Amor-próprio Radical | Gala Darling | TEDxCMU

No dia dos namorados em 2010, Gala Darling, uma blogueira de moda, começou um movimento chamado "Amor-próprio Radical", por entender que muitas mulheres têm pouca autoestima e não sabem como aproveitar suas vidas. Contando sua própria história, ela encoraja-as a não cometer os mesmos erros que ela e, por fim, Gala recomenda cinco maneiras para começar seu próprio movimento de amor-próprio radical.

Só 4% das mulheres diriam que são bonitas,

e essa é uma estatística chocante.

Então, basicamente, se esta sala inteira
for transformada em mulheres,

significaria que menos de duas pessoas

diriam que se acham bonitas.

Garotas têm mais medo de ficar gordas

do que de ter câncer,
de uma guerra nuclear

ou de perder seus pais.

E há várias estatísticas
que corroboram todas essas coisas.

Um estudo recente no Reino Unido afirma
que seis entre dez garotas pensam

que poderiam ser mais felizes
sendo mais magras.

Um estudo com 455 mulheres universitárias
diz que 80% delas afirmam que pessoas

disseram coisas negativas
sobre o formato de seus corpos.

Não foram amigos ou a sociedade,
mas sim seus pais e irmãos.

Baixa autoestima é um grande problema,
especialmente entre mulheres.

Mulheres com baixa autoestima tendem
mais a ficar em relacionamentos abusivos.

É menos provável que comecem
seu próprio negócio.

Elas são mais introvertidas
e ganham menos dinheiro

do que outras mulheres mais confiantes.

Eu acredito no poder das mulheres.

Acho as mulheres sensacionais.

Elas são uma luz rosa brilhante
e espetacular. (Risos)

Elas são subversivas
e selvagens, ferozes e fortes.

Nós realmente podemos fazer
o que quisermos,

mas poucas de nós fazem.

Nós sentimos como se uma mão
invisível estivesse nos segurando,

mas a verdade é que somos nós
que estamos nos segurando.

Apesar de todas as coisas que a sociedade
e a mídia dizem sobre nós,

uma hora você percebe
que tudo isso é bobagem,

e a maioria das mulheres experientes
percebem isso quando têm uns 14 anos.

Quando perceber isso, estará livre
para fazer o que quiser.

Quero dizer, tudo bem, elas são lindas,
mas não há diversidade.

Até as mulheres que não são brancas
são extremamente pálidas.

Todas têm o mesmo tamanho
de cintura, a mesma altura,

estão produzidas para ficar
sensuais para um homem

e, quero dizer, não é só isso.

Todo esse tipo de coisa
converge e me faz lembrar

do Dia dos Namorados, em 2010.

Eu tenho escrito na internet
por cerca de cinco anos,

na verdade, há uns 13 anos,

mas esqueçam isso. (Risos)

Então, eu tenho meu blog há cinco anos
e comecei escrevendo sobre moda e estilo,

mas, conforme escrevia, eu percebi
que as mulheres não queriam saber:

"Qual é o vestido perfeito
para meu biotipo?"

Elas queriam saber como ser
felizes consigo mesmas.

Se uma mulher escrever para mim e disser:

"Bem, o que devo vestir
para esconder minhas gordurinhas?"

Eu não acho que a resposta é:
"Um par de jeans de US$ 350".

A resposta é: "Você precisa
de uma alta dose de amor-próprio,

focar suas qualidades e não
se atormentar com seus defeitos".

Então, no Dia dos Namorados
há essa ridícula anomalia

em que todas as mulheres,
mesmo sendo brilhantes, ficam confusas

pois algum cara não gastou seu dinheiro
em um buquê de flores caro.

É como se fosse a única coisa importante:
"Você não tem valor na sociedade,

se alguém não comprar chocolates
para você no dia 12 de junho".

E isso é muito trágico.

E vejo mulheres brilhantes
e incríveis no Facebook

reclamando coisas como:
"Minha vida não tem sentido".

(Risos)

E é tipo: "Vamos lá, vocês
têm que superar isso".

Então eu decidi que, no Dia dos Namorados,
eu ia começar um movimento.

No Dia dos Namorados, mesmo
que você tenha um parceiro

e esteja apaixonada, não significa
necessariamente que sua vida será melhor

e que você será mais feliz.

Se você não se sentir
confortável consigo mesma

seus relacionamentos darão errado

porque você não está confortável
em dizer quem você é e o que quer.

Você provavelmente
não dirá o que quer na cama

e sabe que isso não dará muito certo.

Há uma citação maravilhosa da RuPaul.

Ao final de cada episódio
do "RuPaul's drag race", ela diz:

"Se você não consegue se amar,
como você vai amar outra pessoa?"

E é verdade.

Precisamos parar de buscar
validação e aceitação fora de nós

e perceber que isso está dentro de nós.

E, a propósito, isso não é sensacional?

É uma arte em assemblagem,

e vocês podem ver que há
uma garrafa de Nair ali.

Eu amo. Acho genial.

Há outra citação fantástica
de Buda, que diz:

"Você pode buscar no universo
inteiro por alguém

que mereça mais seu amor
e afeição do que você próprio,

e essa pessoa não será
encontrada em nenhum lugar.

Você mesmo, tanto quanto qualquer pessoa
no universo, merece seu amor e afeição".

E novamente, isso vem de dentro.

Se você não tem isso,
a vida se torna mais difícil.

Então em fevereiro de 2010, decidi começar
esse movimento de amor-próprio radical

e percebi que gostaria de começar
escrevendo sobre minha jornada

de me amar e de ficar confortável
com quem eu sou.

Coloquei-a na internet, e, se as mulheres
quiserem se unir a ela, será fantástico.

Espero que elas aprendam
algo com os meus erros.

O movimento tem sido uma coisa incrível.

Está em andamento. É brilhante.

As mulheres têm usado
e me mandado e-mails,

e através das suas descobertas
elas saíram de relacionamentos abusivos,

começaram seus próprios negócios,

viajaram o mundo, superaram
seus problemas alimentares

e aprenderam a ficar
confortáveis consigo mesmas.

E acho que isso é a coisa mais importante.

É tudo que eu sempre quis.

Minha história não é bonita, na verdade.

Eu sinto que posso falar
sobre amor-próprio radical

porque já estive do outro lado da moeda.

É o que chamo de "aversão
própria radical".

Apesar de não ser tão radical,
em geral é ruim.

(Risos)

Eu cresci na Nova Zelândia,
por isso o sotaque,

e eu tive uma infância idílica.

Eu tive muita sorte, mas é claro que você
não percebe isso até muito tempo depois.

Por algum motivo, quando
me tornei adolescente,

foi como se eu tivesse me transformado
em uma pessoa horrível.

Eu realmente estava infeliz.

Mas, sobretudo, eu estava com raiva.

Eu não sabia do que estava com raiva.
Eu só sabia que estava com raiva.

E eu não sabia como lidar com isso.

Eu era uma adolescente gótica.

Eu me vestia toda de preto e comprei
um colar de cachorro no supermercado

com "spikes", que eu usava todo dia.

Meias listradas e coturnos
faziam parte do meu visual.

E, apesar de eu fazer graça disso agora,
acho que muito daquilo

era porque eu estava procurando pessoas
que também fossem excluídas.

Eu sempre me senti diferente de todos

e estava procurando pessoas
que simpatizassem com isso.

Então, minha raiva era
muito ruim e eu senti...

Eu meio que senti como se estivesse
à beira de um surto mental,

e não sabia como lidar com isso.

Eu não sei ao certo como tive a ideia,

mas comecei a me mutilar
quando tinha 13 anos.

Era a única maneira que eu sabia
para lidar com minhas emoções.

E depois de fazer isso, me sentia
calma e novamente em paz.

Era algo que eu sentia
que valia a pena fazer,

embora eu soubesse que era
estranho e, de certa forma, errado.

Então eu fiz isso por cerca de 5 anos,
e quando fiz 18, tive um pequeno acidente.

Eu estava me mutilando, como sempre,
e não percebi quão afiada a lâmina estava,

fiz um corte muito fundo, sangrei bastante

e pensei que eu podia ter
me machucado seriamente.

Então isso meio que parou com tudo,
mas, de alguma forma, não vi isso como:

"Oh, isso é muito estúpido, você
deveria fazer algo diferente".

Eu parei com isso, mas seis meses depois

eu me mudei da casa dos meus pais,
fui morar sozinha,

e desenvolvi um distúrbio alimentar.

Muito engraçado. Ótimo. Não recomendo.

Eu basicamente vivia de café
e um pedaço de sushi todo dia,

e eu estava muito mal.

E o problema de estar mal e deprimida,
o que claramente eu estava,

é que, quando você não está comendo,
é ainda mais difícil sentir-se melhor.

Não há esperança.
A depressão já é muito ruim.

Depressão e fome é
absolutamente catastrófico.

E eu só... eu sentia
que minha vida tinha acabado,

e isso foi terrível.

Então eu tive sorte quando conheci
um homem que não aceitava minhas burrices

e disse: "Se vamos ficar juntos,
você tem que se recuperar disso tudo".

Ele estava buscando muitas
modalidades alternativas de cura

e usei a "EFT", que significa:
"Técnica de Libertação Emocional".

É tipo uma acupuntura, mas sem agulhas.

Usei isso para me livrar
do meu distúrbio alimentar,

que basicamente saiu do meu sistema
durante a noite, o que é incrível.

E agora, posso comer uma caixa
de "donuts", e estou muito feliz.

(Risos)

Então é isso... essa é a minha história.

Muitas pessoas vêm até mim
no meu blog e dizem:

"Quero participar do amor-próprio radical.
Por onde começo? O que devo fazer?"

Atrás de mim você pode ver uma seleção
de bíblias do amor-próprio radical.

Quando as pessoas querem começar, digo
para pegarem um livro em branco ou jornal

e preenchê-lo com coisas boas
sobre elas mesmas.

Então, você tem algo para olhar
quando se sentir mal ou feio

ou quando tiver um dia ruim,
e poderá se sentir melhor.

Estes são alguns livros que as pessoas
que leem meu site fizeram.

Eles são superfofos e diferentes.

Então, essa é a primeira
coisa que recomendo.

A segunda coisa que recomendo é
que você, basicamente, escreva todo elogio

que receber nos próximos
cinco anos, por exemplo.

E a razão para isso é que é mais fácil
focar nas coisas ruins

que as pessoas disseram para nós
ou sobre nós, e esquecer as positivas.

Se eu perguntar a última coisa ruim
que alguém lhe disse, você lembrará.

Mas se perguntar o elogio
mais recente que recebeu,

você provavelmente não terá certeza.

Ter uma lista de elogios é uma boa maneira

de se lembrar que você é muito legal.

Outra coisa que contribuiu bastante
para mim, no amor-próprio radical,

e continua sendo positiva para mim,
é praticar a gratidão.

Então, há uns cinco anos atrás,
eu comecei a fazer no meu blog

o "Coisas que amo na quinta-feira"
e, basicamente, toda quinta-feira

eu escrevia uma lista
do que me fazia feliz;

podia ser qualquer coisa, desde esmalte
de unha brilhante até resgatar um cão.

E isso se espalhou pela internet
como um incêndio.

Há centenas de mulheres
que fazem isso toda semana.

Elas fazem suas próprias listas.

Esta é uma montagem
que alguém fez no Flickr

e estas foram as imagens
que a fizeram feliz naquela semana.

E mesmo que você possa fazer
uma pequena seção de coisas,

é bem melhor do que sentar e falar
sobre coisas ruins da sua vida,

porque é importante considerar
nossas bênçãos e não nossos problemas.

A outra coisa que eu recomendo

é que você pare de ler tabloides
e sites de fofoca.

(Risos)

Só de olhar, você não consegue
inferir nada de positivo daquilo.

Parece muito ruim.

Eu acho que os tabloides são destrutivos,

eles são muito negativos e encorajam
os julgamentos e críticas.

E quando você julga a Angelina Jolie,

que provavelmente é uma das mulheres
mais bonitas da sociedade,

você não sente como se pudesse
se comparar positivamente com ela.

Nunca vai acontecer.

Parar de olhar tabloides e ler sites
de fofocas foi ótimo para mim

e me faz sentir bem melhor
com a minha vida.

Celebridades não são pessoas ruins,

é que os tabloides despertam
o pior nas pessoas.

É muito competitivo, muito crítico.

E deixar isso para trás
foi ótimo para mim.

Esses dias, quando eu vi
uma "Us Weekly" no supermercado,

parece que veio de outro planeta.

É tão estranho para mim.
Eu mal consigo compreender.

Outra coisa que recomendo é
que precisamos começar

a trazer nossa visão de como é a beleza,

como é o sucesso,
como é um relacionamento.

Trazer essa visões e aplicá-las
como parte das nossas vidas.

Acho que geralmente herdamos estes valores
dos nossos pais ou amigos ou família,

e eles não são necessariamente verdade.

Nossos pais podem ser preconceituosos
com pessoas de outra cultura,

ou podem pensar que o sucesso
é só o que está na nossa carteira.

E a verdade é que o mundo
é bem maior do que isso.

E conforme começamos a pesquisar,

nós podemos expandir nossa visão
do que a vida pode ser

e isso nos faz mais equilibrados,
diferentes e certamente mais felizes.

Vou terminar lendo o manifesto
do Amor-Próprio Radical,

que é algo que escrevi ano passado.

Eu estava na Nova Zelândia em uma
"press trip" com outros jornalistas.

Estávamos nos divertindo muito,
afinal, é o país mais bonito da Terra.

(Risos)

Estávamos nos divertindo, mas muitos
reclamavam, se sentiam infelizes

e se lamuriavam por algumas coisas,
e isso me deixou louca.

Comecei a escrever isto na minha mente
conforme eu andava com eles.

E o que eu disse é: "Esforce-se
para sempre ser grato e otimista.

Foque seu olhar no que é bom e positivo,
nunca viva na negatividade.

Não permita que a vida
o faça ser cínico ou fechado.

Permanecer aberto e verdadeiro
a si mesmo é uma eterna aventura,

e a única que vale a pena ter.

Escolha ver o melhor nas pessoas.
Esforce-se para conversar com estranhos.

Nunca tenha medo de pedir o que quer".

Essa é muito importante, a propósito.

"Amar pura e ferozmente, é a coisa
mais apavorante e recompensadora que fará.

Viajar é primordial para o espírito.

Um bom par de sapatos não significa nada
se você tem um coração ruim.

Tente ao máximo não julgar os outros,
isso nunca leva a um lugar bom.

Sempre evite tabloides e fofocas,
eles destroem a alma.

Seja gentil e leal.

Muitas coisas neste mundo são mais
importantes que o dinheiro.

Sempre confie na sua intuição, sempre.

Resgate animais,
isso fortalecerá seu coração.

Nunca se alegre com a miséria dos outros.

Confie nos outros. Você é seu
melhor investimento.

Acredite na magia de um novo dia
e de um novo começo.

Siga a sua felicidade.
Faça coisas que ama.

Sempre dê o seu melhor.

Crie sua família
e cuide dela intensamente.

Se oferecerem oportunidades que a assuste,
diga sim: é a melhor maneira de crescer.

Você não está tão presa quanto imagina.

Tenha interesse. Ame-se.

E diga sim para a aventura da vida."

Muito obrigada.

(Aplausos)

[Sorria, você é linda]

(Aplausos)