A evolução da compaixão
-
0:01 - 0:05Vou falar sobre compaixão
e a regra de ouro -
0:05 - 0:11numa perspetiva secular e até
numa certa perspetiva científica. -
0:11 - 0:14Vou tentar oferecer-vos
um pouco de uma história natural -
0:14 - 0:16de compaixão e da regra de ouro.
-
0:16 - 0:21Por vezes, vou usar uma linguagem
mais ou menos clínica -
0:21 - 0:24que, por isso, não vai soar
tão cordial e tão agradável -
0:24 - 0:26como as conversas comuns
sobre compaixão. -
0:26 - 0:28Quero avisá-los a respeito disso.
-
0:28 - 0:32Então, para começar, vou dizer
que acho a compaixão ótima. -
0:32 - 0:35A regra de ouro é ótima.
Sou um grande defensor de ambas. -
0:35 - 0:37E penso que é ótimo
-
0:37 - 0:40que os líderes das religiões do mundo
-
0:40 - 0:45afirmem que a compaixão e a regra de ouro
são princípios fundamentais, -
0:45 - 0:48integrais para as suas fés.
-
0:48 - 0:52Ao mesmo tempo, penso que as religiões
não merecem todo o crédito. -
0:52 - 0:55Penso que a natureza
lhes deu uma mãozinha. -
0:55 - 1:00Esta noite vou defender que a compaixão
e a regra de ouro, -
1:00 - 1:03de certa forma, estão
incorporadas na natureza humana. -
1:03 - 1:05Mas também vou defender
-
1:06 - 1:10que, quando entenderem o sentido em que
estão incorporadas na natureza humana, -
1:10 - 1:13vão perceber que apenas
afirmar a compaixão -
1:13 - 1:16e afirmar a regra de ouro
não é suficiente. -
1:17 - 1:19Há muito trabalho a ser feito
depois disso. -
1:20 - 1:24Então, uma breve história natural
antes da compaixão. -
1:24 - 1:27No princípio, havia a compaixão.
-
1:27 - 1:30E não me refiro apenas
a quando apareceram os seres humanos, -
1:31 - 1:32mas ainda antes disso.
-
1:32 - 1:36Eu penso que é provável que,
na linhagem evolutiva humana, -
1:36 - 1:39ainda antes de haver "homo sapiens",
-
1:39 - 1:41os sentimentos como a compaixão,
amor e simpatia -
1:41 - 1:45já tivessem ganhado o seu lugar
no fundo genético -
1:45 - 1:48e os biólogos têm uma ideia
bastante clara de como isto aconteceu. -
1:48 - 1:52Aconteceu através de um princípio
conhecido como seleção de parentesco. -
1:52 - 1:57E a ideia básica
da seleção de parentesco é que, -
1:58 - 2:01se um animal sente compaixão
por um parente próximo, -
2:01 - 2:05e esta compaixão leva o animal
a ajudar esse parente, -
2:05 - 2:10afinal, a compaixão
acaba por ajudar os genes -
2:10 - 2:13subjacentes à própria compaixão.
-
2:13 - 2:16Então, do ponto de vista de um biólogo,
-
2:16 - 2:20a compaixão é uma forma
de os genes se ajudarem a si mesmos. -
2:21 - 2:24Eu avisei-vos de que isto não ia ser
muito cordial ou agradável. -
2:25 - 2:28Já lá chegarei — espero conseguir
ser um pouco mais agradável. -
2:28 - 2:30Não me incomoda muito
-
2:30 - 2:34que a lógica darwiniana
subjacente à compaixão -
2:34 - 2:36seja egoísta a nível genético.
-
2:37 - 2:39Na realidade, a má notícia
quanto à seleção de parentesco -
2:40 - 2:43é que significa que
este tipo de compaixão -
2:43 - 2:46só se manifesta naturalmente
dentro da família. -
2:46 - 2:49Esta é a má notícia.
A boa noticia é que a compaixão é natural. -
2:49 - 2:52A má notícia é que esta
compaixão de seleção de parentesco -
2:52 - 2:55está naturalmente reservada à família.
-
2:55 - 2:58Há mais boas notícias que vieram
mais tarde com a evolução, -
2:58 - 3:01um segundo tipo de lógica evolutiva.
-
3:01 - 3:04Os biólogos chamam-lhe
"altruísmo recíproco". -
3:04 - 3:07Aqui a ideia básica
-
3:07 - 3:11é que a compaixão leva-nos a fazer o bem
-
3:12 - 3:15por pessoas que mais tarde
retribuirão esse favor. -
3:15 - 3:20Eu sei que esta não é uma noção
de compaixão tão inspiradora -
3:20 - 3:23como as que ouviram no passado
-
3:23 - 3:27mas do ponto de vista de um biólogo,
esta compaixão de altruísmo recíproco -
3:27 - 3:30no fundo, é interesseira.
-
3:30 - 3:33Não é que as pessoas pensem isso
quando sentem compaixão. -
3:33 - 3:37Não é uma coisa conscientemente egoísta
mas para um biólogo, essa é a lógica. -
3:37 - 3:43Então, acabamos por estender a compaixão
a amigos e aliados, facilmente. -
3:43 - 3:47Tenho a certeza de que muitos de vocês,
se tiverem um amigo chegado -
3:47 - 3:51a quem aconteceu algo terrível,
vão sentir-se realmente mal. -
3:51 - 3:52Mas, se lerem no jornal
-
3:52 - 3:55que algo terrível aconteceu
a alguém de quem nunca ouviram falar -
3:55 - 3:57talvez consigam viver com isso.
-
3:57 - 3:59A natureza humana é assim.
-
3:59 - 4:02Aqui vai outra história
de boas e más notícias. -
4:02 - 4:04É bom que a compaixão
se estenda para além da familia -
4:04 - 4:06por este tipo de lógica evolutiva.
-
4:06 - 4:10A má notícia é que isto não nos traz
uma compaixão universal por si só. -
4:10 - 4:12Então, ainda há trabalho a fazer.
-
4:13 - 4:17Há um outro resultado desta dinâmica
chamada altruísmo recíproco, -
4:17 - 4:19que considero ser uma boa notícia,
-
4:19 - 4:23que é o papel que desempenhou
na espécie humana -
4:23 - 4:27e deu às pessoas uma apreciação intuitiva
da regra de ouro. -
4:27 - 4:32Eu não quero dizer que a regra de ouro
esteja escrita nos nossos genes -
4:32 - 4:35mas podemos ir a uma sociedade
caçadora-coletora -
4:35 - 4:39que não esteve exposta a nenhuma
das grandes tradições religiosas -
4:39 - 4:41nem à filosofia ética
-
4:41 - 4:43e veremos, se passarmos tempo
com estas pessoas, -
4:43 - 4:46que, basicamente, elas acreditam
que uma boa ação merece retribuição -
4:46 - 4:48e que as más ações devem ser punidas.
-
4:48 - 4:53Os psicólogos evolucionistas pensam
que estas intuições têm uma base genética. -
4:53 - 4:58Então eles entendem que,
se quisermos ser bem tratados -
4:58 - 4:59temos de tratar bem os outros.
-
4:59 - 5:02E é bom tratar bem os outros.
-
5:02 - 5:05Isso é quase uma intuição incorporada.
-
5:05 - 5:08Isto são boas notícias.
Então, se prestaram atenção, -
5:08 - 5:11provavelmente já estão a prever
que vai haver má uma notícia: -
5:11 - 5:13ainda não chegámos ao amor universal
-
5:13 - 5:18e é verdade porque, se bem que uma
apreciação da regra de ouro é natural, -
5:18 - 5:23também é natural forjar
exceções à regra de ouro. -
5:23 - 5:27Por exemplo, provavelmente
nenhum de nós quer ir para a prisão -
5:27 - 5:31mas todos pensamos
que há pessoas que devem ir, não é? -
5:31 - 5:35Pensamos que devemos tratá-los de forma
diferente da que queremos ser tratados. -
5:35 - 5:36E temos uma razão para isso.
-
5:36 - 5:41Dizemos que eles fizeram coisas más
pelas quais devem ir para a prisão. -
5:41 - 5:46Nenhum de nós estende a regra de ouro
de forma realmente difusa e universal. -
5:46 - 5:48Temos a capacidade de forjar exceções,
-
5:48 - 5:50de pôr pessoas numa categoria especial.
-
5:50 - 5:54O problema é que, apesar de — no caso
de termos de enviar pessoas para a prisão — -
5:54 - 5:57termos um sistema judicial imparcial,
-
5:57 - 6:01que determina quem é excluído
da regra de ouro, -
6:01 - 6:05na vida quotidiana, a forma
como tomamos estas decisões, -
6:05 - 6:08sobre quem vai ser incluído
na regra de ouro, -
6:08 - 6:11é usando uma fórmula
muito mais dura e mais prática. -
6:11 - 6:15Basicamente, reduz-se a;
"se és meu inimigo, meu rival, -
6:15 - 6:17"se não és meu amigo
nem és da minha família, -
6:17 - 6:22"estou muito menos inclinado
a aplicar-te a regra de ouro". -
6:22 - 6:24Todos nós fazemos isto
-
6:24 - 6:27e vemos isso por todo o mundo.
-
6:27 - 6:30Vemos isso no Médio Oriente:
-
6:30 - 6:33pessoas de Gaza
a lançar mísseis para Israel. -
6:33 - 6:36Elas não gostariam
que lhes lançassem mísseis mas dizem: -
6:36 - 6:38"Mas os israelitas,
ou alguns deles, fizeram coisas -
6:38 - 6:40"que os puseram numa categoria especial."
-
6:40 - 6:43Os israelitas não gostariam que lhes
impusessem um bloqueio económico -
6:43 - 6:45mas eles impuseram-no
em Gaza e dizem: -
6:45 - 6:48"Os palestinos, ou alguns deles,
estavam a pedi-las." -
6:48 - 6:54São estas exclusões à regra de ouro que
causam boa parte dos problemas mundiais. -
6:55 - 6:58E é natural que isso aconteça.
-
6:59 - 7:03O facto de a regra de ouro estar
de certa forma incorporada em nós -
7:03 - 7:07não vai, por si só,
trazer-nos o amor universal. -
7:07 - 7:09Não vai salvar o mundo.
-
7:09 - 7:13Tenho uma boa notícia
que talvez salve o mundo. -
7:14 - 7:16Estão bem sentados?
-
7:17 - 7:19Ainda bem porque,
antes de vos contar a boa notícia, -
7:19 - 7:24tenho de vos levar a uma excursão
por terreno académico. -
7:24 - 7:28Espero ter conseguido a vossa atenção
com esta promessa de boas notícias -
7:28 - 7:30que talvez salvem o mundo.
-
7:30 - 7:34É esta soma diferente de zero
de que ouviram falar ainda há pouco. -
7:34 - 7:36É só uma breve introdução
à teoria dos jogos. -
7:36 - 7:38Isto não dói.
-
7:38 - 7:40É sobre os jogos de soma zero
ou soma diferente de zero. -
7:40 - 7:44Se perguntarem que tipo de situação
-
7:44 - 7:47leva as pessoas a tornarem-se
amigas ou aliadas, -
7:47 - 7:50a resposta técnica é uma situação
de soma diferente de zero. -
7:50 - 7:52E se perguntarem que tipo de situação
-
7:52 - 7:55leva as pessoas a definir
os outros como inimigos -
7:55 - 7:56é uma situação de soma zero.
-
7:56 - 7:58Então, o que é
que esses termos significam? -
7:58 - 8:02Basicamente, um jogo de soma zero
é o que costumamos usar no desporto, -
8:02 - 8:04em que há um vencedor e um vencido.
-
8:04 - 8:06Os seus resultados somam zero.
-
8:06 - 8:11No ténis, cada ponto é bom para vocês
e mau para a outra pessoa, -
8:11 - 8:13ou bom para a outra pessoa
e mau para vocês. -
8:13 - 8:17De qualquer maneira, os vossos resultados
somam zero. É um jogo de soma zero. -
8:17 - 8:19Mas se jogarem a pares,
-
8:19 - 8:20a pessoa do vosso lado da rede
-
8:20 - 8:23está numa relação convosco
de soma diferente de zero, -
8:23 - 8:27porque todos os pontos são bons
para ambos, positivos, vitória-vitória -
8:27 - 8:28ou maus para ambos,
é derrota-derrota. -
8:28 - 8:31Isto é um jogo
de soma diferente de zero. -
8:31 - 8:33Na vida real há muito jogos
de soma diferente de zero. -
8:33 - 8:36No âmbito económico se, por exemplo,
comprarem alguma coisa, -
8:36 - 8:39isso significa que preferem ter
a mercadoria a ter o dinheiro -
8:39 - 8:43mas o comerciante prefere ter o dinheiro
em vez da mercadoria. -
8:43 - 8:44Ambos sentem que ganharam.
-
8:44 - 8:48Numa guerra, dois aliados jogam
um jogo de soma diferente de zero. -
8:48 - 8:51Para eles vai ser vitória-vitória
ou derrota-derrota. -
8:51 - 8:57Há muitos jogos na vida real
de soma diferente de zero. -
8:57 - 9:01Basicamente, poderão
reformular o que eu já disse, -
9:01 - 9:04sobre como a compaixão
e a regra de ouro se manifestam, -
9:04 - 9:08dizendo que a compaixão
flui com maior naturalidade -
9:08 - 9:10em canais de soma diferente de zero
-
9:10 - 9:14onde as pessoas pensam estar
numa possível situação de vitória-vitória -
9:14 - 9:16com alguns dos seus amigos ou aliados.
-
9:16 - 9:18A manifestação da regra de ouro
-
9:18 - 9:21acontece com maior naturalidade
nestes canais de soma diferente de zero. -
9:21 - 9:23Em redes de soma diferente de zero
-
9:23 - 9:27é onde esperamos que
a compaixão e a regra de ouro -
9:27 - 9:29façam a sua magia.
-
9:29 - 9:32Em canais de soma zero
esperaríamos algo diferente. -
9:32 - 9:35Já estão preparados para a boa notícia
que talvez possa salvar o mundo? -
9:35 - 9:39Mas também posso reconhecer
que talvez não salve, -
9:39 - 9:44agora que prendi a vossa atenção
por três minutos sobre coisas técnicas. -
9:45 - 9:46Mas talvez salve.
-
9:46 - 9:49A boa notícia é que a história
-
9:49 - 9:53espalhou naturalmente estas redes
de soma diferente de zero, -
9:53 - 9:57estas redes que podem ser
canais para a compaixão. -
9:58 - 10:01Podemos recuar até à idade da Pedra,
-
10:02 - 10:08à evolução tecnológica
— estradas, a roda, a escrita. -
10:08 - 10:11muita tecnologia
de transportes e comunicação — -
10:11 - 10:14inexoravelmente fez
com que mais pessoas -
10:14 - 10:17possam estar em mais relações
de soma diferente de zero -
10:17 - 10:20com cada vez mais pessoas
a distâncias cada vez maiores. -
10:20 - 10:24Esta é a história da civilização.
-
10:24 - 10:28Por esta razão a organização social
evoluiu de aldeias de caçadores-coletores -
10:28 - 10:31para a Antiguidade, para o império
e aqui estamos num mundo globalizado. -
10:31 - 10:36A história da globalização é uma história
de soma diferente de zero a grande escala. -
10:36 - 10:38Provavelmente já ouviram
o termo "interdependência" -
10:38 - 10:39aplicado ao mundo moderno.
-
10:39 - 10:42É outro termo para a soma
diferente de zero. -
10:42 - 10:44Se os nossos destinos estão
dependentes de alguém, -
10:44 - 10:48vivemos numa relação com essa pessoa
de soma diferente de zero. -
10:48 - 10:50Isto vê-se em todo o lado
no mundo moderno. -
10:50 - 10:52Viu-se na recente crise económica,
-
10:52 - 10:54em que aconteceram
coisas más na economia, -
10:54 - 10:57e, portanto, más para todos,
na maior parte do mundo. -
10:57 - 11:00Quando acontecem coisas boas
é bom para a maior parte do mundo. -
11:00 - 11:03E fico feliz por dizer que penso
que realmente há provas -
11:03 - 11:06de que este tipo de conexão
de soma diferente de zero -
11:06 - 11:09pode expandir o alcance da moral.
-
11:09 - 11:13Se olharmos para as atitudes
dos americanos -
11:13 - 11:16para com os japoneses
durante a II Guerra Mundial -
11:16 - 11:18— as descrições dos japoneses
-
11:18 - 11:21nos "media" norte-americanos
são quase sub-humanas -
11:21 - 11:24e tenham em conta o facto de que
nós lançámos bombas atómicas, -
11:24 - 11:26sem pensarmos muito nisso.
-
11:26 - 11:27Compararem isso com a atitude atual.
-
11:27 - 11:31Penso que, em parte, isso deve-se
a uma certa interdependência económica. -
11:31 - 11:34Qualquer forma de interdependência
ou relação de soma diferente de zero -
11:34 - 11:37força-nos a reconhecer
a humanidade das pessoas. -
11:37 - 11:38Eu penso que isso é bom.
-
11:38 - 11:41O mundo está cheio de dinâmicas
de soma diferente de zero. -
11:41 - 11:45Os problemas ambientais põem-nos no
mesmo barco de muitas e diversas maneiras. -
11:45 - 11:50Há relações de soma diferente de zero
de que as pessoas nem se apercebem. -
11:50 - 11:54Por exemplo, provavelmente
muitos dos cristãos americanos -
11:54 - 11:58não pensam estar numa relação
de soma diferente de zero -
11:58 - 12:01com os muçulmanos
que estão do outro lado do mundo -
12:01 - 12:05mas na verdade estão, porque estes
muçulmanos estão cada vez mais contentes -
12:05 - 12:09com o seu lugar no mundo
e por sentirem que têm um lugar nele. -
12:09 - 12:12Isto é bom para os americanos
porque haverá menos terroristas -
12:12 - 12:14a ameaçar a segurança do país.
-
12:14 - 12:18Se ficarem cada vez menos contentes
isso será mau para os americanos. -
12:18 - 12:20Há muitas somas diferentes de zero.
-
12:20 - 12:25Então a questão é: se há tantas
somas diferentes de zero, -
12:25 - 12:29porque é que o mundo ainda não foi
impregnado de amor, paz e compreensão? -
12:30 - 12:33A resposta é complicada.
É tema para uma outra palestra. -
12:33 - 12:36Certamente, há algumas coisas que,
-
12:36 - 12:40primeiro que tudo, há muitas situações
de soma diferente de zero no mundo. -
12:40 - 12:44Também, por vezes,
as pessoas não reconhecem -
12:44 - 12:49a dinâmica da soma
diferente de zero no mundo. -
12:49 - 12:51Em ambas as áreas,
-
12:51 - 12:55os políticos podem ter um papel.
-
12:55 - 12:57Isto não tem só a ver com a religião.
-
12:57 - 12:59Penso que os políticos
podem ajudar a fomentar -
12:59 - 13:01as relações de soma diferente de zero,
-
13:01 - 13:06O compromisso económico é, geralmente,
melhor do que os bloqueios, etc. -
13:06 - 13:09E os políticos podem e devem
ter a noção de que, -
13:09 - 13:12quando pessoas de todo o mundo
os observam, -
13:12 - 13:14estão a observar a própria nação
-
13:14 - 13:15e a captar sinais
-
13:15 - 13:19para saber se estão numa relação de soma
zero ou de soma diferente de zero -
13:20 - 13:22— nos EUA ou em qualquer outra nação —
-
13:22 - 13:25a psicologia humana é tal
que eles usam sinais como: -
13:25 - 13:27"Sentimos que estamos a ser respeitados?"
-
13:27 - 13:30Porque, sabem, historicamente,
se não formos respeitado, -
13:30 - 13:34provavelmente não vamos terminar
numa relação de soma diferente de zero, -
13:34 - 13:36mutuamente benéfica para as pessoas.
-
13:36 - 13:40Por isso, temos que ter consciência
dos sinais que estamos a enviar. -
13:42 - 13:46E isto, novamente, está
no domínio do trabalho político. -
13:46 - 13:49Se há uma coisa que posso
encorajar as pessoas a fazer, -
13:49 - 13:52sejam políticos, líderes religiosos
ou nós mesmos, -
13:52 - 13:56é aquilo a que eu chamo
"expandir a imaginação moral", -
13:56 - 14:00que é como se fosse a capacidade
de nos pormos na pele de pessoas -
14:00 - 14:03em circunstâncias
muito diferentes das nossas. -
14:03 - 14:07Isto não é o mesmo que compaixão
mas conduz à compaixão. -
14:07 - 14:10Abre as portas à compaixão.
-
14:10 - 14:14E temo que haja outra
história de boas e más notícias -
14:14 - 14:17que é que a imaginação moral
faz parte da natureza humana. -
14:17 - 14:21Isto é bom mas, uma vez mais,
temos tendência a aplicá-la seletivamente. -
14:21 - 14:23Quando definimos alguém como inimigo
-
14:23 - 14:28custa pormo-nos na pele dessa pessoa,
naturalmente. -
14:28 - 14:32Se quiserem considerar um caso
particularmente difícil para um americano: -
14:32 - 14:36imaginem que alguém no Irão queima
uma bandeira dos EUA e vemos isto na TV. -
14:36 - 14:40Bem, o americano médio vai resistir
-
14:40 - 14:43ao exercício moral de se meter
na cabeça dessa pessoa -
14:43 - 14:46e vai resistir à ideia de que tem
muito em comum com ela. -
14:47 - 14:48E se lhe disserem:
-
14:48 - 14:51"Essa pessoa pensa
que os EUA a desrespeitam -
14:51 - 14:53"e até que a tentam dominar
e odeia os EUA. -
14:54 - 14:56"Alguma vez vos desrespeitaram tanto
-
14:56 - 14:58"que quase odiaram essa pessoa
por instantes?" -
14:58 - 15:01Elas vão resistir a essa comparação
e é normal, é humano. -
15:01 - 15:02Do mesmo modo, a pessoa no Irão.
-
15:02 - 15:06Se tentarmos humanizar alguém dos EUA
que tenha dito que o Islão é mau -
15:06 - 15:08vamos ter problemas.
-
15:08 - 15:14É muito difícil fazer com que as pessoas
expandam a imaginação moral -
15:14 - 15:16até onde esta não vai naturalmente.
-
15:16 - 15:19Eu acho que merece o esforço,
-
15:19 - 15:21porque ajuda-nos a entender.
-
15:21 - 15:24Se queremos reduzir o número de pessoas
que queimam bandeiras, -
15:24 - 15:26entender o que as leva a isso
é uma boa ajuda. -
15:26 - 15:29E acho que é um bom exercício moral.
-
15:29 - 15:32É aqui que entram os líderes religiosos
-
15:32 - 15:38porque os líderes religiosos são bons
a reformular as questões para as pessoas, -
15:38 - 15:41a aproveitar os centros emocionais
do cérebro -
15:41 - 15:45para fazer as pessoas alterar a sua
consciência e reformular a forma de pensar -
15:45 - 15:49Os líderes religiosos estão numa espécie
de negócio da inspiração. -
15:49 - 15:52É um enorme chamamento neste momento,
-
15:52 - 15:56fazer com que as pessoas do mundo inteiro
expandam a imaginação moral, -
15:56 - 16:00vejam que estamos todos
no mesmo barco de diversas maneiras. -
16:00 - 16:05Só queria resumir a visão da situação,
pelo menos numa perspetiva secular -
16:05 - 16:09no que se refere à compaixão
e à regra de ouro -
16:09 - 16:15dizendo que é uma boa notícia
que a compaixão e a regra de ouro -
16:15 - 16:20estejam, de certa forma,
incorporadas na natureza humana. -
16:20 - 16:25É lamentável que estas tendam
a ser aplicadas seletivamente. -
16:26 - 16:29E vai ser preciso muito trabalho
para mudar isso. -
16:29 - 16:34Mas nunca ninguém disse que fazer
o trabalho de Deus seria fácil. -
16:34 - 16:35Obrigado
-
16:35 - 16:36(Aplausos)
- Title:
- A evolução da compaixão
- Speaker:
- Robert Wright
- Description:
-
Robert Wright utiliza a biologia da evolução e a teoria do jogos para explicar porque apreciamos a regra de ouro (“Fazer aos outros...”) porque, por vezes, a ignoramos e porque ainda há esperança de que, num futuro próximo, talvez todos tenhamos a compaixão de a seguir.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:36
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Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for The evolution of compassion | |
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