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Todos têm uma semente de atenção plena.
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Se praticarmos diligentemente, o grão,
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a semente da atenção plena em nós
crescerá cada vez mais.
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E sempre que precisarmos dessa energia de atenção plena,
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basta tocá-la, e teremos abundância dela
para utilizar.
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E sabemos que a atenção plena
tem o poder e a capacidade
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de nos permitir saber o que está a acontecer:
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O que acontece no nosso corpo.
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O que acontece nos nossos sentimentos.
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O que acontece na nossa mente.
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E o que acontece no mundo.
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A atenção plena tem quatro objetos.
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O primeiro objeto da atenção plena é o corpo.
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E temos...
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4...
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exercícios
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de respiração consciente
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para cuidar
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do nosso corpo.
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Depois, temos o domínio dos sentimentos.
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E temos...
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outro conjunto
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de quatro exercícios
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para cuidar dos nossos sentimentos e emoções.
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O terceiro objeto da atenção plena é a mente.
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A mente refere-se às formações mentais.
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A mente é como um rio,
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e as formações mentais são como gotas de água
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que se sucedem
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e
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formando um
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fluxo.
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Meditar significa sentar-se no rio da mente
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e reconhecer cada formação mental à medida que surge.
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É estar consciente das nossas inspirações e expirações.
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É seguir...
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as inspirações e expirações.
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É estar consciente do nosso corpo.
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É acalmar...
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o nosso corpo.
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É gerar alegria.
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É gerar felicidade.
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É estar consciente do sentimento ou emoção dolorosa.
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E é acalmar...
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o sentimento ou emoção dolorosa.
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Assim, a atenção plena tem o corpo como primeiro objeto,
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os sentimentos como segundo objeto,
e a mente como terceiro objeto.
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O nono exercício
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é estar consciente
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de cada formação mental à medida que surge.
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Reconhecimento simples.
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Consciência simples.
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Sem tentar lutar.
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Sem
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apegar.
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Sem apego.
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Sem resistência.
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Apenas permitir que a formação mental esteja ali e reconhecê-la.
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"Olá, Medo.
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Sei que estás aí.
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Vou cuidar bem de ti."
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É útil ter uma lista das formações mentais
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para que possamos reconhecê-las facilmente,
chamando-as pelos seus verdadeiros nomes.
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O décimo
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O décimo exercício da respiração consciente é tornar
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a paisagem da mente consciente bela e feliz.
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Ontem vimos que...
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a consciência tem pelo menos duas camadas.
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A camada inferior é a consciência armazenadora.
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E há boas sementes saudáveis aqui embaixo,
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E, entre elas,
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a semente da atenção plena, da concentração,
da visão profunda, da compreensão,
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do amor, da não violência, da alegria, da felicidade, entre outras.
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A prática do décimo exercício
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ajuda a convidar
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essas sementes saudáveis a manifestarem-se.
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As sementes de atenção plena, concentração,
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visão profunda, compreensão,
amor, compaixão...
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Existem muitas boas sementes em nós.
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E, se queremos ser felizes,
devemos aprender a arte da felicidade:
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regar as boas sementes em nós.
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Quando participamos num retiro como este,
temos a oportunidade de regar as boas sementes.
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Tudo o que ouvimos
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ou vemos tem
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a função de regar as boas sementes em nós,
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e isso é alegrar a nossa mente,
tornar a paisagem da nossa mente bela.
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Então, o primeiro aspeto da prática
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é dar a estas belas sementes a oportunidade de se manifestarem.
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Se elas se manifestarem no nível superior da nossa consciência,
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ficamos felizes,
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ficamos alegres.
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Assim, um bom praticante sabe como regar
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as sementes saudáveis nele ou nela todos os dias.
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Ela precisa selecionar.
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Porque, quando lemos uma revista,
um artigo numa revista,
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esse artigo pode conter muita raiva,
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frustração ou medo.
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E, enquanto lemos esse artigo,
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estamos a regar as sementes prejudiciais.
Elas surgem, e sofremos.
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Por isso, temos de ser seletivos ao regar.
Devemos tentar ler apenas...
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devemos tentar ver apenas as coisas
que regam as boas sementes em nós.
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E isso podemos discutir com os nossos filhos
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e estudantes.
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Porque muitos de nós estamos a intoxicar-nos todos os dias
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através de...
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consumo inconsciente.
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Até mesmo conversas podem ser muito tóxicas.
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A outra pessoa pode falar connosco durante uma hora.
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E o que ela diz está cheio de raiva, medo e desespero.
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E, se ouvirmos dessa forma, regamos...
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essas sementes prejudiciais em nós, e adoecemos.
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E, se és psicoterapeuta, protege-te.
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Porque todos os dias ouves histórias,
ou relatos de sofrimento.
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Tens de estabelecer um equilíbrio.
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Tens de ir à Sangha.
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Tens de regar as boas sementes em ti.
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Caso contrário, não conseguirás continuar por muito tempo.
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Então, o bom praticante sabe como...
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regar as boas sementes
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e dar-lhes uma oportunidade de se manifestarem
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aqui no nível da consciência mental.
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E ela está feliz, está agradável, e o seu parceiro vai apreciar isso.
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E o praticante também sabe como ajudar a outra pessoa
a fazer o mesmo.
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Querido, se te preocupas...
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se realmente te preocupas comigo,
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não regues as sementes negativas em mim.
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Sabes que tenho sementes de raiva, medo, ciúmes e assim por diante.
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E se regares estas sementes,
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eu vou... eu vou sofrer.
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E, se eu sofrer, tu vais ter de sofrer comigo.
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Então, querido, eu prometo que não vou regar...
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estas sementes negativas em mim.
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E tu tens de fazer o mesmo compromisso.
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Não regues essas sementes prejudiciais em ti.
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E eu comprometo-me a não as regar em... em ti.
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E tu comprometes-te a não regar essas sementes prejudiciais em mim.
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Isto é um tratado de paz
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que assinas com o teu parceiro.
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E o primeiro passo da prática
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chama-se a prática da rega seletiva.
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E a prática da verdadeira diligência é não dar
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às sementes negativas cá em baixo uma oportunidade.
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Permitir que elas durmam tranquilamente lá em baixo.
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Se me amas, por favor, não regues estas sementes em mim.
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E eu prometo que não vou regar
essas sementes prejudiciais em ti.
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E o segundo aspeto da prática é que,
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se por acaso, se acontecer, que uma semente negativa
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seja regada
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e se manifeste aqui como uma formação mental,
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deves saber como ajudar essa semente a voltar...
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ao seu lugar de origem o mais rapidamente possível.
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Não tentes suprimir. Há muitas formas.
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A primeira...
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A primeira forma é convidar a semente da atenção plena
a vir, reconhecer e abraçar.
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E depois de alguns minutos, ela vai perder alguma força
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e voltar ao lugar original aqui.
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Esse é o primeiro método para ajudar essa semente...
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a voltar o mais rapidamente possível
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através do reconhecimento e do abraço.
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Isto já falámos ontem.
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A segunda forma é convidar
as sementes opostas que estão aqui a subirem.
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Porque tens uma semente de raiva,
de violência, mas também tens uma semente de...
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ternura, bondade...
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E, quando a semente de ternura, bondade
e compaixão é convidada a subir,
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essa outra semente recuará sozinha.
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É como um televisor com vários canais.
E está nas tuas mãos escolher.
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Canal um. Ou Canal dois.
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Inferno ou Paraíso, está nas tuas mãos escolher.
Basta carregar num botão.
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Então, o primeiro aspeto é que,
as sementes negativas aqui em baixo,
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não lhes dês uma oportunidade em ti
e na outra pessoa.
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O segundo aspeto é que,
se uma delas se manifestar aqui,
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tenta ajudá-la a voltar o mais depressa possível,
porque quanto mais tempo...
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ela ficar aqui, maior ela se tornará
lá em baixo, ao nível das raízes.
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As pessoas que estão muito zangadas.
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Mas, há dez anos, não eram assim tão zangadas.
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Porque a semente da raiva neles foi regada
todos os dias por eles próprios e pelos seus amigos.
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Por isso, não regar as sementes negativas é uma prática.
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E temos de concordar com o nosso "parceiro."
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O nosso "parceiro" pode ser o nosso pai, a nossa mãe,
o nosso filho, a nossa filha, o nosso amigo.
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E, então, o terceiro aspeto da prática é...
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reconhecer as boas sementes em ti
e convidá-las com a maior frequência possível,
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porque a sua presença no nível da
consciência mental trará alegria
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e felicidade. (É chamado...)
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"alegrar a nossa mente." O 10.º (exercício).
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E, quando uma boa semente se manifestar aqui em cima,
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podemos...
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podemos querer mantê-la aqui o máximo de tempo possível.
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Que a alegria dure. Que la joie demeure.
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Tal como quando tens um bom amigo a visitar-te.
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Gostarias de mantê-lo contigo por mais tempo.
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O mesmo acontece com isto.
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Se um sentimento de alegria, um sentimento de felicidade,
um sentimento de compaixão se manifestou,
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tenta manter esse sentimento aqui o máximo de tempo possível.
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Porque quanto mais tempo eles...
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eles permanecerem aqui,
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maiores eles se tornarão lá em baixo.
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Ao nível das raízes, as boas sementes
continuarão a crescer.
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É como quando vamos a um retiro de uma semana,
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algumas das boas sementes são regadas.
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E, se o retiro se estender por duas semanas,
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então as boas sementes crescerão ainda mais.
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Estes são os 4 níveis ou 4 aspetos da prática:
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As sementes negativas: não lhes dês uma oportunidade em mim e em ti.
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Se elas já tiverem tido a chance de se manifestar,
ajuda-as a regressar ao seu lugar de origem o mais rápido possível.
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As sementes boas: dá-lhes muitas oportunidades para se manifestarem.
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E, quando elas se manifestarem, mantém-nas presentes o máximo de tempo possível.
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Isto é o que chamamos, em Plum Village, de prática da rega seletiva.
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E podes mudar a situação muito rapidamente.
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Até mesmo uma hora de prática pode já transformar a situação.
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Lembro-me daquele dia, era o Dia de Vesak,
o aniversário do nascimento de Buda em Plum Village.
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E eu estava a dar um discurso sobre a prática da rega seletiva.
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E vi uma senhora sentada
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na audiência. Ela chorou desde o início até ao fim da palestra.
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Então, ao terminar o discurso,
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fui até ao marido dela
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e disse-lhe:
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"Meu amigo,
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a tua flor precisa de ser regada."
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Ele percebeu imediatamente.
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Compreendia o ensinamento, mas não o praticava.
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Ele precisava de uma Sangha, precisava de um professor, precisava de
um amigo na prática para o lembrar de praticar.
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Então, depois do almoço, ele estava a conduzir de volta para casa
com a sua esposa e começou a praticar.
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Ele regou as boas sementes nela.
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E, quando chegaram a casa, em Bordéus,
uma viagem de cerca de
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uma hora,
ela estava completamente transformada,
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muito alegre, muito feliz,
e os filhos ficaram muito surpreendidos.
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Foi muito rápido.
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O resultado pode surgir muito, muito rapidamente.
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Reconhece as boas sementes nele ou nela. Regue-as.
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E vais ver.
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A transformação pode
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acontecer muito, muito rapidamente.
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O 11º
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exercício
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é
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praticar a concentração
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na formação mental.
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A tua prática é olhar profundamente
para a natureza dessa formação mental.
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Como o medo, a raiva, o desespero...
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E o 12.º exercício de respiração consciente é libertar-te...
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dessa formação mental.
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Como o medo,
-
a raiva,
-
o desespero...
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Este é o 12.º exercício de respiração consciente.
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E há outro conjunto de 4.
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Tudo isto foi proposto pelo Buda.
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E este é o terceiro objeto da atenção plena.
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O 4.º objeto da atenção plena
chama-se objeto da mente,
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o que significa o mundo.
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Isto refere-se às nossas perceções,
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às nossas perceções do mundo.
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Os cientistas diriam que
isto é a natureza composta por galáxias,
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estrelas, sol, lua, árvores, montanhas,
rios, eletrões e por aí fora.
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Mas no Budismo, dizemos "objetos da mente."
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Porque tudo depende da mente.
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Há algo de que podes ter certeza.
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Galáxias, ou cosmos, ou árvores, ou pássaros, ou rios, ou montanhas.
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Eles são os objetos da tua mente.
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Porque a mente inclui o sujeito e o objeto.
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E todas as formações mentais também incluem sujeito e objeto.
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Estar zangado é estar zangado...
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com algo, com alguém.
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Não podes estar zangado com nada.
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A raiva precisa de um objeto.
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A raiva é uma formação mental.
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A perceção é uma...
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uma formação mental.
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Perceber significa perceber algo.
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Não podes perceber...
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sem um objeto.
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O percebedor e aquilo que é percebido
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manifestam-se ao mesmo tempo.
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O sujeito e o objeto, eles intersão.
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Não podes separar o sujeito do objeto
nem o objeto do sujeito.
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Essa é a natureza do interser.
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É como...
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ontem falámos sobre
a folha de papel, o lado esquerdo e o lado direito.
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Não podes separar o direito do esquerdo
nem o esquerdo do direito.
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O mesmo é verdade com a perceção,
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com a mente.
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Mente e objeto da mente...
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intersão.
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Não podes separar um do outro.
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E a ciência moderna começa a perceber que
já não podes ser apenas um observador.
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Tens de ser um participante.
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E é por isso que no Budismo, há 2.600 anos,
não dizemos...
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não dizemos que o objeto da mente é o cosmos ou a natureza.
Chamamo-lo pelo seu verdadeiro nome, "objetos da mente", incluindo cosmos,
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montanhas, rios, galáxias e assim por diante.
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E o 4.º domínio da atenção plena
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consiste na prática da concentração,
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que tem o poder de libertar.
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O 13.º exercício de respiração consciente é a contemplação...
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a contemplação...
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da impermanência.
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O 14.º é a contemplação da natureza da não-desejo.
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O 15.º é contemplar a natureza
de não nascimento e não morte, que é o nirvana.
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De não nascimento e não morte.
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Do...
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Do que está presente.
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E o 16.º exercício é contemplar o deixar ir.
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Deixar ir ideias como ser, não ser, nascimento, morte,
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igualdade, diferença...
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Falaremos sobre isso mais tarde no retiro.
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Portanto, os últimos 4... conjuntos de exercícios são uma prática de...
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concentração que nos ajuda a libertar das aflições...
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e a libertar-nos das aflições que nos fazem sofrer.