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Seja um canivete suíço | Rafaela Cappai | TEDxBlumenauSalon

  • 0:10 - 0:15
    Mesmo que a sua voz estremeça,
    fale a partir da sua verdade.
  • 0:15 - 0:19
    Mesmo que sua mão trema,
    fale a partir da sua verdade.
  • 0:19 - 0:24
    Mesmo que seu coração acelere,
    fale a partir da sua verdade.
  • 0:24 - 0:28
    Mesmo que dê medo,
    fale a partir da sua verdade.
  • 0:29 - 0:33
    Bom, essa história aconteceu em 2005,
  • 0:33 - 0:38
    quando uma oportunidade incrível,
    de curso de gestão pra artistas,
  • 0:38 - 0:40
    apareceu na minha cidade, Belo Horizonte.
  • 0:40 - 0:44
    Primeiro dia de aula, e aquela boa
    e velha rodada de apresentações:
  • 0:44 - 0:47
    "Quem é você? O que é que você faz?
    Quais são os seus projetos?"
  • 0:47 - 0:50
    Enfim, vocês já devem conhecer o roteiro.
  • 0:50 - 0:53
    Tudo muito bom, tudo muito bem,
    e chega a minha vez.
  • 0:53 - 0:54
    Nariguda que sou,
  • 0:54 - 0:58
    eu fiz questão de não esconder nada
    das coisas que eu fazia.
  • 0:58 - 1:01
    Eu acho que eu já não queria
    deixar parte de mim pra trás.
  • 1:01 - 1:05
    E aí, eu falei: "Oi, gente... Prazer...
  • 1:05 - 1:10
    Eu sou Rafaela Cappai, sou atriz,
    sou bailarina, sou jornalista.
  • 1:10 - 1:13
    Sou produtora cultural também...
  • 1:13 - 1:16
    Sou também escritora,
    professora de dança...",
  • 1:16 - 1:19
    e emendei também: "Sou empreendedora...",
    pra engrossar o caldo.
  • 1:19 - 1:23
    Na verdade, eu nem me sentia
    empreendedora de fato,
  • 1:23 - 1:27
    mas já estava colocando em prática aquela
    história do "aparenta enquanto tenta",
  • 1:27 - 1:30
    pra provar pra mim mesma que eu era sim.
  • 1:30 - 1:36
    Uma colega lá do outro lado da sala
    me solta, em um sonoro agudo:
  • 1:36 - 1:40
    "Menina! Que loucura!
    Você tem que escolher!
  • 1:40 - 1:43
    Ninguém consegue fazer tanta coisa
    tão bem assim não!
  • 1:43 - 1:46
    Ninguém vai acreditar em você!"
  • 1:47 - 1:51
    Pausa. Silêncio constrangedor. "Oi..?"
  • 1:51 - 1:56
    Eu, porque não tinha nem clareza
    nem confiança necessária pra argumentar,
  • 1:56 - 1:59
    dei um sorrisinho de canto,
    de lado, desconcertante,
  • 1:59 - 2:01
    e fiz uma piadinha qualquer,
  • 2:01 - 2:03
    só que ali nasceu uma enorme pulga
    atrás da minha orelha.
  • 2:03 - 2:05
    "E por que não?", eu pensava!
  • 2:05 - 2:08
    "Por que eu não posso, sim,
    ser muita coisa
  • 2:08 - 2:11
    e trocar com as pessoas
    a partir de quem eu sou?"
  • 2:11 - 2:14
    Pois é, eu confesso.
  • 2:15 - 2:20
    Eu confesso e eu imagino que muitos
    de vocês vão confessar junto comigo.
  • 2:20 - 2:22
    Eu sou, na verdade,
    essa curiosa duma figa,
  • 2:22 - 2:24
    que não se cansa de aprender coisas novas,
  • 2:24 - 2:28
    que tem dificuldade de focar
    e lidar com a rotina,
  • 2:28 - 2:31
    que adora experimentar
    jeitos diferentes de fazer as coisas
  • 2:31 - 2:34
    e que tem ideias a todo momento.
  • 2:34 - 2:37
    Uma camaleoa abelhuda e volúvel,
  • 2:37 - 2:40
    com espírito investigativo
    pra todas as coisas desse mundo.
  • 2:40 - 2:44
    O meu currículo, quando eu ainda tinha um,
    parecia um Frankenstein:
  • 2:44 - 2:46
    experiências diversas,
    em projetos diversos,
  • 2:46 - 2:48
    com gente diversa.
  • 2:48 - 2:52
    E, quando me pedem pra colocar na ficha
    do consultório médico a minha profissão,
  • 2:52 - 2:55
    eu demoro uns bons segundos porque sempre
    fico com aquela sensação estranha
  • 2:55 - 2:58
    de que uma palavra só
    não é capaz de definir
  • 2:58 - 3:00
    nem o que eu faço nem o que eu sou.
  • 3:00 - 3:02
    E o mundo?
  • 3:02 - 3:05
    Bom, o mundo, muitas vezes, jogou na minha
    cara que eu sou mesmo uma inconstante,
  • 3:05 - 3:08
    talvez até instável,
  • 3:08 - 3:14
    uma cabecinha confusa que reluta
    em seguir o curso natural das coisas:
  • 3:14 - 3:19
    nasce, cresce, escolhe, morre.
  • 3:19 - 3:23
    Pra gente como eu, está mais pra:
    nasce, cresce, experimenta, escolhe,
  • 3:23 - 3:28
    "descolhe", reescolhe, experimenta,
    experimenta, experimenta...
  • 3:28 - 3:30
    até que um dia morre.
  • 3:30 - 3:32
    Mas para, repara, presta atenção:
  • 3:32 - 3:35
    se a gente olhar, bem no fundo,
    vai fazer até bastante sentido.
  • 3:35 - 3:39
    Tipo, se eu me sinto
    como um canivete suíço,
  • 3:39 - 3:43
    por que eu tenho que me comportar
    como uma tesoura sem ponta,
  • 3:43 - 3:45
    que só corta papel?
  • 3:45 - 3:48
    Tentar ser tesoura causa um sofrimento
    danado em gente assim como eu,
  • 3:48 - 3:52
    que tem múltiplos interesses
    e milhões de habilidades,
  • 3:52 - 3:57
    além de uma capacidade
    enorme de adaptação.
  • 3:57 - 4:00
    Nós, os multipotenciais,
    não temos medo de sair aí,
  • 4:00 - 4:04
    desbravando esse mundo
    do aprender e reaprender.
  • 4:04 - 4:07
    Em nossa defesa, caso vocês
    também se sintam assim,
  • 4:07 - 4:09
    é porque dói, dói muito.
  • 4:09 - 4:12
    Ter que abrir mão
    de uma dessas possibilidades
  • 4:12 - 4:17
    é como arrancar um braço,
    jogar um pouco de si no lixo.
  • 4:17 - 4:20
    Só que o mundo dos negócios
    e da educação empreendedora
  • 4:20 - 4:22
    e, por que não, da educação formal,
  • 4:22 - 4:26
    falou pra gente, livro após livro,
    que é preciso focar.
  • 4:26 - 4:30
    Eles vão dizer: "Faça o favor de escolher!
    O mundo quer especialistas!"
  • 4:30 - 4:34
    A palavra de ordem, meu caro amigo,
    é "virar tesoura",
  • 4:34 - 4:38
    e aí você não consegue seguir
    com essa ideia de viver dos seus talentos
  • 4:38 - 4:43
    porque você não consegue escolher
    qual talento escolher!
  • 4:43 - 4:46
    Só que e se você não tivesse que escolher?
  • 4:46 - 4:49
    E se o mundo do empreendedorismo
    criativo e de significado
  • 4:49 - 4:54
    pudesse abrir um portal mágico,
    em que fosse possível fazer duas coisas,
  • 4:54 - 4:59
    ou, quem sabe, três, quatro, cinco,
    tudo junto e misturado?
  • 4:59 - 5:03
    E se houvesse um jeito de costurar
    tudo isso que você é
  • 5:03 - 5:09
    numa trama de retalhos bonita
    e que entregasse valor para o mundo?
  • 5:09 - 5:13
    E se a sua multipotencialidade
    fosse, na verdade,
  • 5:13 - 5:19
    a sua principal vantagem competitiva,
    como se diz no mundo dos negócios?
  • 5:19 - 5:23
    Eu sei, ser multipotencial e empreender
    ao mesmo tempo dá trabalho
  • 5:23 - 5:26
    porque, mesmo no mundo
    da multipotencialidade,
  • 5:26 - 5:29
    é preciso certo foco pra empreender,
  • 5:29 - 5:32
    porque, sem foco,
    não há construção de nada,
  • 5:32 - 5:36
    mas foco não significa
    ignorar um chamado interno
  • 5:36 - 5:39
    e simplesmente não fazer aquilo
    que você sabe, no fundo,
  • 5:39 - 5:41
    que tem que fazer.
  • 5:41 - 5:44
    Foco talvez seja encontrar o seu porquê,
  • 5:45 - 5:48
    organizando tudo isso que você é,
  • 5:48 - 5:51
    entregando valor para o mundo
    e vivendo disso tudo,
  • 5:51 - 5:55
    em vez de escolher uma profissão,
    casar com ela e ficar até o final,
  • 5:55 - 5:57
    "até que a morte os separe".
  • 6:00 - 6:04
    A verdade é que eu venho ajudando
    muita gente criativa e fazedora de coisas
  • 6:04 - 6:05
    há muito tempo,
  • 6:05 - 6:08
    e sempre que eu tenho
    uma oportunidade como essa,
  • 6:08 - 6:10
    eu faço uma pergunta aos presentes:
  • 6:10 - 6:15
    quantos aqui se identificam
    com apenas uma profissão?
  • 6:16 - 6:19
    Médico: "Sou apenas médico!
    Eu não quero fazer mais nada!
  • 6:19 - 6:21
    Sou médico, médico, médico!"
  • 6:21 - 6:25
    Blogueiro, "video maker", fotógrafo.
  • 6:25 - 6:29
    Quantos de vocês aqui nesse auditório
    de fato querem escolher uma profissão
  • 6:29 - 6:35
    e casar com ela, monogamicamente,
    até que a morte os separe?
  • 6:35 - 6:38
    De verdade, é uma pergunta:
    quantos de vocês
  • 6:38 - 6:43
    se sentem mais como tesoura
    do que como canivete suíço?
  • 6:44 - 6:48
    Pode levantar, gente. Ninguém vai falar
    que não pode ser tesoura.
  • 6:48 - 6:51
    Ninguém? Pois é!
  • 6:51 - 6:54
    Na grande maioria das vezes,
    a resposta é essa.
  • 6:55 - 6:59
    Somos muito mais
    canivete suíço do que tesoura,
  • 6:59 - 7:03
    só que o mundo continua gritando:
    "Seja uma tesoura! Seja uma tesoura!"
  • 7:03 - 7:07
    A minha hipótese, nada corroborada
    por meios científicos, é preciso dizer,
  • 7:07 - 7:12
    é que somos multipotenciais por natureza,
  • 7:12 - 7:15
    que a multipotencialidade é do humano,
  • 7:15 - 7:18
    assim como a criatividade,
    ou a curiosidade.
  • 7:19 - 7:22
    A boa notícia, felizmente,
    é que o mundo mudou,
  • 7:22 - 7:27
    e essa era de encontrar profissão
    em catálogo de RH
  • 7:27 - 7:32
    ou catálogo de universidade,
    profissões herméticas, fechadas, acabou,
  • 7:32 - 7:33
    felizmente acabou,
  • 7:33 - 7:37
    e a era também
    de escolher uma só profissão
  • 7:37 - 7:40
    e casar com ela até o final também acabou,
  • 7:40 - 7:45
    e acabou também a era de empreender
    só com terno e gravata,
  • 7:45 - 7:50
    planilha debaixo do braço
    e plano de negócio de 200 páginas,
  • 7:50 - 7:53
    e acabou também esse jeito de pensar,
  • 7:53 - 7:56
    de que a gente tem que escolher
    uma profissão e que ela vai pesar
  • 7:56 - 7:59
    porque ela é a única chance
    que a gente tem.
  • 7:59 - 8:03
    Não é. Ela não é a única chance.
  • 8:03 - 8:06
    A gente tem um monte
    de outras possibilidades,
  • 8:06 - 8:10
    já dentro da gente,
    do jeito que a gente é.
  • 8:11 - 8:17
    O mundo mudou e ele precisa
    de pessoas multipotenciais como a gente.
  • 8:17 - 8:23
    Pensa comigo: esse mundo
    está em constante transformação,
  • 8:23 - 8:25
    em ebulição plena, constante.
  • 8:25 - 8:30
    Ele precisa de gente habilitada
    a fazer um "scan" do mundo,
  • 8:30 - 8:34
    a olhar as coisas por cima,
    com uma visão de "drone".
  • 8:34 - 8:39
    Esse mundo precisa de gente
    habilitada a costurar as coisas,
  • 8:39 - 8:43
    a encontrar os buracos
    que os especialistas não enxergam
  • 8:43 - 8:45
    porque eles só olham pra algum lugar.
  • 8:46 - 8:51
    Nós somos as pessoas capazes
    de tapar os buracos.
  • 8:51 - 8:53
    E, falando em especialistas,
    muito obrigada!
  • 8:53 - 8:56
    Somos muito gratos aos especialistas
  • 8:56 - 9:00
    porque, sim, eles construíram
    uma quantidade gigante
  • 9:00 - 9:03
    de conhecimento vertical e aprofundado
  • 9:03 - 9:06
    que foi muito importante
    pra fazer a gente chegar até aqui,
  • 9:06 - 9:09
    mas, àqueles que se sentem
    mais como canivete do que tesoura,
  • 9:09 - 9:12
    eu digo que chegou a hora.
  • 9:12 - 9:15
    E, mais do que isso,
    não somos apenas multipotenciais,
  • 9:15 - 9:19
    mas somos também multiapaixonados,
  • 9:19 - 9:24
    capazes de nos apaixonar
    arrebatadoramente por assuntos diversos
  • 9:24 - 9:29
    e nos deixar impregnar por esses assuntos
    ao longo da nossa trajetória,
  • 9:29 - 9:31
    enquanto a gente viver.
  • 9:33 - 9:36
    Essa é, portanto, a minha trajetória
  • 9:36 - 9:40
    e é o que eu aprendo e ensino
    há bastante tempo,
  • 9:41 - 9:47
    sobre como é possível abrir mão
    de uma educação empreendedora,
  • 9:47 - 9:52
    mecanicista, industrializada
    e especialista,
  • 9:52 - 9:57
    pra dar lugar a um aprender diferente
  • 9:57 - 10:00
    em que a gente possa colocar
    os nossos talentos em uso,
  • 10:00 - 10:05
    que seja mais simbiótico,
    que seja mais sinérgico, mais orgânico,
  • 10:05 - 10:10
    e que nos respeite de fato
    como seres humanos.
  • 10:10 - 10:15
    E esse cara que está querendo
    "aprender a empreender" diferente
  • 10:15 - 10:19
    é, na verdade, um "apreendedor",
  • 10:19 - 10:23
    e ele sabe, ou ele vai descobrir
    durante essa trajetória,
  • 10:23 - 10:29
    que, primeiro, autoconhecimento
    é a bússola que guia esse caminho
  • 10:29 - 10:34
    e que conta pra ele
    quem ele é e o que ele quer.
  • 10:35 - 10:40
    Segundo, identidade é fonte
    inesgotável de recursos,
  • 10:40 - 10:41
    já está aí dentro,
  • 10:42 - 10:46
    e pra onde a gente pode voltar,
    sempre que precisar de novos recursos.
  • 10:47 - 10:51
    Criatividade é ferramenta
    de experimentação,
  • 10:51 - 10:55
    que cria valor não só pra gente,
    mas também para o mundo.
  • 10:56 - 11:00
    Cérebro mais coração
    são parceiros de jornada,
  • 11:00 - 11:04
    pra encontrar a simbiose
    entre razão e emoção,
  • 11:04 - 11:09
    valor e estratégia,
    valores pessoais e estratégia.
  • 11:09 - 11:14
    Cliente é gente, alguém com quem
    a gente compartilha o nosso melhor
  • 11:14 - 11:18
    e que investe naquilo
    que a gente tem de melhor também.
  • 11:19 - 11:24
    Lucro é resultado do valor
    entregue para o mundo,
  • 11:24 - 11:27
    pra que a gente possa
    empreender com significado
  • 11:27 - 11:30
    enquanto melhora o nosso entorno.
  • 11:30 - 11:34
    Mão na massa é ferramenta
    essencial de aprendizado,
  • 11:34 - 11:39
    pra fazer enquanto aprende
    e pra gerar clareza do próximo passo.
  • 11:40 - 11:44
    Rede é um espaço seguro de aprendizado,
  • 11:44 - 11:48
    pra trocar a competição pela colaboração.
  • 11:49 - 11:54
    Sustentabilidade é meta,
    pra se fazer o que se quer,
  • 11:54 - 11:58
    pelo tempo que sentir vontade
    e respeitando o planeta.
  • 11:59 - 12:04
    Metodologia, por último,
    é caminho, não fórmula,
  • 12:04 - 12:09
    porque esse "apreendedor"
    tem que caminhar o próprio caminho,
  • 12:09 - 12:13
    tem que desvendar a própria trajetória.
  • 12:14 - 12:16
    Bom, mas por onde se começa?
  • 12:17 - 12:19
    De onde a gente puxa o fio?
  • 12:19 - 12:20
    De dentro,
  • 12:21 - 12:25
    investigando o próprio
    capital humano e criativo,
  • 12:25 - 12:30
    abrindo e observando as próprias
    ferramentas desse canivete suíço,
  • 12:30 - 12:34
    tudo que faz de você você
  • 12:34 - 12:39
    e que é capaz de gerar valor
    pra você e para o mundo,
  • 12:39 - 12:42
    o seu estoque de competências,
    habilidades, talentos,
  • 12:42 - 12:48
    desafios, histórias,
    tudo que você acumulou até aqui.
  • 12:48 - 12:52
    No meu caso, por exemplo,
    eu sou bailarina desde muito pequenininha,
  • 12:52 - 12:56
    me tornei atriz na adolescência,
    jornalista na faculdade.
  • 12:56 - 12:59
    Depois, eu comecei a dar aula,
    me tornei professora,
  • 12:59 - 13:03
    depois empreendedora,
    depois mentora, depois escritora,
  • 13:03 - 13:06
    e hoje eu consigo dizer
    que eu tenho um trabalho
  • 13:06 - 13:08
    porque eu inventei um trabalho
  • 13:08 - 13:12
    que me permite usar
    todas essas potencialidades.
  • 13:12 - 13:15
    Se eu fosse buscar uma vaga de emprego,
  • 13:15 - 13:20
    possivelmente eu não ia encontrar uma
  • 13:20 - 13:23
    que desse vazão a tudo que eu tenho,
  • 13:23 - 13:27
    porque eu construí o meu negócio
    exatamente em cima daquilo que eu sou,
  • 13:27 - 13:30
    daquilo que eu tenho
    e daquilo em que eu acredito.
  • 13:31 - 13:33
    Isso tudo que eu estou contando pra vocês
  • 13:33 - 13:37
    se materializou através do meu
    próprio negócio, a Espaçonave,
  • 13:37 - 13:41
    que é uma escola
    de empreendedorismo criativo
  • 13:41 - 13:46
    que ajuda outros empreendedores criativos
    a transformarem tudo que têm
  • 13:46 - 13:50
    em algo que possa garantir que eles vivam
    fazendo aquilo que amam.
  • 13:50 - 13:54
    A Espaçonave nasceu
    quando eu consegui um projeto
  • 13:54 - 13:59
    patrocinado com dinheiro privado,
    mas financiado com dinheiro público,
  • 13:59 - 14:02
    pra ir pra Londres
    fazer um mestrado nesse tema.
  • 14:02 - 14:06
    Eu ia pra sala de aula todo santo dia,
  • 14:06 - 14:09
    sentava na frente da aula,
    aproveitava toda aquela minha experiência,
  • 14:09 - 14:13
    coletava informação,
    entrevistava gente, escrevia coisas
  • 14:13 - 14:17
    e compartilhava com uma rede de pessoas
    que estava buscando a mesma coisa que eu.
  • 14:17 - 14:21
    Eu fui pra Londres
    pra aprender a empreender,
  • 14:21 - 14:24
    mas eu acabei ensinando também
    porque, no final das contas,
  • 14:24 - 14:27
    a gente ensina aquilo
    que precisa aprender.
  • 14:27 - 14:30
    O carro-chefe da Espaçonave
    é o Decola! LAB,
  • 14:30 - 14:33
    um programa on-line de dez semanas,
  • 14:33 - 14:38
    que guia e ajuda empreendedores criativos
    na construção dos seus negócios
  • 14:38 - 14:41
    e de um trabalho gostosinho
    pra chamar de seu.
  • 14:41 - 14:47
    Como a Amanda Mol, uma ilustradora
    de Minas, de Varginha,
  • 14:47 - 14:52
    que é apaixonada por mulheres,
    que é alucinada por plantas e flores,
  • 14:52 - 14:56
    que decidiu ficar em Varginha
    e por isso usa a internet...
  • 14:57 - 15:02
    Está tudo lá, está tudo lá,
    mergulhado no negócio dela.
  • 15:02 - 15:08
    Ou também a Silvia Guimarães,
    uma designer que também é artesã,
  • 15:08 - 15:10
    que, durante um processo familiar,
  • 15:10 - 15:16
    descobriu que só o ato
    de escrever num caderno
  • 15:16 - 15:20
    trazia tranquilidade, autoconhecimento
  • 15:20 - 15:23
    e confiança para aquele
    momento tão difícil.
  • 15:23 - 15:25
    Está tudo lá, mergulhado no negócio dela.
  • 15:25 - 15:31
    Ou a Elisa Dantas, de Brasília,
    que tem a paixão pela costura
  • 15:31 - 15:34
    e, não só isso, tem a costura
    no sangue também,
  • 15:34 - 15:37
    porque a costura vem passando
    de geração pra geração,
  • 15:37 - 15:41
    e ela grita para o mundo
    que é possível modificar o nosso entorno
  • 15:41 - 15:43
    a partir do ato criativo:
  • 15:43 - 15:47
    eu posso modificar o mundo
    através dum botão pregado,
  • 15:47 - 15:50
    mas um botão que tem
    história, por exemplo.
  • 15:50 - 15:53
    O que todas essas mulheres têm em comum?
  • 15:53 - 15:57
    Negócios e carreiras
    com porquês muito fortes
  • 15:57 - 16:03
    e que bebem, e que dão vazão
    a toda sua potencialidade
  • 16:03 - 16:06
    e sua "apaixonabilidade".
  • 16:08 - 16:11
    Agora, por que ser
    um empreendedor criativo?
  • 16:11 - 16:14
    Porque, quando a gente assume esse espaço,
  • 16:14 - 16:17
    a gente pode criar e empreender,
    tudo junto e misturado,
  • 16:17 - 16:22
    a gente pode ver o todo
    e ser capaz de conectar as partes,
  • 16:22 - 16:25
    a gente cria novas sinapses no cérebro,
  • 16:25 - 16:29
    a gente é capaz de equilibrar
    razão e emoção,
  • 16:29 - 16:32
    e a gente também pode encontrar
  • 16:32 - 16:34
    o que o mundo dos negócios
    chama de diferencial,
  • 16:34 - 16:38
    já que, se a gente de fato
    for fiel à nossa história,
  • 16:38 - 16:40
    àquilo que a gente tem e a quem a gente é,
  • 16:40 - 16:45
    dificilmente vai ter um outro negócio
    no mundo que seja igual ao nosso,
  • 16:45 - 16:50
    contanto que a gente de fato seja fiel
    a esse capital humano e criativo.
  • 16:50 - 16:55
    Agora, às vezes, quando a gente começa
    a querer voltar a usar
  • 16:55 - 16:58
    toda essa multipotencialidade
    que a gente tem,
  • 16:58 - 17:03
    às vezes parece que uma dessas ferramentas
    desse canivete está meio enferrujada
  • 17:03 - 17:06
    e a gente não sabe o que fazer com ela
    porque dá trabalho,
  • 17:06 - 17:08
    dá trabalho constante.
  • 17:08 - 17:11
    É um processo de aprendizagem.
  • 17:11 - 17:14
    Não tem como eu não
    me modificar aprendendo,
  • 17:14 - 17:18
    e modificar leva tempo, dá trabalho.
  • 17:18 - 17:20
    Só que às vezes eu tenho a sensação
  • 17:20 - 17:27
    de que esse processo de ser
    um canivete suíço é quase como um peso,
  • 17:27 - 17:32
    porque é algo que a gente
    possivelmente não consegue evitar.
  • 17:32 - 17:37
    Por mais que, durante anos,
    a gente se fantasie de tesoura,
  • 17:37 - 17:42
    uma hora, as asinhas do canivete
    começam a rasgar a pele
  • 17:42 - 17:44
    e a querer sair pra fora.
  • 17:44 - 17:49
    Então, esse processo
    é um pouco dádiva e cruz,
  • 17:49 - 17:54
    e eu peço: mesmo que doa,
    mesmo que dê trabalho,
  • 17:54 - 17:56
    mesmo que incomode,
    mesmo que não seja fácil,
  • 17:56 - 17:59
    mesmo que dê medo,
    mesmo que o mundo fale não,
  • 18:01 - 18:03
    seja um canivete suíço.
  • 18:04 - 18:05
    Obrigada.
  • 18:05 - 18:07
    (Aplausos) (Vivas)
Title:
Seja um canivete suíço | Rafaela Cappai | TEDxBlumenauSalon
Description:

Rafa Cappai compartilha suas ideias sobre a multipotencialidade e mostra às pessoas que é possível fazer o que se ama e encontrar trabalhos que englobem todas as suas paixões. Ela utiliza seu próprio programa de educação criativa para provar que nem todo mundo nasceu para ser especialista, e que não há problema algum em ser um canivete suíço, em vez de tesoura.

Atriz, bailarina, empreendedora, entre outras coisas. Rafa é a mente criativa que "pilota" a Espaçonave.

Ela acredita que a paixão criativa das pessoas pode gerar novos modelos de produção, de consumo e de compartilhamento. Consequentemente, ela usa sua própria história para encorajar as pessoas a construírem o futuro que desejam, para que possamos todos construir juntos o poder da economia criativa.

Esta palestra foi dada num evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite: http://ted.com/tedx

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Video Language:
Portuguese, Brazilian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:14

Portuguese, Brazilian subtitles

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