Por que xingamos homens e mulheres de modo diferente? | Valeska Zanello | TEDxUniversidadedeBrasília
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0:11 - 0:17Bom, então olha só, estou aqui
para compartilhar com vocês... -
0:18 - 0:21algumas reflexões acerca
da seguinte pergunta: -
0:21 - 0:26"Por que nós xingamos homens
e mulheres de formas diferentes?" -
0:26 - 0:29E, para contextualizar
como surgiu essa questão, -
0:29 - 0:33vou contar um pouco da situação
onde isso me apareceu. -
0:33 - 0:36Eu estava conversando
com um amigo meu, que é gay -
0:36 - 0:40e um outro amigo nosso chegou,
os dois começaram então a conversar -
0:40 - 0:43e ficou meio tensa a conversa,
e esse terceiro colega -
0:43 - 0:46se referiu a ele: "Vai tomar no cu!"
-
0:46 - 0:49Bom, vou pedir desculpas, porque
vou ter que falar vários palavrões -
0:49 - 0:52numa palestra sobre xingamentos;
não tem como não falar. -
0:53 - 0:58E aí, esse meu amigo gay disse:
"Ah...quem me dera..." -
0:58 - 1:01E foi muito interessante,
porque todo mundo começou a rir, -
1:01 - 1:05inclusive eu, mas fiquei embasbacada,
eu fiquei surpresa: -
1:05 - 1:08aquilo que era ordinário pra mim
foi extraordinário. -
1:09 - 1:13O que aconteceu ali onde aquele
terceiro sujeito teve uma intenção -
1:13 - 1:17de ferir, ou de colocar em xeque
a índole desse meu outro amigo, -
1:17 - 1:19mas foi malsucedido.
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1:19 - 1:22E eu comecei a prestar atenção
no cotidiano como é que as pessoas -
1:22 - 1:25se xingavam, que palavras elas utilizavam,
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1:25 - 1:29e ficou muito claro que se xingava
diferentemente homens e mulheres, -
1:30 - 1:34e que os xingamentos
perpassavam vários valores, -
1:34 - 1:36ainda que aquele que xinga
não soubesse disso. -
1:36 - 1:39Então me veio a ideia
de fazer uma pesquisa. -
1:39 - 1:42Mas antes de eu falar da pesquisa,
é necessário a gente definir -
1:42 - 1:43o que é um xingamento.
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1:43 - 1:48Xingamento é o ato de proferir
certas palavras, certos vocábulos -
1:48 - 1:50para ferir, para humilhar,
para colocar em xeque -
1:50 - 1:53a índole do nosso interlocutor.
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1:53 - 1:56Algumas questões são importantes
para entender o xingamento. -
1:57 - 1:59A questão do contexto,
a questão da entonação. -
1:59 - 2:03Mesmo um palavrão
que pode ser altamente ofensivo -
2:03 - 2:06pode ser uma brincadeira dependendo
da entonação que eu falo. -
2:06 - 2:09Mas sobretudo, a escolha do vocábulo.
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2:09 - 2:12Essa escolha nunca é aleatória.
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2:12 - 2:13Ela é precisa.
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2:13 - 2:17Ela é fruto de todo um processo
histórico e cultural. -
2:17 - 2:21Os xingamentos, quanto mais ofensivos
eles são considerados, -
2:21 - 2:24mais eles acabam sendo
guardiões de certos tabus. -
2:24 - 2:28São preconceitos que se tornam
invisíveis pela força do hábito. -
2:28 - 2:32Nesse sentido, o xingamento é
uma espécie de sintoma da nossa cultura. -
2:32 - 2:34Ninguém dá nada por um xingamento.
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2:34 - 2:37Mas eles são um objeto
de pesquisa riquíssimo. -
2:37 - 2:39E aí me veio a seguinte ideia.
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2:39 - 2:43Eu fiz um questionário com oito questões,
que eram as seguintes: -
2:43 - 2:47"Quais são os piores xingamentos
atribuíveis a uma mulher? -
2:47 - 2:48Em que situação?"
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2:48 - 2:51"Quais são os piores xingamentos
atribuíveis a um homem? -
2:51 - 2:52Em que situação?"
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2:52 - 2:55"Quais são os maiores elogios
atribuíveis a uma mulher? -
2:55 - 2:56Em que situação?"
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2:56 - 2:59"Quais são os maiores elogios
atribuíveis a um homem? -
2:59 - 3:00Em que situação?"
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3:00 - 3:03E esse questionário foi aplicado
em mais de 700 pessoas -
3:04 - 3:08de todas as classes sociais
e faixas etárias. -
3:08 - 3:10Por que eu coloquei "em que situação"?
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3:10 - 3:14Porque além de a gente analisar
o aspecto semântico da palavra, -
3:14 - 3:15que é aquele do dicionário,
-
3:15 - 3:19a gente fez a análise pragmática,
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3:19 - 3:21ou seja, qual é o sentido
relacionado ao uso. -
3:21 - 3:24Um exemplo, para poder esclarecer
essa questão para vocês, -
3:24 - 3:26é o termo "vagabundo".
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3:26 - 3:29"Vagabundo", em geral, quando
a gente fala direcionado a um homem -
3:29 - 3:31quer dizer um homem preguiçoso,
que não trabalha. -
3:31 - 3:36E "vagabunda" aponta um comportamento
sexual ativo para as mulheres. -
3:36 - 3:40Só que, em alguns questionários,
o termo "vagabunda" se equivalia, -
3:40 - 3:43pela situação onde a pessoa
explicava o uso do xingamento, -
3:43 - 3:45como uma mulher que não trabalha.
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3:45 - 3:49Então, a gente analisou
essas nuances também. -
3:49 - 3:54Bom, vamos falar então dos xingamentos
em relação às mulheres. -
3:54 - 3:55O que vocês acham?
-
3:55 - 3:58Qual foi o pior xingamento,
o que as pessoas consideraram -
3:58 - 4:00como pior xingamento,
em relação às mulheres? -
4:00 - 4:01Alguém tem ideia?
-
4:01 - 4:03Uh?
-
4:03 - 4:04Puta.
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4:05 - 4:06Olha só...
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4:06 - 4:10em todas as faixas etárias
e todas as classes sociais -
4:10 - 4:13e quando digo faixa etária,
eu não estou falando só -
4:13 - 4:15de criança já alfabetizada não.
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4:15 - 4:18Porque a gente fez entrevistas
com crianças na pré-escola. -
4:18 - 4:20Então a gente perguntava assim,
não falava xingamento -
4:20 - 4:23porque ela não entendia,
mas "palavras feias" -
4:23 - 4:25que se pode dizer a uma menina.
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4:25 - 4:29Então elas diziam assim:
"P... U... T... A..." -
4:29 - 4:33Ela nem sabe o que que é isso,
mas isso ela não quer ser. -
4:33 - 4:37A gente aprende o sentido da palavra
primeiro no corpo, no sentimento -
4:37 - 4:40e depois a gente entende
o que aquilo ali quer dizer. -
4:40 - 4:42Então eu chamo a atenção porque, olha,
-
4:42 - 4:46dentro dos xingamentos considerados
piores para as mulheres, -
4:46 - 4:50de 60 a 80% em todas
as classes sociais e faixas etárias, -
4:50 - 4:53foi relacionado
ao comportamento sexual ativo. -
4:53 - 4:55Ora, o que isso nos indica?
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4:55 - 4:59O xingamento é uma arma
poderosa de controle social, -
4:59 - 5:03que diz aos sujeitos sociais que espaço
social você não pode ocupar, -
5:03 - 5:06que comportamento você não pode emitir.
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5:06 - 5:11Isso aponta então para uma espécie
de controle sexual das mulheres, -
5:11 - 5:14onde o ideal de mulher é o recato.
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5:14 - 5:15Olha que coisa mais chocante.
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5:15 - 5:18A gente vive numa cultura
onde o ideal parece -
5:18 - 5:21que todo mundo é livre, o sexo é livre,
-
5:21 - 5:25mas a nossa cultura
é profundamente machista. -
5:25 - 5:29A segunda categoria de xingamento
que apareceu em relação às mulheres, -
5:29 - 5:32foram os traços de caráter relacionais.
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5:32 - 5:33Que diabo é isso?
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5:33 - 5:38Quer dizer o seguinte: na nossa cultura
uma mulher ideal, uma mulher natural, -
5:38 - 5:41muito cuidado com isso
porque o que é ideal é naturalizado, -
5:41 - 5:46é aquela mulher abnegada, é aquela mulher
que não diz não, aquela mulher carinhosa. -
5:46 - 5:52Então os xingamentos eram:
"farsante", "mentirosa", "egoísta". -
5:52 - 5:56E a terceira categoria
eram os atributos físicos. -
5:56 - 5:57Foi muito interessante.
-
5:57 - 5:59No caso dos xingamentos para mulheres,
-
5:59 - 6:04veio marcado por um ideal estético
que a gente chama de lipofobia. -
6:04 - 6:07Uma fobia à gordura,
ou seja, um ideal de magreza. -
6:07 - 6:10E aí vocês podem imaginar
a criatividade das pessoas -
6:10 - 6:12pra chamarem as mulheres de gordas.
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6:12 - 6:16Eu chamo a atenção que obviamente
houve uma diferença dos termos escolhidos -
6:16 - 6:18para falar desses xingamentos.
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6:18 - 6:21Por exemplo, os adolescentes
são extremamente criativos. -
6:21 - 6:27Então, o meu vocabulário aumentou.
Aprendi xingamentos para o resto da vida. -
6:28 - 6:31Bom, o que esses xingamentos
nos informam acerca dos processos -
6:31 - 6:33de subjetivação das mulheres?
-
6:33 - 6:35Na nossa cultura,
-
6:35 - 6:38as mulheres se subjetivam
principalmente em dois dispositivos: -
6:38 - 6:42o dispositivo amoroso
e o dispositivo materno. -
6:42 - 6:43O que é o dispositivo amoroso?
-
6:43 - 6:47Quer dizer que as mulheres se subjetivam
numa relação consigo mesmas, -
6:47 - 6:50mediada pelo olhar
de um homem que as validem. -
6:50 - 6:53Elas se subjetivam no lugar
de um objeto de desejo. -
6:53 - 6:58Comportamento sexual ativo
tem de ser punido para que ela tenha valor -
6:58 - 7:00no mercado do amor.
-
7:00 - 7:03O ideal também,
principalmente da lipofobia, -
7:03 - 7:05o ideal de beleza também
tem a ver com isso. -
7:05 - 7:06É mais ou menos o seguinte:
-
7:06 - 7:10dentro da prateleira do amor eu tenho
que estar num lugar onde eu seja passível -
7:10 - 7:14de ser escolhida,
mas não se questiona se eu escolho. -
7:14 - 7:18O dispositivo materno, que é o outro fator
pelo qual as mulheres se subjetivam -
7:18 - 7:22na nossa cultura, tem a ver
com os traços de caráter relacionais, -
7:22 - 7:26que é uma espécie de naturalização
de um ideal de maternidade. -
7:26 - 7:28Das mulheres abnegadas.
-
7:28 - 7:31"Mulher tem raiva dos filhos?
De jeito nenhum!" -
7:31 - 7:34Mentira, né gente? Isso é mentira.
-
7:34 - 7:39Eu chamo a atenção que esses valores
são perpetuados pelo uso do xingamento. -
7:39 - 7:43Em relação aos homens, quais foram
os piores xingamentos atribuídos -
7:43 - 7:47também a todas as classes
sociais e faixas etárias, -
7:47 - 7:49inclusive deles para eles mesmos?
-
7:49 - 7:51O que vocês acham?
-
7:51 - 7:52Veado.
-
7:52 - 7:53Veado bombou.
-
7:53 - 7:58E aí não teve muita diferença
de faixa etária não. Era veado mesmo. -
7:58 - 8:01Gente, olha só. O que quer dizer veado?
-
8:01 - 8:06Veado, no imaginário popular,
relacionado a uma posição passiva. -
8:06 - 8:11Uma posição que é relacionada
no imaginário popular às mulheres. -
8:11 - 8:15Ou seja, o que é interditado quando
a gente xinga alguém de veado? -
8:15 - 8:19Uma posição próxima a das mulheres,
de não "ser uma mulherzinha". -
8:19 - 8:21Eu nunca entendi porque
"ser mulherzinha" é xingamento. -
8:21 - 8:25Já tentaram me xingar:
"Sua mulherzinha!", e eu: "Obrigada". -
8:25 - 8:27Não tem sentido.
-
8:27 - 8:31Mas a questão é, esse xingamento reproduz
-
8:31 - 8:34a heteronormatividade
e um valor de atividade. -
8:34 - 8:35Que quer dizer isso?
-
8:35 - 8:38A heteronormatividade
no sentido de naturalizar, -
8:38 - 8:44a heterossexualidade e a posição
do homem em uma posição ativa, -
8:44 - 8:47ou seja, é um xingamento homofóbico,
mas prestem atenção: -
8:47 - 8:54no centro da homofobia tem uma misoginia;
um ódio às qualidades das mulheres. -
8:54 - 8:58Em segundo lugar, os principais
xingamentos relacionados aos homens -
8:58 - 9:01foram os traços de caráter
de autoinvestimento, -
9:01 - 9:05ou seja, que ferem uma ideia de virilidade
relacionada à produção. -
9:05 - 9:09"Fracassado", "pobre", "cafetão"...
-
9:09 - 9:14Em terceiro lugar, atributos físicos,
mas diferentemente das mulheres, -
9:14 - 9:18ao invés de ser um padrão ideal
estético geral, foi centrado no pênis. -
9:18 - 9:21"Pinto mole", "pinto pequeno",
-
9:21 - 9:24que, na verdade, é um espelho
do que se constrói no imaginário -
9:24 - 9:27da eficácia sexual desse homem.
-
9:27 - 9:32O que os xingamentos masculinos,
enquanto uma tecnologia de gênero, -
9:32 - 9:35nos dizem acerca do processo
de subjetivação dos homens? -
9:35 - 9:39Os homens na nossa cultura
se subjetivam principalmente -
9:39 - 9:42no dispositivo da eficácia,
sobretudo em dois fatores: -
9:42 - 9:45sexual e laborativo, do trabalho.
-
9:45 - 9:48Isso quer dizer que, entre aspas,
um "verdadeiro homem", -
9:48 - 9:50ou o que é construído
como verdadeiro homem -
9:50 - 9:53é um "comedor" e é um "produtor".
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9:53 - 9:56Ele é um reprodutor e produtor,
em outras palavras. -
9:57 - 10:00Então eu chamo a atenção
que quando a gente xinga, -
10:00 - 10:04por mais que você não saiba,
está perpetuando esse tipo de valor. -
10:04 - 10:08Bom, duas questões então ficaram para mim.
-
10:08 - 10:10A primeira é a seguinte:
eu sou psicóloga clínica, -
10:10 - 10:15e no atendimento, vocês sabem
que a clínica é o lugar do segredo... -
10:15 - 10:19Algumas pessoas se referiam ao uso
de xingamentos na vida sexual erótica -
10:19 - 10:22como algo excitante;
era a primeira questão. -
10:22 - 10:25Falei: "Vou ter que pesquisar isso".
-
10:25 - 10:29A segunda: "Será que o público
que se autodenomina homossexual -
10:29 - 10:30também usa esses xingamentos?"
-
10:30 - 10:31Primeira pesquisa:
-
10:31 - 10:35eu não ia conseguir fazer
entrevistas com pessoas em geral -
10:35 - 10:38de um modo rápido sobre
a questão do imaginário erótico, -
10:38 - 10:42porque elas têm vergonha
de se confessar, vamos colocar assim. -
10:42 - 10:44E me veio a ideia de fazer um levantamento
-
10:44 - 10:50com as quatro principais
plataformas pornô brasileiras na web -
10:50 - 10:53sobre os contos eróticos,
e a gente fez isso. -
10:53 - 10:56A gente pegou nessas quatro plataformas,
-
10:56 - 11:00nesses quatro sites, quais eram
os dez contos mais lidos e votados. -
11:00 - 11:02Quando eu digo mais votados,
são 3 milhões de votos. -
11:02 - 11:05Imagina aí o que o povo
não fez com esse conto. -
11:06 - 11:07Imagina!
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11:07 - 11:09Cada conto mais cabeludo que o outro.
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11:09 - 11:11E o que a gente fez?
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11:11 - 11:15A gente elencou as palavras que eram
utilizadas no sentido de excitar. -
11:16 - 11:20E olha que interessante:
80% das palavras usadas nos contos -
11:20 - 11:25com intuito de excitar eram
xingamentos relacionados às mulheres. -
11:25 - 11:29Os mesmos xingamentos usados
como algo ofensivo na esfera pública -
11:29 - 11:32eram reproduzidos como excitante
na esfera privada. -
11:32 - 11:37Desses 80%, 60% eram homens
xingando as mulheres, -
11:37 - 11:40e 40% eram as mulheres
se referindo a si mesmas -
11:40 - 11:41através do xingamento.
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11:41 - 11:44Exemplo, o cara: "Vou te comer sua puta".
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11:44 - 11:47A mulher: "Vem comer aqui sua putinha".
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11:47 - 11:50Mas e os outros 20%?
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11:50 - 11:54A gente não encontrou os xingamentos
considerados ofensivos aos homens -
11:54 - 11:57dentro do imaginário erótico
nesses contos. -
11:57 - 12:01O que a gente encontrou foram os elogios,
principalmente enaltecendo a virilidade: -
12:01 - 12:05"garanhão", "comedor",
"fodedor", e por aí vai. -
12:06 - 12:10Os xingamentos que apareceram
como sendo ofensivos na esfera pública, -
12:10 - 12:15e que apareceram na esfera privada,
foram sobretudo uma outra categoria, -
12:15 - 12:19dentro de comportamento sexual,
mas de passivação. -
12:19 - 12:21O que é isso? "Corno" e "chifrudo".
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12:21 - 12:26Detalhe, mas era "corno" e "chifrudo"
não relacionado ao protagonista -
12:26 - 12:27da cena erótica.
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12:27 - 12:29Era ele se referindo a um terceiro homem.
-
12:29 - 12:31"Ah, vem cá sua putinha.
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12:31 - 12:35Deixa eu te comer enquanto o corninho
do seu marido está lá trabalhando". -
12:35 - 12:40Ou seja, enaltecia de novo a virilidade
pela subjugação de uma mulher -
12:40 - 12:42e de outro homem.
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12:42 - 12:47Em relação à pesquisa com o público
autodenominado homossexual: -
12:47 - 12:50eu tinha uma esperança
de que os valores seriam diferentes e tal. -
12:50 - 12:55A gente aplicou 375 questionários
nesse público, mulheres e homens, -
12:55 - 12:57e foi muito interessante, por quê?
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12:57 - 13:03Em relação às mulheres hetero, todos
os grupos: mulheres homo, mulheres -
13:03 - 13:08hetero, homens homo e homens hetero,
atribuíram como pior xingamento -
13:08 - 13:11a um homem heterossexual
o comportamento sexual passivo. -
13:11 - 13:13Repetiu o valor.
-
13:13 - 13:15Em relação a mulher hetero:
-
13:15 - 13:20todos os grupos também consideravam
que o pior xingamento relacionado -
13:20 - 13:23a uma mulher é
o comportamento sexual ativo. -
13:23 - 13:26Em relação às mulheres homo,
-
13:26 - 13:30também houve uma predominância
dos xingamentos sexuais, -
13:30 - 13:32mas houve um ponto diferente.
-
13:32 - 13:35O pior xingamento considerado
para as mulheres homossexuais, -
13:35 - 13:40inclusive delas para elas mesmas,
foi o comportamento sexual invertido. -
13:40 - 13:43"Sapata", "lésbica", "maria machadão"...
-
13:43 - 13:45E para os homens homossexuais?
-
13:45 - 13:50Para os homens homossexuais, os piores
xingamentos que foram considerados, -
13:50 - 13:54foram os de comportamento
sexual passivo, ou seja, "veadinho". -
13:54 - 13:56O que eu quero chamar a atenção?
-
13:56 - 14:02É que há uma reprodução
desses valores machistas e homofóbicos -
14:02 - 14:06dentro desse grupo também,
e portanto de uma misoginia. -
14:06 - 14:11Então o que eu queria dizer para vocês é
que o xingamento não tem nada de inocente. -
14:11 - 14:15Que não dá para a gente se desculpar
e dizer assim: "É só um xingamentozinho". -
14:15 - 14:19Quando a gente xinga, a gente não está só
representando os valores de gênero -
14:19 - 14:20que estão aí na sociedade.
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14:20 - 14:23A gente está reafirmando esses valores,
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14:23 - 14:28perpetuando uma certa forma de controle
sobre os nossos corpos e as nossas mentes. -
14:28 - 14:29É isso.
-
14:29 - 14:31(Aplausos)
- Title:
- Por que xingamos homens e mulheres de modo diferente? | Valeska Zanello | TEDxUniversidadedeBrasília
- Description:
-
A Professora Valeska Zanello analisa os insultos que estão presentes em nosso cotidiano, partindo de fatos que vivenciamos com frequência, mas que pouco percebemos: xingamos homens e mulheres de forma diferente! Mas por quê?
Professora adjunta do Departamento de Psicologia Clínica (PCL) do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília. Valeska é feminista, trabalha na interface entre Saúde mental, Psicopatologia, Gênero, Filosofia da Linguagem e Psicanálise. Coordena o grupo de pesquisa “Saúde Mental e Gênero”. É representante do Conselho Federal de Psicologia no Conselho Nacional de Direitos da Mulher (SPM) e membro do Grupo de Estudos Feministas (GEFEM) da Universidade de Brasília.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- Portuguese, Brazilian
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 14:43