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O que podemos fazer em relação à cultura do ódio

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    Dizem que eu sou uma pessoa legal.
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    Legal a ponto de fazer parte da minha
    identidade pessoal e profissional
  • 0:10 - 0:14
    ser muito legal e me dar bem
    com qualquer pessoa,
  • 0:14 - 0:18
    mesmo meus oponentes mais ferozes.
  • 0:19 - 0:21
    Esse é o meu "barato".
    Sou conhecida por isso.
  • 0:21 - 0:24
    (Risos)
  • 0:24 - 0:27
    Mas o que ninguém sabe...
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    é que eu fui uma assediadora.
  • 0:33 - 0:35
    Honestamente, eu não pensava muito nisso.
  • 0:35 - 0:39
    Deixei as lembranças enterradas por anos,
  • 0:39 - 0:42
    e mesmo hoje muitas delas
    são um pouco nebulosas.
  • 0:42 - 0:45
    A propósito, a negação
    parece ser outro dos meus baratos.
  • 0:45 - 0:46
    (Risos)
  • 0:46 - 0:49
    Mas quanto mais as pessoas me elogiavam
  • 0:49 - 0:51
    por ser uma liberal que consegue
    conviver com conservadores
  • 0:51 - 0:57
    e quanto mais eu escrevia artigos
    e dava palestras sobre ser legal
  • 0:57 - 1:01
    mais eu sentia a hipocrisia
    se infiltrando em mim.
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    E se eu fosse realmente má?
  • 1:08 - 1:11
    Quando eu tinha dez anos,
  • 1:12 - 1:15
    havia uma menina
    na minha turma chamada Vicky.
  • 1:15 - 1:17
    (Suspiro)
  • 1:17 - 1:18
    E eu a atormentava...
  • 1:20 - 1:21
    sem piedade.
  • 1:23 - 1:27
    Quero dizer, todo mundo fazia isso.
    Mesmo os professores implicavam com ela.
  • 1:28 - 1:30
    Isso não melhora as coisas, né?
  • 1:31 - 1:34
    Vicky era claramente
    uma criança problemática.
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    Ela se batia, fazia
    o próprio nariz sangrar
  • 1:37 - 1:38
    e tinha problemas de higiene...
  • 1:38 - 1:41
    Ela tinha sérios problemas de higiene.
  • 1:41 - 1:43
    Mas em vez de ajudar essa menina,
  • 1:43 - 1:46
    que claramente passava
    por dificuldades na vida...
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    nós a chamávamos de "Vicky Fedida".
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    Eu a chamava de "Vicky Fedida".
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    Minha lembrança mais vívida
    é de estar em pé em um saguão vazio
  • 2:01 - 2:03
    do lado de fora das salas do quinto ano
  • 2:03 - 2:06
    esperando a Vicky sair do banheiro,
  • 2:06 - 2:09
    com uma prancheta, uma caneta
    e uma pesquisa que eu tinha criado,
  • 2:09 - 2:11
    perguntando sobre preferências de xampu,
  • 2:11 - 2:14
    como se fosse um estudo
    para a aula de ciências ou algo assim.
  • 2:14 - 2:16
    E quando a Vicky saiu do banheiro,
  • 2:16 - 2:19
    eu saltei sobre ela e perguntei
    qual xampu ela usava.
  • 2:19 - 2:21
    Agora, para colocar isso em perspectiva,
  • 2:21 - 2:24
    eu não me lembro
    do nome dos meus professores,
  • 2:24 - 2:26
    não me lembro do nome
    de nenhum livro que li naquele ano,
  • 2:26 - 2:28
    eu não me lembro de nada do quinto ano,
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    mas me lembro que a Vicky me disse
    que usava o xampu White Rain.
  • 2:33 - 2:36
    Lembro como se fosse ontem,
    bem como aconteceu.
  • 2:37 - 2:41
    E à medida que as turmas saíam, eu corria
    pelo saguão gritando pras outras crianças:
  • 2:41 - 2:43
    "A Vicky Fedida usa o xampu White Rain.
  • 2:43 - 2:45
    Não usem esse o xampu
  • 2:45 - 2:48
    ou vocês vão feder como a Vicky Fedida".
  • 2:51 - 2:52
    Esqueci disso por muito tempo.
  • 2:52 - 2:56
    Quando finalmente comecei a me lembrar,
    imediatamente precisei saber mais.
  • 2:56 - 2:58
    Fiz contato com amigos,
    busquei nas redes sociais,
  • 2:58 - 3:01
    fiz tudo que pude
    para tentar encontrar a Vicky.
  • 3:01 - 3:04
    Eu precisava saber que ela estava bem
  • 3:04 - 3:06
    e que eu não tinha arruinado a vida dela.
  • 3:07 - 3:08
    (Suspiro)
  • 3:08 - 3:10
    Mas logo percebi
  • 3:10 - 3:13
    que não estava tentando entender
    só o que tinha acontecido com a Vicky.
  • 3:13 - 3:16
    Eu estava tentando entender
    o que tinha acontecido comigo.
  • 3:18 - 3:19
    Quando eu tinha dez anos,
  • 3:19 - 3:24
    eu tratei um ser humano
    como alguém sem valor...
  • 3:25 - 3:27
    como se eu fosse melhor do que ela,
  • 3:27 - 3:29
    e ela fosse lixo.
  • 3:30 - 3:32
    Que tipo de pessoa legal faz isso?
  • 3:33 - 3:36
    Sei que eu era só uma criança,
    mas nem todas as crianças fazem isso.
  • 3:36 - 3:38
    A maioria das crianças
    não faz isso, certo?
  • 3:39 - 3:42
    E se no fim das contas eu não fosse legal
  • 3:42 - 3:44
    e na verdade eu fosse um monstro odioso?
  • 3:46 - 3:51
    Então comecei a perceber
    que eu tinha esses impulsos maus,
  • 3:51 - 3:53
    tinha maus pensamentos
  • 3:53 - 3:54
    e queria dizê-los.
  • 3:56 - 3:59
    A maioria dos meus maus pensamentos
    eram sobre os conservadores, admito.
  • 3:59 - 4:02
    (Risos)
  • 4:04 - 4:06
    Mas não só sobre conservadores.
  • 4:06 - 4:09
    Também me peguei pensando mal
    sobre liberais centristas piegas,
  • 4:09 - 4:11
    banqueiros gananciosos de Wall Street,
  • 4:11 - 4:13
    islamofóbicos
  • 4:13 - 4:14
    e motoristas lentos,
  • 4:14 - 4:17
    porque eu realmente
    odeio motoristas lentos.
  • 4:17 - 4:18
    (Risos)
  • 4:19 - 4:22
    E quando eu me pegava
    nesses momentos de hipocrisia,
  • 4:22 - 4:26
    ou eu estava apenas percebendo-os
    ou eles estavam ficando piores,
  • 4:26 - 4:28
    especialmente nos últimos anos.
  • 4:28 - 4:30
    E à medida que eu me sentia
    mais cheia de ódio,
  • 4:30 - 4:33
    raivosa, na verdade,
  • 4:33 - 4:36
    eu percebia que o mundo ao meu redor
    também parecia mais cheio de ódio.
  • 4:36 - 4:38
    Como se houvesse
    uma contínua corrente de ódio
  • 4:38 - 4:41
    borbulhando ao nosso redor
  • 4:41 - 4:42
    e transbordando cada vez mais.
  • 4:44 - 4:46
    Então o lado bom, eu acho,
  • 4:46 - 4:52
    é que eu percebi que o ódio
    não era só problema meu,
  • 4:52 - 4:55
    e esse é o lado bom
    mais egoísta de todos...
  • 4:55 - 4:56
    (Risos)
  • 4:57 - 5:02
    porque agora em vez de ter só meu próprio
    ódio e crueldade para tentar resolver,
  • 5:02 - 5:06
    eu tinha um mundo inteiro
    de ódio pra destrinchar,
  • 5:06 - 5:08
    entender e consertar.
  • 5:11 - 5:15
    Então fiz o que faz toda pessoa
    intelectual demais
  • 5:15 - 5:17
    quando tem um problema que quer entender:
  • 5:17 - 5:18
    eu escrevi um livro.
  • 5:18 - 5:20
    (Risos)
  • 5:21 - 5:23
    Escrevi um livro sobre o ódio.
  • 5:23 - 5:25
    Alerta de "spoiler":
  • 5:25 - 5:27
    eu sou contra o ódio.
  • 5:27 - 5:29
    (Risos)
  • 5:29 - 5:32
    Neste ponto, vocês podem estar pensando:
  • 5:32 - 5:34
    "Por que se preocupar tanto com o ódio?
  • 5:34 - 5:37
    Você não odiava a Vicky.
    Assédio não é ódio".
  • 5:38 - 5:40
    Não é?
  • 5:41 - 5:43
    Gordon Allport,
  • 5:43 - 5:47
    o psicólogo pioneiro em estudo do ódio
    no início do século 20,
  • 5:47 - 5:49
    desenvolveu o que chamou
    de "escala do preconceito".
  • 5:49 - 5:53
    Em uma ponta estão coisas como genocídio
  • 5:53 - 5:55
    e outras violências
    motivadas pelo preconceito.
  • 5:55 - 5:57
    Mas na outra ponta
  • 5:57 - 6:00
    estão coisas como acreditar
    que o seu grupo
  • 6:00 - 6:03
    é inerentemente superior a outro,
  • 6:03 - 6:08
    ou evitar interação social
    com esses outros.
  • 6:10 - 6:11
    Isso tudo não é ódio?
  • 6:12 - 6:14
    Quero dizer, não foi por acidente
  • 6:14 - 6:17
    que eu era uma criança rica
    implicando com uma criança pobre;
  • 6:19 - 6:23
    ou que a Vicky,
    no fim das contas, fosse gay.
  • 6:25 - 6:29
    Crianças pobres e crianças gays
    são mais propensas a sofrerem assédio,
  • 6:29 - 6:32
    mesmo por crianças
    que por fim também são gays.
  • 6:34 - 6:37
    Sei que tinha muita coisa acontecendo
    na minha mente de dez anos.
  • 6:37 - 6:40
    Não digo que ódio era o único motivo
    pelo qual eu implicava com a Vicky
  • 6:40 - 6:43
    ou mesmo que eu tivesse
    consciência desse ódio,
  • 6:43 - 6:44
    mas o fato é
  • 6:44 - 6:49
    que as pessoas que discriminamos
    nas políticas públicas e em nossa cultura
  • 6:49 - 6:54
    são os grupos de pessoas mais propensos
    a sofrerem assédio na escola.
  • 6:56 - 6:58
    Isso não é só uma coincidência.
  • 7:00 - 7:01
    Isso é ódio.
  • 7:04 - 7:06
    Estou definindo ódio de forma ampla
  • 7:07 - 7:10
    porque acho que temos um grande problema.
  • 7:11 - 7:15
    E precisamos resolvê-lo por completo,
    não só os casos mais extremos.
  • 7:15 - 7:16
    Por exemplo,
  • 7:16 - 7:19
    provavelmente todos concordamos
    que fazer uma passeata,
  • 7:19 - 7:22
    bradando que devem ser retirados
    os direitos de algum grupo de pessoas
  • 7:22 - 7:26
    por causa de sua cor de pele ou gênero,
    concordamos que isso é ódio, certo?
  • 7:26 - 7:27
    Certo.
  • 7:28 - 7:31
    E se você acreditasse
    que esse grupo de pessoas é inferior,
  • 7:33 - 7:34
    mas não dissesse isso?
  • 7:36 - 7:37
    Isso é ódio?
  • 7:38 - 7:41
    Ou se você achasse
    que esse grupo de pessoas é inferior,
  • 7:41 - 7:44
    mas não estivesse consciente disso,
  • 7:44 - 7:46
    o que é conhecido
    como preconceito implícito.
  • 7:46 - 7:47
    Isso é ódio?
  • 7:48 - 7:50
    Quero dizer, tudo isso
    tem a mesma origem, não?
  • 7:50 - 7:53
    E os padrões históricos
    de racismo e sexismo
  • 7:53 - 7:56
    que moldaram nossa história
    e ainda infectam nossa sociedade atual.
  • 7:56 - 7:58
    Isso tudo não é ódio?
  • 7:59 - 8:01
    Não estou dizendo que são a mesma coisa,
  • 8:01 - 8:03
    assim como não estou dizendo
  • 8:03 - 8:06
    que ser assediador
    é tão ruim quanto ser nazista,
  • 8:06 - 8:10
    assim como ser nazista
    não é o mesmo que esmurrar um nazista...
  • 8:11 - 8:14
    (Risos)
  • 8:16 - 8:20
    Mas odiar um nazista ainda é ódio, certo?
  • 8:21 - 8:24
    E odiar alguém que não é
    tão esclarecido como você?
  • 8:25 - 8:27
    Vejam, o que eu aprendi
  • 8:29 - 8:31
    é que todos nós somos contra o ódio
  • 8:31 - 8:33
    e todos nós achamos
    que o ódio é um problema.
  • 8:34 - 8:36
    Nós pensamos que é um problema dos outros,
  • 8:37 - 8:38
    não nosso.
  • 8:39 - 8:40
    Eles têm ódio.
  • 8:41 - 8:43
    Quer dizer, se acho que aqueles
    que não votam como eu
  • 8:43 - 8:47
    são monstros estúpidos, racistas, que não
    merecem ser chamados de norte-americanos,
  • 8:47 - 8:49
    tudo bem, não estou sendo legal, entendi.
  • 8:49 - 8:51
    (Risos)
  • 8:51 - 8:54
    Eu não tenho ódio, só estou certa, certo?
  • 8:54 - 8:56
    (Risos)
  • 8:56 - 8:57
    Errado.
  • 8:59 - 9:02
    Nós todos odiamos.
  • 9:03 - 9:07
    E não falo em sentido abstrato, genérico.
  • 9:07 - 9:09
    Quero dizer todos nós...
  • 9:11 - 9:12
    eu e vocês.
  • 9:14 - 9:19
    Esse pedestal de superioridade
    no qual todos nós nos colocamos,
  • 9:19 - 9:22
    de que eles têm ódio e nós não,
  • 9:22 - 9:26
    é uma manifestação
    da raiz essencial do ódio:
  • 9:26 - 9:30
    de que nós somos bons
    na nossa essência e eles não,
  • 9:31 - 9:33
    e é isso que precisa mudar.
  • 9:34 - 9:38
    Então tentando entender e resolver o ódio,
  • 9:38 - 9:41
    li todos os livros
    e pesquisas que encontrei,
  • 9:41 - 9:46
    mas também conversei com alguns
    ex-nazistas, alguns ex-terroristas
  • 9:46 - 9:49
    e alguns ex-assassinos genocidas,
  • 9:49 - 9:53
    porque imaginei que se eles conseguiram
    descobrir como escapar do ódio,
  • 9:53 - 9:55
    certamente o resto de nós conseguiria.
  • 9:56 - 10:01
    Vejam por exemplo o ex-terrorista
    com quem conversei no West Bank.
  • 10:02 - 10:05
    Quando Bassam Aramin tinha 16 anos,
  • 10:06 - 10:10
    ele tentou explodir um comboio militar
    israelense com uma granada.
  • 10:12 - 10:14
    Ele falhou, felizmente,
  • 10:14 - 10:17
    mas ainda assim foi condenado
    a sete anos de prisão.
  • 10:17 - 10:20
    Na prisão, ele assistiu
    a um filme sobre o holocausto.
  • 10:20 - 10:24
    Até aquele momento, Bassam achava
    que o holocausto era um mito.
  • 10:24 - 10:26
    Ele foi assistir ao filme
  • 10:26 - 10:29
    porque achou que ia gostar
    de ver judeus sendo assassinados.
  • 10:30 - 10:34
    Mas quando viu o que realmente
    aconteceu, ele caiu no choro.
  • 10:36 - 10:41
    E por fim, depois da prisão, Bassam fez
    mestrado em estudos sobre o holocausto
  • 10:41 - 10:42
    e fundou uma organização
  • 10:42 - 10:47
    na qual ex-combatentes
    palestinos e israelenses se reúnem,
  • 10:48 - 10:51
    trabalham juntos, tentam encontrar
    pontos de convergência.
  • 10:52 - 10:56
    Segundo o próprio Bassam,
    ele odiava os israelenses,
  • 10:57 - 11:00
    mas ao conhecer israelenses,
    aprender sua história
  • 11:00 - 11:02
    e trabalhar junto com eles pela paz,
  • 11:02 - 11:04
    ele superou seu ódio.
  • 11:06 - 11:09
    Bassam diz que continua
    não odiando os israelenses,
  • 11:10 - 11:12
    mesmo depois que militares israelenses...
  • 11:13 - 11:16
    alvejaram e mataram
    sua filha de 12 anos, Abir,
  • 11:16 - 11:17
    quando ela ia a pé para a escola.
  • 11:20 - 11:22
    (Suspiro)
  • 11:22 - 11:25
    Bassam perdoou inclusive
    o soldado que matou sua filha.
  • 11:26 - 11:28
    Esse soldado, ele me disse,
  • 11:30 - 11:34
    era só um produto do mesmo sistema de ódio
    assim como ele tinha sido.
  • 11:40 - 11:42
    Se um ex-terrorista...
  • 11:44 - 11:48
    Se um terrorista
    pode aprender a parar de odiar
  • 11:48 - 11:51
    e não odiar mesmo
    quando sua filha é morta,
  • 11:51 - 11:55
    certamente o resto de nós
    pode parar com o hábito
  • 11:55 - 11:57
    de humilhar e desumanizar um ao outro.
  • 11:57 - 12:01
    E digo a vocês que existem histórias
    como a de Bassam em todo o mundo,
  • 12:01 - 12:03
    e estudos e mais estudos
  • 12:03 - 12:08
    que dizem: não, não somos projetados
    nem destinados como seres humanos a odiar,
  • 12:08 - 12:11
    mas fomos ensinados a odiar
    pelo mundo à nossa volta.
  • 12:11 - 12:13
    Garanto a vocês,
  • 12:13 - 12:16
    nenhum de nós saiu do útero
    odiando negros ou republicanos.
  • 12:16 - 12:21
    Não há nada em nosso DNA que nos faça
    odiar muçulmanos ou mexicanos.
  • 12:22 - 12:23
    Para o bem ou para o mal,
  • 12:23 - 12:26
    somos todos produtos
    da cultura à nossa volta.
  • 12:28 - 12:30
    E a boa notícia
  • 12:30 - 12:33
    é que também somos nós
    que formatamos essa cultura,
  • 12:34 - 12:36
    o que significa que podemos mudá-la.
  • 12:37 - 12:42
    O primeiro passo é começar a reconhecer
    o ódio dentro de nós mesmos.
  • 12:42 - 12:44
    Precisamos reconhecer a nós mesmos
  • 12:44 - 12:46
    e nossos pensamentos de ódio
    em todas as suas formas,
  • 12:46 - 12:48
    em todos nós...
  • 12:50 - 12:52
    e trabalhar para desafiar
    nossas ideias e convicções.
  • 12:52 - 12:55
    Isso não acontece
    da noite para o dia, falo por mim,
  • 12:55 - 12:58
    é uma jornada de uma vida,
    mas é necessária.
  • 12:58 - 13:00
    E o segundo passo:
  • 13:00 - 13:03
    se queremos desafiar
    o ódio em nossas sociedades,
  • 13:03 - 13:07
    precisamos promover políticas,
    instituições e práticas
  • 13:07 - 13:10
    que nos conectem como comunidades.
  • 13:10 - 13:13
    Literalmente, como escolas
    e bairros inclusivos.
  • 13:13 - 13:16
    A propósito, por isso devemos
    apoiar a inclusão.
  • 13:16 - 13:18
    Não só porque é a coisa certa a ser feita,
  • 13:18 - 13:22
    mas porque a inclusão
    combate o ódio sistematicamente.
  • 13:22 - 13:24
    Estudos mostram
    que adolescentes que participam
  • 13:24 - 13:28
    de aulas e atividades com inclusão racial
    reduzem seu preconceito racial.
  • 13:28 - 13:30
    E quando crianças pequenas frequentam
  • 13:30 - 13:34
    jardins de infância e escolas
    fundamentais com inclusão racial
  • 13:34 - 13:36
    elas, no mínimo, desenvolvem
    menos preconceito.
  • 13:37 - 13:41
    Mas o fato é que, de várias formas
    e em vários lugares do mundo,
  • 13:41 - 13:43
    estamos separados uns dos outros.
  • 13:45 - 13:47
    Nos Estados Unidos, por exemplo,
  • 13:47 - 13:51
    três quartos das pessoas brancas
    não têm nenhum amigo que não seja branco.
  • 13:53 - 13:57
    Então além de promover
    essas soluções pró-ativas,
  • 13:57 - 14:01
    outra coisa que precisamos fazer
    é derrubar o ódio em nossas instituições
  • 14:01 - 14:02
    e em nossas políticas
  • 14:02 - 14:07
    que perpetuam a desumanização, a diferença
  • 14:07 - 14:09
    a exclusão e o ódio,
  • 14:09 - 14:15
    como sistemas de assédio e agressão
    sexual nos ambientes de trabalho,
  • 14:15 - 14:20
    ou nossa "justiça penal" fortemente
    preconceituosa e desequilibrada
  • 14:20 - 14:22
    em relação à raça.
  • 14:23 - 14:24
    Precisamos mudar isso.
  • 14:24 - 14:28
    De novo, não vai acontecer da noite
    para o dia, mas precisa acontecer.
  • 14:30 - 14:31
    E então...
  • 14:32 - 14:34
    quando nos conectamos uns aos outros
  • 14:35 - 14:38
    nesses espaços de conexão,
  • 14:39 - 14:41
    facilitados por sistemas de conexão,
  • 14:43 - 14:45
    precisamos mudar a forma como falamos
  • 14:47 - 14:49
    e nos conectamos uns com os outros
  • 14:49 - 14:52
    e nos relacionar com generosidade,
  • 14:52 - 14:55
    tolerância, gentileza, compaixão
  • 14:55 - 14:56
    e não com ódio.
  • 14:58 - 14:59
    E é isso.
  • 14:59 - 15:00
    É isso.
  • 15:00 - 15:03
    (Aplausos)
  • 15:05 - 15:07
    Solucionei tudo, certo?
  • 15:07 - 15:08
    É isso.
  • 15:08 - 15:10
    Há alguns pequenos detalhes,
  • 15:10 - 15:12
    mas isso é praticamente tudo
    que temos que fazer.
  • 15:12 - 15:14
    Não é tão complicado, certo?
  • 15:16 - 15:17
    Mas é difícil.
  • 15:18 - 15:23
    O ódio que sentimos em relação
    a alguns grupos de pessoas
  • 15:24 - 15:27
    pelo que eles são ou no que acreditam
  • 15:27 - 15:30
    está tão impregnado em nossas mentes
    e em nossa sociedade
  • 15:30 - 15:32
    que pode parecer inevitável
  • 15:33 - 15:34
    e impossível de mudar.
  • 15:37 - 15:39
    É possível mudar.
  • 15:41 - 15:46
    Vejam o terrorista que se tornou
    um ativista pela paz.
  • 15:47 - 15:53
    Ou a assediadora que aprendeu
    a pedir desculpas para sua vítima.
  • 15:55 - 16:00
    Durante todo o tempo em que viajei
    pelo Oriente Médio, Ruanda
  • 16:01 - 16:02
    e pelos Estados Unidos
  • 16:02 - 16:06
    ouvindo essas histórias inacreditáveis
    sobre pessoas em comunidades
  • 16:06 - 16:09
    que deixaram para trás
    suas histórias de ódio,
  • 16:09 - 16:11
    eu ainda estava procurando pela Vicky.
  • 16:11 - 16:15
    Foi tão difícil encontrá-la que contratei
    um detetive particular e ele a encontrou.
  • 16:15 - 16:17
    Quer dizer, ele meio que a encontrou.
  • 16:17 - 16:22
    A verdade é que ficou claro
    que a pessoa que estou chamando de Vicky
  • 16:22 - 16:26
    tinha ido extraordinariamente longe
    para esconder sua identidade.
  • 16:29 - 16:32
    Mas, de qualquer forma,
    um ano depois de iniciar minha jornada,
  • 16:35 - 16:37
    escrevi um pedido de desculpas à Vicky.
  • 16:38 - 16:39
    E alguns meses depois,
  • 16:41 - 16:42
    ela me respondeu.
  • 16:43 - 16:45
    (Suspiro)
  • 16:45 - 16:49
    Não vou mentir, eu queria ser perdoada.
  • 16:53 - 16:54
    Eu não fui.
  • 16:54 - 16:55
    (Suspiro)
  • 16:56 - 16:59
    Quer dizer, ela me ofereceu
    uma espécie de perdão condicional.
  • 16:59 - 17:00
    Ela escreveu isto:
  • 17:01 - 17:06
    "Mensagens como a sua não podem
    absolvê-la de suas ações do passado.
  • 17:07 - 17:10
    A única forma de fazer isso
    é melhorar o mundo,
  • 17:10 - 17:13
    evitar que outros
    se comportem da mesma forma
  • 17:14 - 17:16
    e promover a compaixão".
  • 17:18 - 17:19
    E Vicky está certa.
  • 17:22 - 17:23
    Por isso estou aqui.
  • 17:24 - 17:25
    Obrigada.
  • 17:25 - 17:28
    (Aplausos)
Title:
O que podemos fazer em relação à cultura do ódio
Speaker:
Sally Kohn
Description:

Todos nós somos contra o ódio, certo? Concordamos que isso é um problema. Um problema deles, não nosso. Mas como Sally Kohn descobriu, todos nós odiamos. Uns de formas mais sutis, outros de formas óbvias. Enquanto confronta uma dura história de sua própria vida, ela compartilha ideias sobre como podemos reconhecer, desafiar e curar o ódio em nossas instituições e em nós mesmos.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:46

Portuguese, Brazilian subtitles

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