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Construindo eleições não tendenciosas | Brian Olson | TEDxCambridge

  • 0:17 - 0:22
    Se você já suspeitou
    que o seu voto não conta,
  • 0:22 - 0:26
    e que o jogo está contra você,
    talvez você tenha razão.
  • 0:26 - 0:30
    Em muitos lugares deste país,
    não temos uma democracia que funciona.
  • 0:30 - 0:32
    Eleitores podem ir às urnas,
  • 0:32 - 0:35
    mas podem não ter
    uma escolha real ao chegar lá.
  • 0:36 - 0:40
    Em 2010, pessoas da Flórida tentaram
    fazer algo a respeito disso.
  • 0:40 - 0:43
    Elas aprovaram, em plebiscito
    com quase dois terços dos votos:
  • 0:43 - 0:45
    uma emenda constitucional
  • 0:45 - 0:51
    que exigia que os distritos não fossem
    enviesados em relação à raça ou partido.
  • 0:52 - 0:53
    Não deu certo.
  • 0:54 - 0:58
    O assembleia legislativa entrou na justiça
    para escapar dos novos requisitos,
  • 0:58 - 1:00
    e nas batalhas judiciais que se seguiram,
  • 1:00 - 1:05
    os mapas que eles elaboraram possuíam
    vieses raciais e partidários.
  • 1:07 - 1:09
    A Flórida é apenas um exemplo
  • 1:09 - 1:11
    do nosso problema
    de manipulação eleitoral.
  • 1:12 - 1:15
    Essa distorção acontece quando
    você traça uma linha
  • 1:15 - 1:19
    entre grupos de pessoas
    de dois lugares diferentes
  • 1:20 - 1:23
    para criar um distrito
    com um objetivo demográfico específico.
  • 1:25 - 1:27
    Esse é um exemplo com 25 pessoas:
  • 1:28 - 1:32
    60% são verdes e 40% são roxas.
  • 1:33 - 1:37
    Se você dividir esse grupo
    em cinco distritos de cinco pessoas,
  • 1:37 - 1:39
    é possível preservar essa proporção
    no resultado final,
  • 1:39 - 1:42
    e ter três distritos
    com mais representantes verdes,
  • 1:42 - 1:44
    e dois distritos
    com mais representantes roxos.
  • 1:45 - 1:49
    Mas se você reunir certa quantidade
    de pessoas verdes em só dois distritos,
  • 1:49 - 1:51
    é possível inverter o resultado,
  • 1:51 - 1:55
    e ter três distritos
    em que a maioria é roxa.
  • 1:56 - 2:01
    Ou você pode dividir as pessoas roxas
  • 2:01 - 2:03
    para que elas não tenham
    maioria em nenhum lugar.
  • 2:04 - 2:07
    Essas estratégias
    de reunir e dividir pessoas
  • 2:07 - 2:11
    são usadas em dezenas
    de distritos pelo país.
  • 2:12 - 2:15
    Esse distrito azul claro
    no nordeste da Flórida
  • 2:16 - 2:18
    é racialmente enviesado,
  • 2:18 - 2:22
    pois agrupa muitas pessoas negras
    em um único distrito,
  • 2:22 - 2:24
    diminuindo sua influência
    em outros lugares.
  • 2:25 - 2:28
    Isso aconteceu na Flórida em 2012,
  • 2:28 - 2:31
    mas a distorção eleitoral acontece
    há muito mais tempo,
  • 2:31 - 2:33
    pelo menos desde 1812,
  • 2:33 - 2:38
    quando o governador de Massachusetts
    Elbridge Gerry aprovou um mapa
  • 2:38 - 2:43
    que foi desenhado numa charge
    como uma salamandra monstruosa,
  • 2:43 - 2:46
    e assim nasceu a manipulação eleitoral.
  • 2:46 - 2:48
    Mas a situação tem piorado muito.
  • 2:48 - 2:52
    A piada é que ao invés
    de eleitores escolherem seus políticos.
  • 2:52 - 2:54
    os políticos estão escolhendo
    seus eleitores.
  • 2:56 - 2:57
    Por que isso é ruim?
  • 2:58 - 2:59
    Quando você tem muitos cargos
  • 2:59 - 3:03
    que são manipulados para sempre serem
    de um ou de outro partido,
  • 3:03 - 3:06
    o processo político é danificado.
  • 3:06 - 3:09
    Tenho um exemplo pessoal.
  • 3:09 - 3:11
    Em 2006, eu era o webmaster
  • 3:11 - 3:14
    de uma campanha
    para o congresso na Califórnia.
  • 3:14 - 3:15
    Estávamos num distrito
  • 3:15 - 3:19
    que foi manipulado
    para favorecer o outro partido.
  • 3:19 - 3:23
    E o candidato do partido da situação
  • 3:23 - 3:25
    não queria participar da campanha
  • 3:25 - 3:28
    e não queria aparecer em nenhum debate.
  • 3:28 - 3:30
    Ele achava que não era necessário.
  • 3:30 - 3:35
    E nosso partido não ajudava;
    eles achavam que era uma causa perdida.
  • 3:36 - 3:40
    No dia da eleição, o candidato da situação
    obteve o resultado esperado.
  • 3:41 - 3:43
    Em outros lugares é ainda pior.
  • 3:43 - 3:48
    Em 2014, não houve oposição
    em 32 distritos congressionais -
  • 3:48 - 3:50
    ninguém mais se candidatou.
  • 3:50 - 3:52
    Cerca de 20 milhões de americanos
  • 3:52 - 3:56
    sem poder de escolha
    sobre quem os representa no Congresso.
  • 3:58 - 3:59
    Em alguns lugares,
  • 4:00 - 4:04
    o candidato da situação encara um desafio
    ainda maior de dentro do seu partido.
  • 4:04 - 4:09
    Se você tiver uma ascensão extremista,
    ou for um candidato há anos no cargo,
  • 4:11 - 4:15
    o político pode não querer cooperar
    com o outro partido
  • 4:15 - 4:17
    e se arriscar quando poderia estar seguro,
  • 4:18 - 4:21
    e o processo legislativo
    se torna muito lento,
  • 4:21 - 4:23
    os eleitores ficam mais céticos.
  • 4:24 - 4:26
    E se nós tivéssemos distritos imparciais?
  • 4:27 - 4:30
    E se definíssemos o que é
    um bom distrito matematicamente
  • 4:30 - 4:33
    sem deixar que outros interesses
    interferissem no processo?
  • 4:34 - 4:38
    O mapa da Flórida poderia ser assim.
  • 4:39 - 4:41
    Há cerca de 10 anos,
  • 4:41 - 4:44
    computadores se tornaram capazes
    de elaborar mapas como esse,
  • 4:44 - 4:51
    seguindo requisitos legais de distribuição
    de habitantes em cada distrito,
  • 4:51 - 4:54
    distritos contínuos sem divisões,
  • 4:54 - 4:58
    e nesse caso, elaborando
    distritos compactos
  • 4:58 - 5:02
    que tentam representar determinada região.
  • 5:04 - 5:07
    Mas quando comecei,
    não sabia que isso daria certo.
  • 5:07 - 5:08
    Trabalhos anteriores da área
  • 5:08 - 5:11
    eram feitos em pequenos mapas
    de brinquedo, como o que mostrei antes,
  • 5:11 - 5:15
    e eles achavam que isso não poderia
    ser ampliado para todo o estado.
  • 5:15 - 5:19
    Mas eu achava que era
    um bom engenheiro, e experimentei,
  • 5:19 - 5:21
    e acho que deu tudo certo.
  • 5:21 - 5:25
    Quando os dados do censo de 2010
    começaram a ser divulgados,
  • 5:25 - 5:27
    coloquei o computador de casa em ação,
  • 5:27 - 5:32
    e nos seis meses seguintes,
    ele criou 137 mapas
  • 5:32 - 5:34
    para assembleias legislativas
    e distritos congressionais
  • 5:34 - 5:36
    por todo o país.
  • 5:36 - 5:38
    E acho que os resultados são bons.
  • 5:38 - 5:40
    Vamos ver outro.
  • 5:40 - 5:41
    Primeiro, o jeito antigo.
  • 5:42 - 5:47
    A Carolina do Norte esteve
    em batalhas legais constantes
  • 5:47 - 5:50
    desde a divulgação dos seus mapas,
    há cerca de 4 anos.
  • 5:51 - 5:52
    Recentemente,
  • 5:52 - 5:57
    eles foram descartados por vieses raciais
    perto do início das eleições.
  • 5:57 - 5:59
    Novos mapas foram feitos às pressas,
  • 5:59 - 6:03
    e as eleições precisaram
    ser adiadas para junho.
  • 6:03 - 6:06
    Eleitores e candidatos
    ficaram a ver navios.
  • 6:07 - 6:09
    Esse distrito vermelho no nordeste
  • 6:09 - 6:13
    circunda e penetra três outros distritos.
  • 6:14 - 6:18
    O distrito rosa do centro
    se afunila ao máximo
  • 6:18 - 6:20
    tentando alcançar outras áreas.
  • 6:21 - 6:22
    Isso é loucura.
  • 6:22 - 6:25
    Essas são evidências visuais
  • 6:25 - 6:29
    de distritos que foram distorcidos
    para atender a um fim político.
  • 6:30 - 6:35
    O oposto de um mapa distorcido,
    disperso e não local
  • 6:35 - 6:38
    é um mapa compacto, como este.
  • 6:39 - 6:41
    Espero que notem a diferença.
  • 6:42 - 6:43
    É possível medir a diferença.
  • 6:44 - 6:45
    Eu defino compacidade
  • 6:45 - 6:49
    como sendo a distância média
    entre uma pessoa e o centro do distrito.
  • 6:49 - 6:53
    No antigo mapa da Carolina do Norte,
    essa distância era de 61 km;
  • 6:54 - 6:56
    no meu mapa, a distância é de 40 km.
  • 6:57 - 7:01
    É possível mensurar a dispersão
    de um mapa distorcido
  • 7:01 - 7:04
    e a compacidade de um mapa compacto.
  • 7:05 - 7:07
    Então, é tecnicamente possível.
  • 7:08 - 7:10
    E politicamente?
  • 7:10 - 7:13
    É de se esperar que houvesse
    certa resistência a essa mudança,
  • 7:13 - 7:16
    e ela existe, mas também
    há uma demanda por ela.
  • 7:18 - 7:22
    O governador republicano de Maryland
    recentemente fez um apelo nacional
  • 7:22 - 7:25
    para anular a dissimulação eleitoral
    democrática em seu estado.
  • 7:27 - 7:29
    Essa é uma das bagunças mais feias
  • 7:29 - 7:34
    de tentáculos distritais
    que já vi num mapa.
  • 7:34 - 7:35
    (Risos)
  • 7:37 - 7:39
    Não sei se este é o melhor mapa,
  • 7:40 - 7:43
    mas acredito que seja um mapa viável,
  • 7:43 - 7:47
    que soluciona alguns problemas
    do mapa antigo.
  • 7:49 - 7:52
    Há muitos estados com o governo dividido,
  • 7:52 - 7:55
    em que dois partidos lutam
    pelo redistritamento.
  • 7:55 - 7:58
    Mas não se deveria lutar por isso.
  • 7:58 - 8:02
    O redistritamento deveria ser
    um processo burocrático e chato,
  • 8:02 - 8:05
    em que você recolhe
    dados do censo, gira a manivela,
  • 8:05 - 8:07
    e sai com novos mapas
    para os próximos dez anos.
  • 8:10 - 8:12
    Nos últimos anos,
  • 8:12 - 8:18
    Califórnia, Arizona, Ohio e Flórida
    aprovaram algum tipo de reforma.
  • 8:18 - 8:20
    Isso mostra que é possível.
  • 8:20 - 8:24
    Essas reformas podem não ser perfeitas,
    e talvez precisem ser ajustadas,
  • 8:24 - 8:25
    mas dá pra fazer.
  • 8:27 - 8:28
    Isso é tecnicamente possível.
  • 8:29 - 8:32
    Softwares de código fonte aberto,
    gratuitos e verificáveis,
  • 8:34 - 8:36
    rodando em computadores domésticos
    que todos podem usar
  • 8:37 - 8:39
    podem elaborar esses mapas imparciais,
  • 8:39 - 8:41
    e os resultados são bons.
  • 8:42 - 8:44
    Isso é politicamente possível.
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    O povo quer reformas
    - incluindo algumas autoridades eleitas.
  • 8:47 - 8:50
    E os mecanismos legais estão disponíveis.
  • 8:51 - 8:53
    Se pudéssemos mudar agora,
  • 8:53 - 8:56
    poderíamos gerar um grande efeito
    no futuro do nosso processo político.
  • 8:57 - 9:00
    Se a reforma acontecer
    em lugares suficientes,
  • 9:00 - 9:01
    em estados suficientes,
  • 9:01 - 9:04
    podemos até estabelecer
    um padrão nacional.
  • 9:05 - 9:10
    E um padrão nacional pode nos ajudar
    a sustentar a nossa ideia fundamental
  • 9:10 - 9:13
    de proteção igualitária a todos
    na forma da lei.
  • 9:13 - 9:14
    (Aplausos)
Title:
Construindo eleições não tendenciosas | Brian Olson | TEDxCambridge
Description:

Em muitas partes dos Estados Unidos, as eleições estão sendo manipuladas pelas assembleias legislativas. Mapas com distorções eleitorais aumentam as chances de que um dos partidos vença. Brian Olson explora como isso funciona e fala sobre alguns lugares em que isso acontece, além de oferecer uma alternativa com mapas imparciais criados matematicamente com um software de código fonte aberto.

Brian Olson atua como engenheiro de software da rede PatientsLikeMe. Desde que aprendeu a programar aos 9 anos de idade, ele tem trabalhado em software de todos os tipos e níveis, desde microcontroladores embarcados a torres de servidores. Ele já trabalhou com startups, grandes empresas e de forma independente. Brian trabalha em softwares de redistritamento há mais de uma década, e criou um sistema que elabora distritos compactos e imparciais em computadores domésticos. O seu trabalho já foi mencionado no Washington Post e em publicações acadêmicas. O software é gratuito e de código fonte aberto, o que permite que qualquer pessoa verifique como ele funciona e o ajuste para torná-lo melhor. Brian é bacharel em Ciências da Computação pela Universidade Carnegie Mellon.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais acesse http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
09:26

Portuguese, Brazilian subtitles

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