O ovo amniótico que mudou as regras do jogo — April Tucker

Vejam a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/the-game-changing-amniotic-egg-april-tucker

Há 350 milhões de anos, os ovos não sobreviviam longe da água, portanto os animais estavam dependentes da água. Isto é, até ao ovo amniótico, que permitiu que os animais vivessem uma vida terrestre total. April Tucker descasca cada camada do ovo amniótico, revelando como foi extraordinária esta maravilha evolutiva.

Lição de Tucker, animação de Pew36 Animation Studios.

Acreditam que as morsas,

as cascavéis

e os periquitos

já viveram todos na mesma casa?

Recuemos cerca de 350 milhões de anos.

Olhem à volta,

Pântanos fumegantes e florestas tropicais
de cavalinhas e fetos

cobrem a região.

Os anfíbios são os vertebrados
terrestres dominantes.

Têm todos os tamanhos
desde as salamandras aos crocodilos.

Todos precisam de água para porem os ovos.

Se não forem para a água,

os ovos sem casca, gelatinosos, secarão.

Por causa desse risco,

passam a maior parte do tempo

a viver na água doce ou perto dela.

Isto é, até que uma revolução na evolução

altera tudo:

o ovo amniótico.

O ovo amniótico tem uma casca,

é impermeável,

e pode ser posto em terra firme.

É produzido pelos amniotas,

um novo grupo de animais assim chamados
por causa deste ovo revolucionário.

O primeiro amniota é um tetrápode,
um animal de quatro patas,

parecido com um pequeno lagarto.

Embora alguns anfíbios
possam andar em terra

e enterrar os ovos em solo húmido
ou em zonas muito húmidas,

nenhum antes dos amniotas tem a capacidade

de pôr ovos em terra totalmente seca.

Graças a este ovo evoluído,

os amniotas são os primeiros animais

com a possibilidade de viverem
uma vida terrestre total.

Mas, apesar de se deslocarem em terra,

os a amniotas não abandonaram
a formação da vida num charco.

Com efeito, o ovo amniótico
contém o charco dentro dele,

encerrando o meio aquático
dentro da sua casca.

Isto foi conseguido por quatro
importantes melhoramentos

que são únicos nos ovos amnióticos.

Vejamos mais de perto.

O primeiro melhoramento é o mais óbvio:

a casca protetora do ovo.

É resistente mas flexível,

e tem uma superfície endurecida,

que ainda hoje se observa
nos ovos dos répteis.

A casca protege os ovos
contra os predadores,

as bactérias, os danos e a desidratação.

Mas, ao contrário das paredes
dum tanque de peixes,

a casca do ovo amniótico é porosa,

permitindo que entre o oxigénio

para que o amniota, que cresce
lá dentro, não sufoque.

Os dois melhoramentos seguintes
são duas membranas separadas

que funcionam em conjunto,
como dois pulmões.

Levam o oxigénio ao embrião

enquanto libertam o dióxido de carbono.

O primeiro é o cório,

que é a camada protetora
por onde passa o oxigénio

depois de entrar
pelos minúsculos poros da casca.

Reconhecemos o cório

como a fina película que retiramos
dum ovo cozido.

Pensem nesta membrana impermeável

como as portas de entrada e saída do ovo.

É a entrada para o oxigénio

e a saída para o dióxido de carbono.

A membrana que funciona
com o cório é o alantoide.

Se o cório são as portas,

o alantoide é, essencialmente,
o átrio do edifício.

Dirige o oxigénio e o dióxido de carbono

enquanto armazena, simultaneamente,

os desperdícios desnecessários do embrião.

O cório e o alantoide
garantem que o embrião

tem tudo aquilo de que precisa

e se vê livre de tudo o que não precisa.

O último, e talvez
mais importante melhoramento,

é o amnião, a membrana
que dá o nome ao ovo.

O amnião também está contido no cório.

Mantém o fluido em que flutua o embrião.

Como abandonou
o mundo aquático dos anfíbios,

o amnião é necessário para impedir

que o embrião seque.

É o charco portátil

que permite ao amniota
pôr os ovos em terra seca.

O seu fluido também protege o embrião

de quaisquer colisões
ou aterragens bruscas,

como um amortecedor
de bicicleta ou automóvel.

Em conjunto, a casca
e estas quatro membranas

criam um ambiente aquoso seguro

para que o embrião cresça e se desenvolva.

A nova progenitura dos amniotas

continuará o processo
da evolução dos vertebrados

à medida que eles exploram
novos territórios longe da água.

Vão passar os milhões de anos seguintes

a dividirem-se em dois grupos distintos:

os sinapsídeos e os sauropsídeos.

Os sinapsídeos são o grupo de animais
que contêm os mamíferos,

enquanto os sauropsídeos
são o grupo que contém os répteis,

as aves e os dinossauros.

Estes dois grupos amnióticos
contêm, em conjunto,

as morsas, as cascavéis e os periquitos
que conhecemos hoje.

Como uma reunião de família,

com parentes de todas
as formas e tamanhos,

que vêm de diferentes partes do planeta,

todos estes animais
podem chamar casa a um mesmo sítio:

o ovo amniótico.