Como o Ocidente se pode adaptar a uma Ásia em ascensão
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0:01 - 0:03Há uns 200 anos,
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0:04 - 0:08Napoleão avisou:
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0:11 - 0:13"Deixem a China dormir,
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0:14 - 0:16"porque, quando ela acordar,
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0:16 - 0:18"vai abalar o mundo".
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0:19 - 0:22Apesar deste aviso antigo,
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0:22 - 0:25o Ocidente decidiu adormecer
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0:25 - 0:30precisamente na altura
em que a China e a Índia -
0:30 - 0:33e o resto da Ásia, acordaram.
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0:34 - 0:35Porque é que isto aconteceu?
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0:36 - 0:39Venho aqui falar deste grande mistério.
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0:40 - 0:43O que é que eu quero dizer, quando digo
que o Ocidente decidiu adormecer? -
0:44 - 0:47Refiro-me ao fracasso do Ocidente
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0:47 - 0:51em reagir de forma inteligente e cuidadosa
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0:52 - 0:55a um novo ambiente mundial
que, obviamente, tem sido criado -
0:55 - 0:57com o regresso da Ásia.
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0:57 - 1:01Enquanto amigo do Ocidente,
sinto-me angustiado com isto, -
1:01 - 1:05por isso o meu objetivo hoje
é tentar ajudar o Ocidente. -
1:06 - 1:08Mas, primeiro, tenho de começar a história
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1:08 - 1:13falando de como o Ocidente
acordou o resto do mundo. -
1:14 - 1:16Reparem no gráfico um.
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1:17 - 1:22Desde o ano um ao ano 1820,
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1:22 - 1:29as duas maiores economias do mundo
foram sempre as da China e da Índia. -
1:30 - 1:35Só nos últimos 200 anos
é que a Europa avançou, -
1:36 - 1:38seguida pela América do Norte.
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1:38 - 1:42Os últimos 200 anos da história mundial
-
1:43 - 1:48foram, pois, uma grande
aberração histórica. -
1:48 - 1:52Todas as aberrações chegam
a um fim natural -
1:52 - 1:54e é isso que estamos a ver.
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1:55 - 1:57Se observarmos o gráfico dois,
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1:57 - 2:01vemos com que rapidez e pujança
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2:02 - 2:06a China e a Índia estão a regressar.
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2:07 - 2:09O grande problema é:
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2:09 - 2:13Quem acordou a China e a Índia?
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2:13 - 2:16A única resposta honesta a esta pergunta
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2:16 - 2:20é que foi a civilização ocidental
que fez isso. -
2:21 - 2:24Todos sabemos que o Ocidente
foi o primeiro a modernizar-se com êxito, -
2:24 - 2:25a transformar-se,
-
2:26 - 2:29a usar inicialmente o seu poder
para colonizar e dominar o mundo. -
2:29 - 2:34Mas, com o tempo, partilhou os dons
da sabedoria ocidental -
2:34 - 2:36com o resto do mundo.
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2:36 - 2:40Vou acrescentar que,
pessoalmente, beneficiei -
2:40 - 2:43com a partilha da sabedoria do Ocidente,
-
2:43 - 2:46Quando nasci, em Singapura,
-
2:46 - 2:50que, na altura, em 1948,
era uma pobre colónia britânica, -
2:50 - 2:54tal como três quartos
da humanidade, nessa época. -
2:54 - 2:57vivi em extrema pobreza.
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2:57 - 3:01No primeiro dia em que fui
para a escola, aos seis anos, -
3:01 - 3:04fui colocado num programa
especial de alimentação -
3:04 - 3:07porque, tecnicamente,
fui considerado malnutrido. -
3:08 - 3:10Como veem, agora estou muito bem nutrido.
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3:10 - 3:12(Risos)
-
3:12 - 3:17Mas a melhor coisa que me deram
foi o ensino ocidental. -
3:18 - 3:22Como, pessoalmente, fiz este percurso
-
3:22 - 3:25da pobreza do terceiro mundo
-
3:25 - 3:28para uma existência confortável
da classe média, -
3:29 - 3:34posso falar com grande convicção
sobre o impacto da sabedoria Ocidental -
3:34 - 3:37e a partilha da sabedoria
do Ocidente com o mundo. -
3:37 - 3:41Um dom em especial
que o Ocidente partilhou -
3:41 - 3:43foi o ato de raciocinar.
-
3:44 - 3:47O raciocínio não foi
inventado pelo Ocidente. -
3:47 - 3:51é inerente a todas as culturas
e a todas as civilizações. -
3:51 - 3:53Amartya Sen descreveu
-
3:53 - 3:57como o raciocínio está profundamente
embebido na civilização indiana. -
3:58 - 4:00Mas também não há dúvida
-
4:01 - 4:04de que foi o Ocidente
que desenvolveu a arte do raciocínio -
4:04 - 4:07a um nível muito mais elevado.
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4:07 - 4:09Através da Revolução Científica,
-
4:09 - 4:10do Iluminismo,
-
4:10 - 4:13da Revolução Industrial,
-
4:13 - 4:17o Ocidente elevou-o profundamente
-
4:17 - 4:20e, de modo igualmente importante, usou-o,
-
4:20 - 4:25aplicou-o para resolver
muitos importantes problemas práticos. -
4:25 - 4:29Depois, o Ocidente partilhou
esta arte do raciocínio -
4:29 - 4:31com o resto do mundo.
-
4:31 - 4:34Posso dizer-vos que isso levou
-
4:34 - 4:38àquilo a que chamamos
as revoluções silenciosas. -
4:39 - 4:41Enquanto asiático,
-
4:41 - 4:48posso descrever como essas revoluções
silenciosas transformaram a Ásia. -
4:48 - 4:52A primeira revolução foi a económica.
-
4:53 - 4:58A principal razão por que
tantas economias asiáticas, -
4:58 - 5:03incluindo as sociedades comunistas
da China e do Vietname, -
5:03 - 5:07têm funcionado tão espetacularmente bem
no desenvolvimento económico, -
5:07 - 5:12é porque finalmente perceberam,
absorveram e implementaram -
5:12 - 5:14as economias de mercado livre
-
5:14 - 5:16— um presente do Ocidente.
-
5:16 - 5:18Adam Smith tinha razão.
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5:18 - 5:20Se deixarmos os mercados decidirem,
-
5:20 - 5:23a produtividade aumenta.
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5:24 - 5:27O segundo presente foi psicológico.
-
5:27 - 5:30Também aqui posso falar
por experiência pessoal. -
5:32 - 5:33Quando eu era jovem,
-
5:33 - 5:36a minha mãe e a geração dela
-
5:36 - 5:41acreditavam que a vida
era determinada pelo destino. -
5:41 - 5:44Não podíamos fazer nada quanto a isso.
-
5:44 - 5:46A minha geração
-
5:46 - 5:49e a geração dos asiáticos
depois de mim, -
5:49 - 5:51acreditam que podemos ser responsáveis
-
5:51 - 5:53e podemos melhorar a nossa vida.
-
5:54 - 5:56Isto pode explicar, por exemplo,
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5:56 - 6:01o pico de empreendedorismo
que vemos atualmente por toda a Ásia. -
6:02 - 6:04Se viajarmos hoje pela Ásia,
-
6:05 - 6:11também veremos os resultados
da terceira revolução, -
6:11 - 6:15a revolução da boa governação.
-
6:15 - 6:18Como resultado da boa governação,
-
6:19 - 6:20se viajarem pela Ásia,
-
6:20 - 6:22verão melhores cuidados de saúde,
-
6:22 - 6:24melhor ensino,
-
6:24 - 6:26melhores infraestruturas,
-
6:26 - 6:28melhores políticas públicas.
-
6:28 - 6:30É um mundo diferente.
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6:31 - 6:34Ora bem, depois de transformar o mundo
-
6:34 - 6:37através da partilha da sabedoria ocidental
com o resto do mundo, -
6:37 - 6:43a resposta lógica e racional
do Ocidente devia ter sido dizer: -
6:43 - 6:47"Temos de nos ajustar
e adaptar a este novo mundo". -
6:48 - 6:52Em vez disso, o Ocidente optou por dormir.
-
6:52 - 6:54Porque é que isso aconteceu?
-
6:55 - 6:57Eu creio que aconteceu
-
6:57 - 7:04porque o Ocidente ficou distraído
com dois importantes acontecimentos. -
7:05 - 7:10O primeiro acontecimento
foi o fim da Guerra Fria. -
7:10 - 7:15Sim, o fim da Guerra Fria
foi uma grande vitória. -
7:15 - 7:20O Ocidente derrotou a poderosa
União Soviética, sem disparar um tiro. -
7:21 - 7:22Espantoso!
-
7:23 - 7:26Mas, quando temos
uma grande vitória como esta, -
7:26 - 7:31também leva à arrogância e à sobranceria.
-
7:31 - 7:36Esta sobranceria foi bem captada
num conhecido ensaio -
7:37 - 7:39de Francis Fukuyama,
-
7:39 - 7:42chamado "O Fim da História".
-
7:42 - 7:48Fukuyama tentava transmitir
uma mensagem muito sofisticada -
7:48 - 7:52mas tudo o que o Ocidente
captou desse ensaio -
7:52 - 7:56foi que nós, as democracias liberais
-
7:56 - 7:57tínhamos triunfado.
-
7:57 - 7:59Não tínhamos de mudar,
-
7:59 - 8:01não tínhamos de nos adaptar,
-
8:01 - 8:05o resto do mundo é que tinha
de mudar e de se adaptar. -
8:06 - 8:10Infelizmente, tal como um ópio perigoso,
-
8:11 - 8:14este ensaio fez muitos estragos
no cérebro do Ocidente, -
8:14 - 8:16porque pô-lo a dormir
-
8:16 - 8:21exatamente na altura em que
a China e a Índia estavam a acordar -
8:21 - 8:25e o Ocidente não se ajustou
nem se adaptou. -
8:25 - 8:30O segundo acontecimento importante
foi o 11 de Setembro -
8:30 - 8:33que ocorreu em 2001.
-
8:33 - 8:39Como sabemos, o 11/set causou
um grande choque e dor. -
8:40 - 8:43Pessoalmente, vivi esse choque e dor
-
8:43 - 8:48porque estava em Manhattan
quando o 11/set ocorreu. -
8:49 - 8:53O 11/set também gerou muita raiva,
-
8:53 - 8:57e, nesta raiva, os EUA decidiram
invadir o Afeganistão -
8:58 - 9:00e, posteriormente, o Iraque.
-
9:01 - 9:03Infelizmente,
-
9:05 - 9:07em parte, como resultado desta raiva,
-
9:07 - 9:12o Ocidente não reparou
noutro acontecimento significativo -
9:12 - 9:16que ocorreu também em 2001.
-
9:16 - 9:21A China juntou-se a Organizações
Comerciais Mundiais. -
9:21 - 9:24Quando injetamos, subitamente,
-
9:24 - 9:28900 milhões de novos trabalhadores
-
9:28 - 9:32no sistema capitalista mundial,
-
9:32 - 9:34isso leva naturalmente
-
9:34 - 9:41ao que o economista Joseph Schumpeter
chamou "destruição criativa". -
9:42 - 9:46Os trabalhadores ocidentais
perderam os seus postos de trabalho, -
9:46 - 9:49viram as suas receitas a estagnar.
-
9:49 - 9:53Nitidamente as pessoas tinham de pensar
em novas políticas competitivas, -
9:53 - 9:56os trabalhadores precisavam
de novas formações, -
9:56 - 9:58precisavam de novas competências.
-
9:58 - 10:00Nada disso foi feito.
-
10:01 - 10:03Em parte, como resultado disso,
-
10:03 - 10:05os EUA tornaram-se
-
10:05 - 10:11na única grande sociedade desenvolvida
-
10:12 - 10:18em que o rendimento médio
dos 50% de baixo -
10:18 - 10:20— sim, 50% —
-
10:21 - 10:26o rendimento médio baixou,
num período de 30 anos, -
10:26 - 10:30entre 1980 e 2010,
-
10:32 - 10:36Em parte, como resultado disso,
-
10:36 - 10:42chegámos, em 2016,
à eleição de Donald Trump -
10:42 - 10:45que explorou a raiva
das classes trabalhadoras, -
10:45 - 10:47que são predominantemente brancas.
-
10:47 - 10:51Isso também contribuiu
para o aumento do populismo na Europa. -
10:52 - 10:53Não podemos deixar de pensar
-
10:53 - 10:56como esse populismo podia ter sido evitado
-
10:56 - 11:01se o Ocidente não tivesse andado distraído
com o fim da Guerra Fria e do 11/set. -
11:03 - 11:06Mas a grande questão
que hoje enfrentamos é esta: -
11:07 - 11:09Será tarde demais?
-
11:09 - 11:11O Ocidente perdeu tudo?
-
11:12 - 11:15A minha resposta é
que não é tarde demais. -
11:16 - 11:19É possível que o Ocidente recupere
-
11:20 - 11:22e volte em força.
-
11:22 - 11:25Usando a arte de raciocínio do Ocidente
-
11:26 - 11:32eu recomendo que o Ocidente adote
uma nova estratégia de "três M": -
11:32 - 11:37minimalista, multilateral
e maquiavélica. -
11:38 - 11:39(Risos)
-
11:39 - 11:41Porquê minimalista?
-
11:41 - 11:45Apesar de ter acabado
o domínio do Ocidente, -
11:45 - 11:49o Ocidente continua a intervir
e a interferir nos assuntos -
11:49 - 11:51de muitas outras sociedades.
-
11:51 - 11:52Isso é insensato.
-
11:52 - 11:55Está a gerar raiva e ressentimento,
-
11:55 - 11:57especialmente nas sociedades islâmicas.
-
11:58 - 12:03Também está a esgotar os recursos
e o espírito das sociedades ocidentais -
12:03 - 12:07Eu sei que o mundo islâmico
-
12:07 - 12:10está a ter dificuldade em se modernizar.
-
12:11 - 12:14Vai ter de encontrar o seu caminho,
-
12:14 - 12:19mas é mais provável fazer isso
se o deixarem fazer sozinho. -
12:19 - 12:23Eu posso dizer, com alguma convicção
porque sou duma região, -
12:24 - 12:25do sudeste asiático,
-
12:25 - 12:30que tem quase tantos muçulmanos
como o mundo árabe, -
12:30 - 12:32são 266 milhões de muçulmanos.
-
12:32 - 12:36O sudeste asiático é um dos continentes
mais diversificados do planeta, -
12:36 - 12:39porque também temos
146 milhões de cristãos, -
12:39 - 12:40149 milhões de budistas
-
12:41 - 12:44— budistas Mahayana
e budistas Hinayana — -
12:44 - 12:48e também temos milhões de taoístas,
de confucionistas e de hindus -
12:48 - 12:50e até comunistas.
-
12:50 - 12:53Outrora conhecido por "os Balcãs da Ásia",
-
12:53 - 12:58o sudeste asiático devia estar
a sofrer hoje um choque de civilizações. -
12:58 - 13:02Em vez disso, vemos que o sudeste asiático
-
13:02 - 13:06é um dos cantos do planeta
mais pacíficos e mais prósperos -
13:06 - 13:10com a segunda organização regional
multilateral de maior êxito, -
13:10 - 13:12a ASEAN.
-
13:12 - 13:15Nitidamente, o minimalismo
pode funcionar. -
13:15 - 13:17O Ocidente devia tentar.
-
13:17 - 13:19(Risos)
-
13:19 - 13:22(Aplausos)
-
13:23 - 13:25Mas reconheço que o minimalismo,
-
13:25 - 13:27só por si, não pode resolver
todos os problemas. -
13:27 - 13:31Há problemas difíceis
que têm de ser tratados: -
13:31 - 13:33a Al-Qaeda, o ISIS.
-
13:33 - 13:35Mantêm-se ameaças perigosas.
-
13:35 - 13:38Têm de ser encontrados,
têm de ser destruídos. -
13:38 - 13:40A questão é:
-
13:40 - 13:45Será sensato que o Ocidente
que representa 12% da população mundial, -
13:45 - 13:47— sim, só 12% —
-
13:47 - 13:50combata essas ameaças sozinho?
-
13:50 - 13:54Ou deve lutar com os restantes 88%
da população mundial? -
13:54 - 13:56A resposta lógica e racional
-
13:56 - 14:00é que devemos trabalhar
com os restantes 88%. -
14:00 - 14:03Onde é que vamos se quisermos
arranjar o apoio da humanidade? -
14:03 - 14:05Só há um local:
-
14:05 - 14:07as Nações Unidas.
-
14:07 - 14:10Eu já fui embaixador
nas Nações Unidas, duas vezes. -
14:10 - 14:14Talvez por isso, possa estar
um pouco influenciado, -
14:14 - 14:18mas posso dizer-vos que trabalhar
com a ONU pode levar ao êxito. -
14:19 - 14:21Porque é que foi um êxito
a primeira guerra iraquiana, -
14:21 - 14:25travada pelo presidente
George H. W. Bush? -
14:25 - 14:27Enquanto que a segunda guerra iraquiana,
-
14:27 - 14:29travada pelo filho dele,
o presidente George W. Bush, -
14:29 - 14:31foi um fracasso?
-
14:31 - 14:35Uma razão principal é que
o Bush pai foi às Nações Unidas -
14:35 - 14:38para obter o apoio da comunidade global,
-
14:38 - 14:40antes de travar a guerra no Iraque.
-
14:40 - 14:43Assim, o multilateralismo funciona.
-
14:43 - 14:46Há outra razão
por que temos de trabalhar com a ONU. -
14:46 - 14:48O mundo está a encolher.
-
14:48 - 14:53Estamos a tornar-nos numa aldeia
global pequena e interdependente. -
14:53 - 14:57Todas as aldeias precisam
de conselhos de aldeia. -
14:57 - 15:00O único conselho mundial que temos,
-
15:00 - 15:03como disse Kofi Annan, o falecido
Secretário-Geral da ONU, -
15:03 - 15:05é a ONU.
-
15:07 - 15:10Enquanto analista geopolítico,
-
15:10 - 15:16sei muito bem que, muitas vezes,
considera-se uma ingenuidade -
15:16 - 15:18trabalhar com a ONU.
-
15:18 - 15:22Agora, vou injetar
o meu ponto maquiavélico. -
15:22 - 15:27Maquiavel é uma figura
muito denegrida no Ocidente, -
15:28 - 15:32mas o filósofo liberal
Isaiah Berlin recordou-nos -
15:33 - 15:39que o objetivo de Maquiavel
era promover a virtude, não o mal. -
15:40 - 15:42Então qual é o ponto de Maquiavel?
-
15:43 - 15:47É este: qual será a melhor forma
-
15:47 - 15:51para o Ocidente restringir
as novas potências emergentes? -
15:52 - 15:57A resposta é:
A melhor resposta para as restringir -
15:57 - 16:01é através de regras multilaterais
e normas multilaterais, -
16:01 - 16:04instituições multilaterais
-
16:04 - 16:07e processos multilaterais.
-
16:09 - 16:13Agora, vou terminar
com uma importante mensagem final. -
16:13 - 16:16Como amigo de longa data do Ocidente,
-
16:16 - 16:18tenho plena consciência
-
16:18 - 16:22de como as sociedades ocidentais
se tornaram pessimistas. -
16:23 - 16:29Muita gente no Ocidente não acredita
que tem um grande futuro à sua frente, -
16:29 - 16:32nem que os seus filhos
terão uma vida melhor. -
16:32 - 16:39Portanto, por favor, não receiem o futuro
ou o resto do mundo. -
16:40 - 16:43Posso dizer com alguma convicção
-
16:43 - 16:46porque, enquanto hindu sindi,
-
16:47 - 16:51sinto uma ligação cultural direta
-
16:52 - 16:55com culturas diversas da sociedade
-
16:55 - 17:00e com sociedades
desde o Teerão a Tóquio. -
17:02 - 17:07Mais de metade da humanidade
vive neste espaço. -
17:07 - 17:10Portanto, com esta ligação
cultural direta, -
17:10 - 17:13posso dizer com grande convicção
-
17:13 - 17:19que, se o Ocidente optar
por adotar uma estratégia mais sábia -
17:19 - 17:24de ser minimalista,
multilateral e maquiavélica, -
17:24 - 17:28o resto do mundo ficará contente
por trabalhar com o Ocidente. -
17:29 - 17:33Portanto, um grande futuro
perfila-se para a humanidade. -
17:33 - 17:36Vamos adotá-la em conjunto.
-
17:36 - 17:37Obrigado.
-
17:37 - 17:40(Aplausos)
- Title:
- Como o Ocidente se pode adaptar a uma Ásia em ascensão
- Speaker:
- Kishore Mahbubani
- Description:
-
À medida que as economias e os governos da Ásia continuam a aumentar o seu poder, o Ocidente precisa de encontrar formas de se adaptar a uma nova ordem mundial, diz o escritor e diplomata Kishore Mahbubani. Numa visão perspicaz da política internacional, Mahbubani fala de uma estratégia tripartida que os governos ocidentais podem usar para recuperar o poder e melhorar as relações com o resto do mundo.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:53
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