Lamber abelhas e mastigar madeira: o reinado da vespa-rainha - Kenny Coogan

Veja a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/licking-bees-and-pulping-trees-the-reign-of-a-wasp-queen-kenny-coogan

Quando o sol nasce, a realeza se agita dentro de uma pilha de lenha. É a vespa-rainha; uma das milhares que acasalaram no final do outono e hibernaram durante o inverno. Agora, ela surge no ar da primavera para iniciar seu reinado. Esta rainha é a única sobrevivente de seu velho vespeiro, e agora, precisa criar um novo. Kenny Coogan detalha um ano na vida de uma vespa-rainha.

Lição por Kenny Coogan, dirigida por Biljana Labovic.

Quando o sol de abril se ergue
sobre uma pilha de lenha,

a realeza se agita lá dentro.

Esta vespa-rainha é uma das milhares
que acasalaram no final do outono

e hibernaram durante o inverno.

Agora, ela surge no ar primaveril
para iniciar seu reinado.

A maioria de suas irmãs
não teve a mesma sorte.

Enquanto hibernavam em pilhas de adubo
e refúgios subterrâneos,

muitas rainhas adormecidas
foram devoradas por aranhas.

Invernos quentes, causados pela mudança
climática, fizeram com que outras

acordassem mais cedo e percebessem
que não havia comida disponível.

Algumas das que sobreviveram ao inverno
acabaram vítimas dos perigos da primavera,

como plantas carnívoras,
pássaros e pesticidas.

Nossa rainha é a única sobrevivente
de seu antigo vespeiro,

e agora, precisa se tornar
a fundadora de um novo.

Mas primeiro, o café da manhã.

A rainha vai em direção a um pomar cítrico
cheio de colmeias de abelha.

Abelhas podem ser perigosas
quando provocadas,

mas agora, estão paralisadas
pelo frio da manhã.

Seus corpos peludos estão cobertos
de néctar de uma refeição anterior,

e a engenhosa rainha as lambe;
esse é o lanche da manhã.

Com as energias renovadas, nossa rainha
busca um lugar seguro para fazer o ninho.

Este buraco na árvore, protegido de chuva,
vento e predadores, é ideal.

Ela mastiga a madeira
e as fibras de plantas ao redor

para fazer uma polpa parecida com papel.

Depois, constrói cerca de 50 favos,
que são a base de seu ninho.

Usando esperma armazenado
do outono passado,

a rainha deposita
um ovo fertilizado em cada favo,

produzindo até 12 em 20 minutos.

Em uma semana, larvas fêmeas eclodirão.

Mas até lá, a rainha precisa caçar insetos
menores para alimentar sua ninhada,

enquanto expande o vespeiro,
deposita ovos e os defende de invasores.

Felizmente, nossa rainha
está bem preparada.

Ao contrário das abelhas, vespas
podem picar quantas vezes for preciso.

Com uma agenda tão cheia, a rainha
mal tem tempo de se alimentar.

Por sorte, ela não precisa fazê-lo.

Ao serem alimentadas com insetos,

as larvas os transformam em uma substância
açucarada que nutre sua mãe.

Ao final de julho, as primeiras larvas
já se transformaram em operárias adultas,

prontas para buscar alimento,
construir e se defender.

Agora, a rainha pode se ocupar
somente de depositar ovos,

se alimentando de ovos não fertilizados
e do que é capturado pelas operárias.

Embora cada operária viva
somente cerca de três semanas,

a rainha continua depositando ovos
e aumentando o seu batalhão.

Em apenas um verão, o ninho atinge
o tamanho de uma bola de basquete,

comportando milhares de operárias.

Uma população tão grande assim
precisa se alimentar,

e o jardim vizinho proporciona
um verdadeiro banquete.

Conforme as vespas se aproximam,
humanos assustados tentam afastá-las.

Eles até atacam com pesticidas,
que envenenam as vespas propositalmente

e impactam, acidentalmente,
parte da fauna local.

Mas as vespas são vitais
para esse ecossistema.

Pertencentes ao topo da cadeia alimentar
local de invertebrados,

esses insetos mantêm aranhas,
ácaros e centopeias sob controle.

Vespas se alimentam de insetos
que destroem plantações,

o que as torna úteis
em fazendas e jardins.

Elas até polinizam frutas e vegetais,

e ajudam vinicultores ao morder as uvas
e iniciar o processo de fermentação.

Essa festa vai até o outono,
quando a fundadora muda de planos.

Ela começa a preparar alguns ovos
para serem a nova geração de rainhas,

enquanto deposita ovos não fertilizados
que se tornarão machos reprodutores.

Essa nova safra de rainhas e machos
precisa de mais comida.

Mas, com o fim do verão,
as fontes usuais se esgotam

e as vespas que coletam alimento começam
a se arriscar de forma mais agressiva.

Em setembro, a organização
do vespeiro se desfaz.

Operárias famintas já não fazem a limpeza
e surgem insetos necrófagos.

Quando parece que o vespeiro
não pode mais se manter,

a rainha fértil e os machos
partem em um grande enxame.

Conforme os dias esfriam,
as operárias morrem de fome

e nossa rainha atinge o fim de sua vida.

Mas um enxame de vespas reprodutoras
conseguiu acasalar.

Os machos morrem logo em seguida,
mas as rainhas recém-fertilizadas

estão prontas para encontrar abrigo
para seu longo sono.

E esta pilha de lenha parece ser
o lugar perfeito para passar o inverno.