-
(sino)
-
Quantos de vocês já meditaram antes? A maioria de vocês.
-
É por isso que estão aqui.
-
Então, esta atividade de parar e refletir
-
faz parte da jornada humana,
-
certo?
É uma evolução da nossa espécie.
-
Chegámos a um ponto
-
em que temos algum nível de consciência.
Homo conscius.
-
Homo sapiens.
Estamos, de certa forma,
-
conscientes da nossa situação.
-
Por isso, somos muito abençoados por ter a oportunidade
-
de parar, olhar para nós mesmos
-
e refletir,
-
observar a nossa situação.
-
Espero que, ao longo desta semana, algumas
-
coisas venham à tona, que algo seja revelado e que tenham alguns insights.
-
Isso é o maravilhoso de ser humano,
-
que temos momentos de "Aha!".
-
Ok! (risos)
-
Esse é o nosso desejo para as pessoas
-
e para a sociedade.
-
Encontrar alívio é uma coisa, reduzir o stress
-
é outra.
-
Encontrar calma e paz também é agradável.
-
Mas o melhor é quando temos uma realização,
-
um insight.
-
Não se trata apenas de estar calmo e em paz,
-
porque nem sempre será assim.
-
Na verdade, nunca será assim para sempre.
-
Mas o que é mais gratificante e não nos abandona
-
é quando temos um insight
-
sobre nós mesmos e sobre a nossa jornada.
-
É isso que fazemos aqui no mosteiro.
-
Um espaço para compreendermos a nossa situação, a nossa vida,
-
as nossas relações, a nós próprios
-
e o que está a acontecer no mundo.
-
E tudo mais.
-
Então, esta é apenas uma pequena partilha sobre o que fazemos aqui.
-
O meu irmão e eu fazemos isto a tempo inteiro.
-
Somos como jogadores profissionais de basquetebol.
-
Vocês estão aqui a visitar, a aprender o jogo.
-
Mas nós fazemos disto a nossa vida.
-
Não somos melhores do que vocês,
-
apenas temos mais experiência.
-
Agora, vamos sentar-nos confortavelmente e ouvir o som do sino,
-
apenas para tirarmos um momento para parar.
-
Viemos da estrada, do avião...
-
Agora, sentamo-nos e tiramos um momento
-
para fazer um check-in interno.
O meu irmão vai convidar três sons do sino.
-
Vão ouvir isto muitas vezes.
-
E sempre que ouvirem o sino, é apenas um lembrete
-
para parar e fazer um check-in.
-
Uma sensação corporal à qual podemos sempre voltar é a respiração.
-
Assim, verificamos imediatamente esta inspiração e esta expiração.
-
Observamos a qualidade da nossa respiração.
-
Depois, verificamos o nosso corpo.
-
A respiração ajuda-nos a trazer consciência de volta ao nosso corpo.
-
Por isso, sempre que ouvirem um sino, ou o relógio a tocar no refeitório,
-
ou até por conta própria,
-
lembrem-se: é um momento para parar e fazer um check-in.
-
Com a nossa respiração, com o nosso corpo.
-
E se ficarmos tempo suficiente, podemos fazer um check-in com os nossos sentimentos,
-
com as sensações da nossa mente.
-
Como nos sentimos? Se estamos ansiosos, se sentimos alguma tensão
-
ou se estamos calmos.
Treinamos para nos habituarmos a esse processo.
-
Então, esta semana,
-
tentem tirar mais tempo para este check-in.
-
Agora, o meu irmão vai convidar o sino.
-
E quando ouvirem o sino,
-
deixem-se conectar com a reverberação do som.
-
Podemos fechar os olhos.
-
Cada um de nós tem uma energia.
-
Também temos um ritmo no nosso corpo,
-
especialmente no coração.
O nosso corpo tem um ritmo.
-
A nossa respiração tem um ritmo.
-
Então, quando ouvirem o som do sino, pensem em sincronizar com ele.
-
Ok? O nosso corpo, por vezes, guarda tensão.
-
Por isso, a cada inspiração e expiração,
-
sincronizamos.
Na expiração, deixamos ir.
-
Na expiração, relaxamos e libertamos.
-
O nosso corpo pode ajudar a guiar a nossa mente.
-
Sentimo-nos mais à vontade no nosso corpo.
-
E a cada som do sino – o meu irmão vai convidar três sons –
-
fazemos um check-in.
-
Observamos a qualidade da nossa respiração,
-
da nossa presença corporal,
-
da nossa consciência dos sentimentos e sensações.
-
E simplesmente reconhecemos o que quer que esteja presente.
-
Inspirando, aprecio a minha inspiração.
-
Expirando, aprecio a minha expiração.
-
(sino)
-
Agora, vamos abrir os olhos e observar à nossa volta.
-
Alguém teve um momento "Aha!"?
-
Alguém reconheceu ou percebeu algo?
-
Alguém quer partilhar?
-
Percebi os meus sentimentos... Sim, ansiedade e tensão.
-
Sim?
-
Onde sentiste isso?
-
Ah, ótimo! Isso é um "Aha!".
-
Ok.
-
Porque estou a segurar esta tensão?
-
Alguém mais reconheceu algo?
-
Sim? Viu ou percebeu algo?
-
Apenas uma situação que não consigo controlar.
-
Ahhh, maravilhoso.
-
E o sentimento é… deixá-lo estar? Deixá-lo estar, haha.
-
Obrigado por praticarem.
-
Então, basicamente, o que fazemos aqui no mosteiro é parar e aprender
-
a fazer check-in connosco mesmos.
Lá fora, na sociedade, a forma como tudo está estruturado
-
não é muito propícia a momentos como este.
-
Não é considerado produtivo.
-
Então, quando vêm para o mosteiro, tornam-se menos produtivos e mais…
-
Não sei qual é o inverso de produtivo.
-
Mas
-
podem parar e cuidar de si mesmos.
-
Reconhecer também as coisas maravilhosas que estão a acontecer.
-
Na prática, sentir dor, sofrer, ter stress, estar sobrecarregado, sentir-se
-
esgotado – tudo isso acontece.
-
A todos nós. Até a nós, no mosteiro.
-
Mas, porque temos uma comunidade e sabemos como praticar,
-
reconhecemos que
-
também há coisas bonitas a acontecer ao mesmo tempo.
E elas podem coexistir.
-
Não precisamos de curar
-
ou eliminar o sofrimento completamente
-
para podermos desfrutar da vida.
-
Desfrutar do que quer que estejamos a viver.
-
Essa é a
-
prática. Com o tempo, percebemos que tudo é dinâmico, está sempre a mudar.
-
E tornamo-nos mais
-
resilientes, mais capazes de lidar com as situações.
-
Desenvolvemos uma qualidade que
-
nos torna mais estáveis.
Eu chamo-lhe ser sólido,
-
como uma montanha.
Quem pratica aprende
-
a parar e regressar a si mesmo, tornando-se mais à vontade
-
com quem é.
Assim, não se deixa abalar quando surgem desafios
-
ou quando as coisas não acontecem como esperado.
-
Seja na família, dentro de nós, nas expectativas da sociedade…
-
A nossa reação e a nossa atitude tornam-se
-
muito mais estáveis.
-
E, ao dedicarmos tempo para reconhecer a impermanência,
-
as mudanças e desafios, compreendemos que o drama humano
-
faz parte da vida.
-
A prática
-
da meditação e
-
da atenção plena ajuda-nos a tornar-nos mais resilientes.
-
Menos perturbados, mais estáveis, mais sólidos.
-
Essa é uma qualidade que podemos desenvolver.
-
Na meditação, ao reconhecer a nossa respiração,
-
treinamo-nos para
-
estarmos constantemente conscientes de que tudo está sempre a mudar.
-
Percebem agora porque somos como jogadores profissionais de basquetebol?
-
Lá fora, as pessoas não treinam assim.
-
Elas acham que tudo é permanente, que as coisas não mudam.
-
“Porque é que o meu ente querido está diferente hoje?
-
Não és a mesma pessoa
-
que conheci antes!”
Mas não és a mesma
-
pessoa de há 20 anos. Nós somos
-
o hábito.
-
E, muitas vezes, não temos tempo para refletir
-
sobre a natureza das coisas.
-
A nossa respiração, de momento a momento, muda.
-
O sentimento que temos agora já não estará aqui daqui a pouco.
-
Porque simplesmente direcionamos a nossa atenção para outra coisa.
-
É isso que treinamos aqui.
-
Treinar a nossa atenção.
-
A coisas.
-
E espero que, durante esta semana,
-
tirem tempo para prestar atenção ao que está a correr bem.
-
Hoje em dia, há muita coisa nos media a mostrar
-
o que está errado. E a nossa mente humana…
-
Não sei se fomos feitos para estar conscientes de tanta coisa errada ao mesmo tempo.
-
Especialmente agora, com a internet. A nossa mentes
-
não é suposto estar atenta a tantas coisas
-
que estão erradas.
-
É como, sabes, todos os dias,
-
de manhã, à tarde... Quem aqui ouve a NPR? Sim?
-
Oh, meu Deus, eu tinha esse hábito. Sempre que ia para o trabalho,
-
de manhã, e depois voltava à tarde, era sempre as mesmas notícias.
-
Lembras-te disso?
-
E é constantemente assim, e acabamos por
-
alimentar-nos disso.
-
Dessa energia, dessa atenção,
-
focada no que está errado.
-
Então, esta semana aqui é para nos fortalecermos
-
com frescura.
-
Porque dentro de nós, há uma flor,
-
mas também há uma montanha,
-
certo? Então, frescura.
-
Ao acordar,
-
ter um pensamento fresco, percebes?
O nosso hábito
-
de acordar mal-humorados, de bater no despertador,
-
vem do facto de termos de trabalhar das nove às cinco num emprego difícil.
-
Mas temos de o fazer. E não permitimos
-
que essa atitude nos domine.
-
Por isso treinamos para ter
-
pensamentos frescos.
Quando somos jovens monges,
-
aprendemos estes poemas, sabem?
-
Quando abrimos a porta, quando nos levantamos da cama...
O primeiro gatha
-
que aprendemos, pequenos poemas
de quatro versos—ajuda-nos a orientar a mente
-
para pensamentos frescos, saudáveis,
-
nutritivos, alegres, milagrosos.
-
Ao acordar esta manhã, sorrio.
Tenho 24
-
horas novas diante de mim
-
e vou aproveitá-las, certo?
-
Algo assim, não é?
E repetimos isso, logo ao acordar.
-
Este é o treino. Eu costumava pendurar
-
uma folha sobre a cama
para me lembrar de o fazer.
-
Há um gatha até para andar:
"Hoje, ao dar um passo,
-
se por acaso pisar um inseto,
-
que
-
ele renasça num lugar de paz."
-
Isto cultiva compaixão.
-
"Hoje caminharei e criarei menos sofrimento."
-
Há um gatha para abrir a janela.
-
Outro para ligar a torneira.
Para reaprendermos
-
a reconhecer.
É como... Uau, é um presente estar vivo.
-
Os nossos pais deram-nos esta vida.
-
E um dia, teremos de devolvê-la à Terra,
-
de onde todos viemos, certo?
A Mãe Terra deu-nos à luz.
-
E esta consciência—
o facto de me estares a ouvir, de entenderes o que estou a dizer,
-
de teres memórias, de teres pensamentos—é incrível.
-
Como seres humanos, entendemos.
-
Eu estou a transmitir ideias, tu estás a processá-las,
-
e estás a ter os teus próprios pensamentos.
-
Isto é ser homo sapiens, certo?
-
A nossa capacidade de dizer: "Uau!"
-
Não só endireitámos as costas e começámos a caminhar,
mas sentimo-nos um pouco orgulhosos disso—
-
talvez demasiado orgulhosos?
-
E agora destruímos quase tudo.
Mas, com sorte, estamos a tornar-nos mais conscientes.
-
Estamos a aprender a distinguir entre o que é certo e errado,
o que é útil
-
e o que não é,
o que causa sofrimento e o que alivia o sofrimento.
-
Espero que seja para aí que estamos a evoluir.
-
E parece que nos últimos anos estamos a ser forçados a evoluir dessa forma.
-
Parte da nossa evolução
-
é deixarmos de nos ver como separados.
-
Então, frescura, sim?
Acordar e cultivar esse hábito.
-
Ser uma montanha.
São hábitos que
-
treinamos, além de simplesmente
ficar sentado, tocar a paz,
-
sentir calma.
Estas são coisas que normalmente
-
associamos à meditação.
Mas são impermanentes
-
e podem causar sofrimento se apenas as procurarmos por si mesmas.
-
É algo a ter cuidado.
-
A meditação tem má reputação por causa disto.
As pessoas
-
veem-na como uma técnica para descontrair,
para encontrar paz,
-
felicidade...
Torna-se numa ferramenta.
-
Tipo "como criar uma startup":
-
“Faz isto e encontras a paz.”
Mas não funciona assim.
-
Aqui, a forma como abordamos a meditação
-
é como uma forma de ser.
Um modo de vida.
-
Então, acontece logo ao acordar.
Não está limitada à sala de meditação.
-
É uma atitude.
Uma forma mais ampla de ver o nosso lugar
-
como seres humanos.
É mais do que
-
apenas o drama humano,
do que as coisas não correrem como queremos.
-
É por isso que a meditação, muitas vezes, "falha".
Porque fica presa nesta
-
caixa de “usar para obter algo”.
-
Mas na tradição zen, sabem?
Dizemos que, se o obtiveste,
-
tens de o largar.
Isso é terrível, certo?
-
Encontras paz...
e depois tens de a largar.
-
A sério?!
-
Mas a tradição zen é assim.
-
Sabes o que se diz?
"Se encontrares o Buda,
-
corta-lhe a cabeça."
Esse é o espírito do Zen.
-
O que quer dizer que, até mesmo
-
a paz, a felicidade,
-
a transformação, a cura—
se os tornas num objeto
-
a agarrar, então estás
-
só a aplicar o mesmo padrão
-
de apego,
só que agora na meditação.
-
Por isso, frescura.
Montanha.
-
Estas são qualidades para levar ao longo do dia, certo?
-
E há outra qualidade
-
a que devemos prestar atenção:
A nossa liberdade. A nossa leveza.
-
Estamos livres?
Estas são coisas que podemos reconhecer.
-
E, por fim, a quarta qualidade:
A clareza.
-
São qualidades que
-
treinamos e cultivamos como meditadores.
-
Assim como os jogadores de basquetebol
-
praticam dribles e lançamentos,
milhares de vezes.
-
Aqui, treinamos para ser uma montanha.
Isso significa que não somos arrastados
-
pelas nossas emoções, pelo nosso passado, e assim por diante.
-
Reconhecemos o todo.
Tornamo-nos mais resilientes.
-
Não temos medo do sofrimento.
Não temos medo do desconforto.
-
Não temos medo de alguém nos irritar.
-
Hmmm, embora às vezes gostássemos que algumas pessoas fossem um bocadinho menos... bem, sabem?
-
Faladoras, menos faladoras
-
Reconheces: "Ah, ok!"
E tornas-te resiliente
-
ao teu próprio tipo de julgamento, percebes?
-
Isso é resiliência. Não tentas livrar-te disso.
-
Mas aprendes a ser amigo disso, e pode até ser
-
uma condição para ter aquele "aha, é por isso que
-
continuo a pensar assim, é a minha mãe!"
-
Sabes, "agora vejo, é por isso que quero sempre
-
ser o primeiro a falar,
-
porque na minha família
ninguém me ouvia!"
-
Esse tipo de percepção é o objectivo
-
de tudo isto. E quando tens essa percepção,
-
ninguém
te pode tirar isso.
-
E isso é uma verdadeira felicidade espiritual.
-
Lá fora, não ensinam isto,
-
não há lugares
para treinar isto.
-
E...
-
Aqui treinamos para ser uma montanha,
-
para estar fresco, certo? E estas coisas
-
têm de ser treinadas.
Não é o tipo de treino que tivemos
-
nos últimos 30, 40, 50, 60 anos.
-
Na nossa família, na sociedade, o ensino foi um pouco
-
desequilibrado. Tornamo-nos um pouco egoístas
-
através da nossa educação
-
e da nossa vida profissional,
certo? Sempre a gerir orçamentos,
-
projectos, objectivos. Fomos
-
treinados de forma muito diferente.
E, nesse processo,
-
ficamos espiritualmente esgotados.
-
A nossa plenitude, a nossa bondade e a
-
nossa clareza
ficam comprometidas.
-
Quando estamos aqui,
-
reaprendemos
-
a ser resilientes, a encontrar frescura, a ser uma montanha.
-
E estas coisas começam a andar juntas.
-
A começarmos a ver as coisas com clareza.
-
Por exemplo, começas a reconhecer:
"Isto é desejo.
-
Gosto disto. Estou a pegar mais do que preciso."
-
Essa é uma percepção.
Ou "Isto é evitamento".
-
"Isto é julgamento".
E começas
-
a chamar as coisas pelo nome.
-
Isso é liberdade.
Não nos
-
iludimos mais. Não dizemos "Sou uma pessoa boa"
quando, na verdade,
-
somos muito egoístas.
Olhamos e dizemos: "Uau, na verdade, sou apenas
-
ganancioso. Quero ser a pessoa mais simpática da sala, por isso ajo assim."
-
E reconhecemos: "Isso é ganância, não é bondade."
-
Tudo isto vem da minha experiência, certo? Mas tu vais encontrar o teu caminho.
-
Tive muitas percepções sobre mim mesmo e isso faz-me feliz.
-
Não é que me tenha tornado uma pessoa melhor.
Mas agora digo:
-
"Ok, eu faço isto."
-
E com sorte, começas a levar as coisas com mais humor.
E é aí que entra a resiliência.
-
Não te julgas.
Não te castigas.
-
Bem, no início eu castigava-me.
Tentei muito e sofri muito.
-
Cavei um buraco e depois tive de sair dele.
-
Por isso, digo-te, não é sempre bonito e fácil.
-
Há avanços e recuos.
-
Não prometo nada, porque não funciona assim.
-
Cada um de nós tem de passar pelas suas fases.
-
Não nos culpem.
-
E se "bateres numa parede" esta semana,
-
está tudo bem.
-
Na verdade, é óptimo passar por isso aqui, num mosteiro.
-
Porque é um bom lugar para descobrires algo sobre ti.
-
E, honestamente,
-
fiquei grato por estar numa comunidade
-
quando cheguei ao meu limite.
-
Quando começas a ver muitas coisas sobre ti ao mesmo tempo.
-
Aqui aprendemos a transformar o sofrimento.
-
A dor, o trauma, todos os diferentes nomes que damos ao sofrimento.
-
Transformamos isso em flores de lótus. Ou pelo menos, reconhecemos
que estas coisas precisam umas das outras.
-
Não temos medo do sofrimento.
Nem da irritação,
-
do julgamento, da auto-sabotagem.
-
Chamamos a isso "lama".
E a atitude não é
-
livrar-nos dela.
-
Mas compreendê-la.
-
Saber porquê. Descobrir a causa.
-
E assim não nos libertamos dela, mas aprendemos a lidar com ela.
-
É como apanhar o "joker" escondido no baralho.
-
Perceber onde ele está.
-
E tornamo-nos amigos disso. Sentamos e tomamos um chá com isso.
-
E isso deixa de nos incomodar.
Não se trata
-
de reprimir ou empurrar para longe.
-
Mas de aprender a abraçar. O nosso professor dizia:
-
"Acarinha-o."
-
Aprender a entender porquê
-
o "bebé interior" chora e pede atenção.
-
E quando somos sólidos, frescos,
-
temos uma mente clara,
-
e não somos dominados por isso,
-
então podemos compreender.
Esse é o treino
-
básico que fazemos aqui.
E não é fácil. Coisas vão surgir.
-
Porque temos 30, 40, 50 anos de treino diferente
-
dos nossos pais,
-
irmãos, sociedade, educação...
-
Dá-te pelo menos 50 anos para isso,
-
certo?
Mas é possível.
-
Requer esforço, treino,
-
paciência, tempo.
-
Eu não gosto de dizer isto porque faz parecer que
queremos atingir algo.
-
Mas há uma prática, um modo de estar no dia
-
a dia que contribui para isso.
-
Dia a dia. Não é... criar uma agenda
-
e daqui a três meses livraste-te disto, daqui a um ano conseguirás aquilo.
-
A nossa prática é muito orgânica.
-
E acontecem surpresas.
-
O que é maravilhoso.
-
Aqui temos
-
muitas práticas para
-
criar esse espaço.
-
Para regressar a nós mesmos e verificar o que se passa.
-
Isso é a essência do que fazemos aqui.
-
Seja a trabalhar, a sentar, a caminhar, a comer, a falar.
-
Mesmo a evitar e a esconder-se é aceitável.
-
Desde que haja consciência disso.
-
"Ok, sei que estou a fugir. Sei que não gosto de pessoas."
-
"Sei que não gosto de pessoas. Vou para o meu quarto"
-
Isso é mindfulness.
Aqui, está tudo bem.
-
"Eu vou fugir. Eu vou ser montanha". Estas pessoas tiveram
-
o suficiente. Mas lá fora é apenas um hábito.
-
Aqui?
-
Agora, quando compreendes de onde vem
-
e não és perturbado por isso, então pensas "ok, vou escolher
-
treinar para estar presente, certo?"
-
E essa é a escolha, e é aí que acontece
-
o recondicionamento. E eu tive de fazer tudo isso. É ótimo.
-
Quer dizer, se gostares. Se tu... eu imagino que é por isso que estás aqui,
-
para conhecer quem somos, alguns dos nossos hábitos e para
-
ver o que é útil e o que não é. E assim, quando
-
comemos, comemos em silêncio.
-
É para reconhecer a comida e desfrutar
-
da refeição. Porque lá fora, apressamo-nos a comer, então o
-
hábito de ver a refeição é, sabes, apenas
-
encher o estômago para podermos continuar com a nossa vida.
-
Aqui, reconhecemos que a comida é um presente das pessoas
-
que a cozinharam, das pessoas que a colheram. Então aprendemos que, na verdade,
-
é uma forma de comunicar com aqueles que dedicaram a sua energia.
-
Os agricultores, a mãe natureza, as estações do ano, o sol.
-
Assim, voltamos a treinar para nutrir a nossa gratidão.
-
Cada refeição começa com cinco contemplações para nos lembrar,
-
para nos reeducarmos, sobre a nossa atitude
-
e a nossa abordagem à comida que nos sustenta
-
e à água que bebemos.
-
Então, quando comemos, quando bebemos, tem essa mesma atitude.
-
Tipo, hmmm, valorizar.
-
Essas coisas que nos mantêm vivos, que nos ajudam
-
e nos dão a oportunidade de praticar, certo?
-
Então, ao comer, cada um de nós vai servir-se
-
em silêncio também, percebes, para que haja
-
um pouco dessa contemplação. E no
-
mosteiro, os monges, os noviços... treinamos
-
como estar na fila e o pensamento mental
-
que temos, tipo "não, o meu estômago está vazio".
-
Tenho um prato, uma tigela e estou prestes a receber comida.
-
Então evocamos toda essa gratidão e como
-
somos sortudos por ter uma refeição, por estarmos na fila.
-
É por isso que fazemos tudo em silêncio. E quando servimos,
-
também estamos a nutrir. Criamos uma nova relação com a comida.
-
Porque é uma parte tão presente, uma atividade essencial nas nossas vidas,
-
e isso também é meditação.
-
E quando nos sentamos, encontramos um lugar para sentar
-
e esperamos, começamos juntos.
-
E vais ver, tudo isto que acabei de partilhar contigo
não vais lembrar-te de tudo.
-
Mas há uma coisa que deves lembrar: observa.
-
Assim, também aprendes a estar em comunidade.
-
Estamos sempre tão focados na nossa pequena realidade, sabes? Estamos sempre
-
na nossa bolha, mas também treinamos para
-
estar atentos ao que está a acontecer à nossa volta, ao que as pessoas estão a fazer, e
-
basta seguires, imitares. E porque é que isso é útil?
-
Esse tipo de atenção, de consciência, também é meditação.
-
Estás consciente do teu ambiente, e isso é
-
uma das coisas mais incríveis para treinar. Entras numa sala
-
e sentes a energia. Quando voltares para casa, terás essa
-
sensibilidade. Isso vai ajudar-te nas tuas relações,
com os teus filhos,
-
o teu parceiro, os teus pais, os teus familiares.
-
Ajustas-te, percebes? É incrível.
-
Então, quando estiveres aqui
-
e te perguntarem "O que devo fazer?",
não esperes que alguém te diga.
-
Tenta perceber intuitivamente.
-
É assim que treinamos no zen, percebes?
-
Porque estamos tão habituados a instruções, horários,
-
procedimentos.
O que é ótimo! Sim, devemos saber
-
o que fazer e o que não fazer. Mas quero apenas que saibas que,
-
por trás de tudo isso, está a atenção.
Onde é que as pessoas se estão a reunir?
-
No mosteiro há muitas reuniões. Quando ouves o sino, geralmente significa que faltam 15 minutos
-
para uma reunião. Então pensas "Onde estão as pessoas a ir? Ah, ok"
-
E depois vais e verificas. Isso é um ótimo treino.
-
Tive de aprender isso, sabes? Nem precisas de olhar para o relógio.
-
Ouve o sino. Esperemos que os monges sejam pontuais.
-
Mas lembro-me de aprender a não olhar para o relógio
-
ou para o tempo. É uma forma mais humanizada de treinar,
-
de ouvir o sino
-
e saber qual é a próxima atividade.
-
E assim começas a fluir mais.
-
Em vez de "Ok, o que vem a seguir?",
tornando tudo muito
-
automático e mecânico.
Digo isto com
-
uma ressalva, porque, claro, precisas de seguir o horário
-
e saber as horas. Mas estou a partilhar contigo que,
-
se ficares aqui mais dias, tenta o treino avançado:
-
não olhes para o relógio. Porque quando voltares para casa, isso será incrível,
-
vai tornar-te mais atento às pessoas.
-
Talvez já o sejas em casa, mas
-
no trabalho ou até na estrada, no supermercado, ficas mais
-
consciente da energia e podes contribuir
-
sem deixá-la afetar-te.
-
Isto é um tipo de treino também. E esta é a vantagem de estar numa comunidade.
-
Se vais a um estúdio de meditação ou a uma loja, sentas-te numa almofada
-
e é tudo muito individual.
-
Mas num mosteiro, com muitas pessoas, podes treinar
-
a ser esse ser social, dinâmico.
-
E isso é muito útil.
-
Começas a perceber como o ambiente te afeta.
-
Faz sentido? Sim.
-
Isso inclui a alimentação, a meditação também.
-
Entrar... É difícil estar em silêncio.
E isso é outra coisa: estar consciente
-
de como te relacionas com o som. Como fechas a porta.
-
Como movimentas a cadeira.
Tenta pensar
-
em não fazer barulho,
porque isso torna-te
-
mais sensível, atento e cuidadoso.
-
Quando fazes isso com as portas, os sapatos,
-
começas a fazer o mesmo com os relacionamentos, contigo mesmo.
-
Mais carinho, mais gentileza, não bater a porta.
-
Percebes? A transferência.
-
Então, a alimentação. Quando entrares para a meditação sentada,
-
tenta chegar a horas, sentar-te
-
e prestar atenção para não perturbar os outros.
-
Como te moves, como te sentas, sabes?
-
Mas se vires alguém a fazer isso bem, isso também é inspirador.
-
Talvez hoje sejas tu, amanhã será outra pessoa.
-
E essa pessoa pode tornar-se um bom exemplo para a prática dos outros.
-
A ajeitar a sua túnica de novo, sabes?
-
Sim, então tudo é positivo, certo?
-
Mas tenta chegar a tempo. De manhã, sentamo-nos às 5h45.
-
É cedo? Não são 6h, certo? 6h era para o retiro.
-
5h45, então provavelmente é bom chegar uns
-
10 minutos antes, encontrar a tua almofada e
-
podes sentar-te em qualquer lado. Acho que as irmãs, as
-
freiras, têm alguns convidados esta semana também, mas sim, encontra um lugar
-
e acomoda-te. E na meditação sentada,
-
a atitude é estar presente
-
e simplesmente desfrutar de não fazer nada.
-
Não há um objetivo, não estás ali para alcançar nada, percebes?
-
Estás ali apenas para resistir à maior parte da sociedade,
-
que está sempre ocupada.
Então a nossa escolha de ficar quietos
-
é algo nada produtivo.
Não é bom para a economia.
-
É terrível para a economia, sabes? Mas é como...
-
há algo mais que vale a pena, certo? Então é isso que estás
-
a ajudar e a contribuir, simplesmente
-
ao sentar-te.
-
Não tenho que fazer nada. Apenas seguir a minha respiração.
-
Vês como, de repente, essa atitude... Estava a dizer, sabes, ficas tipo
-
"Uau, estou vivo! Um dia estarei no
-
hospital."
De qualquer forma, isso é o olhar profundo e a reflexão,
-
que é outro aspeto da meditação. Então, não é só parar e
-
sabes, estar calmo, estar em paz. Mas depois,
-
quando tens esse hábito, acalmas-te
-
e consegues olhar com clareza.
-
E assim, quando emoções, coisas surgem, também olhamos,
-
contemplamos e acolhemos sentimentos,
-
pensamentos, noções, emoções, julgamentos.
-
Então, a meditação tem esse aspeto de induzir
-
insight, tipo "ah, sim, agora percebo."
-
"Agora sei porque estou nesta situação."
-
Percebes? E até tem como... podes ensaiar, ok?
-
"Hoje vou falar com ela e
-
vou partilhar de forma gentil." Visualizas isso.
-
É incrível. Agora fazem isso no desporto. Aprenderam connosco.
-
Já ouviste falar, como é que se chama?
-
Phil Jackson? Sim, ele começou a meditar.
-
Ensinou o Jordan a meditar. É muito fixe, não é?
-
E foi assim que eles se tornaram tão bons.
Não fiques preso
-
ao lance que falhaste, fica no momento presente.
-
Não penses, percebes? Então, na meditação, podemos usar
-
alguns momentos para refletir sobre
-
certos assuntos.
Por isso, lembra-te disso, ok?
-
A meditação, esta atividade que fazemos, e todas as atividades que fazemos,
-
servem para refletir sobre o que estamos a fazer e estar presentes nessa
-
atividade.
-
Então, a maioria das atividades no nosso
-
treino é para estar presente nelas e
-
permanecer nelas. Quando estás distraído, permaneces, e assim
-
desenvolves a concentração.
-
E quando crias esse hábito,
-
podes aplicá-lo a muitas coisas. Quando estás a falar,
-
quando estás a ouvir,
-
trazes essa atenção plena. "Estou a ouvir, ah, ok."
"Agora estou a comentar, ok."
-
"Gosto." "Não gosto, ok." "Estou a comparar, ok."
"Ah, ele soa como..." "Ah, na verdade, ele é bastante..."
-
Então reconheces quão bom ouvinte és.
-
E o quanto és um comentador.
-
E, na verdade, se saíres daqui numa semana,
-
a qualidade da tua capacidade de escuta, isso já é um grande ganho.
-
Já valeu a pena. Todo o resto é lucro.
-
Desculpa usar estes termos, benefícios. É extra.
-
Então isto é...
-
Sim, e também é divertido. Eu... só para mim mesmo...
-
Eu era demasiado sério, queria ser tipo
-
um monge de atenção plena 100%, 24 horas por dia.
-
E... o meu fígado endureceu
-
com o tempo. Pensaram que eu tinha cancro.
-
Mas eu sabia que era apenas a rigidez da minha mente a tentar alcançar algo outra vez.
-
E fui treinado no sistema escolar. Como estar no...
-
o quê? No topo da curva? No limite da curva? Como é que se chama? No topo da
-
curva? É tipo, à frente da curva? Sim, a curva de sino.
-
Fui intensamente treinado nisso.
-
Passei por um sistema escolar onde era... era tudo em que pensavam.
-
Então tentei fazer isso como monge.
-
Por isso, estas são coisas das quais devemos ter cuidado.
-
O nosso esforço.
-
Sentar. A atitude ali é simplesmente não fazer nada.
-
Mas desfrutar estar vivo e, na verdade,
-
é um privilégio porque a maior parte da sociedade não pode fazer isso.
-
Então fazemos isso por eles.
-
Sentar em silêncio e ser improdutivo.
-
E não sentir culpa por isso.
-
E não tens que dar desculpas, justificar-te perante os teus pais,
-
os teus amigos.
-
E precisamos de mais disso na sociedade. Está tudo tão ocupado.
-
Sim, e não temos tempo para cuidar de nós mesmos.
Então, quando temos tempo,
-
apenas para sentar e amar-nos, cuidar de nós mesmos.
-
E não ter que provar nada aos nossos pais,
aos nossos
-
entes queridos, ao nosso parceiro.
Estamos a fazer isso por eles.
-
Porque quando somos mais aceites por nós mesmos,
-
somos simplesmente uma pessoa mais agradável.
Tornei-me uma pessoa mais simpática.
-
Já não andava por aí a tentar... sabes, o que é? Andar com um peso nos ombros?
-
Estou sempre a competir com os outros, conheces isso?
-
Os jovens dizem uma coisa agora chamada "upping".
-
"Um a mais", sim, encontras um novo parceiro e depois dizem...
-
a minha sobrinha diz: "Esse é o teu novo namorado? Estás a ‘upping’ ou...?"
-
Não sei, é a forma como eles falam.
E às vezes, quando falamos...
-
e eu... percebi isso. Gosto de ser aquele que sempre tem
-
a coisa mais inteligente para dizer ou... é tão tenso.
-
E quando percebi que era assim, pensei: "Uau, por que faço isso?"
-
"Por que é que eu... por que é que eu tenho...?" e é doloroso fazer isso.
-
Quase que pisas noutras pessoas.
-
E de certa forma, sabes, é como se quando conseguimos parar, sentar
-
e ficar em silêncio e simplesmente apreciar o sol, as nuvens...
-
É uma forma de simplesmente estar confortável.
-
À vontade connosco mesmos.
Isso é amor. Estamos a aprender
-
a amar-nos e a celebrar.
-
Sabes, tenho lido e estudado muito
sobre as diferentes disciplinas da ciência.
-
E isso tem-me tornado muito mais consciente
-
do quão incrível é ser um ser humano.
-
E só estamos nesta consciência
-
durante 80, 90 anos, se tivermos sorte.
-
Não é um milagre? Depois disso, tornamo-nos tipo uma flor ou
-
cinzas ou, sabes, erva daninha ou fungo ou talvez um cogumelo.
-
Mas agora, sabes, é como se...
temos a oportunidade de explorar coisas, sabes?
-
E partilhei da última vez que falei, como Richard Feynman disse:
-
somos tão sortudos por estarmos nesta escala em que
-
nos manifestamos neste momento particular.
Vou repetir-me, sabes?
-
E não... porque nesta escala, conseguimos realmente desfrutar do infinitamente pequeno
-
e do infinitamente grande.
-
Não é incrível? É como dizer: "Uau, os teus olhos estão nesta escala particular".
-
Consegues desfrutar disto, da flor.
-
E depois podes realmente começar a olhar para as células.
-
E não é incrível? E depois mover-te para
-
os sentimentos emocionais, como sentir dor.
-
Quando alguém diz algo.
-
Eu sei que não parece muito útil.
-
Mas como meditador, podes realmente pensar: "Uau, isso foi doloroso".
-
E aprender a estar com isso. Quando meio que nos tocamos internamente,
-
aprendemos a ficar confortáveis com isso.
-
E a não disparar outra flecha.
-
Então começamos a ver tudo isso.
E estas são
-
algumas das minhas realizações, alguns dos meus hábitos.
-
E recebi isso da minha família.
Então, estas são coisas que,
-
quando nos sentamos, estamos a sentar-nos para cuidar de nós mesmos,
-
amar-nos. E quando fazemos isso, estamos a fazê-lo pelos nossos entes queridos.
-
E fazer isto por todos aqueles que não o conseguem fazer.
-
Por aqueles que não têm escolha, por causa da sua situação.
-
Por isso, o que fazemos aqui não é egoísmo. Na verdade, é algo bastante... é…
-
E quando partirmos, seremos uma pessoa mais gentil.
-
E as pessoas à nossa volta vão beneficiar da nossa energia, da nossa bondade,
-
do nosso cuidado. Portanto, isto é…
-
Espero, para ti, que aquilo que precisas de encontrar —
-
que ao tocares nisso aqui, consigas reabastecer-te durante o teu tempo aqui.
-
E tal como partilhei, estes hábitos diferentes que temos, também podem ser reeducados.
-
Aqui podes encontrar algum alívio. Talvez estejas sobrecarregado, exausto…
-
Podes encontrar um pouco de descanso. Mas também espero que consigas
-
reconhecer um hábito que tens, e que o possas reeducar.
-
Seja o medo das pessoas, o julgamento, a inquietação…
-
ou seja o que for — tensão, o que for que carregas como hábito
-
no corpo, ou na mente.
-
Estas duas dimensões — corpo e mente.
-
Temos hábitos — e estamos constantemente a pensar.
-
Esse é o hábito mais difícil de todos. Não estamos habituados
-
a não pensar. Eu perguntei a um jovem, partilhei isto com ele
-
e ele olhou para mim e disse:
"O que é que vai acontecer se eu parar de pensar?"
-
Como se… como se não soubesse o que isso era.
-
Eu compreendi-o totalmente. Mas ele estava com medo, como se
-
algo fosse acontecer.
-
Foi assim que ele colocou a questão. E é verdade,
estamos tão habituados
-
a comentar constantemente tudo, sabes?
-
Quantos de vocês têm parceiros? Vivem com o vosso parceiro? Ok.
-
Isso acontece muito. Cada pequena coisa…
-
comentário, comentário de volta — não é sustentável.
-
E aprendemos a…
-
bem, isso é um presente que oferecemos à nossa relação.
-
É amor. É cuidado. Quando não comentamos.
-
É como dizer "Amo-te", e eles sentem-no. Tipo,
"Ok, amor..."
-
"O que se passa? Foste uma semana ao mosteiro e agora estás em silêncio?"
-
Então… "Amo-te tal como és."
-
As pessoas partilharam isto connosco. E é como… uau, é um milagre.
-
Poder simplesmente… não comentar. Enfim,
-
coisas para reeducar. Hábito, está bem? Escolhe um.
-
Reconhece um hábito teu que não ajuda,
-
que te causa sofrimento a ti e a outros — e reeduca-te aqui.
-
Lembras-te do basquetebol? Isso vai ajudar-te.
-
É só uma semana — consegues fazê-lo. Tens muitos outros hábitos.
-
E todos eles foram aprendidos também, por isso…
-
Espero mesmo que consigas perceber isso.
-
E o sino, como partilhei. Quando ouvires o sino,
pára o que estás a fazer.
-
No início parece um pouco mecânico, mas foi um insight do nosso professor
-
sobre como funciona a nossa sociedade.
-
Somos tão reativos ao som — especialmente ao som do telemóvel.
-
Ele aciona-nos, stressa-nos.
-
Vivemos numa sociedade com tantos sons que nos fazem
-
reagir como ratos. Desculpem, não é uma crítica,
-
mas andamos sempre a correr, não é?
-
E então o sino. Ouves o sino — é um convite à presença.
Ouves
-
o carrilhão do relógio — vais ver, da primeira vez que o experienciar,
-
vai parecer estranho, vai ser tipo “uau”, certo?
-
E reconhece que todos estão a fazer o mesmo — a parar.
-
Estamos a reeducar-nos. Somos animais de hábitos.
-
Então mais vale desenvolver bons hábitos. Como parar.
-
Bons pensamentos. Pensamentos frescos. “O que está a acontecer?”
-
"Porque estou a correr?" Vês?
-
Meditação. Cada momento pode ser uma meditação.
-
Se pararmos, respirarmos.
É por isso que treinamos a respiração.
-
Porque se torna a base, não é?
-
Do Ré Mi Fá Sol, certo? Dominas isso...
-
Consciência da respiração.
-
Respiras e reconheces: estou sentado.
-
Estou a correr. Estou a caminhar com calma.
-
Por isso, sempre que ouves o sino, é isso que
-
estamos a treinar. Vês os monges, e as pessoas aqui que
-
estão a fazê-lo — e o silêncio pode às vezes ser desafiante,
-
especialmente em lares onde isso era difícil
-
como fazer uma refeição em silêncio
-
ou simplesmente o silêncio no geral — pode ser desconfortável.
-
Se vens de uma família com muito barulho, como a minha...
-
quando havia silêncio na minha família, significava que alguém estava chateado.
-
E aí eu ficava com medo, à espera de ouvir uma porta a bater.
-
Por isso, o silêncio pode ser um gatilho, mas
-
aqui, treinamos para que o silêncio seja um espaço de descanso.
-
E prestamos atenção ao milagre…
-
aos pensamentos frescos, neste planeta Terra.
-
Sabes onde está a Lua? Está a nascer nova.
-
Onde está? O sol pôs-se, por isso está por ali...
-
Esta lua nova — ficas consciente de que
-
também és um planeta. É incrível.
-
Se meditares o suficiente, ficas ciente de onde ela está
-
constantemente. E esse tipo de consciência…
-
já não é humana.
-
E isso ajuda-nos. Tira-nos do nosso...
-
“assunto”. Do que quer que estejamos a lidar. Então, quando ouvires o sino,
-
simplesmente pára. E traz alguma perspectiva.
-
E se treinares isso, podes usá-lo quando regressares a casa.
-
Quando estás num semáforo. Quando ouves uma sirene.
-
Quando ouves um pássaro. Tudo — se treinares,
-
pode tornar-se um sino. Um sino grande para ti.
-
“Preciso mesmo de dizer isto?” Vês? Passa a ser
-
um hábito de questionar: “O que estou a fazer?” e “Porque
-
é que estou a fazer isto?”
-
E isso é tão útil — essas duas perguntas: O que estou a fazer?
-
Porque estou a fazer isto?
-
Está bem? Pronto. Talvez precisemos de um vídeo, não achas?
E como eu disse, ter uma abordagem diferente...
-
isso é o segredo para estar em relações.
-
Sabes, mas isto exige treino, porque infelizmente as pessoas que mais amamos
-
sabem exatamente onde estão os nossos botões mais sensíveis, os nossos pontos fracos, certo?
-
Por isso, precisamos de nos tornar resilientes — como uma montanha. É como...
-
"Sim, querido(a), eu também te amo!"
-
Sabes, é tipo...
-
enfim, não me quero alongar nisso. E em relação ao trabalho, deixa-me...
-
partilhar sobre isso. Trabalhar é também uma oportunidade
para treinar o hábito
-
de sermos produtivos, rápidos, e por aí fora.
-
Não vou falar sobre tudo agora — o silêncio, as refeições,
-
as atividades. Espero que... já não faço orientações
-
há muitos anos e esqueci-me completamente
-
do que preciso cobrir. No quarto partilhado, quantos estão a partilhar quarto?
-
Sim, sim. Isso também faz parte da nossa vida em comunidade.
-
E há sempre algum ajuste a fazer, claro. Porque estamos tão habituados
-
a ter o nosso espaço, o nosso quarto. Então, de certa forma,
-
é também um processo de re-culturalização — de reaprender a
-
estar com pessoas, a conhecer pessoas
e a partilhar o espaço.
-
A sermos sensíveis e a cuidarmos uns dos outros. E isso...
-
é uma qualidade belíssima de
-
viver em comunidade.
-
E é algo que, de certa forma,
perdemos um pouco com a forma
-
como a sociedade e as escolas nos educam: para sermos individuais,
-
para ficarmos na nossa bolha, cuidarmos apenas da nossa vida
-
e por aí fora.
Mas aqui vivemos em comunidade.
-
Estamos conscientes uns dos outros e sim, tornamo-nos
-
mais sensíveis às necessidades e ao bem-estar dos outros.
-
Isto também faz parte da nossa prática.
-
Não é só meditação solitária. A nossa tradição não é
-
reclusa, nem separada.
-
É para nos re-socializarmos. Aprender a estar com
-
outras pessoas. Muitos de nós têm um pouco — especialmente
-
nos últimos anos — ansiedade, medo...
-
E isso está tão…
-
ligado à nossa infelicidade. Quando não
-
nos conectamos com os outros. Quando não
-
vemos os rostos uns dos outros, não trocamos olhares.
-
Por isso, aqui, quando treinamos,
-
claro que não queremos invadir o espaço de ninguém, mas quando somos
-
sensíveis, podemos ser um
elemento na sociedade
-
que resiste a essa tendência.
-
Partilhei isto há pouco tempo. Estava a almoçar sozinho,
-
tinha ido ao dentista e depois fui comer um
-
impossible burger, um hambúrguer daqueles grandes.
-
Estava tudo cheio, mas ninguém falava com ninguém.
-
E eu sentei-me, e senti uma solidão a vir ao de cima.
-
Há muito tempo que não sentia aquilo.
-
E foi porque, lá fora, as pessoas acham estranho se
-
falar com elas. Sabes o que quero dizer?
As pessoas estão tipo…
-
sabes... todos
com as suas cenas, e ninguém
-
fala com ninguém. Mesmo os casais, lembro-me de um
-
à minha frente — estavam os dois a comer, mas
-
cada um agarrado ao seu dispositivo.
Portanto, na sociedade, precisamos de mais...
-
E então, quando ando por aí
-
recentemente estava a passear, onde foi mesmo?
-
E vi pessoas mais velhas, e tento falar com elas, dizer "olá".
-
Encontrei uma mãe e um filho e ele dizia "mamã, mamã"...
-
e eu parei mesmo à frente deles e disse "Sabes quem eu sou?"
-
E o rapaz respondeu "Mamã..."
-
E a mãe disse "És um monge?"
-
"Sim, a tua mãe contou-te isso?" "Sim."
-
E então, vês? Podemos ser
um elemento
-
de atenção plena. De presença.
-
E isso contribui, equilibra a ansiedade, o medo...
-
E todas as notícias, NPR, a política,
todas essas coisas que nos dividem
-
e nos fazem acreditar que isso é o mundo.
Mas, na verdade, é só aquilo que nos é mostrado.
-
Eles moldam a nossa mente.
Precisamos de tomar conta das nossas 24 horas.
-
E sair para o mundo e interagir. Como é que estamos no elevador?
-
Sabes? E é até engraçado... olhas à volta e
-
começas a reconhecer pessoas. Quer dizer, aviso:
-
faz isso por tua conta e risco!
Mas eu já tenho uma aparência invulgar,
-
então
as pessoas perdoam-me mais facilmente, percebes?
-
Já pareço estranho, por isso posso fazer coisas estranhas!
E é ótimo no elevador.
-
Já experimentaste? Não faças — mas eu posso fazer.
Fico a olhar à volta...
-
E às vezes alguém sorri. E isso, para mim,
-
já faz com que a viagem de elevador valha a pena.
-
Enfim, isto é…
tão maravilhoso.
-
Não deixes os meios de comunicação moldarem
-
a forma como pensamos sobre o que é ser humano.
-
Portanto, ao praticarmos aqui, podemos
-
gerar essa mente.
-
Espero que isso esteja a fazer algum sentido, ainda que pouco.
E não estamos apenas
-
a praticar para nós próprios.
Todos nós temos coisas com que estamos a lidar...
-
mas não é tão mau como muitas vezes pensamos.
-
Se agora te levassem até à Palestina, ao Butão, por exemplo...
-
perceberias que estamos, na verdade...
-
muito bem. Mas claro, temos o nosso
drama humano.
-
E estamos aqui para aprender
a relacionarmo-nos de forma diferente com ele.
-
Por isso, esperamos que esta semana, para ti, seja uma oportunidade de encontrar bons amigos,
-
encontrar comunidade e também
-
encontrar esta pessoa maravilhosa que tu és.
-
E perceber que já somos suficientes. Na sociedade.
Às vezes os nossos amigos, os nossos entes queridos
-
dão-nos mensagens um pouco contraditórias...
-
Mas somos suficientes.
O marketing, os meios de comunicação
-
o objetivo deles é fazer-nos sentir que não somos.
-
Por isso, se tocares em algo aqui,
reconhece isso.
-
E não esperes que seja outra pessoa,
-
um professor, alguém que amas…
-
Sê o teu melhor amigo.
Sê a tua alma gémea.
-
Ama-te como amarias
-
a pessoa mais preciosa do mundo, sim?
É isso que é o milagre.
-
E quando o fazes, automaticamente, naturalmente,
-
sem esforço, tornas-te uma pessoa mais gentil.
E já não precisas de
-
atrair ninguém.
Estás simplesmente feliz com quem és.
-
E está tudo bem se... sabes?
-
Não precisas de andar à procura
de reconhecimento
-
ou aceitação.
E esse é o poder da
-
meditação.
Sentirmo-nos em casa dentro de nós próprios.
-
E isso, neste momento, é
-
das coisas mais valiosas na sociedade.
Um ser humano que está em paz
-
com quem é, mesmo com o seu sofrimento...
-
Se pensarmos bem, isso é,
na verdade, a coisa mais valiosa
-
de que precisamos na sociedade, neste momento.
-
Alguém que está feliz
com a sua situação.
-
Não feliz como em "parabéns",
-
mas alguém que conhece a sua situação
e está a fazer o seu melhor.
-
E é esse o poder da prática.
-
Eu pratico, ano após ano,
-
e para mim, é isso que... aprendi,
-
aprendi a aceitar-me onde estou.
-
Não tenho medo de ainda ter isto ou aquilo.
Estou em processo.
-
É um pouco como... adoro isso... aprendi isso na escola.
-
E está sempre em processo,
por isso não tentamos "consertar-nos".
-
“Eu sou assim” — e trancamo-nos nessa ideia
-
mas "em processo" é tão bonito,
é como qualquer coisa viva.
-
Uma planta, um animal,
especialmente flores e plantas na primavera.
-
Estão sempre em processo, não é?
Regressam à terra, outono, inverno...
-
Primavera, certo? Somos cíclicos.
-
E as nossas emoções também.
É como o inverno, tudo bem...
-
Às vezes temos mais de quatro estações num só dia — e está tudo bem.
-
É maravilhoso.
-
Espero que consigam
tocar um pouco nisso.
-
Obrigado por ouvirem
e por sorrirem por detrás das vossas máscaras.
-
Tão bonito, sabem?
Não precisamos da boca
-
para sabermos que estamos a sorrir.
Porquê?
-
Não é incrível? É como “uau”.
-
Então o que mais precisamos para saber
que estamos a sorrir, não é?
-
É tão bonito. Ver os vossos olhos, sabem?
-
Por isso, sim... Espero que encontrem
bons amigos aqui.
-
Conectem-se. E agora vamos criar mais comunidade.
E isso vai ter um impacto, sim.
-
Os irmãos estão tão entusiasmados, é tipo:
“Há 27 pessoas a vir!”
-
“Uau, que maravilha” — então nós, sim...
-
É por isso que, quando partirem daqui
daqui a uma semana, porque nós não voltamos com vocês
-
vocês é que regressam e é isso que importa:
27 pessoas a sair daqui
-
com rostos sorridentes
e a conhecerem-se melhor.
-
Para nós, isso dá muito mais sentido
às nossas vidas.
-
Ver-vos a praticar e a serem
-
verdadeiramente quem são.
-
Obrigado. Podemos terminar aqui
com uma canção.
-
Podemos cantar? Eu canto uma frase
e vocês repetem,
-
para quem é novo:
-
A felicidade está aqui e agora.
-
A felicidade está aqui e agora.
-
Deixei cair as minhas preocupações.
-
Deixei cair as minhas preocupações.
-
Nenhum lugar para ir,
nada para fazer.
-
Nenhum lugar para ir,
nada para fazer.
-
Já não tenho pressa.
-
Já não tenho pressa.
-
Outra vez:
-
A felicidade está aqui e agora.
-
Deixei cair as minhas preocupações.
-
Agora há um lugar para ir,
algo para fazer.
-
Um lugar para ir,
algo para fazer.
-
Mas já não tenho pressa.
-
Já não tenho pressa.
-
Está certo?
-
Mas eu não preciso de ter pressa, sim?
É muito parecido.
-
Essa é uma canção que vamos aprender a cantar mais vezes
e aqui canta-se muito.
-
Espero que não se importem com isso.
Quando vim ao mosteiro
-
pela primeira vez, pensei:
“O que é isto, tanto canto?”
-
Mas há muita alegria no canto,
por isso vamos
-
sentar-nos com beleza,
ouvir, e voltar ao canto da nossa respiração.
-
Podemos fechar os olhos.
Vamos ouvir três sons do sino
-
e regressamos a um sentido de confiança.
Encontrámos, de algum modo, as condições
-
para estarmos aqui, na montanha, no mosteiro.
-
Sentimo-nos gratos por todas as condições
-
que tornam esta semana possível.
-
Para quem não está habituado a este gesto,
é como uma flor de lótus, certo?
-
E é a forma como expressamos
gratidão uns pelos outros.
-
Também nos podemos cumprimentar assim.
-
Fazemos uma vénia uns aos outros, assim.
E na nossa mente pensamos: “Um pensamento fresco
-
é um lótus para ti.”
A bela pessoa que tu és.
-
É assim que nos cumprimentamos
no mosteiro.
-
Ou como que a natureza de Buda em ti está viva.
Olhamos nos olhos.
-
Reconhecemos, vemos
que são um milagre.
-
O contacto visual —
é uma qualidade tão humana.
-
É como... uau... tens essa consciência.
-
É maravilhoso. Olhas para um animal,
e eles também a têm.
-
E isso é o ser humano...
a natureza de Buda, como "uau".
-
Há também muita comunicação
no contacto visual.
-
Tanto, que às vezes até assusta —
“uau”.
-
Mas não é incrível? É um verdadeiro milagre.
Por isso, fazemos uma vénia assim.
-
Fazemos esse mesmo gesto
quando nos levantamos, depois de quase todas as atividades.
-
E fazemos uma vénia uns aos outros
para expressar essa qualidade que todos temos e partilhamos.
-
Mostramos gratidão por isso.
E depois viramo-nos para o altar,
-
que representa todos os nossos mestres,
os nossos mestres ancestrais, todas as pessoas belas
-
que desenvolveram e, de certa forma,
sustentaram esta tradição.
-
Basicamente todos os humanos que vieram antes,
que cultivaram esta consciência
-
e agora chegou até nós e estamos a aprendê-la.
É uma forma de gratidão por todos os mestres
-
que vieram antes de nós.
É isso que significa esse gesto.
-
Estes são pequenos sons do sino
que nos ajudam a levantar-nos,
-
e ficamos de pé atrás da nossa almofada.
É também uma forma de expressarmos gratidão à almofada e ao tapete.
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Por, de certa forma, tornarem
as nossas joelhos e os nossos pés um pouco mais confortáveis, não é?
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E a almofada ajuda-nos a sentar.
E esta almofada já ajudou muitas pessoas
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a terem momentos de “aha”.
Mesmo com os objetos materiais,
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aprendemos a respeitar. É como:
“porque é que fazes vénia a uma almofada?”
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É que... sabes... naquela almofada, ali mesmo,
alguém já se sentou e chorou
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pela primeira vez, sabias?
Por isso também fazemos vénia à almofada.
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E a tudo, na verdade.
Podes fazer vénia a uma árvore, podes fazer vénia ao céu.
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É uma forma de aprendermos a relacionar-nos
com as coisas materiais. Fazemos vénia à nossa comida.
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Há pessoas que fazem vénia à máquina da loiça,
antes de a ligarem.
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Já vi alguém fazer isso —
parou e fez uma vénia.
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E eu fiquei tipo... “o quê?”,
quase que abri a boca para perguntar,
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mas depois parei e pensei:
“ah, ok... percebo.”
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Enfim, estas são algumas das etiquetas
ou cultura do mosteiro.
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Desejo-vos um bom descanso. E talvez possamos ajudar a trazer de volta
os tapetes e almofadas.