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Mistérios e maravilhas do fundo do oceano — David Gallo

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    Tive muitas dificuldades na escola
    para me concentrar,
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    mas consegui fazer o doutoramento.
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    É difícil prestar atenção
    à biologia, geologia, física, química
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    — para mim é mesmo difícil.
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    Só havia uma coisa
    que me prendia a atenção.
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    Era esse planeta chamado Terra.
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    Nesta imagem aqui, podem ver
    que a Terra é quase só água.
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    Isto é o Pacífico
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    — 75% da Terra está coberta de água —
    e podíamos dizer:
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    "Eu conheço o planeta Terra, vivo cá".
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    Não conhecemos o planeta Terra.
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    porque a maior parte dele
    está coberto de água,
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    a uma profundidade média
    de três quilómetros.
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    Quando saímos à rua
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    e vemos edifícios como
    o Empire State ou o Chrysler,
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    a profundidade média do oceano
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    é de 15 desses edifícios
    uns em cima dos outros.
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    Nessas águas, só explorámos uns 5%.
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    "Explorar" significa ir pela primeira vez
    ver o que é que lá existe.
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    O que eu quero fazer hoje é mostrar-vos
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    algumas coisas sobre este planeta,
    sobre os oceanos.
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    Quero transportar-vos
    até às águas profundas,
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    e espero que, tal como eu,
    possam ver certas coisas
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    que vos façam apaixonar-se
    pela exploração do planeta Terra.
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    Os que vão às praias, praticam mergulho
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    já viram muitos corais,
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    sabem que os corais são sítios espantosos,
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    cheios de vida, animais grandes,
    animais pequenos,
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    uns simpáticos, outros perigosos,
    tubarões, baleias, tudo isso.
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    Precisam de ser protegidos da Humanidade.
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    São locais fantásticos, mas provavemente
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    não sabem que,
    na parte mais profunda do oceano,
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    há erupções vulcânicas.
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    Mais de 80% dos vulcões da Terra
    estão no fundo do mar
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    e, no fundo do oceano, há fogo verdadeiro,
    que está a arder neste preciso momento.
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    Em todo o mundo, no Pacífico,
    no Atlântico, no Oceano Índico,
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    nesses locais, no fundo do oceano,
    as rochas liquefazem-se.
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    Por isso temos ondas no fundo do oceano.
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    Parece que nada pode viver ali mas,
    se observarmos com atenção,
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    até aí, até nos locais mais profundos
    e mais escuros, encontramos vida,
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    o que nos diz que
    a vida quer mesmo existir.
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    Um material realmente espantoso!
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    Sempre que vamos ao fundo do mar
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    e exploramos com
    os nossos submarinos e robôs,
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    vemos coisas que são
    sempre surpreendentes,
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    por vezes assustadoras
    e por vezes revolucionárias.
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    Estão a ver aquela poça de água ali?
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    A toda a volta da água
    há uma pequena falésia,
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    há uma pequena praia de areia branca.
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    Vamos aproximar-nos.
    Vão ver melhor aquela praia,
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    algumas das ondas
    naquela água, lá em baixo.
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    O que há de especial nesta água
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    é que está no fundo do Golfo do México.
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    Estamos dentro de um submarino
    a olhar pela janela
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    para uma pequena poça de água
    no fundo do mar.
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    Vemos poças, vemos lagos, vemos rios
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    — na verdade, há aqui mesmo
    um rio no fundo do mar
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    que corre da esquerda para a direita.
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    Com efeito, a água está a correr.
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    Devem estar confusos: como é possível
    existir isto no fundo do mar?
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    Estamos no oceano a olhar para mais água.
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    Há animais que só vivem nestas águas.
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    Portanto, o fundo do oceano...
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    Este mapa mostra que, no meio do oceano,
    há uma série de montanhas.
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    Esta é a maior cordilheira da Terra.
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    Chama-se a Cordilheira Média Oceânica
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    — 80 mil km de comprimento,
    e ainda mal a conhecemos.
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    Encontramos vales,
    muitos milhares de vales
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    maiores, mais largos, mais profundos
    do que o Grand Canyon.
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    Encontramos lagos, rios, cataratas.
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    A maior catarata do planeta
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    está debaixo do oceano, perto da Islândia.
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    Tudo isto nos 5% que já explorámos.
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    O problema com o oceano
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    é que, para o explorar,
    temos que ter tecnologia.
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    Não só tecnologia, também não é Dave Galio
    ou uma só pessoa a explorá-lo.
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    É uma equipa de pessoas.
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    É preciso ter talento e uma equipa.
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    É preciso ter a tecnologia e, neste caso,
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    é o nosso barco, o Atlantis
    e o submarino, o Alvin.
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    Dentro do submarino
    — vamos lançar o Alvin —
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    estão três pessoas.
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    Estão a ser içadas para o convés.
    Há mais 47 pessoas.
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    A equipa trabalha neste barco
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    assegurando que
    aquelas pessoas estão bem.
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    Toda a gente no submarino
    só pensa numa coisa:
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    "Devia ter ido à casa de banho outra vez?"
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    (Risos)
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    Porque vão ficar ali durante dez horas,
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    dentro daquela pequena esfera.
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    Os três juntos, e ninguém
    vai estar por perto.
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    Vão para a água e, quando
    chegam à água, é uma maravilha.
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    Há uma cor azul encantadora
    que entra por nós adentro.
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    Deixamos de ouvir o barco à superfiície,
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    ouvimos o silvo dum sonar.
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    Se têm um Iphone, têm aí um sonar
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    — é o mesmo ruído que vai até ao fundo
    do mar e volta para trás.
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    Mergulhadores inspecionam o submarino e
    garantem que o exterior não tem problemas
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    e depois dizem: "Vão".
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    Mergulhamos até ao fundo do oceano
    e é uma viagem fantástica.
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    Durante duas horas e meia
    vamos mergulhando até ao fundo.
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    Ao fim de duas horas a escuridão é total.
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    Pensávamos que não podia haver
    nenhum ser vivo no fundo do oceano.
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    Quando olhamos,
    encontramos coisas espantosas.
  • 4:35 - 4:38
    A meio do caminho
    — chamamos-lhe "o meio da água"
  • 4:38 - 4:40
    do topo do oceano até ao fundo —
    encontramos vida.
  • 4:40 - 4:42
    Sempre que paramos,
    encontramos vida.
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    Vou mostrar-vos umas medusas
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    porque estão sem dúvida
    entre as criaturas mais fixes da Terra.
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    Olhem para aquela coisa
    a agitar os braços à sua volta.
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    É como uma pequena lagosta.
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    Aquela são vários animais,
    as bocas ligadas umas às outras.
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    São colónias de animais.
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    Há animais muito pequenos,
    outros mais compridos que este palco.
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    Animais espantosos e não podemos
    apanhá-los com uma rede.
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    Temos que ir lá abaixo
    com as câmaras e observá-los.
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    De cada vez que lá vamos,
    novas espécies de vida.
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    O oceano está cheio de vida.
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    Contudo, na parte mais profunda do oceano
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    — naquela cordilheira,
    há fontes de água quente.
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    Como aquela água é venenosa,
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    e como é tão profunda
    que esmagaria o Titanic,
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    tal como esmagamos
    um copo de papel vazio com a mão,
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    tínhamos a certeza
    que não haveria vida nenhuma.
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    Pelo contrário, encontrámos
    mais vida e diversidade e densidade
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    do que nas florestas tropicais.
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    Numa ocasião, numa espreitadela
    pela janela do submarino,
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    descobrimos uma coisa
    que revoluciona a forma
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    como pensamos sobre a vida na Terra:
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    não é preciso haver luz do Sol
    para a vida continuar.
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    Há grandes animais
    — alguns deles têm um aspeto familiar.
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    Aquele chama-se Dumbo.
    Gosto dele. Dumbo é ótimo.
  • 5:44 - 5:45
    (Risos)
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    Este tipo, que pena não ter
    mais cenas com ele.
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    Vamos tentar fazer uma expedição
    para observar isto
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    e talvez o consigamos, dentro de um ano.
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    Vão à Internet e vejam.
  • 5:54 - 5:57
    Vampyroteuthis infernalis.
    A Lula Vampira.
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    Incrivelmente fixe!
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    Na escuridão do fundo do mar
    tem tentáculos luminosos.
  • 6:01 - 6:02
    Se eu me aproximar, como ele faz,
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    e estender os braços na escuridão,
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    vocês só veem estas coisinhas a brilhar.
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    Entretanto, vou-me aproximando.
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    Quando quer fugir,
    fica com estas coisas brilhantes
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    no traseiro que parecem olhos.
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    Olhos brilhantes no traseiro! Não é fixe?
  • 6:14 - 6:15
    (Risos)
  • 6:15 - 6:17
    É um animal espantoso!
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    A lula vampira, quando se quer proteger,
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    puxa a capa negra por cima
    do corpo todo, enrola-se numa bola.
  • 6:22 - 6:25
    Um animal escandaloso.
  • 6:25 - 6:28
    Em abril, faz cem anos que este barco
    — "o barco dos sonhos"—
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    devia ter aparecido em Nova Iorque.
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    É o Titanic.
  • 6:32 - 6:34
    Eu chefiei uma expedição no ano passado.
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    Estamos a aprender
    muita coisa sobre esse barco.
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    O Titanic é um local interessante
    para a biologia
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    porque há animais que passaram
    a viver no casco do Titanic.
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    Os micróbios estão a comer
    o bojo do Titanic.
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    Foi aqui que Jack foi o rei do mundo
    no bojo do Titanic.
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    Estamos a fazer um bom trabalho
    e o que me entusiasma
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    é que um dia destes
    vamos fazer um Titanic virtual
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    para vocês poderem sentar-se lá em casa
    com o "joystick" e os audiofones
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    e poderem explorar o Titanic.
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    Queremos tornar esses mundos virtuais,
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    não é David Gallo ou outro qualquer
    a explorar o mundo, são vocês.
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    Explorá-los por vossa conta.
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    Agora a conclusão.
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    Os oceanos estão inexplorados
  • 7:12 - 7:14
    e nunca é demais dizer como é importante
  • 7:14 - 7:16
    porque eles são importantes para nós.
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    Neste planeta vivem
    sete mil milhões de pessoas
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    e todos sofremos o impacto dos oceanos
  • 7:20 - 7:24
    porque eles controlam o ar que respiramos,
  • 7:24 - 7:26
    a água que bebemos, a comida que comemos.
  • 7:26 - 7:28
    Tudo isso é controlado,
    de certa forma, pelo oceano
  • 7:28 - 7:31
    e só explorámos 5%!
  • 7:32 - 7:34
    O que vos quero deixar
  • 7:34 - 7:36
    é que, nesses 5% mostrei-vos coisas fixes.
  • 7:36 - 7:39
    Há muito mais coisas fixes
    sempre que mergulhamos no oceano,
  • 7:39 - 7:42
    encontramos coisas novas sobre o mar.
  • 7:42 - 7:44
    O que haverá nos outros 95%?
  • 7:44 - 7:47
    Já encontrámos as coisas mais excitantes
    ou haverá mais?
  • 7:47 - 7:50
    Quero dizer que o oceano
    está cheio de surpresas.
  • 7:50 - 7:52
    Há uma citação de Marcel Proust
    de que gosto muito:
  • 7:52 - 7:55
    "A verdadeira viagem de exploração
    não é procurar novas paisagens...
  • 7:55 - 7:56
    — o que fazemos —
  • 7:56 - 7:58
    "mas arranjar novos olhos".
  • 7:58 - 8:00
    Espero que, ao mostrar-vos algumas coisas,
  • 8:00 - 8:02
    tenha dado novos olhos
    sobre este planeta,
  • 8:02 - 8:05
    e, pela primeira vez,
    pensem nele de modo diferente
  • 8:05 - 8:06
    Muito obrigado.
  • 8:06 - 8:08
    (Aplausos)
Title:
Mistérios e maravilhas do fundo do oceano — David Gallo
Speaker:
David Gallo
Description:

Nas partes mais profundas e mais escuras dos oceanos há ecossistemas com maior diversidade do que uma floresta tropical. Levando-nos numa viagem pelo oceano — desde os fossos mais profundos até aos restos do Titanic — o biólogo marinho David Gallo explora a maravilha e a beleza da vida marinha.

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English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
08:28
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for Deep ocean mysteries and wonders
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