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Inventar um teste de baixo custo para o cancro aos 15 anos | Jack Andraka | TEDxMidAtlantic

  • 0:19 - 0:25
    Neste ano, fiquei em 1.º lugar
    numa Feira Internacional de Ciências.
  • 0:26 - 0:29
    Desde então,
    muitas pessoas me têm perguntado:
  • 0:29 - 0:31
    "Como é que um rapaz de 15 anos
  • 0:31 - 0:34
    "pode ter desenvolvido uma nova forma
    de detetar cancro pancreático?"
  • 0:34 - 0:35
    A minha resposta?
  • 0:35 - 0:40
    Um ano e meio de trabalho árduo
    e milhões e milhões de falhanços.
  • 0:40 - 0:42
    Foi muito deprimente.
  • 0:43 - 0:46
    Recentemente, desenvolvi
    um novo sensor de papel
  • 0:46 - 0:50
    para a deteção do cancro
    pancreático, ovariano e pulmonar.
  • 0:50 - 0:54
    A vantagem do sensor
    é que é 168 vezes mais rápido,
  • 0:54 - 0:58
    26 mil vezes menos caro
    e 400 vezes mais sensível
  • 0:58 - 1:00
    do que o atual método de deteção.
  • 1:00 - 1:05
    A melhor parte é que custa 3 cêntimos
    e demora 5 minutos a fazer.
  • 1:06 - 1:08
    Tudo começou um dia,
  • 1:08 - 1:12
    quando pesquisava estatísticas "online"
    sobre cancro pancreático.
  • 1:12 - 1:13
    E perguntarão:
  • 1:13 - 1:15
    "Porque é que aos 15 anos,
    ele se interessaria
  • 1:15 - 1:17
    "por cancro pancreático?"
  • 1:17 - 1:19
    "Não se deveria interessar antes
    por jogos de vídeo?"
  • 1:19 - 1:22
    O que despertou o meu interesse
    foi um amigo próximo de família,
  • 1:22 - 1:25
    que era como um tio para mim,
    ter falecido da doença.
  • 1:25 - 1:29
    E o que encontrei
    na Internet foi incrível.
  • 1:29 - 1:34
    O que descobri foi que 85% dos cancros
    pancreáticos são diagnosticados tarde,
  • 1:34 - 1:37
    quando só há menos de 2%
    de hipótese de sobrevivência.
  • 1:37 - 1:41
    O tempo médio de vida é cerca de 3 meses.
  • 1:41 - 1:46
    Aqui está um gráfico
    sobre como 2% das pessoas sobrevivem.
  • 1:46 - 1:49
    Perguntei-me porque seríamos tão maus
    a detetar o cancro pancreático.
  • 1:49 - 1:51
    Uma sociedade tão avançada como a nossa
  • 1:51 - 1:55
    já devia ser capaz
    de detetar isto há muito tempo.
  • 1:55 - 1:59
    O que descobri foi que a nossa
    "medicina moderna" já tem 60 anos.
  • 1:59 - 2:01
    É mais velha do que o meu pai.
  • 2:01 - 2:04
    (Risos)
  • 2:04 - 2:07
    E também é muito inexata.
  • 2:07 - 2:11
    Não deteta 30%
    de todos os cancros pancreáticos.
  • 2:11 - 2:13
    Além disso, é cara.
  • 2:13 - 2:16
    Custa mais de 800 dólares
    e o seguro de saúde não a cobre.
  • 2:16 - 2:19
    Não é assim uma opção
    para pacientes com baixo rendimento.
  • 2:19 - 2:21
    Além do mais, raramente é pedida,
  • 2:21 - 2:25
    pois o cancro pancreático é o que chamamos
    "uma doença assintomática".
  • 2:25 - 2:27
    Não apresenta sintomas.
  • 2:27 - 2:30
    Geralmente, são sintomas aleatórios,
    como dor abdominal.
  • 2:30 - 2:32
    Quem é que não tem
    dor abdominal, às vezes?
  • 2:32 - 2:35
    (Risos)
  • 2:36 - 2:38
    O que aconteceu depois
  • 2:38 - 2:42
    foi que pensei que tem de haver uma forma
    melhor do que esta técnica da treta.
  • 2:42 - 2:45
    E comecei então a delinear
    os critérios científicos:
  • 2:45 - 2:48
    "Como ia detetar o cancro pancreático?"
    Quero dizer, tinha 15 anos.
  • 2:48 - 2:53
    Resolvi então que tinha de ser
    barato, rápido, simples,
  • 2:53 - 2:56
    sensível, não-invasivo
    e também seletivo.
  • 2:56 - 2:59
    Então, comecei a investigar
  • 2:59 - 3:03
    e comecei a perceber porque não
    detetávamos o cancro pancreático.
  • 3:03 - 3:08
    Descobri que o que se faz
    é procurar um pequeno biomarcador,
  • 3:08 - 3:10
    uma proteína na corrente sanguínea.
  • 3:10 - 3:12
    Parece simples, mas é tudo menos isso.
  • 3:12 - 3:16
    O problema é que o sangue
    já tem uma abundância de proteínas.
  • 3:16 - 3:18
    Têm montes delas no corpo.
  • 3:18 - 3:22
    Por isso, encontrar um ligeiro aumento
    nesta pequena porção de proteína
  • 3:22 - 3:24
    é quase impossível.
  • 3:24 - 3:26
    O que percebi depois
  • 3:26 - 3:29
    é que estamos a tentar
    encontrar uma agulha num palheiro.
  • 3:29 - 3:34
    Mas pior, é tentar encontrar uma agulha
    numa pilha de agulhas iguais.
  • 3:35 - 3:40
    A partir daí, o que fiz
    foi começar a pesquisar "online",
  • 3:40 - 3:43
    porque que outra fonte
    tem um miúdo de 15 anos?
  • 3:43 - 3:45
    (Risos)
  • 3:45 - 3:49
    Na verdade, comecei com uma base de dados
    de mais de 8000 proteínas diferentes.
  • 3:49 - 3:51
    Comecei a percorrê-las.
  • 3:51 - 3:54
    E, felizmente,
    na 4000.ª tentativa, acertei.
  • 3:54 - 3:58
    Finalmente, encontrei uma proteína,
    e já estava perto de dar em doido.
  • 3:59 - 4:02
    A proteína que encontrei
    chamava-se mesotelina.
  • 4:02 - 4:05
    É, essencialmente,
    uma proteína simples,
  • 4:05 - 4:08
    a não ser que tenhamos
    cancro pancreático, ovariano ou pulmonar.
  • 4:08 - 4:12
    Nesse caso, encontra-se em níveis
    altíssimos na corrente sanguínea.
  • 4:12 - 4:17
    E a chave aqui é que esta proteína
    se encontra nas fases iniciais da doença,
  • 4:17 - 4:19
    quando há uma hipótese
    de quase 100% de sobrevivência.
  • 4:19 - 4:24
    Assim, ao detetá-lo, quase não seria
    preciso preocuparmo-nos com o cancro.
  • 4:24 - 4:29
    Comecei, então, a mudar o meu foco
    para como detetar esta proteína.
  • 4:29 - 4:32
    E veio do mais improvável dos sítios,
    a minha grande descoberta.
  • 4:32 - 4:35
    A aula de biologia do secundário.
    (Risos)
  • 4:35 - 4:39
    Sufoca a inovação. É horrível!
  • 4:39 - 4:42
    (Risos)
  • 4:42 - 4:46
    (Aplausos)
  • 4:47 - 4:51
    O que fiz foi mais ou menos
    contrabandear um artigo científico
  • 4:51 - 4:54
    sobre umas coisas porreiras
    chamadas nanotubos de carbono.
  • 4:54 - 4:57
    Estava debaixo do meu casaco
    e estava a lê-lo por baixo da secretária.
  • 4:58 - 5:01
    Um nanotubo de carbono.
    Podem perguntar-se: "o que será isso?"
  • 5:01 - 5:04
    É essencialmente
    um longo e fino tubo de carbono.
  • 5:04 - 5:07
    Tem menos 50 000 vezes o diâmetro
    de um cabelo e a espessura de um átomo.
  • 5:07 - 5:11
    É extremamente pequeno,
    mas tem propriedades extraordinárias.
  • 5:11 - 5:14
    É como o super-herói
    da ciência dos materiais.
  • 5:14 - 5:17
    Enquanto aprendíamos,
    ou enquanto eu aprendia sobre isto,
  • 5:17 - 5:20
    enquanto lia o artigo
    sobre estas propriedades espantosas,
  • 5:20 - 5:23
    aprendíamos sobre estas coisas
    chamadas anticorpos.
  • 5:23 - 5:26
    E anticorpos são moléculas
    orgânicas muito fixes.
  • 5:26 - 5:29
    Basicamente, ligam-se a uma proteína,
    e apenas a essa proteína.
  • 5:29 - 5:31
    São muito específicos.
  • 5:31 - 5:34
    É uma espécie de molécula
    de chave e fechadura.
  • 5:34 - 5:36
    Estava a pensar neste conceito:
  • 5:36 - 5:39
    como ligar as incríveis propriedades
    do nanotubo de carbono
  • 5:39 - 5:41
    com o facto de este anticorpo
    reagir só com uma proteína?
  • 5:41 - 5:44
    Neste caso,
    o biomarcador de cancro, mesotelina.
  • 5:44 - 5:45
    Então, apercebi-me.
  • 5:45 - 5:49
    O que podia fazer era pôr este anticorpo
    numa rede de nanotubos de carbono,
  • 5:49 - 5:55
    de modo a que só reagissem
    àquele biomarcador proteico específico,
  • 5:55 - 5:58
    mas faria também uma mudança
    nas suas propriedades elétricas,
  • 5:58 - 6:01
    com base na quantidade
    de proteína presente,
  • 6:01 - 6:05
    isto para a medir com o ohmímetro
    de 50 dólares que comprei no Home Depot.
  • 6:05 - 6:08
    E o que fiz depois foi...
  • 6:08 - 6:11
    A minha professora de Biologia viu-me.
    Era como uma águia.
  • 6:11 - 6:13
    E chegou ao pé de mim
    de rosto encarnado.
  • 6:13 - 6:15
    E disse:
    "O que é está a fazer, jovem?"
  • 6:15 - 6:17
    E tira-me o artigo da mão.
  • 6:17 - 6:21
    E, depois da aula,
    implorei que me devolvesse o artigo,
  • 6:21 - 6:23
    e ela acabou por aceder.
  • 6:23 - 6:25
    E era só isso que me importava
    dessa experiência.
  • 6:25 - 6:29
    (Risos)
  • 6:31 - 6:35
    Daí, comecei a refinar
    esta boa ideia que tive.
  • 6:36 - 6:39
    Depois, vi que precisava
    de um espaço laboratorial,
  • 6:39 - 6:42
    porque não posso fazer investigação
    sobre o cancro no balcão da cozinha.
  • 6:42 - 6:44
    (Risos)
  • 6:44 - 6:47
    Então, escrevi esta ideia.
  • 6:47 - 6:50
    Defini uma lista de materiais,
    um procedimento, um orçamento e um prazo.
  • 6:50 - 6:53
    E enviei-a por "e-mail"
    a 200 professores diferentes
  • 6:53 - 6:56
    na Universidade Johns Hopkins
    e nos Institutos Nacionais de Saúde.
  • 6:56 - 6:59
    Basicamente, a toda a gente
    relacionada com o cancro pancreático.
  • 6:59 - 7:03
    Julguei então que podia parar e relaxar,
  • 7:03 - 7:07
    e esperar pelos "e-mails" positivos
    a aceitarem-me num laboratório.
  • 7:07 - 7:07
    (Risos)
  • 7:07 - 7:09
    Depois, a realidade tornou-se clara.
  • 7:09 - 7:14
    E recebi 199 rejeições em 200,
    e um morno "talvez".
  • 7:14 - 7:16
    E isso foi um pouco desencorajador.
  • 7:16 - 7:20
    Mas depois, decidi abordar
    este professor do "talvez".
  • 7:20 - 7:23
    E, três meses depois,
    marquei uma data com ele.
  • 7:23 - 7:27
    Fui lá, com os mais
    de 500 artigos que tinha lido.
  • 7:27 - 7:32
    E, durante a entrevista, ele começou
    a chamar cada vez mais especialistas.
  • 7:32 - 7:37
    Faziam-me cada vez mais perguntas,
    a tentar encontrar falhas no procedimento.
  • 7:37 - 7:42
    Na verdade, estava preparado,
    porque num dos "e-mails" de rejeição
  • 7:42 - 7:46
    o professor tinha sistematicamente
    percorrido todos os pontos da técnica
  • 7:46 - 7:50
    e lentamente desmantelou-os,
    dizendo que cada um deles era um erro.
  • 7:50 - 7:53
    Estava, assim, preparado para isto.
    Tinha um guia de estudo.
  • 7:53 - 7:55
    (Risos)
  • 7:55 - 8:00
    Aconteceu, então, que consegui
    o laboratório de que precisava.
  • 8:00 - 8:03
    Depois, iniciei uma viagem de sete meses.
  • 8:03 - 8:05
    Assim que comecei, julguei:
  • 8:05 - 8:08
    "Vou trabalhar a fundo
    e estar despachado em três meses".
  • 8:08 - 8:10
    Na verdade, foram sete meses,
  • 8:10 - 8:12
    pois assim que comecei,
    surgiram milhões de erros.
  • 8:12 - 8:16
    Percebi que o meu procedimento não era
    tão perfeito como pensara no início.
  • 8:18 - 8:20
    Outra lição valiosa que aprendi nisto
  • 8:20 - 8:23
    foi que nada é tão simples
    como parece no papel.
  • 8:24 - 8:25
    A partir daí,
  • 8:25 - 8:31
    penosamente corrigi todas as falhas
    que encontrei no meu procedimento.
  • 8:31 - 8:33
    Estas incluíam destruir
    células numa centrifugadora,
  • 8:33 - 8:37
    matar as minhas células, matar proteínas,
    e matar os meus nanotubos de carbono.
  • 8:37 - 8:39
    Parecia estar a matar tudo.
  • 8:39 - 8:43
    Mas, no fim,
    acabei com um pequeno sensor em papel
  • 8:43 - 8:45
    que deteta cancro pancreático,
    ovariano e pulmonar,
  • 8:45 - 8:47
    com 100% de eficácia.
  • 8:48 - 8:51
    Ao longo disto,
    aprendi uma importante lição.
  • 8:51 - 8:54
    Através da Internet,
    tudo é possível.
  • 8:54 - 8:55
    Teorias podem ser partilhadas
  • 8:55 - 8:58
    e não têm de ser professores
    com vários graus académicos
  • 8:58 - 9:00
    para terem as vossas ideias validadas.
  • 9:00 - 9:03
    São só as vossas ideias
    que contam na Internet.
  • 9:03 - 9:06
    Ser corajoso
    e destemido aqui, para mim,
  • 9:06 - 9:09
    é não ter de usar a Internet
    de forma convencional.
  • 9:09 - 9:13
    Não precisamos de ver as vossas
    poses com caretas na Internet.
  • 9:13 - 9:16
    (Risos)
  • 9:16 - 9:19
    (Aplausos)
  • 9:20 - 9:25
    Em vez disso, podiam mudar o mundo
    com o que fazem na Internet.
  • 9:25 - 9:28
    Se eu fiz toda a minha pesquisa no Google
    e na Wikipédia,
  • 9:28 - 9:30
    e só tenho 15 anos,
  • 9:30 - 9:32
    imaginem o que vocês podem fazer.
  • 9:32 - 9:33
    Obrigado.
  • 9:33 - 9:36
    (Aplausos) (Vivas)
Title:
Inventar um teste de baixo custo para o cancro aos 15 anos | Jack Andraka | TEDxMidAtlantic
Description:

Jack Andraka é um aluno do primeiro ano do secundário com 15 anos. Recentemente, desenvolveu um novo sensor de papel que consegue detetar cancro pancreático, ovariano e pulmonar em 5 minutos, por apenas 3 cêntimos.

Esta palestra foi dada num evento TEDx, organizado de forma independente por uma comunidade local mas usando o formato das Conferências TED. Saiba mais em: http://ted.com/tedx .

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
10:20

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