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Estamos no museu britânico e
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estamos olhando para os frisos que
envolviam o Partenon
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mas não exatamente o exterior dele...
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Mas sim dentro da marquise.
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são esculturas superficiais
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e embora elas tivessem uma
pintura mais vívida
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penso que era um pouco difícil vê-los
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Essencialmente o que vemos é uma
procissão de cidadãos atenienses
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pelo aniversário de Atena,
deusa padroeira de Atenas
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Que encerraria sua caminhada
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através da cidade no seu templo
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Certo, o Partenon
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E dentro do Partenon
há um escultura gigante
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da deusa Atena feita por Fídia
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O que temos aqui então
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não é a representação de alguma mitologia
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mas, na verdade, uma representação
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de algo que os atenienses teriam vivido
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...Sim, e eles se colocam no
reino dos deuses
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porque eles participam da procissão
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parecendo bem altivos e nobres,
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e a procissão termina com um
sacrifício para os deuses
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na presença dos deuses e deusas
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De certa forma isso dissolve a dualidade
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...entre reino humano e reino divino
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Vamos olhar de perto a procissão
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Porque primeiramente ela é bem longa
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ocupando dois lados da sala.
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A procissão começa de uma maneira lenta
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...certo, e vai ganhado ímpeto e energia.
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Estamos falando de dezenas de cavalos,
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dezenas de cavaleiros,
cada um esculpido de maneira
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ligeiramente diferente.
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Cavalos sobrepondo cavalos,
que sobrepõe cavaleiros
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Há uma incrível impressão de
ritmo e movimento
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Apesar de tudo estar estático, na pedra,
certo?
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Nada se move, mas há uma complexidade
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dos cascos dos cavalos,
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das pernas dos cavalos,
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das pernas dos cavaleiros...
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A anatomia dos cavalos,
seus músculos, suas veias...
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e cada um está numa posição
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como você disse, numa posição
ligeiramente diferente.
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mas tudo cria esse ímpeto.
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Quase posso ouvir o trote desses cavalos.
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As figuras masculinas têm esses
ombros largos e quadris estreitos
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e belos torsos, incríveis músculos
nos braços,
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Rostos belíssimos e muito serenos.
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Nós vemos esses humanos, esses
atenienses controlam o poder
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e a selvageria da natureza
representada através dos cavalos.
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Essa ação super selvagem e apaixonada
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é uma das coisas mais maravilhosas
em um animal.
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E o cavaleiro humano ali montado,
segurando a rédea... De maneira tão nobre,
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se virando para olhar às suas costas
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sem preocupar-se com o fato
do seu animal estar empinando
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pois ele tem tanto controle que
pode se virar ainda assim.
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Isso é algo que fala sobre um
tipo de nobreza e heroísmo.
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Então, se de fato, o friso
retrata a procissão panatenaica,
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hipótese geralmente aceita.
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Embora haja historiadores que
sugiram outras possibilidades.
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O que provavelmente estamos vendo
nessa imagem é a dobragem do peplo
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o qual foi tecido com muita honra
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pelos próprios atenienses
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que, claro, desfilaram finalmente pela cidade
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para vestirem eles mesmos
a estátua da deusa Atena
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no seu templo, o Partenon
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Esse grupo de esculturas teria ficado
bem sobre a entrada principal do Partenon
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O próprio templo pode, na verdade,
ser alcançado de qualquer direção
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mas para chegar até a câmara principal
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você teria de passar sob
estas imagens, então...
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...e olhando para cima veria os deuses
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Essas estão em piores condições.
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E há uma espécie de calmaria aqui,
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e há um maior distanciamento
entre as figuras
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em relação a confusão de
cavalos e cavaleiros
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na procissão que eu amo tanto.
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Mas o que é realmente
notável nessas figuras
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é o tratamento de suas roupas
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É quase como se houvesse um escultor
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que sob a direção de Fídias,
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amava brincar com o amarrotar do tecido.
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Eles rodam, e se movimentam
e se encontram.
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Nós estamos olhando para três figuras aqui
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que sentam-se uma de frete para a outra.
Mas uma vira sua face para trás
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E há uma figura aqui que simplesmente...
Eu nunca vi nada...
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Ares - o Deus da guerra
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Esse é ele?
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Sim!
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é tão humano e tão divino ao mesmo tempo
e apesar de nós não vermos sua face
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há um espécie de total confiança e
idealismo no seu corpo e na sua postura
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E o modo como ele se move,
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levantando o joelho e
se inclinando para trás, olhando
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e há um senso de total tranquiidade
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e ainda assim seus gestos são tão humanos
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Há uma espécie de total conforto dele
com o seu corpo
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Que a escultura consegue
expressar com primor
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Mas esse painel é notável graças a
sua variedade
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por sua complexidade e unidade,
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pela compreensão das diversas formas
do homem experienciar o movimento
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da relação entre animal e homem,
e homem e deus
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e muito disso é um espelho que reflete
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o modo como os gregos viam eles mesmos
e o mundo.
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Legendado por [Igor Vieira]
Revisado por [Cainã Perri]