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Como o Ocidente se pode adaptar a uma Ásia em ascensão

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    Há uns 200 anos,
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    Napoleão avisou:
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    "Deixem a China dormir,
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    "porque, quando ela acordar,
  • 0:16 - 0:18
    "vai abalar o mundo".
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    Apesar deste aviso antigo,
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    o Ocidente decidiu adormecer
  • 0:25 - 0:30
    precisamente na altura
    em que a China e a Índia
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    e o resto da Ásia, acordaram.
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    Porque é que isto aconteceu?
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    Venho aqui falar deste grande mistério.
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    O que é que eu quero dizer, quando digo
    que o Ocidente decidiu adormecer?
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    Refiro-me ao fracasso do Ocidente
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    em reagir de forma inteligente e cuidadosa
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    a um novo ambiente mundial
    que, obviamente, tem sido criado
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    com o regresso da Ásia.
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    Enquanto amigo do Ocidente,
    sinto-me angustiado com isto,
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    por isso o meu objetivo hoje
    é tentar ajudar o Ocidente.
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    Mas, primeiro, tenho de começar a história
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    falando de como o Ocidente
    acordou o resto do mundo.
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    Reparem no gráfico um.
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    Desde o ano um ao ano 1820,
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    as duas maiores economias do mundo
    foram sempre as da China e da Índia.
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    Só nos últimos 200 anos
    é que a Europa avançou,
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    seguida pela América do Norte.
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    Os últimos 200 anos da história mundial
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    foram, pois, uma grande
    aberração histórica.
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    Todas as aberrações chegam
    a um fim natural
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    e é isso que estamos a ver.
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    Se observarmos o gráfico dois,
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    vemos com que rapidez e pujança
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    a China e a Índia estão a regressar.
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    O grande problema é:
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    Quem acordou a China e a Índia?
  • 2:13 - 2:16
    A única resposta honesta a esta pergunta
  • 2:16 - 2:20
    é que foi a civilização ocidental
    que fez isso.
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    Todos sabemos que o Ocidente
    foi o primeiro a modernizar-se com êxito,
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    a transformar-se,
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    a usar inicialmente o seu poder
    para colonizar e dominar o mundo.
  • 2:29 - 2:34
    Mas, com o tempo, partilhou os dons
    da sabedoria ocidental
  • 2:34 - 2:36
    com o resto do mundo.
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    Vou acrescentar que,
    pessoalmente, beneficiei
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    com a partilha da sabedoria do Ocidente,
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    Quando nasci, em Singapura,
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    que, na altura, em 1948,
    era uma pobre colónia britânica,
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    tal como três quartos
    da humanidade, nessa época.
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    vivi em extrema pobreza.
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    No primeiro dia em que fui
    para a escola, aos seis anos,
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    fui colocado num programa
    especial de alimentação
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    porque, tecnicamente,
    fui considerado malnutrido.
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    Como veem, agora estou muito bem nutrido.
  • 3:10 - 3:12
    (Risos)
  • 3:12 - 3:17
    Mas a melhor coisa que me deram
    foi o ensino ocidental.
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    Como, pessoalmente, fiz este percurso
  • 3:22 - 3:25
    da pobreza do terceiro mundo
  • 3:25 - 3:28
    para uma existência confortável
    da classe média,
  • 3:29 - 3:34
    posso falar com grande convicção
    sobre o impacto da sabedoria Ocidental
  • 3:34 - 3:37
    e a partilha da sabedoria
    do Ocidente com o mundo.
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    Um dom em especial
    que o Ocidente partilhou
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    foi o ato de raciocinar.
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    O raciocínio não foi
    inventado pelo Ocidente.
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    é inerente a todas as culturas
    e a todas as civilizações.
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    Amartya Sen descreveu
  • 3:53 - 3:57
    como o raciocínio está profundamente
    embebido na civilização indiana.
  • 3:58 - 4:00
    Mas também não há dúvida
  • 4:01 - 4:04
    de que foi o Ocidente
    que desenvolveu a arte do raciocínio
  • 4:04 - 4:07
    a um nível muito mais elevado.
  • 4:07 - 4:09
    Através da Revolução Científica,
  • 4:09 - 4:10
    do Iluminismo,
  • 4:10 - 4:13
    da Revolução Industrial,
  • 4:13 - 4:17
    o Ocidente elevou-o profundamente
  • 4:17 - 4:20
    e, de modo igualmente importante, usou-o,
  • 4:20 - 4:25
    aplicou-o para resolver
    muitos importantes problemas práticos.
  • 4:25 - 4:29
    Depois, o Ocidente partilhou
    esta arte do raciocínio
  • 4:29 - 4:31
    com o resto do mundo.
  • 4:31 - 4:34
    Posso dizer-vos que isso levou
  • 4:34 - 4:38
    àquilo a que chamamos
    as revoluções silenciosas.
  • 4:39 - 4:41
    Enquanto asiático,
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    posso descrever como essas revoluções
    silenciosas transformaram a Ásia.
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    A primeira revolução foi a económica.
  • 4:53 - 4:58
    A principal razão por que
    tantas economias asiáticas,
  • 4:58 - 5:03
    incluindo as sociedades comunistas
    da China e do Vietname,
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    têm funcionado tão espetacularmente bem
    no desenvolvimento económico,
  • 5:07 - 5:12
    é porque finalmente perceberam,
    absorveram e implementaram
  • 5:12 - 5:14
    as economias de mercado livre
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    — um presente do Ocidente.
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    Adam Smith tinha razão.
  • 5:18 - 5:20
    Se deixarmos os mercados decidirem,
  • 5:20 - 5:23
    a produtividade aumenta.
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    O segundo presente foi psicológico.
  • 5:27 - 5:30
    Também aqui posso falar
    por experiência pessoal.
  • 5:32 - 5:33
    Quando eu era jovem,
  • 5:33 - 5:36
    a minha mãe e a geração dela
  • 5:36 - 5:41
    acreditavam que a vida
    era determinada pelo destino.
  • 5:41 - 5:44
    Não podíamos fazer nada quanto a isso.
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    A minha geração
  • 5:46 - 5:49
    e a geração dos asiáticos
    depois de mim,
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    acreditam que podemos ser responsáveis
  • 5:51 - 5:53
    e podemos melhorar a nossa vida.
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    Isto pode explicar, por exemplo,
  • 5:56 - 6:01
    o pico de empreendedorismo
    que vemos atualmente por toda a Ásia.
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    Se viajarmos hoje pela Ásia,
  • 6:05 - 6:11
    também veremos os resultados
    da terceira revolução,
  • 6:11 - 6:15
    a revolução da boa governação.
  • 6:15 - 6:18
    Como resultado da boa governação,
  • 6:19 - 6:20
    se viajarem pela Ásia,
  • 6:20 - 6:22
    verão melhores cuidados de saúde,
  • 6:22 - 6:24
    melhor ensino,
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    melhores infraestruturas,
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    melhores políticas públicas.
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    É um mundo diferente.
  • 6:31 - 6:34
    Ora bem, depois de transformar o mundo
  • 6:34 - 6:37
    através da partilha da sabedoria ocidental
    com o resto do mundo,
  • 6:37 - 6:43
    a resposta lógica e racional
    do Ocidente devia ter sido dizer:
  • 6:43 - 6:47
    "Temos de nos ajustar
    e adaptar a este novo mundo".
  • 6:48 - 6:52
    Em vez disso, o Ocidente optou por dormir.
  • 6:52 - 6:54
    Porque é que isso aconteceu?
  • 6:55 - 6:57
    Eu creio que aconteceu
  • 6:57 - 7:04
    porque o Ocidente ficou distraído
    com dois importantes acontecimentos.
  • 7:05 - 7:10
    O primeiro acontecimento
    foi o fim da Guerra Fria.
  • 7:10 - 7:15
    Sim, o fim da Guerra Fria
    foi uma grande vitória.
  • 7:15 - 7:20
    O Ocidente derrotou a poderosa
    União Soviética, sem disparar um tiro.
  • 7:21 - 7:22
    Espantoso!
  • 7:23 - 7:26
    Mas, quando temos
    uma grande vitória como esta,
  • 7:26 - 7:31
    também leva à arrogância e à sobranceria.
  • 7:31 - 7:36
    Esta sobranceria foi bem captada
    num conhecido ensaio
  • 7:37 - 7:39
    de Francis Fukuyama,
  • 7:39 - 7:42
    chamado "O Fim da História".
  • 7:42 - 7:48
    Fukuyama tentava transmitir
    uma mensagem muito sofisticada
  • 7:48 - 7:52
    mas tudo o que o Ocidente
    captou desse ensaio
  • 7:52 - 7:56
    foi que nós, as democracias liberais
  • 7:56 - 7:57
    tínhamos triunfado.
  • 7:57 - 7:59
    Não tínhamos de mudar,
  • 7:59 - 8:01
    não tínhamos de nos adaptar,
  • 8:01 - 8:05
    o resto do mundo é que tinha
    de mudar e de se adaptar.
  • 8:06 - 8:10
    Infelizmente, tal como um ópio perigoso,
  • 8:11 - 8:14
    este ensaio fez muitos estragos
    no cérebro do Ocidente,
  • 8:14 - 8:16
    porque pô-lo a dormir
  • 8:16 - 8:21
    exatamente na altura em que
    a China e a Índia estavam a acordar
  • 8:21 - 8:25
    e o Ocidente não se ajustou
    nem se adaptou.
  • 8:25 - 8:30
    O segundo acontecimento importante
    foi o 11 de Setembro
  • 8:30 - 8:33
    que ocorreu em 2001.
  • 8:33 - 8:39
    Como sabemos, o 11/set causou
    um grande choque e dor.
  • 8:40 - 8:43
    Pessoalmente, vivi esse choque e dor
  • 8:43 - 8:48
    porque estava em Manhattan
    quando o 11/set ocorreu.
  • 8:49 - 8:53
    O 11/set também gerou muita raiva,
  • 8:53 - 8:57
    e, nesta raiva, os EUA decidiram
    invadir o Afeganistão
  • 8:58 - 9:00
    e, posteriormente, o Iraque.
  • 9:01 - 9:03
    Infelizmente,
  • 9:05 - 9:07
    em parte, como resultado desta raiva,
  • 9:07 - 9:12
    o Ocidente não reparou
    noutro acontecimento significativo
  • 9:12 - 9:16
    que ocorreu também em 2001.
  • 9:16 - 9:21
    A China juntou-se a Organizações
    Comerciais Mundiais.
  • 9:21 - 9:24
    Quando injetamos, subitamente,
  • 9:24 - 9:28
    900 milhões de novos trabalhadores
  • 9:28 - 9:32
    no sistema capitalista mundial,
  • 9:32 - 9:34
    isso leva naturalmente
  • 9:34 - 9:41
    ao que o economista Joseph Schumpeter
    chamou "destruição criativa".
  • 9:42 - 9:46
    Os trabalhadores ocidentais
    perderam os seus postos de trabalho,
  • 9:46 - 9:49
    viram as suas receitas a estagnar.
  • 9:49 - 9:53
    Nitidamente as pessoas tinham de pensar
    em novas políticas competitivas,
  • 9:53 - 9:56
    os trabalhadores precisavam
    de novas formações,
  • 9:56 - 9:58
    precisavam de novas competências.
  • 9:58 - 10:00
    Nada disso foi feito.
  • 10:01 - 10:03
    Em parte, como resultado disso,
  • 10:03 - 10:05
    os EUA tornaram-se
  • 10:05 - 10:11
    na única grande sociedade desenvolvida
  • 10:12 - 10:18
    em que o rendimento médio
    dos 50% de baixo
  • 10:18 - 10:20
    — sim, 50% —
  • 10:21 - 10:26
    o rendimento médio baixou,
    num período de 30 anos,
  • 10:26 - 10:30
    entre 1980 e 2010,
  • 10:32 - 10:36
    Em parte, como resultado disso,
  • 10:36 - 10:42
    chegámos, em 2016,
    à eleição de Donald Trump
  • 10:42 - 10:45
    que explorou a raiva
    das classes trabalhadoras,
  • 10:45 - 10:47
    que são predominantemente brancas.
  • 10:47 - 10:51
    Isso também contribuiu
    para o aumento do populismo na Europa.
  • 10:52 - 10:53
    Não podemos deixar de pensar
  • 10:53 - 10:56
    como esse populismo podia ter sido evitado
  • 10:56 - 11:01
    se o Ocidente não tivesse andado distraído
    com o fim da Guerra Fria e do 11/set.
  • 11:03 - 11:06
    Mas a grande questão
    que hoje enfrentamos é esta:
  • 11:07 - 11:09
    Será tarde demais?
  • 11:09 - 11:11
    O Ocidente perdeu tudo?
  • 11:12 - 11:15
    A minha resposta é
    que não é tarde demais.
  • 11:16 - 11:19
    É possível que o Ocidente recupere
  • 11:20 - 11:22
    e volte em força.
  • 11:22 - 11:25
    Usando a arte de raciocínio do Ocidente
  • 11:26 - 11:32
    eu recomendo que o Ocidente adote
    uma nova estratégia de "três M":
  • 11:32 - 11:37
    minimalista, multilateral
    e maquiavélica.
  • 11:38 - 11:39
    (Risos)
  • 11:39 - 11:41
    Porquê minimalista?
  • 11:41 - 11:45
    Apesar de ter acabado
    o domínio do Ocidente,
  • 11:45 - 11:49
    o Ocidente continua a intervir
    e a interferir nos assuntos
  • 11:49 - 11:51
    de muitas outras sociedades.
  • 11:51 - 11:52
    Isso é insensato.
  • 11:52 - 11:55
    Está a gerar raiva e ressentimento,
  • 11:55 - 11:57
    especialmente nas sociedades islâmicas.
  • 11:58 - 12:03
    Também está a esgotar os recursos
    e o espírito das sociedades ocidentais
  • 12:03 - 12:07
    Eu sei que o mundo islâmico
  • 12:07 - 12:10
    está a ter dificuldade em se modernizar.
  • 12:11 - 12:14
    Vai ter de encontrar o seu caminho,
  • 12:14 - 12:19
    mas é mais provável fazer isso
    se o deixarem fazer sozinho.
  • 12:19 - 12:23
    Eu posso dizer, com alguma convicção
    porque sou duma região,
  • 12:24 - 12:25
    do sudeste asiático,
  • 12:25 - 12:30
    que tem quase tantos muçulmanos
    como o mundo árabe,
  • 12:30 - 12:32
    são 266 milhões de muçulmanos.
  • 12:32 - 12:36
    O sudeste asiático é um dos continentes
    mais diversificados do planeta,
  • 12:36 - 12:39
    porque também temos
    146 milhões de cristãos,
  • 12:39 - 12:40
    149 milhões de budistas
  • 12:41 - 12:44
    — budistas Mahayana
    e budistas Hinayana —
  • 12:44 - 12:48
    e também temos milhões de taoístas,
    de confucionistas e de hindus
  • 12:48 - 12:50
    e até comunistas.
  • 12:50 - 12:53
    Outrora conhecido por "os Balcãs da Ásia",
  • 12:53 - 12:58
    o sudeste asiático devia estar
    a sofrer hoje um choque de civilizações.
  • 12:58 - 13:02
    Em vez disso, vemos que o sudeste asiático
  • 13:02 - 13:06
    é um dos cantos do planeta
    mais pacíficos e mais prósperos
  • 13:06 - 13:10
    com a segunda organização regional
    multilateral de maior êxito,
  • 13:10 - 13:12
    a ASEAN.
  • 13:12 - 13:15
    Nitidamente, o minimalismo
    pode funcionar.
  • 13:15 - 13:17
    O Ocidente devia tentar.
  • 13:17 - 13:19
    (Risos)
  • 13:19 - 13:22
    (Aplausos)
  • 13:23 - 13:25
    Mas reconheço que o minimalismo,
  • 13:25 - 13:27
    só por si, não pode resolver
    todos os problemas.
  • 13:27 - 13:31
    Há problemas difíceis
    que têm de ser tratados:
  • 13:31 - 13:33
    a Al-Qaeda, o ISIS.
  • 13:33 - 13:35
    Mantêm-se ameaças perigosas.
  • 13:35 - 13:38
    Têm de ser encontrados,
    têm de ser destruídos.
  • 13:38 - 13:40
    A questão é:
  • 13:40 - 13:45
    Será sensato que o Ocidente
    que representa 12% da população mundial,
  • 13:45 - 13:47
    — sim, só 12% —
  • 13:47 - 13:50
    combata essas ameaças sozinho?
  • 13:50 - 13:54
    Ou deve lutar com os restantes 88%
    da população mundial?
  • 13:54 - 13:56
    A resposta lógica e racional
  • 13:56 - 14:00
    é que devemos trabalhar
    com os restantes 88%.
  • 14:00 - 14:03
    Onde é que vamos se quisermos
    arranjar o apoio da humanidade?
  • 14:03 - 14:05
    Só há um local:
  • 14:05 - 14:07
    as Nações Unidas.
  • 14:07 - 14:10
    Eu já fui embaixador
    nas Nações Unidas, duas vezes.
  • 14:10 - 14:14
    Talvez por isso, possa estar
    um pouco influenciado,
  • 14:14 - 14:18
    mas posso dizer-vos que trabalhar
    com a ONU pode levar ao êxito.
  • 14:19 - 14:21
    Porque é que foi um êxito
    a primeira guerra iraquiana,
  • 14:21 - 14:25
    travada pelo presidente
    George H. W. Bush?
  • 14:25 - 14:27
    Enquanto que a segunda guerra iraquiana,
  • 14:27 - 14:29
    travada pelo filho dele,
    o presidente George W. Bush,
  • 14:29 - 14:31
    foi um fracasso?
  • 14:31 - 14:35
    Uma razão principal é que
    o Bush pai foi às Nações Unidas
  • 14:35 - 14:38
    para obter o apoio da comunidade global,
  • 14:38 - 14:40
    antes de travar a guerra no Iraque.
  • 14:40 - 14:43
    Assim, o multilateralismo funciona.
  • 14:43 - 14:46
    Há outra razão
    por que temos de trabalhar com a ONU.
  • 14:46 - 14:48
    O mundo está a encolher.
  • 14:48 - 14:53
    Estamos a tornar-nos numa aldeia
    global pequena e interdependente.
  • 14:53 - 14:57
    Todas as aldeias precisam
    de conselhos de aldeia.
  • 14:57 - 15:00
    O único conselho mundial que temos,
  • 15:00 - 15:03
    como disse Kofi Annan, o falecido
    Secretário-Geral da ONU,
  • 15:03 - 15:05
    é a ONU.
  • 15:07 - 15:10
    Enquanto analista geopolítico,
  • 15:10 - 15:16
    sei muito bem que, muitas vezes,
    considera-se uma ingenuidade
  • 15:16 - 15:18
    trabalhar com a ONU.
  • 15:18 - 15:22
    Agora, vou injetar
    o meu ponto maquiavélico.
  • 15:22 - 15:27
    Maquiavel é uma figura
    muito denegrida no Ocidente,
  • 15:28 - 15:32
    mas o filósofo liberal
    Isaiah Berlin recordou-nos
  • 15:33 - 15:39
    que o objetivo de Maquiavel
    era promover a virtude, não o mal.
  • 15:40 - 15:42
    Então qual é o ponto de Maquiavel?
  • 15:43 - 15:47
    É este: qual será a melhor forma
  • 15:47 - 15:51
    para o Ocidente restringir
    as novas potências emergentes?
  • 15:52 - 15:57
    A resposta é:
    A melhor resposta para as restringir
  • 15:57 - 16:01
    é através de regras multilaterais
    e normas multilaterais,
  • 16:01 - 16:04
    instituições multilaterais
  • 16:04 - 16:07
    e processos multilaterais.
  • 16:09 - 16:13
    Agora, vou terminar
    com uma importante mensagem final.
  • 16:13 - 16:16
    Como amigo de longa data do Ocidente,
  • 16:16 - 16:18
    tenho plena consciência
  • 16:18 - 16:22
    de como as sociedades ocidentais
    se tornaram pessimistas.
  • 16:23 - 16:29
    Muita gente no Ocidente não acredita
    que tem um grande futuro à sua frente,
  • 16:29 - 16:32
    nem que os seus filhos
    terão uma vida melhor.
  • 16:32 - 16:39
    Portanto, por favor, não receiem o futuro
    ou o resto do mundo.
  • 16:40 - 16:43
    Posso dizer com alguma convicção
  • 16:43 - 16:46
    porque, enquanto hindu sindi,
  • 16:47 - 16:51
    sinto uma ligação cultural direta
  • 16:52 - 16:55
    com culturas diversas da sociedade
  • 16:55 - 17:00
    e com sociedades
    desde o Teerão a Tóquio.
  • 17:02 - 17:07
    Mais de metade da humanidade
    vive neste espaço.
  • 17:07 - 17:10
    Portanto, com esta ligação
    cultural direta,
  • 17:10 - 17:13
    posso dizer com grande convicção
  • 17:13 - 17:19
    que, se o Ocidente optar
    por adotar uma estratégia mais sábia
  • 17:19 - 17:24
    de ser minimalista,
    multilateral e maquiavélica,
  • 17:24 - 17:28
    o resto do mundo ficará contente
    por trabalhar com o Ocidente.
  • 17:29 - 17:33
    Portanto, um grande futuro
    perfila-se para a humanidade.
  • 17:33 - 17:36
    Vamos adotá-la em conjunto.
  • 17:36 - 17:37
    Obrigado.
  • 17:37 - 17:40
    (Aplausos)
Title:
Como o Ocidente se pode adaptar a uma Ásia em ascensão
Speaker:
Kishore Mahbubani
Description:

À medida que as economias e os governos da Ásia continuam a aumentar o seu poder, o Ocidente precisa de encontrar formas de se adaptar a uma nova ordem mundial, diz o escritor e diplomata Kishore Mahbubani. Numa visão perspicaz da política internacional, Mahbubani fala de uma estratégia tripartida que os governos ocidentais podem usar para recuperar o poder e melhorar as relações com o resto do mundo.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:53

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