Livros antigos renascidos como arte complexa
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0:00 - 0:02Eu sou artista e corto livros.
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0:02 - 0:04Aqui, uma de minhas primeiras
obras com livros. -
0:04 - 0:07Chama-se "Rota Alternativa
para o Conhecimento". -
0:07 - 0:10Eu queria criar uma pilha de livros
para que as pessoas chegassem à galeria -
0:10 - 0:13e achassem que estavam vendo
uma pilha de livros normais, -
0:13 - 0:16mas quando chegassem mais perto,
veriam esse buraco entalhado, -
0:16 - 0:19e imaginariam o que acontece,
imaginariam por quê, -
0:19 - 0:20e pensariam sobre o material do livro.
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0:20 - 0:23E eu me interesso pela textura,
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0:23 - 0:27mas me interesso mais pelo texto
e pelas imagens dentro dos livros. -
0:28 - 0:32Na maioria das minhas obras, eu selo
as abas de um livro com um verniz espesso -
0:32 - 0:34para criar um tipo de pele
na parte de fora do livro -
0:34 - 0:38e torna-se um material sólido,
mas as páginas internas continuam soltas, -
0:38 - 0:40e eu esculpo na superfície do livro,
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0:40 - 0:43e não movo ou adiciono nada.
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0:43 - 0:46Eu só esculpo em torno
do que eu acho interessante. -
0:46 - 0:48Tudo o que vocês veem na obra final
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0:48 - 0:51está exatamente onde estava
no livro antes de eu começar. -
0:53 - 0:55Eu vejo meu trabalho
como um tipo de remix, -
0:55 - 0:57porque eu trabalho
com o material de outra pessoa -
0:57 - 1:01do mesmo jeito que um DJ pode trabalhar
com a música de outra pessoa. -
1:01 - 1:05Este era um livro de pinturas do Rafael,
o artista da Renascença, -
1:05 - 1:09e ao pegar seu trabalho
e remixá-lo, esculpi-lo, -
1:09 - 1:13eu o transformo em algo mais novo
e mais contemporâneo. -
1:14 - 1:18Também penso em sair da caixa
dos livros tradicionais -
1:18 - 1:20e forçar esse formato linear,
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1:20 - 1:24e tentar forçar
a própria estrutura do livro. -
1:24 - 1:26Assim, o livro torna-se
totalmente escultural. -
1:29 - 1:33Eu uso braçadeiras, cordas
e todo tipo de material, pesos, -
1:33 - 1:36para manter as coisas no lugar
antes de passar o verniz -
1:36 - 1:39para poder forçar o formato
antes de começar, -
1:39 - 1:43para que algo assim
possa se tornar algo assim, -
1:43 - 1:46que é feito somente
de um único dicionário. -
1:46 - 1:52Ou algo assim possa se tornar algo assim.
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1:55 - 1:56Ou algo assim,
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1:56 - 2:00quem sabe o que isso vai se tornar
ou por que está no meu ateliê, -
2:00 - 2:03possa se tornar algo assim.
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2:05 - 2:09Eu acho que uma das razões de as pessoas
se incomodarem com destruir livros, -
2:09 - 2:10não quererem rasgar livros
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2:10 - 2:12e ninguém querer jogar um livro fora,
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2:12 - 2:15é que vemos os livros como coisas vivas,
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2:15 - 2:16pensamos neles como um corpo,
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2:16 - 2:19e são criados para corresponderem
ao nosso corpo, em escala, -
2:19 - 2:22mas também têm o potencial
de continuar crescendo -
2:22 - 2:24e continuar sendo novas coisas.
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2:24 - 2:26E livros são realmente vivos.
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2:26 - 2:29Eu vejo o livro como um corpo,
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2:29 - 2:32e eu vejo o livro como uma tecnologia.
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2:32 - 2:34Eu vejo o livro como uma ferramenta.
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2:36 - 2:40E também o vejo como uma máquina.
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2:40 - 2:43Também o vejo como uma paisagem.
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2:43 - 2:47Este é um conjunto completo
de enciclopédias conectadas e lixadas, -
2:47 - 2:49e à medida que eu esculpo,
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2:49 - 2:51eu decido o que quero escolher.
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2:51 - 2:54Com enciclopédias, eu poderia
ter escolhido qualquer coisa, -
2:54 - 2:57mas especificamente escolhi
imagens de paisagens. -
2:58 - 3:01E com o próprio material,
eu usei uma lixa -
3:01 - 3:05e lixei as bordas para que não somente
as imagens sugiram paisagens, -
3:05 - 3:07mas o próprio material
sugira uma paisagem também. -
3:09 - 3:13Quando estou esculpindo o livro,
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3:13 - 3:17eu penso nas imagens,
mas também penso no texto, -
3:17 - 3:19e eu penso neles
de maneira bastante similar, -
3:19 - 3:22porque o interessante
é que quando lemos um texto, -
3:22 - 3:23quando lemos um livro,
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3:23 - 3:25criamos imagens em nossa cabeça,
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3:25 - 3:27e de certo modo preenchemos esse espaço.
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3:27 - 3:30Criamos imagens quando lemos um texto.
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3:30 - 3:33E quando vemos uma imagem,
nós usamos linguagem -
3:33 - 3:36para entender o que estamos observando.
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3:36 - 3:38Então há um tipo de yin-yang,
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3:38 - 3:39um tipo de troca.
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3:39 - 3:45Eu crio uma obra
que o próprio espectador completa. -
3:45 - 3:49E vejo meu trabalho
quase como arqueologia. -
3:49 - 3:52Eu escavo e tento maximizar o potencial
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3:52 - 3:54e descobrir o máximo possível
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3:54 - 3:57e expô-lo dentro de meu próprio trabalho.
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3:58 - 4:00Mas ao mesmo tempo,
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4:00 - 4:02eu penso nessa ideia de rasura,
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4:02 - 4:06e agora que a maior parte
da nossa informação é intangível, -
4:06 - 4:09e essa ideia de perda,
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4:09 - 4:14e essa ideia de que não só o formato
muda constantemente nos computadores -
4:14 - 4:16mas a própria informação,
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4:16 - 4:18agora que não há uma cópia física,
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4:18 - 4:24tem que ser constantemente atualizada
para que não se perca. -
4:24 - 4:27Eu tenho vários dicionários no meu ateliê,
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4:27 - 4:29e eu também uso um computador diariamente.
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4:29 - 4:32Se eu precisar procurar uma palavra,
uso o computador, -
4:32 - 4:35porque posso ir direta
e instantaneamente ao que procuro. -
4:35 - 4:37Acho que o livro nunca foi
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4:37 - 4:40o formato certo
para informação não linear, -
4:40 - 4:42e é por isso que vemos
livros de referência -
4:42 - 4:46sendo os primeiros em perigo de extinção.
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4:50 - 4:53Bem, eu não acho que o livro vai morrer.
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4:53 - 4:57As pessoas acham que agora
que temos tecnologia digital, -
4:57 - 4:58o livro vai morrer,
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4:58 - 5:01e estamos vendo
as coisas mudarem e evoluírem. -
5:01 - 5:04Eu acho que o livro vai evoluir,
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5:04 - 5:07e assim como disseram
que a pintura morreria -
5:07 - 5:11quando a fotografia e a impressora
se tornaram cotidianos, -
5:11 - 5:13mas o que isso realmente
possibilitou à pintura -
5:13 - 5:16foi que ela largasse seu trabalho diurno.
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5:16 - 5:22Permitiu que a pintura não cuidasse
mais de contar a história, -
5:22 - 5:25e a pintura se libertou
e pôde contar sua própria história, -
5:25 - 5:28e foi aí que vimos
a ascensão do Modernismo, -
5:28 - 5:30e vimos a pintura abrir diferentes ramos.
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5:30 - 5:32E acho que é a mesma coisa
com os livros agora, -
5:32 - 5:35agora que a maior parte
de nossa tecnologia e informação, -
5:35 - 5:39a maior parte de nossos registros pessoais
e culturais estão em formato digital, -
5:39 - 5:42acho que isso permite
ao livro ser algo novo. -
5:42 - 5:45Acho que é uma época muito animadora
para um artista como eu, -
5:45 - 5:48e é muito empolgante ver o que
vai acontecer com o livro no futuro. -
5:48 - 5:50Obrigado.
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5:50 - 5:53(Aplausos)
- Title:
- Livros antigos renascidos como arte complexa
- Speaker:
- Brian Dettmer
- Description:
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O que se faz com uma enciclopédia ultrapassada na era da informação? Com facas X-Acto e um olho para um bom remix, o artista Brian Dettmer cria lindas esculturas inesperadas que sopram nova vida dentro de livros antigos.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 06:06
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