidade. Nesta palestra fulgurante, apaixonada e muito interessante, analisa as experiências que a inspiraram a criar esta nova área e ilustra vivamente como essas imagens nos afetam a todos. Nunca mais olharemos para um anúncio da mesma maneira.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 15:51