Escolha, felicidade e molho de esparguete
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0:01 - 0:03Penso que era suposto
eu falar sobre o meu novo livro, -
0:03 - 0:08cujo título é "Blink" e que é sobre
julgamentos rápidos e primeiras impressões. -
0:08 - 0:12O livro sai em janeiro, e espero
que todos vocês o comprem em triplicado.
(Risos) -
0:14 - 0:15Mas eu estava a pensar nisso
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0:15 - 0:18e apercebi-me que, embora
o meu novo livro me faça feliz, -
0:18 - 0:22— e acho que também
fará a minha mãe feliz — -
0:22 - 0:24não é na sobre a felicidade.
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0:24 - 0:28Por isso, decidi que, em vez disso,
falaria sobre alguém -
0:28 - 0:32que, na minha opinião, contribuiu muito
para fazer os americanos felizes, -
0:32 - 0:35como talvez nenhuma outra pessoa
nos últimos 20 anos. -
0:35 - 0:38Um homem que, para mim,
é um herói pessoal. -
0:39 - 0:41Alguém chamado Howard Moskowitz,
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0:41 - 0:45que é famoso por ter reinventado
o molho de esparguete. -
0:45 - 0:52O Howard é mais ou menos desta altura,
é rechonchudo, está na casa dos 60 anos, -
0:52 - 0:56tem uns óculos enormes,
cabelo grisalho ralo, -
0:56 - 1:00e demonstra uma maravilhosa
exuberância e vitalidade. -
1:01 - 1:04Tem um papagaio, adora ópera,
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1:04 - 1:08e é um grande aficionado
pela história medieval. -
1:08 - 1:11E, por profissão, é psicofísico.
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1:11 - 1:15Devo dizer-vos que não faço ideia
do que é um psicofísico, -
1:15 - 1:17embora a determinado ponto da minha vida,
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1:17 - 1:19eu tenha namorado, durante dois anos,
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1:19 - 1:22uma rapariga que estava a fazer
o doutoramento em psicofísica, -
1:22 - 1:25o que vos deve dar umas pistas
sobre aquele relacionamento. -
1:25 - 1:27(Risos)
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1:27 - 1:30Tanto quanto eu sei, psicofísica
tem a ver com medir coisas. -
1:30 - 1:32E Howard interessa-se muito
por medir coisas. -
1:33 - 1:35Formou-se com um doutoramento em Harvard,
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1:35 - 1:38e criou uma pequena firma de consultoria
em White Plains, Nova Iorque. -
1:39 - 1:41Um dos seus primeiros clientes
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1:41 - 1:43— isto foi há muitos anos,
no início da década de 70 — -
1:43 - 1:46um dos seus primeiros clientes
foi a Pepsi. -
1:46 - 1:48A Pepsi procurou Howard e disse-lhe;
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1:48 - 1:50"Há uma coisa nova chamada aspartamo,
-
1:50 - 1:52"e nós queremos criar uma Diet Pepsi.
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1:52 - 1:55"Queremos que definas a quantidade
de aspartame que devemos pôr -
1:55 - 1:59"em cada lata de Diet Pepsi, de modo
a termos a bebida perfeita." -
2:00 - 2:04Parece ser uma pergunta
muito simples de responder. -
2:04 - 2:06Foi o que Howard pensou,
porque a Pepsi disse-lhe: -
2:06 - 2:09"Estamos a apontar para uma gama
entre 8 e 12% de aspartamo. -
2:09 - 2:12"Abaixo de 8% não será
suficientemente doce, -
2:12 - 2:16"e acima de 12% será excessivamente doce.
-
2:16 - 2:19"Queremos saber qual será a composição
mais doce entre 8 e12%?" -
2:20 - 2:23Se eu vos desse este problema,
todos vocês diriam: "É muito simples". -
2:24 - 2:27"Faríamos uma bateria de testes
experimentais de Pepsi, -
2:27 - 2:32"para cada grau de doçura
— 8%, 8,1%, 8,2%, 8,3%, -
2:32 - 2:35"todos os níveis até aos 12% —
e fazemos isso com milhares de pessoas, -
2:35 - 2:38"e colocamos os resultados numa curva,
-
2:38 - 2:40"e escolhemos
a concentração mais popular". -
2:40 - 2:42Certo? Muito simples.
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2:42 - 2:46Howard faz as experiências, obtém os dados,
representa-os numa curva -
2:46 - 2:49e de repente, repara que não tem
uma bela curva em forma de sino -
2:49 - 2:51De facto, os dados não fazem sentido.
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2:51 - 2:53É uma confusão, estão espalhados
por todo o lado. -
2:53 - 2:55A maior parte das pessoas neste negócio,
-
2:55 - 2:58no mundo dos testes de comida
e coisas do género, -
2:58 - 3:01não desanimam quando os dados
se revelam uma confusão. -
3:01 - 3:04"Imaginar o que as pessoas pensam
de um refrigerante de cola -
3:04 - 3:05"não é lá muito fácil.
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3:05 - 3:08"Talvez tenha feito um erro
algures no processo. -
3:08 - 3:10"Vou fazer uma suposição",
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3:10 - 3:14Entõ, apontam para a escolha dos 10%,
mesmo no meio da curva. -
3:14 - 3:16Howard não se convence
assim tão facilmente. -
3:16 - 3:19Horward é um homem
com um certo grau de padrão intelectual. -
3:19 - 3:22Essa solução, para ele,
não era suficientemente boa. -
3:22 - 3:24Essa dúvida atormentou-o durante anos.
-
3:24 - 3:26Pensava no assunto e dizia:
"O que está mal? -
3:26 - 3:30"Porque não consigo tirar uma conclusão
lógica nestas experiências com Diet Pepsi?" -
3:30 - 3:33Um dia, estava num restaurante
em White Plains, -
3:33 - 3:36a pensar num trabalho
que tinha com a Nescafé. -
3:36 - 3:40De repente, como se tivesse sido atingido
por um raio, a resposta surgiu-lhe. -
3:40 - 3:43Quando analisava
os dados sobre a Diet Pepsi, -
3:43 - 3:45estava a fazer a pergunta errada.
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3:45 - 3:47Eles estavam à procura da Pepsi perfeita,
-
3:47 - 3:50quando deveriam estar à procura
das Pepsis perfeitas. -
3:51 - 3:52Acreditem.
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3:52 - 3:54Foi uma revelação tremenda.
-
3:54 - 3:58Foi uma das mais brilhantes revelações
de sempre na ciência da alimentação. -
3:58 - 4:00Howard imediatamente fez-se à estrada,
-
4:00 - 4:03e foi a conferências por todo o país,
onde se levantava e dizia: -
4:03 - 4:07"Vocês andam a procura da Pepsi perfeita.
Vocês estão errados. -
4:07 - 4:10"Vocês deviam estar à procura
das Pepsis perfeitas." -
4:10 - 4:12As pessoas olhavam-no
com olhares vazios, e diziam: -
4:12 - 4:14"Do que estás a falar? Isso é loucura."
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4:14 - 4:16E passavam à frente:
"Continuemos, o próximo!" -
4:16 - 4:19Tentou arranjar trabalho,
mas ninguém o contratava. -
4:19 - 4:22Ele estava obcecado e só falava naquilo.
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4:22 - 4:24Howard adora a expressão iídiche
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4:24 - 4:27"para um verme num rábano,
o mundo é um rábano." -
4:27 - 4:28Aquele era o seu rábano.
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4:28 - 4:30(Risos)
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4:30 - 4:32Ele estava obcecado com aquilo!
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4:32 - 4:35Finalmente, teve um momento de viragem.
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4:35 - 4:38A Vlasic Pickles foi ter com ele
e disseram-lhe: -
4:38 - 4:40"Sr. Moskowitz — Doutor Moskowitz —
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4:40 - 4:42"nós queremos fazer os pikles perfeitos."
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4:42 - 4:46E ele: "Não há um pickes perfeito,
só há pikles perfeitos." -
4:46 - 4:50E disse-lhes: "Vocês não devem
melhorar só o vosso produto típico, -
4:50 - 4:52"vocês precisam de criar paladares."
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4:52 - 4:55Foi a partir daí que passámos a ter
pikles com diferentes sabores. -
4:55 - 4:58Depois apareceram outros,
como por exemplo a Campbell's Soup. -
4:58 - 4:59E isso foi ainda mais importante. De facto,
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4:59 - 5:03foi na Campbell's Soup que o Howard construiu a sua reputação.
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5:03 - 5:08A Campbell's criou a marca Prego, e a Prego, no início da década de 80, competia com a marca Ragu,
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5:08 - 5:11que era o molho de esparguete dominante nas décadas de 70 e 80 do século passado.
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5:11 - 5:14Agora a indústria -- Eu não sei se vocês ligam a isto,
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5:14 - 5:15ou quanto tempo tenho para tocar neste assunto.
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5:15 - 5:18Mas, tecnicamente falando -- e abro aqui um parêntesis --
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5:18 - 5:21Prego é um molho de tomate melhor do que a Ragu.
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5:21 - 5:25A qualidade da pasta de tomate é muito melhor, a mistura de especiarias é de longe superior,
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5:25 - 5:28ele mistura-se com a massa duma forma muito mais agradável. De facto,
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5:28 - 5:33fazia-se o famoso teste da malga nos anos 70 com Ragu e Prego.
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5:33 - 5:36Vocês têm um prato de esparguete, e colocam o molho de esparguete sobre ele, certo?
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5:36 - 5:41E o molho Ragu ia todo para o fundo, e o Prego permanecia sobre a massa.
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5:41 - 5:43A isso chama-se "aderência".
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5:43 - 5:47E, no entanto, apesar do facto de serem muito superiores em termos de aderência,
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5:47 - 5:52e em termos da qualidade da sua pasta de tomate, Prego estava em dificuldades.
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5:52 - 5:55Então a empresa contacta Howard, e dizem-lhe, corrija-nos.
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5:55 - 5:57E o Howard olhou para linha de produtos deles, e disse-lhes,
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5:57 - 6:01o que vocês têm é uma sociedade dos tomates mortos.
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6:01 - 6:03E então ele diz-lhes, é isto que eu quero fazer.
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6:03 - 6:05E então ele reúne-se com as equipas de cozinha da Campbell,
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6:05 - 6:10e elabora 45 variedades de molho para esparguete. E ele variava-os
-
6:10 - 6:14de todas as formas possíveis com que se pode variar um molho de tomate.
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6:14 - 6:18Em termos de doçura, o nível de alho, o nível de acidez, de azedo, de "tomaticidade",
-
6:18 - 6:25através dos sólidos visíveis -- a minha designação favorita no negócio dos molhos de esparguete. (Risos)
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6:25 - 6:30Todas as maneiras possíveis com que se pode variar um molho de esparguete, ele experimentou.
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6:30 - 6:35E então ele tomou esse conjunto de 45 tipos de molhos de esparguete, e fez-se à estrada.
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6:35 - 6:37Ele foi a Nova Iorque, ele foi a Chicago, ele foi a Jacksonville,
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6:37 - 6:43ele foi a Los Angeles. E ele angariava inúmeras pessoas e levava-as para grandes auditórios.
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6:43 - 6:45E reunia-as durante duas horas, e dava-lhes,
-
6:45 - 6:48durante essas duas horas, 10 malgas.
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6:48 - 6:52Dez pequenas malgas com massa, e com um molho de esparguete diferente em cada uma.
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6:52 - 6:56E após as pessoas comerem todas as amostras, elas classificavam-nas numa escala de 0 a 100,
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6:56 - 6:59em termos do quão bom o molho de esparguete estava.
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6:59 - 7:02E no fim desse processo, depois de repeti-lo por meses e meses,
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7:02 - 7:04ele tinha uma montanha de dados
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7:04 - 7:08sobre como os Americanos se sentiam acerca dos molhos de esparguete.
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7:08 - 7:10Então depois ele analisava esses dados.
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7:10 - 7:14Agora, será que ele procurou a mais popular variedade de molho de esparguete? Não!
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7:14 - 7:16O Howard não acredita que exista algo desse género.
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7:16 - 7:18Ao contrário, ele procurou nos dados que tinha, e disse,
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7:18 - 7:24vamos ver se conseguimos agrupar todos estes diferentes dados em grupos.
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7:24 - 7:27Vamos ver se eles apresentam ideias em comum.
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7:27 - 7:33E então, se vocês pararem para pensar, e analisarem todos esses dados sobre o molho de esparguete,
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7:33 - 7:36chegam à conclusão de que todos os Americanos se enquadram num de três grupos.
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7:36 - 7:39Existem pessoas que gostam do seu esparguete com um molho simples,
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7:39 - 7:42existem pessoas que gostam do seu esparguete com um molho picante,
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7:42 - 7:45e existem aquelas que gostam do molho com muitos pedaços.
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7:45 - 7:49E desses três factos, o terceiro foi o mais significativo.
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7:49 - 7:51Porque naquela altura, no início dos anos 80,
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7:51 - 7:53se vocês fossem ao supermercado,
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7:53 - 7:57não encontrariam um molho de esparguete extra-pedaços.
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7:57 - 7:59E a Prego virou-se para o Howard, e disse-lhe,
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7:59 - 8:05"Estás a dizer-nos que um terço dos Americanos anseiam por um molho de esparguete com muitos pedaços
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8:05 - 8:09e ainda não há nenhum produto que os satisfaça?" E ele disse-lhes: Sim!
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8:09 - 8:11(Risos) E então a Prego voltou atrás,
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8:11 - 8:13e reformularam completamente o seu molho de esparguete,
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8:13 - 8:17e surgiram com uma linha de molhos extra-pedaços que imediata e completamente
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8:17 - 8:20arrebatou o negócio dos molhos de esparguete neste país.
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8:20 - 8:24E durante os 10 anos seguintes, eles lucraram 600 milhões de dólares
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8:24 - 8:28a partir da sua linha de molhos com extra-pedaços.
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8:28 - 8:31E todas as pessoas na indústria viram o que o Howard havia feito, e então disseram,
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8:31 - 8:34"Oh meu Deus! Nós andamos a pensar nisto de uma forma totalmente errada!"
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8:34 - 8:37E foi a partir desse ponto que passámos a ter sete tipos diferentes de vinagres,
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8:37 - 8:42e 14 tipos diferentes de mostarda, e 71 variedades diferentes de azeite de oliva --
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8:42 - 8:46e então até a Ragu contratou Howard,
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8:46 - 8:49e o Howard fez com a Ragu exactamente o que havia feito com a Prego.
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8:49 - 8:50E hoje em dia, se vocês forem a um supermercado, um bom estabelecimento,
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8:50 - 8:53e repararem na quantidade de tipos de Ragu que estão disponíveis --
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8:53 - 8:56Vocês fazem ideia de quantos tipos existem? 36!
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8:56 - 9:02Em seis variedades: Queijo, Leve, Robusto,
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9:02 - 9:11Rico & Com Alma, Tradicional do Velho Mundo, Jardim Extra-Pedaços. (Risos)
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9:11 - 9:15É essa a maneira do Howard fazer as coisas. É essa a dádiva do Howard ao povo Americano.
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9:15 - 9:19Agora, por que é isto importante?
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9:19 - 9:23Isto, de facto, é extremamente importante. Eu vou explicar-vos porquê.
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9:23 - 9:26O que o Howard fez foi, fundamentalmente, mudar a maneira como a indústria alimentar pensa
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9:26 - 9:29sobre fazer-vos felizes.
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9:29 - 9:32A hipótese número um da indústria alimentar costumava ser
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9:32 - 9:35que a maneira de descobrir o que as pessoas queriam comer --
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9:35 - 9:38o que faria as pessoas felizes -- seria perguntar-lhes.
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9:38 - 9:40E durante anos e anos e anos e anos, o que a Ragu e Prego faziam
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9:40 - 9:44era criar grupos de estudo, e então reuniam e sentavam as pessoas, e diziam,
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9:44 - 9:48"O que é que vocês querem num molho de esparguete? Digam-nos o que vocês querem num molho de esparguete."
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9:48 - 9:51E durante todos aqueles anos -- 20, 30 anos --
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9:51 - 9:53através de todos aqueles grupos de estudo,
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9:53 - 9:57ninguém alguma vez mencionou que queria um molho extra-pedaços.
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9:57 - 10:00Mesmo que no fundo dos seus corações, um terço das pessoas realmente o quisessem.
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10:00 - 10:03(Risos)
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10:03 - 10:05As pessoas não sabem o que querem! Certo?
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10:05 - 10:08Ou como o Howard adora dizer, "A mente não sabe o que quer a língua."
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10:08 - 10:11É um mistério!
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10:11 - 10:16E um passo criticamente importante para entender os nossos próprios desejos
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10:16 - 10:21e gostos é perceber que nem sempre conseguimos explicar o que intimamente queremos.
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10:21 - 10:25Se, por exemplo, eu perguntasse a todos vocês nesta sala, o que querem num café,
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10:25 - 10:31sabem como responderiam? Todos vocês diriam "Eu quero um café torrado escuro, rico e com coração."
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10:31 - 10:33É isso que as pessoas sempre dizem quando lhes perguntam o que querem encontrar num café.
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10:33 - 10:36Do que gostas? Uma moagem escura, rica e com coração!
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10:36 - 10:40Qual a percentagem de vocês que realmente gostariam de um café torrado escuro, rico e com coração?
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10:40 - 10:43Segundo Howard, algo entre 25 e 27 por cento de vocês.
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10:43 - 10:47A maior parte de vocês gostam de café com leite, café mais fraco.
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10:47 - 10:50Mas vocês nunca, jamais dirão a alguém que vos pergunte o que vocês querem --
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10:50 - 10:52que "Eu quero um café com leite, um café mais fraco." (Risos)
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10:52 - 10:57Portanto, essa foi a primeira coisa que o Howard fez.
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10:57 - 11:00A segunda coisa mais importante que o Howard fez foi fazer-nos perceber --
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11:00 - 11:02é outro ponto particularmente crítico --
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11:02 - 11:08ele fez-nos perceber a importância daquilo que ele gosta de chamar de segmentação horizontal.
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11:08 - 11:10Por que é isto crítico? É crítico porque
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11:10 - 11:12este é o modo como a indústria alimentar pensava antes do Howard. Certo?
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11:12 - 11:17Em que estavam eles obcecados no início da década de 80? Eles estavam obcecados com a mostarda.
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11:17 - 11:20Em particular, eles estavam obcecados com a história da Grey Poupon [marca de mostarda americana]. Certo?
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11:20 - 11:23Tipicamente, havia duas marcas de mostarda. A French's e a Gulden's.
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11:23 - 11:25O que eram essas mostardas? Mostardas amarelas. O que contém a mostarda amarela?
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11:25 - 11:29Sementes de mostarda amarela, curcuma e paprica. Isso era a mostarda.
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11:29 - 11:32E então a Grey Poupon chegou, com a Dijon. Certo?
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11:32 - 11:38Sementes castanhas de mostarda mais voláteis, algum vinho branco,
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11:38 - 11:41aromas mais delicados. E o que fizeram eles?
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11:41 - 11:46Eles puseram a mostarda em pequenos frascos, com um fantástico rótulo esmaltado,
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11:46 - 11:50fizeram-no parecer Francês, mesmo sendo produzido em Oxnard, Califórnia.
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11:50 - 11:55E ao invés de cobrarem um dólar e meio pela embalagem de 225 gramas,
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11:55 - 11:58da mesma forma que a French's e Gulden's faziam, eles decidiram cobrar quatro dólares.
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11:58 - 12:01E depois eles tinham aquelas publicidades, certo? Com o tipo no Rolls Royce,
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12:01 - 12:03comendo o Grey Poupon, o outro Rolls Royce pára,
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12:03 - 12:05e ele diz, você tem algum Grey Poupon?
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12:05 - 12:08E com tudo isso, depois de tudo isso, a Grey Poupon descola!
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12:08 - 12:10Domina o mercado das mostardas!
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12:10 - 12:13E a lição que todos levam para casa depois disso
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12:13 - 12:17foi que a maneira de fazer as pessoas felizes
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12:17 - 12:22é dar-lhes algo que seja mais caro, algo a que elas possam aspirar. Certo?
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12:22 - 12:27É fazer com que virem as costas àquilo que elas pensam que gostam agora,
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12:27 - 12:31e alcançar algo de mais elevado na hierarquia das mostardas.
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12:31 - 12:33Uma melhor mostarda! Uma mostarda mais cara!
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12:33 - 12:36Uma mostarda com mais sofisticação e cultura e significado.
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12:36 - 12:39E o Howard olhou para aquilo e disse, está errado!
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12:39 - 12:42A mostarda não existe disposta em hierarquias.
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12:42 - 12:47A mostarda existe, tal como o molho de tomate, num plano horizontal.
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12:47 - 12:50Não existe uma boa mostarda, nem uma má mostarda.
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12:50 - 12:52Não existe a mostarda perfeita, ou a mostarda imperfeita.
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12:52 - 12:56Existem apenas diferentes tipos de mostardas, que satisfazerm diferentes tipos de pessoas.
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12:56 - 13:01Ele fundamentalmente democratizou a maneira como nós pensamos os sabores.
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13:01 - 13:06E por isso, também, nós devemos a Howard Moskowitz um enorme agradecimento.
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13:06 - 13:10A terceira coisa que o Howard fez, e talvez a mais importante,
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13:10 - 13:13é que o Howard confrontou a noção do prato Platónico. (Risos)
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13:13 - 13:16O que eu quero dizer com isso?
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13:16 - 13:18Durante o período mais longo na indústria alimentar,
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13:18 - 13:25existiu um sentimento de que apenas havia uma maneira, a maneira perfeita, de confeccionar um prato.
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13:25 - 13:29Vocês vão ao Chez Panisse, eles dão-vos o sashimi com o peixe gato cauda-vermelha
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13:29 - 13:33com sementes torradas de abóbora em redução de qualquer-coisa-qualquer-coisa.
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13:33 - 13:36Eles não vos dão cinco opções de redução, certo?
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13:36 - 13:40Eles não dizem, você quer a redução extra-pedaços, ou você quer -- não!
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13:40 - 13:43Você tem apenas a redução. Porquê? Porque o chef no Chez Panisse
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13:43 - 13:46tem uma noção platónica acerca do sashimi de peixe-gato cauda-vermelha.
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13:46 - 13:49Esta é a maneira que deve ser.
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13:49 - 13:53E ela serve naquela maneira vezes e vezes sem conta,
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13:53 - 13:55e se vocês reclamarem com ela, ela dirá,
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13:55 - 14:00"Sabe o que mais? Você está enganado! Esta é a melhor maneira e como deve ser neste restaurante."
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14:00 - 14:04O mesmo raciocínio serviu de igual forma à indústria alimentar.
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14:04 - 14:07Eles tinham uma noção, uma noção platónica, do que seria um molho de tomate.
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14:07 - 14:10E de onde isso veio? Veio de Itália.
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14:10 - 14:14Como é o molho de tomate Italiano? É uma mistura, é fino.
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14:14 - 14:17A cultura do molho de tomate era fina.
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14:17 - 14:20Quando se falava no autêntico molho de tomate nos anos 70,
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14:20 - 14:23falávamos sobre o molho de tomate Italiano. Falávamos sobre os primeiros Ragus.
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14:23 - 14:26Que não tinham sólidos visíveis, certo?
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14:26 - 14:28Eram finos, e vocês punham apenas um pouco
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14:28 - 14:30e ele afundava-se até ao fundo da massa.
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14:30 - 14:32Era assim que era. E por que estávamos ligados a isso?
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14:32 - 14:35Porque achávamos que aquilo que faria as pessoas felizes
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14:35 - 14:41era dar-lhes o molho de tomate mais autêntico culturalmente, A,
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14:41 - 14:45e B, nós achávamos que se lhes déssemos o molho de tomate culturalmente autêntico,
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14:45 - 14:47então as pessoas o aceitariam.
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14:47 - 14:50E seria isso que satisfaria o maior número de pessoas.
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14:50 - 14:52E a razão pela qual pensámos assim -- por outras palavras,
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14:52 - 14:56as pessoas no mundo da culinária estavam à procura de valores universais.
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14:56 - 14:59Estavam a procurar uma maneira única de lidar connosco.
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14:59 - 15:02E era justificado que estivessem obcecados com a ideia da universalidade,
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15:02 - 15:06porque toda a ciência, durante o século XIX e grande parte do século XX,
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15:06 - 15:08estava obcecada com a ideia de valores universais.
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15:08 - 15:14Psicólogos, cientistas médicos, economistas estavam todos interessados em encontrar
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15:14 - 15:17as regras que regem a forma de nos comportarmos.
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15:17 - 15:19Mas isso mudou, certo?
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15:19 - 15:22Qual é a grande revolução na ciência dos últimos 10, 15 anos?
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15:22 - 15:28É a passagem da busca da universalidade para a compreensão da variabilidade.
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15:28 - 15:32Agora, na ciência médica, não queremos necessariamente saber como --
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15:32 - 15:37apenas como o cancro funciona, nós queremos saber de que forma o vosso cancro é diferente do meu cancro.
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15:37 - 15:40Eu assumo que o vosso cancro é diferente do seu cancro.
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15:40 - 15:44A genética abriu as portas para o estudo da variabilidade dos seres humanos.
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15:44 - 15:47O que o Howard Moskowitz estava a fazer, era dizer que a mesma revolução
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15:47 - 15:51tem de acontecer no mundo do molho de tomate.
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15:51 - 15:55E por isso, nós devemos-lhe um grande agradecimento.
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15:55 - 16:00Eu vou dar-vos um último exemplo de variabilidade, e esse foi -- oh, peço desculpa.
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16:00 - 16:03Howard não só acreditou, como também deu um segundo passo,
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16:03 - 16:09que foi dizer que quando procuramos princípios universais na comida,
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16:09 - 16:14não estamos apenas a cometer um erro, estamos na realidade, a prestar um mau serviço a nós próprios.
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16:14 - 16:16E o exemplo que ele usou foi o do café.
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16:16 - 16:21E café foi algo com que ele trabalhou imenso, com a Nescafé.
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16:21 - 16:24Se eu pedisse a todos vocês para experimentar e mostrar uma qualidade de café
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16:24 - 16:27-- um tipo de café, uma moagem -- que vos faria felizes,
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16:27 - 16:29e depois vos pedisse que classificassem esse café,
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16:29 - 16:34a pontuação média nesta sala para o café escolhido seria de cerca de 60, numa escala de 0 a 100.
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16:34 - 16:37Se, no entanto, vocês deixassem que eu vos dividisse em grupos de café,
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16:37 - 16:39talvez três ou quatro grupos de café,
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16:39 - 16:44e eu pudesse fazer um café específico para cada grupo individual,
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16:44 - 16:48as vossas pontuações iriam do 60 para 75 ou 78.
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16:48 - 16:53A diferença entre o café de 60 e o café de 78
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16:53 - 16:56é a diferença entre o café que vos faz retrair,
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16:56 - 17:00e o café que vos deixa delirantemente felizes.
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17:00 - 17:04Esta é a última, e eu acho que a mais bela lição do Howard Moskowitz.
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17:04 - 17:08Que ao abranger a diversidade dos seres humanos,
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17:08 - 17:11estaremos com toda a certeza a encontrar a verdadeira felicidade.
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17:11 - 17:13Obrigado.
- Title:
- Escolha, felicidade e molho de esparguete
- Speaker:
- Malcolm Gladwell
- Description:
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O autor de "Tipping Point", Malcolm Gladwell, analisa a procura do molho de esparguete perfeito por parte da indústria alimentar e cria uma discussão alargada sobre a natureza das nossas escolhas e da felicidade.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:13
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Choice, happiness and spaghetti sauce | |
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Robertt Valente added a translation |