-
Queridos amigos,
-
Sei que estão aí e isso deixa-me muito feliz.
-
Ao fechar os olhos e
-
seguir a minha respiração,
-
disse silenciosamente a mim mesmo:
-
Eu amo-te tanto.
-
Eu amo-te tanto.
-
E vi-me como uma criança a vaguear pelas ruas de Saigão,
-
sentindo-me bastante triste.
-
Vi-me de pé junto a uma ponte,
-
a pensar em pensamentos sombrios.
-
Vi-me a chegar a este país como adolescente,
-
com uma pequena mala numa mão,
-
e o meu irmão mais novo...
-
na outra mão, a segurá-lo.
-
E surgiu um pensamento em mim:
-
Vieste de tão longe.
-
Eu amo-te tanto.
-
Obrigado por todos os esforços que fizeste na vida,
-
para que ainda possas estar aqui.
-
Antes de começar a praticar,
-
não sabia como cuidar das minhas emoções fortes.
-
Lembro-me de que, ainda criança, já tinha passado por muitos traumas — abuso sexual,
-
abuso verbal, e por ser uma criança imigrante no Vietname.
-
Estava bastante deprimida.
-
Claro que não lhe chamava depressão.
-
E em vietnamita, nem sabia que existia uma palavra para depressão.
-
Dizia-se que estávamos tristes.
Mas eu costumava vaguear muito pelas ruas.
-
E inventava canções sobre a minha vida.
-
E essas canções eram bastante tristes.
-
Lembro-me de cantar e depois chorar.
-
E até cantava para o meu irmão,
-
e ambos chorávamos.
-
Ou então…
-
Em Saigão havia muitas pontes.
-
E sempre que estava numa ponte ou passava de bicicleta por uma,
-
o pensamento
-
de suicídio surgia na minha mente.
-
E isso...
-
isso foi tão ensaiado dentro de mim desde muito nova, que, ao tornar-me adolescente, só piorou.
-
E na universidade, e na faculdade de medicina, sempre que tinha dificuldades na vida ou nos relacionamentos,
-
o meu pensamento ia imediatamente para…
-
Era como um padrão automático.
-
Ia para...
-
"Porque é que vivo?"
-
"Qual é o sentido desta vida?"
-
"Mais vale desistir."
-
Houve momentos em que…
-
Na maior parte das vezes, não queria morrer,
-
mas
-
os pensamentos suicidas surgiam
-
como a primeira opção para mim.
-
E foi assim.
-
Ao tornar-me praticante, percebi que isso se tinha tornado um hábito, uma parte da minha personalidade.
-
E, pouco a pouco, aprendi a respirar com isso,
e a dizer a mim mesmo: estou a morrer todos os dias,
-
não preciso de desejar a morte.
-
O corpo passa por
-
mudanças a cada momento.
-
As células da pele desprendem-se.
-
O cabelo cai.
-
Tudo está a mudar.
-
Portanto, a questão não é se devemos viver ou morrer.
-
A questão é: como é que estou a viver e como é que estou a morrer?
-
Será que posso viver de forma bela?
-
Será que posso morrer de forma bela, a cada momento?
-
Isso ajudou a mudar a minha atitude em relação à tristeza.
-
E vejo que, à medida que pratico...
-
os quatro tipos de alimento de forma mais diligente, mais positiva,
-
lentamente...
-
agora já não experimento emoções fortes com tanta frequência.
-
Estou bastante estável e firme no meu
-
modo de ser.
-
E quando a tristeza surge — claro, coisas desagradáveis ainda acontecem — mas já não reajo com tanta força.
-
A frequência e intensidade das emoções fortes diminuiu imenso.
-
Mas também a forma como respondo a elas,
para que não permaneçam por muito tempo.
-
Porque em vez de
-
culpar as circunstâncias externas,
-
aprendi a voltar para mim mesmo, respirar,
e dizer: Eu escolho a paz.
-
Eu escolho a harmonia dentro de mim.
-
Não quero causar mais danos a mim próprio.
-
Seja o que for que aconteceu, já aconteceu — não preciso de explodir.
-
Posso simplesmente voltar a mim e cuidar de mim primeiro.
-
E quando estiver calmo, posso ir perguntar à pessoa o que ela quis dizer com aquilo que disse ou fez.
-
Ou posso ter compreensão suficiente dentro de mim, ao ponto de já nem precisar de esclarecimentos.
-
Posso simplesmente deixar ir.
-
Isso é uma escolha — e é uma escolha maravilhosa.
-
Todos nós passamos por emoções fortes,
-
seja tristeza,
-
raiva,
-
insegurança, ciúmes,
-
dúvida,
-
arrependimento,
-
anseio,
-
etc.
-
Todos as temos.
-
Algumas emoções são mais fortes do que outras,
-
consoante a fase da nossa vida.
-
Depende também da nossa personalidade,
-
de como expressamos as emoções.
-
Ao longo dos anos, como praticante espiritual,
-
aprendi a considerar as emoções...
-
Antes de mais, como uma onda.
-
As emoções
-
também podem ser vistas como:
-
uma tempestade,
-
um
-
alimento (nutrimento),
-
um hábito,
-
ou um vício.
-
Vou abordar cada uma delas sob esta luz,
-
para que possamos ganhar uma compreensão mais profunda das nossas emoções.
-
As emoções como uma onda.
-
No momento em que sentimos uma emoção, pode ser que nem estejamos conscientes dela.
-
Como quando estás com raiva e alguém diz "estás com raiva" e tu respondes:
"Não estou."
-
Ou perguntam: "Estás triste?"
-
"Aconteceu alguma coisa?"
-
E dizes: "Não, não estou triste."
-
"Não se passa nada."
-
Por vezes, a emoção já passou.
-
E só olhando para trás, um dia depois,
-
às vezes uma semana, um ano, ou até anos mais tarde,
é que percebemos o que estávamos a sentir.
-
Olhamos para uma onda.
-
Ela não começa no topo,
-
nem termina
-
na base.
-
Uma emoção começa muito antes,
-
nas profundezas do oceano.
-
Na corrente de fundo — tantas condições,
-
tantas ondas anteriores que empurraram a água,
até que se formou esta nova onda,
-
ou este tsunami que se manifesta.
-
Depois, acalma — mas também serve de base para outra onda.
-
Também ajuda a construir outra onda.
-
Por isso, quando vemos uma emoção como uma onda,
-
sabemos que não estamos presos nela —
-
nem quando ela está no auge,
-
nem quando já se acalmou.
Mas aprendemos a cuidar dela,
-
em cada ponto ao longo da onda.
-
E gosto de pensar que, quando praticamos a atenção plena,
aprendemos a abraçar a nossa emoção.
-
Somos como um surfista —
em vez de surfarmos a onda para a frente,
-
aprendemos a surfá-la para trás,
-
a olhar para ela depois de ter passado.
-
E a aprender quais foram as condições que ajudaram a formar aquela onda ou tsunami em particular.
-
Como isso afetou o nosso corpo.
-
A tensão, o cansaço, o agravamento de um problema de pele...
-
Alguns problemas de saúde física ou mental.
-
Alguma insónia, por exemplo.
-
Então olhamos para os efeitos que aquela emoção em particular acabou de ter no nosso corpo, nos nossos pensamentos, na nossa fala.
-
E, aos poucos, recuamos sobre ela e identificamos:
-
Quando estava no auge,
-
como é que me afetou nesses momentos?
-
De que forma?
-
Que pensamentos tive?
-
Que tipo de discurso usei?
-
Que tipo de palavras, e que tipo de ações corporais, movimentos, tensão senti?
-
Assim, aprendemos a voltar atrás nessa onda e, lentamente, identificar
-
as causas e condições subjacentes que desencadearam essa onda específica.
-
Talvez alguém tenha dito algo que ativou em nós um sentimento de insegurança.
-
Desencadeou
-
uma memória da infância,
-
de algo agradável ou doloroso.
-
Talvez tenha sido uma imagem.
-
Um som, até um cheiro, uma palavra, um toque — um toque pode também despertar uma memória agradável ou dolorosa, uma experiência passada.
-
Um pensamento pode, sem dúvida, desencadear uma emoção.
-
E assim, aprendemos a estar conscientes de que podemos estar deprimidos durante tantos anos,
-
e, mesmo assim, sabermos tão pouco sobre essa emoção específica e sobre como ela nos afeta,
-
em termos de corpo, mente, dos nossos hábitos e comportamentos.
-
Nesse mesmo espírito, também podemos olhar para uma emoção como uma tempestade.
-
Mais uma vez, uma tempestade começa a formar-se.
-
Como
-
um ciclone, por exemplo,
-
numa certa zona
-
digamos na Florida,
-
ou na Califórnia.
-
Quando temos uma tempestade de chuva,
-
sabemos que ela começou noutro lugar — talvez na Costa Leste, ou mais a norte da Califórnia, ou mais a sul.
-
E vem subindo.
-
E assim...
-
Na tempestade,
-
aprendemos também sobre o olho da tempestade.
-
Quando casas e carros voam pelo ar, chuva intensa, água a subir...
-
tanta coisa a acontecer.
-
Mas no olho da tempestade,
-
há uma zona no centro da tempestade —
-
que pode ter até 30 quilómetros de raio — onde há calma e silêncio,
-
e quase nenhum efeito da tempestade se faz sentir.
-
Por isso,
-
também podemos olhar profundamente para as nossas emoções como uma tempestade:
como é que ela se formou, quais as condições, quais as causas que a trouxeram?
-
E podemos ver como fomos arrastados pela tempestade — pelos nossos pensamentos, pela nossa fala, pelas ações do nosso corpo.
-
Também pelo ambiente exterior, pela presença de outras pessoas.
-
Certas pessoas, certas formas de estar ajudam-nos a ficar mais calmos.
-
Certas pessoas, certas formas desencadeiam em nós sentimentos...
-
de
-
perda de controlo, de confusão.
-
E assim observamos, e vemos que há momentos em que podemos estar no olho da tempestade.
-
Há formas de praticar para estarmos seguros no centro da tempestade,
-
em vez de sermos arrastados, feridos, e depois magoarmos os outros.
-
As emoções também podem ser vistas como um alimento, como nutrimento.
-
O Buda disse que nada sobrevive sem alimento.
-
Como é que surgiu a depressão?
-
Como surgiu a raiva?
-
Como é que a insegurança,
-
o ciúme, a dúvida, a suspeita,
-
surgiram?
-
Como temos alimentado
-
essas emoções?
-
Intencionalmente...
-
muitas vezes de forma não intencional.
-
Inconscientemente.
-
Mais uma vez,
-
aprendemos que a meia-vida
-
de uma hormona emocional
-
é de apenas 69 segundos.
-
Em 69 segundos,
-
a dose dessa hormona tem apenas metade da quantidade no nosso sangue.
-
Portanto, não deveria ter assim tanto efeito em nós após 69 segundos.
-
E, no entanto, como conseguimos ficar deprimidos durante dias, meses?
-
Como conseguimos viver com raiva ou ressentimento a vida inteira?
-
Algo está a alimentar
-
essa emoção.
-
E quando tiramos tempo para olhar profundamente
-
para dentro de nós, descobrimos:
-
Sim.
-
Tenho alimentado esta emoção com os meus pensamentos negativos.
-
Com as minhas visões negativas.
-
Com a minha fala
-
magoada.
-
Com as minhas
-
ações violentas,
-
impiedosas, prejudiciais.
-
É por isso que a minha emoção cresceu ao longo dos anos, tornou-se
-
mais amarga, mais zangada, mais deprimida, mais distante da vida.
-
É preciso muita coragem para olhar dentro de nós, para os nossos hábitos, e ver as coisas com mais clareza.
-
É difícil.
-
É desafiante fazer isso.
-
Mas, à medida que ganhamos compreensão
-
dos nossos próprios pensamentos, das nossas emoções,
-
vamos
-
mudando a forma como nos vemos.
-
Em vez de nos vermos como
-
vítimas
-
de
-
uma situação externa,
-
circunstância,
-
ou de uma emoção,
-
tornamo-nos mais proativos.
-
Vemos que temos uma escolha.
-
Quero alimentar esta emoção?
-
Porque, se não a alimentar,
-
ela não crescerá.
-
Quero intensificar esta onda?
-
Quero alimentar a tempestade?
-
Ou quero escolher a paz?
-
Quero escolher a harmonia dentro de mim, no meu corpo, na minha mente, nas minhas relações comigo mesmo e com os outros?
-
E assim, tornamo-nos muito mais proativos.
-
Aprendemos formas diferentes de cuidar melhor das nossas emoções.
-
As emoções também podem ser vistas como um hábito.
-
Embora a maioria de nós — senão todos — diga que queremos ser felizes,
-
se olharmos profundamente, veremos que muitas vezes nos aliamos às nossas emoções e pensamentos negativos.
-
Alimentamos
-
a negatividade através do nosso consumo diário — pelos olhos, ouvidos, nariz, boca, corpo e pensamentos.
-
E estamos viciados
-
nessas emoções negativas intensas.
-
Fisiologicamente,
-
é o que o nosso corpo conhece.
-
Está habituado a isso.
-
Psicologicamente, identificamo-nos com essas emoções.
-
"Eu sou a raiva", não apenas "estou zangado".
-
"Eu sou a tristeza."
-
"Esta tristeza é minha. Não lhe toques."
-
"Tu não a compreendes.
-
Tu não sabes
-
Tu não me conheces.
-
Não conheces a minha tristeza."
-
Era isso que eu costumava dizer aos meus amigos.
-
E assim, isolava-me e recolhia-me na minha tristeza,
-
na minha dor,
-
em vez de abrir o meu coração à vida, em vez de pedir ajuda,
em vez de escolher ser feliz,
-
de procurar formas de ser feliz.
-
Portanto, as emoções são hábitos muito viciantes.
-
E...
-
eu trato todas as emoções de forma semelhante.
-
Seja tristeza, raiva, insegurança, ciúmes, etc.
-
podemos cuidar de todas elas de forma semelhante.
-
Primeiro que tudo, praticamos o reconhecimento simples.
-
A respiração consciente ajuda-nos imenso.
-
Então, vamos experimentar o som do sino.
-
Este é um sino grande da nossa Sala de Meditação “Oceano de Paz”.
-
Talvez já tenhas visto um sino mais pequeno com a mesma forma — em forma de taça — mas pequeno assim.
-
Este é um "convidador".
-
Pode ser apenas um pauzinho como este.
-
Vou acordar o sino.
-
[Meio Sino]
-
E quando convido o som do sino,
-
todos podemos voltar à nossa respiração.
-
Fazemos amizade com a inspiração tal como ela é, e amizade com a expiração tal como ela é.
-
Fazemos amizade com a respiração.
-
Sorrimos com a respiração.
-
[SINO]
-
O som do sino tem uma onda senoidal.
-
E o nosso padrão respiratório também é como uma onda.
-
Inspiração.
-
Expiração.
-
Inspiração.
-
Expiração.
-
Respiramos com essas ondas.
-
Aprendemos a sentar-nos direitos.
-
Como se um fio invisível nos puxasse suavemente da
-
cabeça para cima,
-
ajudando a nossa coluna a ficar direita e relaxada.
-
Abrimos os ombros.
-
Descansamos as palmas das mãos
-
sobre os joelhos,
-
ou simplesmente,
-
juntamos as palmas
-
uma sobre a outra assim,
-
descansando no colo.
-
Respiramos e sorrimos.
-
Olá, inspiração.
-
Olá,
-
expiração.
-
Respiramos assim por um tempo.
-
Depois,
-
quando vemos uma emoção,
-
dizemos:
Olá,
-
raiva.
-
Sei que estás aí.
-
Respira comigo.
-
Estou a respirar contigo.
-
E, ao expirar, relaxamos essa emoção.
-
Trazemos mais espaço para essa emoção.
-
Mais relaxamento.
-
Na neurociência, falamos de modulação neural.
-
Quando estamos em tensão crónica,
-
por termos emoções fortes constantemente,
-
stress constante,
-
ou quando temos PTSD (perturbação de stress pós-traumático),
-
o sistema nervoso fica em desequilíbrio.
-
O sistema nervoso simpático está sempre ativado,
-
enquanto
-
o sistema nervoso parassimpático
-
fica silenciado.
-
E isso coloca-nos num estado de hipervigilância, de alerta constante.
-
Dia e noite.
-
O corpo fica tenso.
-
Os pensamentos correm, o coração bate mais depressa, a respiração acelera.
-
Estamos em constante
-
defesa.
-
Isto é uma resposta de stress — e é extremamente cansativa.
-
Exaustiva.
-
Muito exigente
-
em termos de energia.
-
Por isso
-
há tanta sabedoria
-
na meditação.
-
Porque quando nos sentamos direitos mas relaxados,
-
quando escutamos o som do sino,
-
ou o som da nossa própria respiração,
-
estamos a trazer equilíbrio.
-
Acalmamos o sistema nervoso simpático.
-
E o sistema parassimpático
-
começa a assumir um papel mais importante.
-
O parassimpático é o
-
sistema do relaxamento, do acalmar.
-
Só podemos
-
curar-nos quando o corpo e a mente estão relaxados,
-
em paz, quando nos sentimos seguros.
-
Só assim a energia pode ir para a cura,
-
para o descanso,
-
para a regeneração,
-
para o crescimento.
-
Mas se estamos constantemente em luta,
-
por dentro, então toda a nossa energia vai para a luta,
-
para a fuga,
-
ou para o isolamento.
-
E não há energia para crescer nem para sarar.
-
Portanto, todas as nossas práticas de mindfulness — desde ouvir o sino até ouvir a respiração,
-
caminhar com leveza na meditação caminhando, comer com atenção plena,
-
ou deitar-nos para um relaxamento profundo
-
cada uma dessas práticas
-
é um som de sino.
-
Vamos desfrutar dele.
-
Faz isto quando
-
ouvires o telemóvel tocar — o teu ou o de outra pessoa.
-
Basta respirar e sorrir.
-
Apenas por umas inspirações e expirações.
-
E isso é a prática da modulação neural.
-
Trazer de volta o equilíbrio
-
ao sistema nervoso autónomo.
-
A cada momento, podes ajudar a restaurar esse equilíbrio para que o teu corpo e mente estejam mais tranquilos, mais calmos, mais relaxados.
-
O sistema nervoso autónomo está sempre a analisar o ambiente:
-
"Estou seguro?"
-
"Estou bem?"
-
"Está tudo bem?"
-
Mas na minha prática, aprendi que na verdade…
-
felizmente, o meu ambiente é muito seguro no mosteiro.
-
E muitos dos lugares por onde passo,
-
o ambiente é na verdade pacífico e seguro.
-
As pessoas à minha volta são gentis.
-
É o meu sistema interno que
-
não está seguro.
-
São os meus próprios pensamentos que não são seguros para mim.
-
O meu diálogo interior é tão negativo e tão agressivo que
-
me faz sentir inseguro dentro de mim.
-
As minhas ações corporais também podem ser inseguras para mim próprio, quando não estou atento.
-
E por isso, precisamos de aprender a amar — a sermos seguros para nós mesmos.
-
Acalmar o sistema nervoso.
-
Voltar ao momento presente
-
e respirar.
-
Para que possamos sentir calma e segurança a partir de dentro.
-
Tenho este desenho maravilhoso de uma amiga da Europa.
-
Ela desenhou isto.
-
Normalmente, costumo falar sobre aprender a ser a nossa própria alma gémea.
-
Em vietnamita, a palavra para alma gémea é "tri kỷ".
-
"Tri" significa lembrar, conhecer, cuidar,
-
dominar.
-
T r i
-
"Kỷ"
-
significa a si mesmo.
-
Portanto, alma gémea é alguém que se lembra,
-
se conhece,
-
se cuida, se domina,
-
a ela própria,
-
a ele próprio,
-
a eles próprios,
-
Ela desenhou uma cobra
-
com a cauda enrolada em si mesma e escreveu:
-
"Sê a tua própria alma gémea."
-
Não é maravilhoso?
-
Sim,
-
a nossa emoção pode ser como uma cobra.
-
Pode morder-nos pela frente ou pelas costas.
-
Pode ferir-nos.
-
Mas a nossa emoção é também a nossa própria criança
-
— que nós
-
alimentámos e cuidámos durante tantos anos.
-
E por isso ela cresceu assim.
-
Por isso, aprendemos a tornar-nos amigos da nossa emoção.
-
A envolver a cobra com cuidado.
-
Com a nossa respiração consciente.
-
Com o nosso sorriso.
-
Com a nossa fala amorosa.
-
"Olá, tristeza.
-
Sei que estás aí.
-
Estou aqui para ti."
-
"Olá, dor.
-
Estás aqui há muito tempo.
-
Está tudo bem.
-
Estou aqui contigo."
-
E quando envolves a tua emoção com a tua respiração,
-
com o teu relaxamento, com o teu amor, com a tua ternura
-
ela também relaxa.
E torna-se mais espaçosa, mais tranquila.
-
E isso é aprender a ser a alma gémea das nossas emoções fortes.
-
Sejam agradáveis ou desagradáveis.
-
Não agarres umas e rejeites outras.
-
Aprende a tratá-las todas com ternura e equanimidade.
-
E vais ver milagres a acontecerem.
-
Sê a alma gémea da tua respiração.
-
Conhece o teu padrão respiratório — porque respiras de maneira diferente com emoções diferentes.
-
Por isso, quando estás consciente da tua respiração,
-
ela diz-te em que estado emocional te encontras.
-
Sabias que
-
a mente não consegue pensar sem o corpo?
-
O cérebro não
-
consegue agir sem o corpo.
-
Quando pensas numa palavra,
-
por exemplo:
-
"ácido"
-
"tamarindo"
-
"ácido"
-
Engoliste em seco?
-
Mas só de pensares em algo ácido…
-
o corpo responde.
-
Seja qual for o pensamento
-
que surge,
-
há movimentos corporais que o acompanham
-
e podemos nem estar conscientes deles.
-
Um pensamento vem sempre com uma emoção.
-
E essa emoção vem com movimentos no corpo.
-
Eles andam sempre juntos.
-
Podemos não estar conscientes do pensamento.
-
Mas podemos estar mais conscientes da sensação.
-
E o corpo —
-
esse é o
-
mais visível, o mais perceptível.
-
As sensações surgem
-
com os pensamentos,
-
com as emoções.
-
Há sempre movimentos corporais e sensações.
-
Por isso, podemos aprender a estar atentos a esses sinais — para os identificar, momento a momento
-
e assim entrar em contacto com os nossos pensamentos e emoções, e poder relaxá-los.
-
Isso é aprender a ser a alma gémea do nosso
-
corpo e da nossa mente — e cuidar deles de forma eficaz.
-
Outra prática — porque já vimos que as emoções são alimentadas, não é? Como uma onda, como uma tempestade,
-
como alimento, como hábito…
-
Então, aprendemos a ver como estamos a alimentá-las.
-
O Buda ensinou sobre os quatro tipos de diligência.
-
Os dois primeiros tipos têm a ver com...
-
Lidamos com as sementes positivas dentro de nós.
-
E os outros dois,
-
Lidamos com as tendências ou sementes negativas dentro de nós.
-
Por exemplo, temos a semente, o gene da alegria, da felicidade,
-
da positividade.
-
Então,
-
rega-as, cuida delas, dá origem a pensamentos positivos, fala e ações corporais alinhadas.
-
Cultivamo-las, convidamo-las a surgir com mais frequência.
-
E quando surgem,
-
despertamos a consciência.
-
Porque se estamos felizes e não temos consciência de que estamos felizes, essa felicidade vem e vai.
-
Mas se estamos felizes e despertamos a consciência — "estou feliz neste momento" —,
-
"que afortunado(a) sou por ter estas condições de felicidade",
-
então sentimos essa felicidade de forma mais profunda, ela durará mais tempo, e saberemos como convidá-la a voltar.
-
Sabemos como transformar um sentimento neutro, como: "ah, não tenho nada para fazer",
-
"nada está a acontecer neste momento",
-
podemos transformar isso
-
num sentimento feliz ao pensar: "é tão maravilhoso",
-
"não tenho nada para fazer agora",
-
"posso simplesmente sentar-me, relaxar e apreciar o céu azul",
-
"não tenho dores neste momento",
-
"estou tão grato(a) pelo meu corpo, pela sua capacidade de cura e transformação".
-
Percebes?
-
Podes transformar um sentimento neutro num bom sentimento.
-
Portanto, regar as sementes positivas e ajudar a mantê-las
-
a manifestar-se nos nossos pensamentos, na nossa fala e no nosso corpo com mais frequência no dia a dia.
-
Os outros dois tipos de diligência:
-
Ajudamos
-
as sementes negativas.
-
Se ainda não emergiram, não as regues, não as convides a vir à tona.
-
Não vejas filmes
-
que despertem violência, medo ou trauma em nós.
-
Dramas são
-
traumas.
-
Gostamos muito de dramas.
-
Dramas nas nossas próprias vidas.
-
Nas vidas das outras pessoas.
-
Nas vidas de príncipes, rainhas e reis.
-
Gostamos de regar dramas, mas sabemos que dramas são traumas.
-
Porque quando estamos expostos a todos esses dramas,
-
cada pensamento que surge estará associado a uma ação corporal.
-
Hormonas — hormonas emocionais — serão libertadas, e isso vai acumular-se e dar origem a tensão no corpo e negatividade.
-
Tensão nos nossos pensamentos e sentimentos.
-
Por isso, não os convides a vir à tona, se forem negativos, e quando vierem, como a raiva ou o ciúme, não os regues.
-
Porque então ficarão mais fortes na base.
-
Temos dois ideogramas chineses maravilhosos.
-
Este
-
é
-
‘nhàn’ —
-
significa lazer.
-
Paz.
-
Este ideograma chinês aqui é ‘náo’ — significa caos.
-
Agora, se olharmos para estes ideogramas, ambos têm estas duas portas.
-
‘Môn’
-
Ok
-
Duas portas.
-
Qual é a diferença entre lazer, paz e caos?
-
Está mesmo aqui, no portão.
-
Na porta.
-
Este representa a lua.
-
‘nguyệt’
-
E este é o ideograma para o mercado.
-
Agora, podemos considerar os nossos olhos como estas duas portas, os ouvidos, o nariz, a boca, o corpo, os pensamentos.
-
Devemos ter a porta da atenção plena a guardar o que entra pelos nossos órgãos dos sentidos.
-
O que entra no nosso pensamento.
-
Porque se trazemos mais pensamentos positivos, pensamentos de amor,
-
então teremos paz e lazer.
-
Mas se constantemente trazemos o caos para o nosso consumo — através dos olhos, dos ouvidos, do nariz, da boca, do corpo, dos pensamentos —
-
é o mercado que trazemos para dentro de nós, para o nosso corpo e mente.
-
Então, claro que teremos caos.
-
A nossa vida será caótica.
-
O mundo será caótico como resultado.
-
Portanto,
-
estes são os dois primeiros tipos de diligência — regar as boas sementes.
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E nestes dois, temos de nos perguntar no nosso dia a dia: como é que regamos...
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Como é que alimentamos o caos?
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E se vires o vídeo em que falamos sobre os Cinco Treinamentos da Atenção Plena, também aprenderás mais sobre o consumo.
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O consumo com atenção plena vai ajudar-nos a trazer paz, lazer e alegria para a nossa vida, em vez de caos.
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Espero que te lembres disto quando fores à loja.
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Quando estiveres
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a ouvir música.
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Quando estiveres numa conversa — faz uma pausa mental.
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Para só por um momento e pergunta a ti próprio(a): o que estou a regar?
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Estou a trazer o mercado para dentro de mim?
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Para a minha vida?
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Ou estou a trazer a lua?
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Através das imagens que usei sobre as emoções.
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É uma tempestade, uma onda, uma comida, um hábito.
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E também aprendemos que uma hormona emocional dura apenas 69 segundos.
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Ora, vemos que as emoções são impermanentes.
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Às vezes, quando sentimos uma emoção intensa,
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parece que
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vai durar para sempre.
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Que é a nossa vida inteira.
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E porque parece tão permanente, às vezes torna-se tão insuportável
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que pensamos em escapar dela
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por todos os meios possíveis.
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Seja
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procurando entretenimento,
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enterrando-nos no trabalho,
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fugindo através de relações,
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do sexo,
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das drogas,
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ou
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tirando a própria vida.
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Porque
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é tão insuportável.
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Mas só parece permanente porque a alimentamos.
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Por isso, aprendemos
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a...
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Quando nos sentimos tristes, deitados,
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respirar.
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Sentir o subir e descer do ventre.
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Falar com essa emoção com ternura:
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"Eu sei que estás aí.
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Ajuda-me a cuidar melhor de ti.
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Minha querida tristeza, minha querida dor."
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Sentar-nos.
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Sentar numa posição ereta.
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Trazer a mente de volta à respiração.
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Estamos a trazer equilíbrio ao sistema nervoso simpático e parassimpático.
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Sair do quarto escuro.
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Desligar a televisão.
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Desligar o computador.
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Sair para o exterior.
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Ir a um parque.
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Andar.
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Pelo teu bairro.
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Pelo teu quintal.
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Sentar-te junto a uma árvore.
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Uma árvore grande.
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Abraçar uma árvore.
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Deitar-te sobre a terra.
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E respirar, sentir o subir e descer do teu ventre.
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Pressionar contra a árvore, contra a terra, sentindo cada vez mais espaço.
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Já não há fronteira entre o teu corpo e o que te rodeia.
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Tornar-te mais espaçoso, mais aberta.
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E sabes que essa onda de emoção intensa...
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vai acalmar.
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A tempestade vai passar.
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E a emoção,
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quando repetida
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vez após vez,
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fica tão enraizada no nosso cérebro, em cada célula do nosso corpo.
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As redes neuronais são como autoestradas.
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Basta um único gatilho, e vais diretamente para lá.
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Os neurotransmissores são libertados.
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A frequência cardíaca, a respiração, todo o corpo,
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todo o modo de pensar, de falar, de agir,
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vão imediatamente para aí.
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Por isso, precisamos de
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aprender a voltar à respiração.
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Ir dar um passeio.
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Correr devagar ou depressa.
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Mudar o disco.
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Mudar o CD.
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Mudar a música.
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Não tens de ficar presa(o) naquela música.
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Mudar o ambiente.
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Alguns ambientes
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não são bons para nós.
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Não nos nutrem.
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Porque é que temos de ficar lá?
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Porque é que temos de ir ter com pessoas que nos fazem sentir inseguros e diminuídos?
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Escolhe amigos que acreditam em ti, que te mostram o caminho,
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que te levam à prática.
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Há tantas formas.
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Faz yoga.
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Os jovens de hoje em dia
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estão presos
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aos dispositivos eletrónicos.
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Só usam a visão central.
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Assim.
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Já não olhamos à volta.
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Já não vemos o que está a acontecer à nossa volta.
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Apenas isto.
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O que está no ecrã não é a vida.
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Podes avançar, recuar, repetir.
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Está ali.
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Mas não é real.
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O que é real é o que se passa no nosso corpo agora,
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e tudo à nossa volta, no mundo.
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Pousa esses dispositivos.
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Tenho uma sobrinha.
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Ela tem apenas dez anos.
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Já tem miopia severa.
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Tem astigmatismo
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severo.
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E, aparentemente, crianças em todo o mundo,
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agora
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50%, 60%, 70% delas,
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estão a desenvolver miopia e astigmatismo precoces.
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Porque já não brincam ao ar livre.
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A luz do sol é importante para o desenvolvimento da visão.
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É importante para o desenvolvimento de todo o corpo e da mente.
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Mas as crianças estão dentro de casa.
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Porque nós...
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Elas são entretidas com aparelhos eletrónicos para que nós, os adultos, possamos trabalhar.
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E assim, elas ficam tão focadas — focadas em demasia — que isso afeta o desenvolvimento dos seus olhos.
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E não é só a miopia severa ou o astigmatismo que são perigosos.
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Essas condições aumentam o risco de descolamento da retina,
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degeneração macular,
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glaucoma — condições que podem levar à cegueira.
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Fico tão triste sempre que penso nisto — na minha sobrinha e nas crianças de todo o mundo.
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Por isso, como adultos, o nosso estilo de vida, a forma como usamos os aparelhos eletrónicos,
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a forma como cuidamos — ou não cuidamos — das nossas emoções, dos nossos pensamentos, do nosso corpo e da nossa mente,
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isso é a nossa herança.
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Esse é o nosso legado.
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Para os nossos filhos.
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Eles observam-nos.
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Observam-nos e aprendem connosco.
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E repetem o mesmo ciclo.
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Por isso, precisamos de saber como ajudá-los, como alimentá-los — e como ajudá-los a alimentar-se a si próprios de forma mais positiva.
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Para que possam ter uma melhor saúde mental.
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Para que saibam cuidar das suas emoções fortes.
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Como amigas.
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Como almas gémeas.
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Tudo aquilo que é repetido por muito tempo transforma-se em hábito.
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Torna-se um vício.
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E o hábito
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torna-se personalidade.
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Eu digo isto aos adolescentes, sabes?
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O que tu repetes
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os jogos, o uso excessivo da eletrónica
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isso torna-se o teu hábito.
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E esse hábito torna-se a tua personalidade.
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“Ah, eu sou assim.”
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“É assim que eu sou.”
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“É quem eu sou.”
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E a personalidade leva ao nosso destino.
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Por isso, meus queridos, espero que esta partilha breve vos possa trazer alguma clareza sobre as vossas emoções — e que também vos ajude
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a iniciar uma jornada de autoexploração,
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de autocura.
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Às vezes, estamos tão habituados a uma emoção que nem conseguimos
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imaginar como seria a vida sem ela.
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E até resistimos à paz e à felicidade.
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Mas posso garantir-vos, posso assegurar-vos,
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que à medida que praticamos abraçar, transformar e curar essas emoções,
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o espaço abre-se para a vida.
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Poderás estar com
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o que aconteceu na tua infância,
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na tua vida.
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Poderás acolhê-lo sem seres arrastado(a) por ele.
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Poderás olhar para a tua vida com ternura e gratidão.
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Porque aprendeste com ela.
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Poderás viver a tua vida.
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Isto é tudo o que temos.
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Cada momento presente é o que temos.
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Ele carrega o passado e o futuro,
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aqui e agora.
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E podemos segurar este momento presente,
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como uma alma gémea do agora,
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e assim, podemos curar e transformar o passado, e influenciar o futuro de forma positiva.
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Podemos voltar a confiar, a acreditar na nossa capacidade de estar com o que foi, com o que é e com o que virá.
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E isso é uma felicidade profunda, muito profunda.
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É um grande poder.
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Desfruta de ser uma alma gémea a partir de dentro,
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meus queridos.