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Learning to Love Ourselves: An Orientation by Brother Phap Dung | #9

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    (sino)
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    Quantos de vocês já meditaram antes? A maioria de vocês.
  • 0:42 - 0:43
    É por isso que estão aqui.
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    Então, esta atividade de parar e refletir
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    faz parte da jornada humana,
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    certo?
    É uma evolução da nossa espécie.
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    Chegámos a um ponto
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    em que temos algum nível de consciência.
    Homo conscius.
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    Homo sapiens.
    Estamos, de certa forma,
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    conscientes da nossa situação.
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    Por isso, somos muito abençoados por ter a oportunidade
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    de parar, olhar para nós mesmos
  • 1:15 - 1:17
    e refletir,
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    observar a nossa situação.
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    Espero que, ao longo desta semana, algumas
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    coisas venham à tona, que algo seja revelado e que tenham alguns insights.
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    Isso é o maravilhoso de ser humano,
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    que temos momentos de "Aha!".
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    Ok! (risos)
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    Esse é o nosso desejo para as pessoas
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    e para a sociedade.
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    Encontrar alívio é uma coisa, reduzir o stress
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    é outra.
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    Encontrar calma e paz também é agradável.
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    Mas o melhor é quando temos uma realização,
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    um insight.
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    Não se trata apenas de estar calmo e em paz,
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    porque nem sempre será assim.
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    Na verdade, nunca será assim para sempre.
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    Mas o que é mais gratificante e não nos abandona
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    é quando temos um insight
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    sobre nós mesmos e sobre a nossa jornada.
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    É isso que fazemos aqui no mosteiro.
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    Um espaço para compreendermos a nossa situação, a nossa vida,
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    as nossas relações, a nós próprios
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    e o que está a acontecer no mundo.
  • 2:35 - 2:38
    E tudo mais.
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    Então, esta é apenas uma pequena partilha sobre o que fazemos aqui.
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    O meu irmão e eu fazemos isto a tempo inteiro.
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    Somos como jogadores profissionais de basquetebol.
  • 2:50 - 2:54
    Vocês estão aqui a visitar, a aprender o jogo.
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    Mas nós fazemos disto a nossa vida.
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    Não somos melhores do que vocês,
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    apenas temos mais experiência.
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    Agora, vamos sentar-nos confortavelmente e ouvir o som do sino,
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    apenas para tirarmos um momento para parar.
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    Viemos da estrada, do avião...
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    Agora, sentamo-nos e tiramos um momento
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    para fazer um check-in interno.
    O meu irmão vai convidar três sons do sino.
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    Vão ouvir isto muitas vezes.
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    E sempre que ouvirem o sino, é apenas um lembrete
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    para parar e fazer um check-in.
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    Uma sensação corporal à qual podemos sempre voltar é a respiração.
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    Assim, verificamos imediatamente esta inspiração e esta expiração.
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    Observamos a qualidade da nossa respiração.
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    Depois, verificamos o nosso corpo.
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    A respiração ajuda-nos a trazer consciência de volta ao nosso corpo.
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    Por isso, sempre que ouvirem um sino, ou o relógio a tocar no refeitório,
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    ou até por conta própria,
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    lembrem-se: é um momento para parar e fazer um check-in.
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    Com a nossa respiração, com o nosso corpo.
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    E se ficarmos tempo suficiente, podemos fazer um check-in com os nossos sentimentos,
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    com as sensações da nossa mente.
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    Como nos sentimos? Se estamos ansiosos, se sentimos alguma tensão
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    ou se estamos calmos.
    Treinamos para nos habituarmos a esse processo.
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    Então, esta semana,
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    tentem tirar mais tempo para este check-in.
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    Agora, o meu irmão vai convidar o sino.
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    E quando ouvirem o sino,
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    deixem-se conectar com a reverberação do som.
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    Podemos fechar os olhos.
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    Cada um de nós tem uma energia.
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    Também temos um ritmo no nosso corpo,
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    especialmente no coração.
    O nosso corpo tem um ritmo.
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    A nossa respiração tem um ritmo.
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    Então, quando ouvirem o som do sino, pensem em sincronizar com ele.
  • 5:13 - 5:19
    Ok? O nosso corpo, por vezes, guarda tensão.
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    Por isso, a cada inspiração e expiração,
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    sincronizamos.
    Na expiração, deixamos ir.
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    Na expiração, relaxamos e libertamos.
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    O nosso corpo pode ajudar a guiar a nossa mente.
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    Sentimo-nos mais à vontade no nosso corpo.
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    E a cada som do sino – o meu irmão vai convidar três sons –
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    fazemos um check-in.
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    Observamos a qualidade da nossa respiração,
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    da nossa presença corporal,
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    da nossa consciência dos sentimentos e sensações.
  • 6:05 - 6:09
    E simplesmente reconhecemos o que quer que esteja presente.
  • 6:10 - 6:17
    Inspirando, aprecio a minha inspiração.
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    Expirando, aprecio a minha expiração.
  • 6:28 - 6:32
    (sino)
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    Agora, vamos abrir os olhos e observar à nossa volta.
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    Alguém teve um momento "Aha!"?
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    Alguém reconheceu ou percebeu algo?
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    Alguém quer partilhar?
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    Percebi os meus sentimentos... Sim, ansiedade e tensão.
  • 7:26 - 7:27
    Sim?
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    Onde sentiste isso?
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    Ah, ótimo! Isso é um "Aha!".
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    Ok.
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    Porque estou a segurar esta tensão?
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    Alguém mais reconheceu algo?
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    Sim? Viu ou percebeu algo?
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    Apenas uma situação que não consigo controlar.
  • 7:56 - 8:00
    Ahhh, maravilhoso.
  • 8:03 - 8:07
    E o sentimento é… deixá-lo estar? Deixá-lo estar, haha.
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    Obrigado por praticarem.
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    Então, basicamente, o que fazemos aqui no mosteiro é parar e aprender
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    a fazer check-in connosco mesmos.
    Lá fora, na sociedade, a forma como tudo está estruturado
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    não é muito propícia a momentos como este.
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    Não é considerado produtivo.
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    Então, quando vêm para o mosteiro, tornam-se menos produtivos e mais…
  • 8:41 - 8:45
    Não sei qual é o inverso de produtivo.
  • 8:45 - 8:46
    Mas
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    podem parar e cuidar de si mesmos.
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    Reconhecer também as coisas maravilhosas que estão a acontecer.
  • 8:57 - 9:03
    Na prática, sentir dor, sofrer, ter stress, estar sobrecarregado, sentir-se
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    esgotado – tudo isso acontece.
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    A todos nós. Até a nós, no mosteiro.
  • 9:15 - 9:19
    Mas, porque temos uma comunidade e sabemos como praticar,
  • 9:19 - 9:23
    reconhecemos que
  • 9:23 - 9:28
    também há coisas bonitas a acontecer ao mesmo tempo.
    E elas podem coexistir.
  • 9:29 - 9:33
    Não precisamos de curar
  • 9:33 - 9:37
    ou eliminar o sofrimento completamente
  • 9:37 - 9:41
    para podermos desfrutar da vida.
  • 9:41 - 9:45
    Desfrutar do que quer que estejamos a viver.
  • 9:45 - 9:48
    Essa é a
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    prática. Com o tempo, percebemos que tudo é dinâmico, está sempre a mudar.
  • 9:54 - 9:58
    E tornamo-nos mais
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    resilientes, mais capazes de lidar com as situações.
  • 10:04 - 10:08
    Desenvolvemos uma qualidade que
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    nos torna mais estáveis.
    Eu chamo-lhe ser sólido,
  • 10:12 - 10:16
    como uma montanha.
    Quem pratica aprende
  • 10:16 - 10:20
    a parar e regressar a si mesmo, tornando-se mais à vontade
  • 10:20 - 10:24
    com quem é.
    Assim, não se deixa abalar quando surgem desafios
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    ou quando as coisas não acontecem como esperado.
  • 10:30 - 10:34
    Seja na família, dentro de nós, nas expectativas da sociedade…
  • 10:34 - 10:39
    A nossa reação e a nossa atitude tornam-se
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    muito mais estáveis.
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    E, ao dedicarmos tempo para reconhecer a impermanência,
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    as mudanças e desafios, compreendemos que o drama humano
  • 10:51 - 10:55
    faz parte da vida.
  • 10:56 - 11:00
    A prática
  • 11:00 - 11:04
    da meditação e
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    da atenção plena ajuda-nos a tornar-nos mais resilientes.
  • 11:08 - 11:12
    Menos perturbados, mais estáveis, mais sólidos.
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    Essa é uma qualidade que podemos desenvolver.
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    Na meditação, ao reconhecer a nossa respiração,
  • 11:21 - 11:25
    treinamo-nos para
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    estarmos constantemente conscientes de que tudo está sempre a mudar.
  • 11:31 - 11:35
    Percebem agora porque somos como jogadores profissionais de basquetebol?
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    Lá fora, as pessoas não treinam assim.
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    Elas acham que tudo é permanente, que as coisas não mudam.
  • 11:41 - 11:44
    “Porque é que o meu ente querido está diferente hoje?
  • 11:44 - 11:48
    Não és a mesma pessoa
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    que conheci antes!”
    Mas não és a mesma
  • 11:52 - 11:56
    pessoa de há 20 anos. Nós somos
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    o hábito.
  • 12:00 - 12:04
    E, muitas vezes, não temos tempo para refletir
  • 12:04 - 12:06
    sobre a natureza das coisas.
  • 12:07 - 12:10
    A nossa respiração, de momento a momento, muda.
  • 12:10 - 12:14
    O sentimento que temos agora já não estará aqui daqui a pouco.
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    Porque simplesmente direcionamos a nossa atenção para outra coisa.
  • 12:18 - 12:20
    É isso que treinamos aqui.
  • 12:20 - 12:24
    Treinar a nossa atenção.
  • 12:24 - 12:27
    A coisas.
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    E espero que, durante esta semana,
  • 12:31 - 12:35
    tirem tempo para prestar atenção ao que está a correr bem.
  • 12:38 - 12:42
    Hoje em dia, há muita coisa nos media a mostrar
  • 12:42 - 12:46
    o que está errado. E a nossa mente humana…
  • 12:46 - 12:50
    Não sei se fomos feitos para estar conscientes de tanta coisa errada ao mesmo tempo.
  • 12:51 - 12:55
    Especialmente agora, com a internet. A nossa mentes
  • 12:55 - 12:59
    não é suposto estar atenta a tantas coisas
  • 12:59 - 13:00
    que estão erradas.
  • 13:00 - 13:04
    É como, sabes, todos os dias,
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    de manhã, à tarde... Quem aqui ouve a NPR? Sim?
  • 13:08 - 13:12
    Oh, meu Deus, eu tinha esse hábito. Sempre que ia para o trabalho,
  • 13:12 - 13:16
    de manhã, e depois voltava à tarde, era sempre as mesmas notícias.
  • 13:16 - 13:18
    Lembras-te disso?
  • 13:18 - 13:22
    E é constantemente assim, e acabamos por
  • 13:22 - 13:23
    alimentar-nos disso.
  • 13:23 - 13:27
    Dessa energia, dessa atenção,
  • 13:27 - 13:29
    focada no que está errado.
  • 13:29 - 13:33
    Então, esta semana aqui é para nos fortalecermos
  • 13:33 - 13:36
    com frescura.
  • 13:36 - 13:40
    Porque dentro de nós, há uma flor,
  • 13:40 - 13:44
    mas também há uma montanha,
  • 13:44 - 13:46
    certo? Então, frescura.
  • 13:46 - 13:49
    Ao acordar,
  • 13:49 - 13:53
    ter um pensamento fresco, percebes?
    O nosso hábito
  • 13:53 - 13:57
    de acordar mal-humorados, de bater no despertador,
  • 13:57 - 14:01
    vem do facto de termos de trabalhar das nove às cinco num emprego difícil.
  • 14:01 - 14:05
    Mas temos de o fazer. E não permitimos
  • 14:05 - 14:09
    que essa atitude nos domine.
  • 14:09 - 14:13
    Por isso treinamos para ter
  • 14:13 - 14:17
    pensamentos frescos.
    Quando somos jovens monges,
  • 14:17 - 14:21
    aprendemos estes poemas, sabem?
  • 14:21 - 14:25
    Quando abrimos a porta, quando nos levantamos da cama...
    O primeiro gatha
  • 14:25 - 14:29
    que aprendemos, pequenos poemas
    de quatro versos—ajuda-nos a orientar a mente
  • 14:29 - 14:33
    para pensamentos frescos, saudáveis,
  • 14:33 - 14:37
    nutritivos, alegres, milagrosos.
  • 14:39 - 14:43
    Ao acordar esta manhã, sorrio.
    Tenho 24
  • 14:43 - 14:47
    horas novas diante de mim
  • 14:47 - 14:51
    e vou aproveitá-las, certo?
  • 14:51 - 14:55
    Algo assim, não é?
    E repetimos isso, logo ao acordar.
  • 14:55 - 14:59
    Este é o treino. Eu costumava pendurar
  • 14:59 - 15:03
    uma folha sobre a cama
    para me lembrar de o fazer.
  • 15:03 - 15:07
    Há um gatha até para andar:
    "Hoje, ao dar um passo,
  • 15:07 - 15:11
    se por acaso pisar um inseto,
  • 15:12 - 15:16
    que
  • 15:17 - 15:20
    ele renasça num lugar de paz."
  • 15:21 - 15:25
    Isto cultiva compaixão.
  • 15:25 - 15:28
    "Hoje caminharei e criarei menos sofrimento."
  • 15:28 - 15:31
    Há um gatha para abrir a janela.
  • 15:31 - 15:35
    Outro para ligar a torneira.
    Para reaprendermos
  • 15:35 - 15:39
    a reconhecer.
    É como... Uau, é um presente estar vivo.
  • 15:40 - 15:44
    Os nossos pais deram-nos esta vida.
  • 15:45 - 15:49
    E um dia, teremos de devolvê-la à Terra,
  • 15:49 - 15:54
    de onde todos viemos, certo?
    A Mãe Terra deu-nos à luz.
  • 15:56 - 16:00
    E esta consciência—
    o facto de me estares a ouvir, de entenderes o que estou a dizer,
  • 16:00 - 16:04
    de teres memórias, de teres pensamentos—é incrível.
  • 16:04 - 16:08
    Como seres humanos, entendemos.
  • 16:08 - 16:12
    Eu estou a transmitir ideias, tu estás a processá-las,
  • 16:14 - 16:18
    e estás a ter os teus próprios pensamentos.
  • 16:18 - 16:22
    Isto é ser homo sapiens, certo?
  • 16:22 - 16:26
    A nossa capacidade de dizer: "Uau!"
  • 16:26 - 16:30
    Não só endireitámos as costas e começámos a caminhar,
    mas sentimo-nos um pouco orgulhosos disso—
  • 16:30 - 16:34
    talvez demasiado orgulhosos?
  • 16:36 - 16:40
    E agora destruímos quase tudo.
    Mas, com sorte, estamos a tornar-nos mais conscientes.
  • 16:41 - 16:45
    Estamos a aprender a distinguir entre o que é certo e errado,
    o que é útil
  • 16:45 - 16:50
    e o que não é,
    o que causa sofrimento e o que alivia o sofrimento.
  • 16:50 - 16:54
    Espero que seja para aí que estamos a evoluir.
  • 16:55 - 16:59
    E parece que nos últimos anos estamos a ser forçados a evoluir dessa forma.
  • 17:01 - 17:04
    Parte da nossa evolução
  • 17:04 - 17:06
    é deixarmos de nos ver como separados.
  • 17:07 - 17:11
    Então, frescura, sim?
    Acordar e cultivar esse hábito.
  • 17:12 - 17:16
    Ser uma montanha.
    São hábitos que
  • 17:17 - 17:21
    treinamos, além de simplesmente
    ficar sentado, tocar a paz,
  • 17:22 - 17:26
    sentir calma.
    Estas são coisas que normalmente
  • 17:26 - 17:30
    associamos à meditação.
    Mas são impermanentes
  • 17:30 - 17:34
    e podem causar sofrimento se apenas as procurarmos por si mesmas.
  • 17:35 - 17:39
    É algo a ter cuidado.
  • 17:40 - 17:44
    A meditação tem má reputação por causa disto.
    As pessoas
  • 17:44 - 17:48
    veem-na como uma técnica para descontrair,
    para encontrar paz,
  • 17:48 - 17:52
    felicidade...
    Torna-se numa ferramenta.
  • 17:52 - 17:56
    Tipo "como criar uma startup":
  • 17:56 - 18:00
    “Faz isto e encontras a paz.”
    Mas não funciona assim.
  • 18:01 - 18:05
    Aqui, a forma como abordamos a meditação
  • 18:05 - 18:09
    é como uma forma de ser.
    Um modo de vida.
  • 18:10 - 18:14
    Então, acontece logo ao acordar.
    Não está limitada à sala de meditação.
  • 18:15 - 18:19
    É uma atitude.
    Uma forma mais ampla de ver o nosso lugar
  • 18:20 - 18:24
    como seres humanos.
    É mais do que
  • 18:25 - 18:30
    apenas o drama humano,
    do que as coisas não correrem como queremos.
  • 18:30 - 18:34
    É por isso que a meditação, muitas vezes, "falha".
    Porque fica presa nesta
  • 18:34 - 18:38
    caixa de “usar para obter algo”.
  • 18:38 - 18:42
    Mas na tradição zen, sabem?
    Dizemos que, se o obtiveste,
  • 18:42 - 18:46
    tens de o largar.
    Isso é terrível, certo?
  • 18:46 - 18:50
    Encontras paz...
    e depois tens de a largar.
  • 18:51 - 18:53
    A sério?!
  • 18:53 - 18:57
    Mas a tradição zen é assim.
  • 18:57 - 19:01
    Sabes o que se diz?
    "Se encontrares o Buda,
  • 19:01 - 19:05
    corta-lhe a cabeça."
    Esse é o espírito do Zen.
  • 19:06 - 19:10
    O que quer dizer que, até mesmo
  • 19:10 - 19:14
    a paz, a felicidade,
  • 19:14 - 19:18
    a transformação, a cura—
    se os tornas num objeto
  • 19:18 - 19:22
    a agarrar, então estás
  • 19:22 - 19:26
    só a aplicar o mesmo padrão
  • 19:26 - 19:30
    de apego,
    só que agora na meditação.
  • 19:30 - 19:34
    Por isso, frescura.
    Montanha.
  • 19:35 - 19:39
    Estas são qualidades para levar ao longo do dia, certo?
  • 19:39 - 19:43
    E há outra qualidade
  • 19:44 - 19:48
    a que devemos prestar atenção:
    A nossa liberdade. A nossa leveza.
  • 19:50 - 19:54
    Estamos livres?
    Estas são coisas que podemos reconhecer.
  • 19:56 - 20:00
    E, por fim, a quarta qualidade:
    A clareza.
  • 20:00 - 20:04
    São qualidades que
  • 20:05 - 20:09
    treinamos e cultivamos como meditadores.
  • 20:14 - 20:18
    Assim como os jogadores de basquetebol
  • 20:18 - 20:22
    praticam dribles e lançamentos,
    milhares de vezes.
  • 20:24 - 20:29
    Aqui, treinamos para ser uma montanha.
    Isso significa que não somos arrastados
  • 20:30 - 20:34
    pelas nossas emoções, pelo nosso passado, e assim por diante.
  • 20:34 - 20:38
    Reconhecemos o todo.
    Tornamo-nos mais resilientes.
  • 20:39 - 20:43
    Não temos medo do sofrimento.
    Não temos medo do desconforto.
  • 20:43 - 20:47
    Não temos medo de alguém nos irritar.
  • 20:49 - 20:53
    Hmmm, embora às vezes gostássemos que algumas pessoas fossem um bocadinho menos... bem, sabem?
  • 20:53 - 20:56
    Faladoras, menos faladoras
  • 20:56 - 21:00
    Reconheces: "Ah, ok!"
    E tornas-te resiliente
  • 21:00 - 21:04
    ao teu próprio tipo de julgamento, percebes?
  • 21:04 - 21:08
    Isso é resiliência. Não tentas livrar-te disso.
  • 21:09 - 21:13
    Mas aprendes a ser amigo disso, e pode até ser
  • 21:13 - 21:17
    uma condição para ter aquele "aha, é por isso que
  • 21:17 - 21:21
    continuo a pensar assim, é a minha mãe!"
  • 21:23 - 21:27
    Sabes, "agora vejo, é por isso que quero sempre
  • 21:27 - 21:31
    ser o primeiro a falar,
  • 21:31 - 21:35
    porque na minha família
    ninguém me ouvia!"
  • 21:35 - 21:39
    Esse tipo de percepção é o objectivo
  • 21:39 - 21:43
    de tudo isto. E quando tens essa percepção,
  • 21:44 - 21:48
    ninguém
    te pode tirar isso.
  • 21:48 - 21:53
    E isso é uma verdadeira felicidade espiritual.
  • 21:55 - 21:59
    Lá fora, não ensinam isto,
  • 21:59 - 22:03
    não há lugares
    para treinar isto.
  • 22:05 - 22:07
    E...
  • 22:08 - 22:12
    Aqui treinamos para ser uma montanha,
  • 22:12 - 22:16
    para estar fresco, certo? E estas coisas
  • 22:16 - 22:20
    têm de ser treinadas.
    Não é o tipo de treino que tivemos
  • 22:20 - 22:24
    nos últimos 30, 40, 50, 60 anos.
  • 22:24 - 22:28
    Na nossa família, na sociedade, o ensino foi um pouco
  • 22:30 - 22:34
    desequilibrado. Tornamo-nos um pouco egoístas
  • 22:34 - 22:38
    através da nossa educação
  • 22:38 - 22:42
    e da nossa vida profissional,
    certo? Sempre a gerir orçamentos,
  • 22:42 - 22:46
    projectos, objectivos. Fomos
  • 22:46 - 22:50
    treinados de forma muito diferente.
    E, nesse processo,
  • 22:51 - 22:55
    ficamos espiritualmente esgotados.
  • 22:55 - 22:59
    A nossa plenitude, a nossa bondade e a
  • 22:59 - 23:03
    nossa clareza
    ficam comprometidas.
  • 23:03 - 23:07
    Quando estamos aqui,
  • 23:08 - 23:12
    reaprendemos
  • 23:12 - 23:16
    a ser resilientes, a encontrar frescura, a ser uma montanha.
  • 23:17 - 23:21
    E estas coisas começam a andar juntas.
  • 23:21 - 23:24
    A começarmos a ver as coisas com clareza.
  • 23:24 - 23:28
    Por exemplo, começas a reconhecer:
    "Isto é desejo.
  • 23:30 - 23:34
    Gosto disto. Estou a pegar mais do que preciso."
  • 23:35 - 23:39
    Essa é uma percepção.
    Ou "Isto é evitamento".
  • 23:40 - 23:44
    "Isto é julgamento".
    E começas
  • 23:44 - 23:48
    a chamar as coisas pelo nome.
  • 23:49 - 23:53
    Isso é liberdade.
    Não nos
  • 23:53 - 23:57
    iludimos mais. Não dizemos "Sou uma pessoa boa"
    quando, na verdade,
  • 23:57 - 24:01
    somos muito egoístas.
    Olhamos e dizemos: "Uau, na verdade, sou apenas
  • 24:01 - 24:06
    ganancioso. Quero ser a pessoa mais simpática da sala, por isso ajo assim."
  • 24:07 - 24:11
    E reconhecemos: "Isso é ganância, não é bondade."
  • 24:13 - 24:17
    Tudo isto vem da minha experiência, certo? Mas tu vais encontrar o teu caminho.
  • 24:18 - 24:22
    Tive muitas percepções sobre mim mesmo e isso faz-me feliz.
  • 24:22 - 24:26
    Não é que me tenha tornado uma pessoa melhor.
    Mas agora digo:
  • 24:27 - 24:31
    "Ok, eu faço isto."
  • 24:31 - 24:35
    E com sorte, começas a levar as coisas com mais humor.
    E é aí que entra a resiliência.
  • 24:35 - 24:39
    Não te julgas.
    Não te castigas.
  • 24:41 - 24:45
    Bem, no início eu castigava-me.
    Tentei muito e sofri muito.
  • 24:45 - 24:49
    Cavei um buraco e depois tive de sair dele.
  • 24:51 - 24:55
    Por isso, digo-te, não é sempre bonito e fácil.
  • 24:55 - 24:59
    Há avanços e recuos.
  • 25:00 - 25:03
    Não prometo nada, porque não funciona assim.
  • 25:03 - 25:07
    Cada um de nós tem de passar pelas suas fases.
  • 25:08 - 25:12
    Não nos culpem.
  • 25:12 - 25:16
    E se "bateres numa parede" esta semana,
  • 25:16 - 25:17
    está tudo bem.
  • 25:18 - 25:23
    Na verdade, é óptimo passar por isso aqui, num mosteiro.
  • 25:23 - 25:27
    Porque é um bom lugar para descobrires algo sobre ti.
  • 25:27 - 25:31
    E, honestamente,
  • 25:31 - 25:35
    fiquei grato por estar numa comunidade
  • 25:36 - 25:40
    quando cheguei ao meu limite.
  • 25:41 - 25:45
    Quando começas a ver muitas coisas sobre ti ao mesmo tempo.
  • 25:45 - 25:49
    Aqui aprendemos a transformar o sofrimento.
  • 25:49 - 25:53
    A dor, o trauma, todos os diferentes nomes que damos ao sofrimento.
  • 25:54 - 25:58
    Transformamos isso em flores de lótus. Ou pelo menos, reconhecemos
    que estas coisas precisam umas das outras.
  • 25:59 - 26:03
    Não temos medo do sofrimento.
    Nem da irritação,
  • 26:03 - 26:07
    do julgamento, da auto-sabotagem.
  • 26:08 - 26:11
    Chamamos a isso "lama".
    E a atitude não é
  • 26:11 - 26:13
    livrar-nos dela.
  • 26:13 - 26:17
    Mas compreendê-la.
  • 26:17 - 26:21
    Saber porquê. Descobrir a causa.
  • 26:24 - 26:28
    E assim não nos libertamos dela, mas aprendemos a lidar com ela.
  • 26:28 - 26:32
    É como apanhar o "joker" escondido no baralho.
  • 26:33 - 26:37
    Perceber onde ele está.
  • 26:37 - 26:41
    E tornamo-nos amigos disso. Sentamos e tomamos um chá com isso.
  • 26:41 - 26:45
    E isso deixa de nos incomodar.
    Não se trata
  • 26:47 - 26:51
    de reprimir ou empurrar para longe.
  • 26:51 - 26:55
    Mas de aprender a abraçar. O nosso professor dizia:
  • 26:55 - 26:59
    "Acarinha-o."
  • 26:59 - 27:03
    Aprender a entender porquê
  • 27:03 - 27:07
    o "bebé interior" chora e pede atenção.
  • 27:09 - 27:13
    E quando somos sólidos, frescos,
  • 27:13 - 27:17
    temos uma mente clara,
  • 27:17 - 27:21
    e não somos dominados por isso,
  • 27:22 - 27:26
    então podemos compreender.
    Esse é o treino
  • 27:28 - 27:32
    básico que fazemos aqui.
    E não é fácil. Coisas vão surgir.
  • 27:33 - 27:37
    Porque temos 30, 40, 50 anos de treino diferente
  • 27:37 - 27:41
    dos nossos pais,
  • 27:42 - 27:46
    irmãos, sociedade, educação...
  • 27:46 - 27:50
    Dá-te pelo menos 50 anos para isso,
  • 27:51 - 27:55
    certo?
    Mas é possível.
  • 27:56 - 28:00
    Requer esforço, treino,
  • 28:02 - 28:06
    paciência, tempo.
  • 28:07 - 28:11
    Eu não gosto de dizer isto porque faz parecer que
    queremos atingir algo.
  • 28:12 - 28:16
    Mas há uma prática, um modo de estar no dia
  • 28:16 - 28:20
    a dia que contribui para isso.
  • 28:21 - 28:26
    Dia a dia. Não é... criar uma agenda
  • 28:27 - 28:31
    e daqui a três meses livraste-te disto, daqui a um ano conseguirás aquilo.
  • 28:32 - 28:36
    A nossa prática é muito orgânica.
  • 28:36 - 28:40
    E acontecem surpresas.
  • 28:40 - 28:44
    O que é maravilhoso.
  • 28:47 - 28:51
    Aqui temos
  • 28:51 - 28:55
    muitas práticas para
  • 28:56 - 29:00
    criar esse espaço.
  • 29:00 - 29:04
    Para regressar a nós mesmos e verificar o que se passa.
  • 29:04 - 29:08
    Isso é a essência do que fazemos aqui.
  • 29:08 - 29:12
    Seja a trabalhar, a sentar, a caminhar, a comer, a falar.
  • 29:13 - 29:17
    Mesmo a evitar e a esconder-se é aceitável.
  • 29:19 - 29:23
    Desde que haja consciência disso.
  • 29:23 - 29:27
    "Ok, sei que estou a fugir. Sei que não gosto de pessoas."
  • 29:27 - 29:31
    "Sei que não gosto de pessoas. Vou para o meu quarto"
  • 29:32 - 29:36
    Isso é mindfulness.
    Aqui, está tudo bem.
  • 29:36 - 29:40
    "Eu vou fugir. Eu vou ser montanha". Estas pessoas tiveram
  • 29:40 - 29:44
    o suficiente. Mas lá fora é apenas um hábito.
  • 29:44 - 29:48
    Aqui?
  • 29:48 - 29:52
    Agora, quando compreendes de onde vem
  • 29:53 - 29:57
    e não és perturbado por isso, então pensas "ok, vou escolher
  • 29:57 - 30:02
    treinar para estar presente, certo?"
  • 30:03 - 30:07
    E essa é a escolha, e é aí que acontece
  • 30:09 - 30:13
    o recondicionamento. E eu tive de fazer tudo isso. É ótimo.
  • 30:15 - 30:19
    Quer dizer, se gostares. Se tu... eu imagino que é por isso que estás aqui,
  • 30:20 - 30:24
    para conhecer quem somos, alguns dos nossos hábitos e para
  • 30:24 - 30:28
    ver o que é útil e o que não é. E assim, quando
  • 30:28 - 30:32
    comemos, comemos em silêncio.
  • 30:33 - 30:37
    É para reconhecer a comida e desfrutar
  • 30:37 - 30:41
    da refeição. Porque lá fora, apressamo-nos a comer, então o
  • 30:41 - 30:45
    hábito de ver a refeição é, sabes, apenas
  • 30:45 - 30:49
    encher o estômago para podermos continuar com a nossa vida.
  • 30:50 - 30:54
    Aqui, reconhecemos que a comida é um presente das pessoas
  • 30:54 - 30:58
    que a cozinharam, das pessoas que a colheram. Então aprendemos que, na verdade,
  • 30:58 - 31:02
    é uma forma de comunicar com aqueles que dedicaram a sua energia.
  • 31:03 - 31:07
    Os agricultores, a mãe natureza, as estações do ano, o sol.
  • 31:09 - 31:13
    Assim, voltamos a treinar para nutrir a nossa gratidão.
  • 31:14 - 31:19
    Cada refeição começa com cinco contemplações para nos lembrar,
  • 31:19 - 31:23
    para nos reeducarmos, sobre a nossa atitude
  • 31:23 - 31:27
    e a nossa abordagem à comida que nos sustenta
  • 31:28 - 31:30
    e à água que bebemos.
  • 31:30 - 31:35
    Então, quando comemos, quando bebemos, tem essa mesma atitude.
  • 31:35 - 31:39
    Tipo, hmmm, valorizar.
  • 31:39 - 31:43
    Essas coisas que nos mantêm vivos, que nos ajudam
  • 31:43 - 31:47
    e nos dão a oportunidade de praticar, certo?
  • 31:47 - 31:51
    Então, ao comer, cada um de nós vai servir-se
  • 31:51 - 31:55
    em silêncio também, percebes, para que haja
  • 31:55 - 31:59
    um pouco dessa contemplação. E no
  • 31:59 - 32:03
    mosteiro, os monges, os noviços... treinamos
  • 32:03 - 32:07
    como estar na fila e o pensamento mental
  • 32:08 - 32:12
    que temos, tipo "não, o meu estômago está vazio".
  • 32:13 - 32:17
    Tenho um prato, uma tigela e estou prestes a receber comida.
  • 32:18 - 32:22
    Então evocamos toda essa gratidão e como
  • 32:22 - 32:25
    somos sortudos por ter uma refeição, por estarmos na fila.
  • 32:26 - 32:30
    É por isso que fazemos tudo em silêncio. E quando servimos,
  • 32:30 - 32:35
    também estamos a nutrir. Criamos uma nova relação com a comida.
  • 32:36 - 32:40
    Porque é uma parte tão presente, uma atividade essencial nas nossas vidas,
  • 32:40 - 32:44
    e isso também é meditação.
  • 32:44 - 32:48
    E quando nos sentamos, encontramos um lugar para sentar
  • 32:48 - 32:52
    e esperamos, começamos juntos.
  • 32:52 - 32:56
    E vais ver, tudo isto que acabei de partilhar contigo
    não vais lembrar-te de tudo.
  • 32:56 - 33:00
    Mas há uma coisa que deves lembrar: observa.
  • 33:01 - 33:05
    Assim, também aprendes a estar em comunidade.
  • 33:05 - 33:09
    Estamos sempre tão focados na nossa pequena realidade, sabes? Estamos sempre
  • 33:10 - 33:14
    na nossa bolha, mas também treinamos para
  • 33:14 - 33:18
    estar atentos ao que está a acontecer à nossa volta, ao que as pessoas estão a fazer, e
  • 33:18 - 33:22
    basta seguires, imitares. E porque é que isso é útil?
  • 33:23 - 33:27
    Esse tipo de atenção, de consciência, também é meditação.
  • 33:27 - 33:31
    Estás consciente do teu ambiente, e isso é
  • 33:31 - 33:35
    uma das coisas mais incríveis para treinar. Entras numa sala
  • 33:37 - 33:41
    e sentes a energia. Quando voltares para casa, terás essa
  • 33:41 - 33:45
    sensibilidade. Isso vai ajudar-te nas tuas relações,
    com os teus filhos,
  • 33:45 - 33:49
    o teu parceiro, os teus pais, os teus familiares.
  • 33:52 - 33:56
    Ajustas-te, percebes? É incrível.
  • 33:57 - 34:01
    Então, quando estiveres aqui
  • 34:01 - 34:05
    e te perguntarem "O que devo fazer?",
    não esperes que alguém te diga.
  • 34:07 - 34:11
    Tenta perceber intuitivamente.
  • 34:11 - 34:15
    É assim que treinamos no zen, percebes?
  • 34:15 - 34:19
    Porque estamos tão habituados a instruções, horários,
  • 34:19 - 34:23
    procedimentos.
    O que é ótimo! Sim, devemos saber
  • 34:23 - 34:27
    o que fazer e o que não fazer. Mas quero apenas que saibas que,
  • 34:28 - 34:32
    por trás de tudo isso, está a atenção.
    Onde é que as pessoas se estão a reunir?
  • 34:32 - 34:36
    No mosteiro há muitas reuniões. Quando ouves o sino, geralmente significa que faltam 15 minutos
  • 34:36 - 34:40
    para uma reunião. Então pensas "Onde estão as pessoas a ir? Ah, ok"
  • 34:42 - 34:46
    E depois vais e verificas. Isso é um ótimo treino.
  • 34:47 - 34:51
    Tive de aprender isso, sabes? Nem precisas de olhar para o relógio.
  • 34:53 - 34:57
    Ouve o sino. Esperemos que os monges sejam pontuais.
  • 34:58 - 35:02
    Mas lembro-me de aprender a não olhar para o relógio
  • 35:03 - 35:07
    ou para o tempo. É uma forma mais humanizada de treinar,
  • 35:08 - 35:12
    de ouvir o sino
  • 35:12 - 35:16
    e saber qual é a próxima atividade.
  • 35:17 - 35:21
    E assim começas a fluir mais.
  • 35:21 - 35:25
    Em vez de "Ok, o que vem a seguir?",
    tornando tudo muito
  • 35:26 - 35:30
    automático e mecânico.
    Digo isto com
  • 35:30 - 35:34
    uma ressalva, porque, claro, precisas de seguir o horário
  • 35:34 - 35:38
    e saber as horas. Mas estou a partilhar contigo que,
  • 35:38 - 35:42
    se ficares aqui mais dias, tenta o treino avançado:
  • 35:43 - 35:47
    não olhes para o relógio. Porque quando voltares para casa, isso será incrível,
  • 35:47 - 35:50
    vai tornar-te mais atento às pessoas.
  • 35:50 - 35:54
    Talvez já o sejas em casa, mas
  • 35:54 - 35:58
    no trabalho ou até na estrada, no supermercado, ficas mais
  • 35:58 - 36:02
    consciente da energia e podes contribuir
  • 36:04 - 36:08
    sem deixá-la afetar-te.
  • 36:08 - 36:12
    Isto é um tipo de treino também. E esta é a vantagem de estar numa comunidade.
  • 36:13 - 36:17
    Se vais a um estúdio de meditação ou a uma loja, sentas-te numa almofada
  • 36:17 - 36:21
    e é tudo muito individual.
  • 36:21 - 36:25
    Mas num mosteiro, com muitas pessoas, podes treinar
  • 36:25 - 36:29
    a ser esse ser social, dinâmico.
  • 36:29 - 36:33
    E isso é muito útil.
  • 36:35 - 36:39
    Começas a perceber como o ambiente te afeta.
  • 36:39 - 36:43
    Faz sentido? Sim.
  • 36:43 - 36:47
    Isso inclui a alimentação, a meditação também.
  • 36:47 - 36:51
    Entrar... É difícil estar em silêncio.
    E isso é outra coisa: estar consciente
  • 36:51 - 36:55
    de como te relacionas com o som. Como fechas a porta.
  • 36:56 - 37:00
    Como movimentas a cadeira.
    Tenta pensar
  • 37:01 - 37:05
    em não fazer barulho,
    porque isso torna-te
  • 37:06 - 37:10
    mais sensível, atento e cuidadoso.
  • 37:10 - 37:14
    Quando fazes isso com as portas, os sapatos,
  • 37:14 - 37:18
    começas a fazer o mesmo com os relacionamentos, contigo mesmo.
  • 37:19 - 37:23
    Mais carinho, mais gentileza, não bater a porta.
  • 37:23 - 37:27
    Percebes? A transferência.
  • 37:29 - 37:33
    Então, a alimentação. Quando entrares para a meditação sentada,
  • 37:33 - 37:37
    tenta chegar a horas, sentar-te
  • 37:38 - 37:42
    e prestar atenção para não perturbar os outros.
  • 37:43 - 37:47
    Como te moves, como te sentas, sabes?
  • 37:47 - 37:51
    Mas se vires alguém a fazer isso bem, isso também é inspirador.
  • 37:52 - 37:55
    Talvez hoje sejas tu, amanhã será outra pessoa.
  • 37:55 - 37:59
    E essa pessoa pode tornar-se um bom exemplo para a prática dos outros.
  • 38:02 - 38:06
    A ajeitar a sua túnica de novo, sabes?
  • 38:06 - 38:11
    Sim, então tudo é positivo, certo?
  • 38:11 - 38:15
    Mas tenta chegar a tempo. De manhã, sentamo-nos às 5h45.
  • 38:15 - 38:19
    É cedo? Não são 6h, certo? 6h era para o retiro.
  • 38:20 - 38:24
    5h45, então provavelmente é bom chegar uns
  • 38:24 - 38:28
    10 minutos antes, encontrar a tua almofada e
  • 38:28 - 38:32
    podes sentar-te em qualquer lado. Acho que as irmãs, as
  • 38:32 - 38:36
    freiras, têm alguns convidados esta semana também, mas sim, encontra um lugar
  • 38:36 - 38:40
    e acomoda-te. E na meditação sentada,
  • 38:42 - 38:46
    a atitude é estar presente
  • 38:47 - 38:51
    e simplesmente desfrutar de não fazer nada.
  • 38:52 - 38:56
    Não há um objetivo, não estás ali para alcançar nada, percebes?
  • 38:56 - 39:01
    Estás ali apenas para resistir à maior parte da sociedade,
  • 39:01 - 39:06
    que está sempre ocupada.
    Então a nossa escolha de ficar quietos
  • 39:06 - 39:10
    é algo nada produtivo.
    Não é bom para a economia.
  • 39:11 - 39:15
    É terrível para a economia, sabes? Mas é como...
  • 39:15 - 39:19
    há algo mais que vale a pena, certo? Então é isso que estás
  • 39:19 - 39:23
    a ajudar e a contribuir, simplesmente
  • 39:23 - 39:27
    ao sentar-te.
  • 39:27 - 39:31
    Não tenho que fazer nada. Apenas seguir a minha respiração.
  • 39:31 - 39:35
    Vês como, de repente, essa atitude... Estava a dizer, sabes, ficas tipo
  • 39:35 - 39:39
    "Uau, estou vivo! Um dia estarei no
  • 39:39 - 39:43
    hospital."
    De qualquer forma, isso é o olhar profundo e a reflexão,
  • 39:44 - 39:48
    que é outro aspeto da meditação. Então, não é só parar e
  • 39:48 - 39:52
    sabes, estar calmo, estar em paz. Mas depois,
  • 39:52 - 39:56
    quando tens esse hábito, acalmas-te
  • 39:56 - 40:00
    e consegues olhar com clareza.
  • 40:00 - 40:03
    E assim, quando emoções, coisas surgem, também olhamos,
  • 40:03 - 40:07
    contemplamos e acolhemos sentimentos,
  • 40:07 - 40:11
    pensamentos, noções, emoções, julgamentos.
  • 40:13 - 40:17
    Então, a meditação tem esse aspeto de induzir
  • 40:18 - 40:22
    insight, tipo "ah, sim, agora percebo."
  • 40:22 - 40:26
    "Agora sei porque estou nesta situação."
  • 40:27 - 40:31
    Percebes? E até tem como... podes ensaiar, ok?
  • 40:31 - 40:35
    "Hoje vou falar com ela e
  • 40:35 - 40:39
    vou partilhar de forma gentil." Visualizas isso.
  • 40:39 - 40:43
    É incrível. Agora fazem isso no desporto. Aprenderam connosco.
  • 40:44 - 40:48
    Já ouviste falar, como é que se chama?
  • 40:48 - 40:52
    Phil Jackson? Sim, ele começou a meditar.
  • 40:52 - 40:56
    Ensinou o Jordan a meditar. É muito fixe, não é?
  • 40:58 - 41:02
    E foi assim que eles se tornaram tão bons.
    Não fiques preso
  • 41:02 - 41:05
    ao lance que falhaste, fica no momento presente.
  • 41:05 - 41:09
    Não penses, percebes? Então, na meditação, podemos usar
  • 41:11 - 41:15
    alguns momentos para refletir sobre
  • 41:15 - 41:19
    certos assuntos.
    Por isso, lembra-te disso, ok?
  • 41:19 - 41:23
    A meditação, esta atividade que fazemos, e todas as atividades que fazemos,
  • 41:23 - 41:28
    servem para refletir sobre o que estamos a fazer e estar presentes nessa
  • 41:28 - 41:30
    atividade.
  • 41:32 - 41:36
    Então, a maioria das atividades no nosso
  • 41:36 - 41:40
    treino é para estar presente nelas e
  • 41:41 - 41:45
    permanecer nelas. Quando estás distraído, permaneces, e assim
  • 41:45 - 41:49
    desenvolves a concentração.
  • 41:50 - 41:53
    E quando crias esse hábito,
  • 41:53 - 41:57
    podes aplicá-lo a muitas coisas. Quando estás a falar,
  • 41:59 - 42:02
    quando estás a ouvir,
  • 42:03 - 42:09
    trazes essa atenção plena. "Estou a ouvir, ah, ok."
    "Agora estou a comentar, ok."
  • 42:09 - 42:17
    "Gosto." "Não gosto, ok." "Estou a comparar, ok."
    "Ah, ele soa como..." "Ah, na verdade, ele é bastante..."
  • 42:18 - 42:22
    Então reconheces quão bom ouvinte és.
  • 42:22 - 42:27
    E o quanto és um comentador.
  • 42:28 - 42:31
    E, na verdade, se saíres daqui numa semana,
  • 42:31 - 42:36
    a qualidade da tua capacidade de escuta, isso já é um grande ganho.
  • 42:36 - 42:40
    Já valeu a pena. Todo o resto é lucro.
  • 42:42 - 42:47
    Desculpa usar estes termos, benefícios. É extra.
  • 42:48 - 42:52
    Então isto é...
  • 42:52 - 42:56
    Sim, e também é divertido. Eu... só para mim mesmo...
  • 42:56 - 43:00
    Eu era demasiado sério, queria ser tipo
  • 43:00 - 43:04
    um monge de atenção plena 100%, 24 horas por dia.
  • 43:05 - 43:08
    E... o meu fígado endureceu
  • 43:08 - 43:12
    com o tempo. Pensaram que eu tinha cancro.
  • 43:12 - 43:16
    Mas eu sabia que era apenas a rigidez da minha mente a tentar alcançar algo outra vez.
  • 43:17 - 43:21
    E fui treinado no sistema escolar. Como estar no...
  • 43:22 - 43:26
    o quê? No topo da curva? No limite da curva? Como é que se chama? No topo da
  • 43:26 - 43:30
    curva? É tipo, à frente da curva? Sim, a curva de sino.
  • 43:31 - 43:34
    Fui intensamente treinado nisso.
  • 43:34 - 43:38
    Passei por um sistema escolar onde era... era tudo em que pensavam.
  • 43:39 - 43:42
    Então tentei fazer isso como monge.
  • 43:42 - 43:46
    Por isso, estas são coisas das quais devemos ter cuidado.
  • 43:46 - 43:50
    O nosso esforço.
  • 43:54 - 43:58
    Sentar. A atitude ali é simplesmente não fazer nada.
  • 43:59 - 44:03
    Mas desfrutar estar vivo e, na verdade,
  • 44:03 - 44:09
    é um privilégio porque a maior parte da sociedade não pode fazer isso.
  • 44:09 - 44:12
    Então fazemos isso por eles.
  • 44:12 - 44:16
    Sentar em silêncio e ser improdutivo.
  • 44:17 - 44:21
    E não sentir culpa por isso.
  • 44:22 - 44:26
    E não tens que dar desculpas, justificar-te perante os teus pais,
  • 44:26 - 44:29
    os teus amigos.
  • 44:29 - 44:33
    E precisamos de mais disso na sociedade. Está tudo tão ocupado.
  • 44:34 - 44:38
    Sim, e não temos tempo para cuidar de nós mesmos.
    Então, quando temos tempo,
  • 44:38 - 44:42
    apenas para sentar e amar-nos, cuidar de nós mesmos.
  • 44:43 - 44:47
    E não ter que provar nada aos nossos pais,
    aos nossos
  • 44:47 - 44:51
    entes queridos, ao nosso parceiro.
    Estamos a fazer isso por eles.
  • 44:51 - 44:55
    Porque quando somos mais aceites por nós mesmos,
  • 44:55 - 44:59
    somos simplesmente uma pessoa mais agradável.
    Tornei-me uma pessoa mais simpática.
  • 45:00 - 45:04
    Já não andava por aí a tentar... sabes, o que é? Andar com um peso nos ombros?
  • 45:04 - 45:08
    Estou sempre a competir com os outros, conheces isso?
  • 45:09 - 45:13
    Os jovens dizem uma coisa agora chamada "upping".
  • 45:13 - 45:17
    "Um a mais", sim, encontras um novo parceiro e depois dizem...
  • 45:19 - 45:23
    a minha sobrinha diz: "Esse é o teu novo namorado? Estás a ‘upping’ ou...?"
  • 45:23 - 45:27
    Não sei, é a forma como eles falam.
    E às vezes, quando falamos...
  • 45:27 - 45:31
    e eu... percebi isso. Gosto de ser aquele que sempre tem
  • 45:32 - 45:36
    a coisa mais inteligente para dizer ou... é tão tenso.
  • 45:37 - 45:41
    E quando percebi que era assim, pensei: "Uau, por que faço isso?"
  • 45:42 - 45:45
    "Por que é que eu... por que é que eu tenho...?" e é doloroso fazer isso.
  • 45:45 - 45:49
    Quase que pisas noutras pessoas.
  • 45:49 - 45:53
    E de certa forma, sabes, é como se quando conseguimos parar, sentar
  • 45:54 - 45:59
    e ficar em silêncio e simplesmente apreciar o sol, as nuvens...
  • 46:01 - 46:05
    É uma forma de simplesmente estar confortável.
  • 46:06 - 46:11
    À vontade connosco mesmos.
    Isso é amor. Estamos a aprender
  • 46:11 - 46:15
    a amar-nos e a celebrar.
  • 46:15 - 46:20
    Sabes, tenho lido e estudado muito
    sobre as diferentes disciplinas da ciência.
  • 46:22 - 46:26
    E isso tem-me tornado muito mais consciente
  • 46:26 - 46:30
    do quão incrível é ser um ser humano.
  • 46:31 - 46:35
    E só estamos nesta consciência
  • 46:35 - 46:38
    durante 80, 90 anos, se tivermos sorte.
  • 46:38 - 46:42
    Não é um milagre? Depois disso, tornamo-nos tipo uma flor ou
  • 46:43 - 46:47
    cinzas ou, sabes, erva daninha ou fungo ou talvez um cogumelo.
  • 46:50 - 46:55
    Mas agora, sabes, é como se...
    temos a oportunidade de explorar coisas, sabes?
  • 46:56 - 47:01
    E partilhei da última vez que falei, como Richard Feynman disse:
  • 47:01 - 47:05
    somos tão sortudos por estarmos nesta escala em que
  • 47:05 - 47:10
    nos manifestamos neste momento particular.
    Vou repetir-me, sabes?
  • 47:11 - 47:15
    E não... porque nesta escala, conseguimos realmente desfrutar do infinitamente pequeno
  • 47:17 - 47:21
    e do infinitamente grande.
  • 47:22 - 47:26
    Não é incrível? É como dizer: "Uau, os teus olhos estão nesta escala particular".
  • 47:26 - 47:30
    Consegues desfrutar disto, da flor.
  • 47:30 - 47:34
    E depois podes realmente começar a olhar para as células.
  • 47:35 - 47:39
    E não é incrível? E depois mover-te para
  • 47:39 - 47:43
    os sentimentos emocionais, como sentir dor.
  • 47:43 - 47:47
    Quando alguém diz algo.
  • 47:47 - 47:51
    Eu sei que não parece muito útil.
  • 47:51 - 47:56
    Mas como meditador, podes realmente pensar: "Uau, isso foi doloroso".
  • 47:58 - 48:03
    E aprender a estar com isso. Quando meio que nos tocamos internamente,
  • 48:05 - 48:10
    aprendemos a ficar confortáveis com isso.
  • 48:11 - 48:16
    E a não disparar outra flecha.
  • 48:16 - 48:20
    Então começamos a ver tudo isso.
    E estas são
  • 48:22 - 48:26
    algumas das minhas realizações, alguns dos meus hábitos.
  • 48:27 - 48:31
    E recebi isso da minha família.
    Então, estas são coisas que,
  • 48:34 - 48:38
    quando nos sentamos, estamos a sentar-nos para cuidar de nós mesmos,
  • 48:38 - 48:42
    amar-nos. E quando fazemos isso, estamos a fazê-lo pelos nossos entes queridos.
  • 48:43 - 48:47
    E fazer isto por todos aqueles que não o conseguem fazer.
  • 48:48 - 48:52
    Por aqueles que não têm escolha, por causa da sua situação.
  • 48:54 - 48:58
    Por isso, o que fazemos aqui não é egoísmo. Na verdade, é algo bastante... é…
  • 48:58 - 49:02
    E quando partirmos, seremos uma pessoa mais gentil.
  • 49:02 - 49:06
    E as pessoas à nossa volta vão beneficiar da nossa energia, da nossa bondade,
  • 49:07 - 49:11
    do nosso cuidado. Portanto, isto é…
  • 49:15 - 49:19
    Espero, para ti, que aquilo que precisas de encontrar —
  • 49:20 - 49:25
    que ao tocares nisso aqui, consigas reabastecer-te durante o teu tempo aqui.
  • 49:26 - 49:31
    E tal como partilhei, estes hábitos diferentes que temos, também podem ser reeducados.
  • 49:31 - 49:36
    Aqui podes encontrar algum alívio. Talvez estejas sobrecarregado, exausto…
  • 49:37 - 49:41
    Podes encontrar um pouco de descanso. Mas também espero que consigas
  • 49:41 - 49:45
    reconhecer um hábito que tens, e que o possas reeducar.
  • 49:46 - 49:51
    Seja o medo das pessoas, o julgamento, a inquietação…
  • 49:51 - 49:56
    ou seja o que for — tensão, o que for que carregas como hábito
  • 49:56 - 50:00
    no corpo, ou na mente.
  • 50:00 - 50:04
    Estas duas dimensões — corpo e mente.
  • 50:04 - 50:08
    Temos hábitos — e estamos constantemente a pensar.
  • 50:08 - 50:12
    Esse é o hábito mais difícil de todos. Não estamos habituados
  • 50:12 - 50:16
    a não pensar. Eu perguntei a um jovem, partilhei isto com ele
  • 50:16 - 50:20
    e ele olhou para mim e disse:
    "O que é que vai acontecer se eu parar de pensar?"
  • 50:21 - 50:25
    Como se… como se não soubesse o que isso era.
  • 50:25 - 50:30
    Eu compreendi-o totalmente. Mas ele estava com medo, como se
  • 50:30 - 50:34
    algo fosse acontecer.
  • 50:34 - 50:38
    Foi assim que ele colocou a questão. E é verdade,
    estamos tão habituados
  • 50:38 - 50:42
    a comentar constantemente tudo, sabes?
  • 50:43 - 50:47
    Quantos de vocês têm parceiros? Vivem com o vosso parceiro? Ok.
  • 50:48 - 50:52
    Isso acontece muito. Cada pequena coisa…
  • 50:52 - 50:56
    comentário, comentário de volta — não é sustentável.
  • 50:57 - 51:01
    E aprendemos a…
  • 51:05 - 51:09
    bem, isso é um presente que oferecemos à nossa relação.
  • 51:10 - 51:14
    É amor. É cuidado. Quando não comentamos.
  • 51:17 - 51:21
    É como dizer "Amo-te", e eles sentem-no. Tipo,
    "Ok, amor..."
  • 51:23 - 51:27
    "O que se passa? Foste uma semana ao mosteiro e agora estás em silêncio?"
  • 51:27 - 51:31
    Então… "Amo-te tal como és."
  • 51:33 - 51:38
    As pessoas partilharam isto connosco. E é como… uau, é um milagre.
  • 51:39 - 51:43
    Poder simplesmente… não comentar. Enfim,
  • 51:44 - 51:47
    coisas para reeducar. Hábito, está bem? Escolhe um.
  • 51:48 - 51:52
    Reconhece um hábito teu que não ajuda,
  • 51:52 - 51:57
    que te causa sofrimento a ti e a outros — e reeduca-te aqui.
  • 51:57 - 52:01
    Lembras-te do basquetebol? Isso vai ajudar-te.
  • 52:05 - 52:09
    É só uma semana — consegues fazê-lo. Tens muitos outros hábitos.
  • 52:09 - 52:13
    E todos eles foram aprendidos também, por isso…
  • 52:13 - 52:17
    Espero mesmo que consigas perceber isso.
  • 52:19 - 52:23
    E o sino, como partilhei. Quando ouvires o sino,
    pára o que estás a fazer.
  • 52:24 - 52:28
    No início parece um pouco mecânico, mas foi um insight do nosso professor
  • 52:28 - 52:32
    sobre como funciona a nossa sociedade.
  • 52:32 - 52:38
    Somos tão reativos ao som — especialmente ao som do telemóvel.
  • 52:39 - 52:42
    Ele aciona-nos, stressa-nos.
  • 52:42 - 52:46
    Vivemos numa sociedade com tantos sons que nos fazem
  • 52:47 - 52:51
    reagir como ratos. Desculpem, não é uma crítica,
  • 52:51 - 52:55
    mas andamos sempre a correr, não é?
  • 52:56 - 53:00
    E então o sino. Ouves o sino — é um convite à presença.
    Ouves
  • 53:01 - 53:05
    o carrilhão do relógio — vais ver, da primeira vez que o experienciar,
  • 53:05 - 53:09
    vai parecer estranho, vai ser tipo “uau”, certo?
  • 53:09 - 53:13
    E reconhece que todos estão a fazer o mesmo — a parar.
  • 53:13 - 53:18
    Estamos a reeducar-nos. Somos animais de hábitos.
  • 53:18 - 53:23
    Então mais vale desenvolver bons hábitos. Como parar.
  • 53:24 - 53:28
    Bons pensamentos. Pensamentos frescos. “O que está a acontecer?”
  • 53:29 - 53:31
    "Porque estou a correr?" Vês?
  • 53:32 - 53:36
    Meditação. Cada momento pode ser uma meditação.
  • 53:36 - 53:41
    Se pararmos, respirarmos.
    É por isso que treinamos a respiração.
  • 53:41 - 53:45
    Porque se torna a base, não é?
  • 53:45 - 53:49
    Do Ré Mi Fá Sol, certo? Dominas isso...
  • 53:49 - 53:53
    Consciência da respiração.
  • 53:53 - 53:57
    Respiras e reconheces: estou sentado.
  • 53:58 - 54:02
    Estou a correr. Estou a caminhar com calma.
  • 54:03 - 54:07
    Por isso, sempre que ouves o sino, é isso que
  • 54:07 - 54:11
    estamos a treinar. Vês os monges, e as pessoas aqui que
  • 54:11 - 54:16
    estão a fazê-lo — e o silêncio pode às vezes ser desafiante,
  • 54:16 - 54:20
    especialmente em lares onde isso era difícil
  • 54:20 - 54:24
    como fazer uma refeição em silêncio
  • 54:24 - 54:28
    ou simplesmente o silêncio no geral — pode ser desconfortável.
  • 54:28 - 54:32
    Se vens de uma família com muito barulho, como a minha...
  • 54:32 - 54:36
    quando havia silêncio na minha família, significava que alguém estava chateado.
  • 54:38 - 54:42
    E aí eu ficava com medo, à espera de ouvir uma porta a bater.
  • 54:42 - 54:46
    Por isso, o silêncio pode ser um gatilho, mas
  • 54:46 - 54:50
    aqui, treinamos para que o silêncio seja um espaço de descanso.
  • 54:52 - 54:56
    E prestamos atenção ao milagre…
  • 54:56 - 55:01
    aos pensamentos frescos, neste planeta Terra.
  • 55:02 - 55:07
    Sabes onde está a Lua? Está a nascer nova.
  • 55:07 - 55:11
    Onde está? O sol pôs-se, por isso está por ali...
  • 55:12 - 55:16
    Esta lua nova — ficas consciente de que
  • 55:16 - 55:21
    também és um planeta. É incrível.
  • 55:21 - 55:25
    Se meditares o suficiente, ficas ciente de onde ela está
  • 55:26 - 55:30
    constantemente. E esse tipo de consciência…
  • 55:30 - 55:33
    já não é humana.
  • 55:34 - 55:39
    E isso ajuda-nos. Tira-nos do nosso...
  • 55:39 - 55:43
    “assunto”. Do que quer que estejamos a lidar. Então, quando ouvires o sino,
  • 55:45 - 55:49
    simplesmente pára. E traz alguma perspectiva.
  • 55:50 - 55:54
    E se treinares isso, podes usá-lo quando regressares a casa.
  • 55:54 - 55:58
    Quando estás num semáforo. Quando ouves uma sirene.
  • 55:59 - 56:04
    Quando ouves um pássaro. Tudo — se treinares,
  • 56:04 - 56:08
    pode tornar-se um sino. Um sino grande para ti.
  • 56:11 - 56:15
    “Preciso mesmo de dizer isto?” Vês? Passa a ser
  • 56:15 - 56:19
    um hábito de questionar: “O que estou a fazer?” e “Porque
  • 56:19 - 56:21
    é que estou a fazer isto?”
  • 56:21 - 56:25
    E isso é tão útil — essas duas perguntas: O que estou a fazer?
  • 56:26 - 56:29
    Porque estou a fazer isto?
  • 56:30 - 56:34
    Está bem? Pronto. Talvez precisemos de um vídeo, não achas?
    E como eu disse, ter uma abordagem diferente...
  • 56:34 - 56:38
    isso é o segredo para estar em relações.
  • 56:40 - 56:44
    Sabes, mas isto exige treino, porque infelizmente as pessoas que mais amamos
  • 56:44 - 56:49
    sabem exatamente onde estão os nossos botões mais sensíveis, os nossos pontos fracos, certo?
  • 56:49 - 56:53
    Por isso, precisamos de nos tornar resilientes — como uma montanha. É como...
  • 56:54 - 56:59
    "Sim, querido(a), eu também te amo!"
  • 56:59 - 57:03
    Sabes, é tipo...
  • 57:04 - 57:08
    enfim, não me quero alongar nisso. E em relação ao trabalho, deixa-me...
  • 57:08 - 57:12
    partilhar sobre isso. Trabalhar é também uma oportunidade
    para treinar o hábito
  • 57:12 - 57:16
    de sermos produtivos, rápidos, e por aí fora.
  • 57:18 - 57:22
    Não vou falar sobre tudo agora — o silêncio, as refeições,
  • 57:22 - 57:26
    as atividades. Espero que... já não faço orientações
  • 57:27 - 57:31
    há muitos anos e esqueci-me completamente
  • 57:32 - 57:36
    do que preciso cobrir. No quarto partilhado, quantos estão a partilhar quarto?
  • 57:38 - 57:42
    Sim, sim. Isso também faz parte da nossa vida em comunidade.
  • 57:42 - 57:46
    E há sempre algum ajuste a fazer, claro. Porque estamos tão habituados
  • 57:46 - 57:50
    a ter o nosso espaço, o nosso quarto. Então, de certa forma,
  • 57:50 - 57:55
    é também um processo de re-culturalização — de reaprender a
  • 57:55 - 57:59
    estar com pessoas, a conhecer pessoas
    e a partilhar o espaço.
  • 57:59 - 58:03
    A sermos sensíveis e a cuidarmos uns dos outros. E isso...
  • 58:04 - 58:08
    é uma qualidade belíssima de
  • 58:08 - 58:11
    viver em comunidade.
  • 58:11 - 58:15
    E é algo que, de certa forma,
    perdemos um pouco com a forma
  • 58:15 - 58:19
    como a sociedade e as escolas nos educam: para sermos individuais,
  • 58:19 - 58:23
    para ficarmos na nossa bolha, cuidarmos apenas da nossa vida
  • 58:23 - 58:28
    e por aí fora.
    Mas aqui vivemos em comunidade.
  • 58:28 - 58:32
    Estamos conscientes uns dos outros e sim, tornamo-nos
  • 58:34 - 58:38
    mais sensíveis às necessidades e ao bem-estar dos outros.
  • 58:40 - 58:44
    Isto também faz parte da nossa prática.
  • 58:44 - 58:48
    Não é só meditação solitária. A nossa tradição não é
  • 58:48 - 58:52
    reclusa, nem separada.
  • 58:54 - 58:58
    É para nos re-socializarmos. Aprender a estar com
  • 58:58 - 59:02
    outras pessoas. Muitos de nós têm um pouco — especialmente
  • 59:02 - 59:06
    nos últimos anos — ansiedade, medo...
  • 59:06 - 59:10
    E isso está tão…
  • 59:10 - 59:14
    ligado à nossa infelicidade. Quando não
  • 59:14 - 59:18
    nos conectamos com os outros. Quando não
  • 59:18 - 59:22
    vemos os rostos uns dos outros, não trocamos olhares.
  • 59:22 - 59:27
    Por isso, aqui, quando treinamos,
  • 59:27 - 59:31
    claro que não queremos invadir o espaço de ninguém, mas quando somos
  • 59:31 - 59:35
    sensíveis, podemos ser um
    elemento na sociedade
  • 59:37 - 59:41
    que resiste a essa tendência.
  • 59:42 - 59:46
    Partilhei isto há pouco tempo. Estava a almoçar sozinho,
  • 59:47 - 59:51
    tinha ido ao dentista e depois fui comer um
  • 59:52 - 59:56
    impossible burger, um hambúrguer daqueles grandes.
  • 59:57 - 60:01
    Estava tudo cheio, mas ninguém falava com ninguém.
  • 60:01 - 60:05
    E eu sentei-me, e senti uma solidão a vir ao de cima.
  • 60:05 - 60:09
    Há muito tempo que não sentia aquilo.
  • 60:09 - 60:13
    E foi porque, lá fora, as pessoas acham estranho se
  • 60:13 - 60:17
    falar com elas. Sabes o que quero dizer?
    As pessoas estão tipo…
  • 60:19 - 60:23
    sabes... todos
    com as suas cenas, e ninguém
  • 60:23 - 60:27
    fala com ninguém. Mesmo os casais, lembro-me de um
  • 60:27 - 60:31
    à minha frente — estavam os dois a comer, mas
  • 60:31 - 60:35
    cada um agarrado ao seu dispositivo.
    Portanto, na sociedade, precisamos de mais...
  • 60:35 - 60:40
    E então, quando ando por aí
  • 60:40 - 60:44
    recentemente estava a passear, onde foi mesmo?
  • 60:45 - 60:49
    E vi pessoas mais velhas, e tento falar com elas, dizer "olá".
  • 60:49 - 60:54
    Encontrei uma mãe e um filho e ele dizia "mamã, mamã"...
  • 60:54 - 60:59
    e eu parei mesmo à frente deles e disse "Sabes quem eu sou?"
  • 60:59 - 61:03
    E o rapaz respondeu "Mamã..."
  • 61:03 - 61:06
    E a mãe disse "És um monge?"
  • 61:06 - 61:10
    "Sim, a tua mãe contou-te isso?" "Sim."
  • 61:10 - 61:14
    E então, vês? Podemos ser
    um elemento
  • 61:16 - 61:20
    de atenção plena. De presença.
  • 61:21 - 61:25
    E isso contribui, equilibra a ansiedade, o medo...
  • 61:25 - 61:32
    E todas as notícias, NPR, a política,
    todas essas coisas que nos dividem
  • 61:32 - 61:37
    e nos fazem acreditar que isso é o mundo.
    Mas, na verdade, é só aquilo que nos é mostrado.
  • 61:37 - 61:45
    Eles moldam a nossa mente.
    Precisamos de tomar conta das nossas 24 horas.
  • 61:47 - 61:52
    E sair para o mundo e interagir. Como é que estamos no elevador?
  • 61:53 - 61:58
    Sabes? E é até engraçado... olhas à volta e
  • 61:58 - 62:02
    começas a reconhecer pessoas. Quer dizer, aviso:
  • 62:03 - 62:07
    faz isso por tua conta e risco!
    Mas eu já tenho uma aparência invulgar,
  • 62:07 - 62:12
    então
    as pessoas perdoam-me mais facilmente, percebes?
  • 62:13 - 62:17
    Já pareço estranho, por isso posso fazer coisas estranhas!
    E é ótimo no elevador.
  • 62:17 - 62:23
    Já experimentaste? Não faças — mas eu posso fazer.
    Fico a olhar à volta...
  • 62:23 - 62:28
    E às vezes alguém sorri. E isso, para mim,
  • 62:29 - 62:33
    já faz com que a viagem de elevador valha a pena.
  • 62:33 - 62:37
    Enfim, isto é…
    tão maravilhoso.
  • 62:39 - 62:43
    Não deixes os meios de comunicação moldarem
  • 62:43 - 62:48
    a forma como pensamos sobre o que é ser humano.
  • 62:48 - 62:52
    Portanto, ao praticarmos aqui, podemos
  • 62:53 - 62:57
    gerar essa mente.
  • 62:58 - 63:02
    Espero que isso esteja a fazer algum sentido, ainda que pouco.
    E não estamos apenas
  • 63:02 - 63:06
    a praticar para nós próprios.
    Todos nós temos coisas com que estamos a lidar...
  • 63:06 - 63:11
    mas não é tão mau como muitas vezes pensamos.
  • 63:11 - 63:18
    Se agora te levassem até à Palestina, ao Butão, por exemplo...
  • 63:18 - 63:22
    perceberias que estamos, na verdade...
  • 63:22 - 63:27
    muito bem. Mas claro, temos o nosso
    drama humano.
  • 63:28 - 63:33
    E estamos aqui para aprender
    a relacionarmo-nos de forma diferente com ele.
  • 63:35 - 63:39
    Por isso, esperamos que esta semana, para ti, seja uma oportunidade de encontrar bons amigos,
  • 63:40 - 63:44
    encontrar comunidade e também
  • 63:44 - 63:48
    encontrar esta pessoa maravilhosa que tu és.
  • 63:48 - 63:55
    E perceber que já somos suficientes. Na sociedade.
    Às vezes os nossos amigos, os nossos entes queridos
  • 63:56 - 64:00
    dão-nos mensagens um pouco contraditórias...
  • 64:00 - 64:04
    Mas somos suficientes.
    O marketing, os meios de comunicação
  • 64:04 - 64:08
    o objetivo deles é fazer-nos sentir que não somos.
  • 64:09 - 64:15
    Por isso, se tocares em algo aqui,
    reconhece isso.
  • 64:15 - 64:19
    E não esperes que seja outra pessoa,
  • 64:19 - 64:23
    um professor, alguém que amas…
  • 64:24 - 64:28
    Sê o teu melhor amigo.
    Sê a tua alma gémea.
  • 64:29 - 64:33
    Ama-te como amarias
  • 64:35 - 64:39
    a pessoa mais preciosa do mundo, sim?
    É isso que é o milagre.
  • 64:40 - 64:44
    E quando o fazes, automaticamente, naturalmente,
  • 64:45 - 64:49
    sem esforço, tornas-te uma pessoa mais gentil.
    E já não precisas de
  • 64:49 - 64:53
    atrair ninguém.
    Estás simplesmente feliz com quem és.
  • 64:54 - 64:58
    E está tudo bem se... sabes?
  • 64:58 - 65:02
    Não precisas de andar à procura
    de reconhecimento
  • 65:03 - 65:07
    ou aceitação.
    E esse é o poder da
  • 65:07 - 65:11
    meditação.
    Sentirmo-nos em casa dentro de nós próprios.
  • 65:13 - 65:17
    E isso, neste momento, é
  • 65:17 - 65:23
    das coisas mais valiosas na sociedade.
    Um ser humano que está em paz
  • 65:23 - 65:27
    com quem é, mesmo com o seu sofrimento...
  • 65:29 - 65:34
    Se pensarmos bem, isso é,
    na verdade, a coisa mais valiosa
  • 65:34 - 65:38
    de que precisamos na sociedade, neste momento.
  • 65:40 - 65:44
    Alguém que está feliz
    com a sua situação.
  • 65:44 - 65:48
    Não feliz como em "parabéns",
  • 65:49 - 65:53
    mas alguém que conhece a sua situação
    e está a fazer o seu melhor.
  • 65:54 - 65:58
    E é esse o poder da prática.
  • 65:59 - 66:03
    Eu pratico, ano após ano,
  • 66:03 - 66:07
    e para mim, é isso que... aprendi,
  • 66:07 - 66:13
    aprendi a aceitar-me onde estou.
  • 66:13 - 66:20
    Não tenho medo de ainda ter isto ou aquilo.
    Estou em processo.
  • 66:20 - 66:24
    É um pouco como... adoro isso... aprendi isso na escola.
  • 66:25 - 66:30
    E está sempre em processo,
    por isso não tentamos "consertar-nos".
  • 66:30 - 66:34
    “Eu sou assim” — e trancamo-nos nessa ideia
  • 66:35 - 66:40
    mas "em processo" é tão bonito,
    é como qualquer coisa viva.
  • 66:40 - 66:44
    Uma planta, um animal,
    especialmente flores e plantas na primavera.
  • 66:45 - 66:51
    Estão sempre em processo, não é?
    Regressam à terra, outono, inverno...
  • 66:52 - 66:56
    Primavera, certo? Somos cíclicos.
  • 66:58 - 67:03
    E as nossas emoções também.
    É como o inverno, tudo bem...
  • 67:03 - 67:08
    Às vezes temos mais de quatro estações num só dia — e está tudo bem.
  • 67:08 - 67:12
    É maravilhoso.
  • 67:13 - 67:17
    Espero que consigam
    tocar um pouco nisso.
  • 67:17 - 67:21
    Obrigado por ouvirem
    e por sorrirem por detrás das vossas máscaras.
  • 67:22 - 67:26
    Tão bonito, sabem?
    Não precisamos da boca
  • 67:27 - 67:31
    para sabermos que estamos a sorrir.
    Porquê?
  • 67:32 - 67:36
    Não é incrível? É como “uau”.
  • 67:36 - 67:40
    Então o que mais precisamos para saber
    que estamos a sorrir, não é?
  • 67:41 - 67:45
    É tão bonito. Ver os vossos olhos, sabem?
  • 67:46 - 67:50
    Por isso, sim... Espero que encontrem
    bons amigos aqui.
  • 67:51 - 68:00
    Conectem-se. E agora vamos criar mais comunidade.
    E isso vai ter um impacto, sim.
  • 68:02 - 68:06
    Os irmãos estão tão entusiasmados, é tipo:
    “Há 27 pessoas a vir!”
  • 68:06 - 68:10
    “Uau, que maravilha” — então nós, sim...
  • 68:11 - 68:15
    É por isso que, quando partirem daqui
    daqui a uma semana, porque nós não voltamos com vocês
  • 68:15 - 68:19
    vocês é que regressam e é isso que importa:
    27 pessoas a sair daqui
  • 68:20 - 68:24
    com rostos sorridentes
    e a conhecerem-se melhor.
  • 68:24 - 68:29
    Para nós, isso dá muito mais sentido
    às nossas vidas.
  • 68:29 - 68:33
    Ver-vos a praticar e a serem
  • 68:34 - 68:38
    verdadeiramente quem são.
  • 68:39 - 68:44
    Obrigado. Podemos terminar aqui
    com uma canção.
  • 68:45 - 68:51
    Podemos cantar? Eu canto uma frase
    e vocês repetem,
  • 68:51 - 68:55
    para quem é novo:
  • 68:56 - 69:00
    A felicidade está aqui e agora.
  • 69:04 - 69:08
    A felicidade está aqui e agora.
  • 69:09 - 69:13
    Deixei cair as minhas preocupações.
  • 69:14 - 69:19
    Deixei cair as minhas preocupações.
  • 69:20 - 69:25
    Nenhum lugar para ir,
    nada para fazer.
  • 69:27 - 69:31
    Nenhum lugar para ir,
    nada para fazer.
  • 69:32 - 69:37
    Já não tenho pressa.
  • 69:38 - 69:42
    Já não tenho pressa.
  • 69:44 - 69:45
    Outra vez:
  • 69:45 - 69:50
    A felicidade está aqui e agora.
  • 69:51 - 69:56
    Deixei cair as minhas preocupações.
  • 69:56 - 69:59
    Agora há um lugar para ir,
    algo para fazer.
  • 70:00 - 70:04
    Um lugar para ir,
    algo para fazer.
  • 70:06 - 70:08
    Mas já não tenho pressa.
  • 70:08 - 70:13
    Já não tenho pressa.
  • 70:13 - 70:15
    Está certo?
  • 70:15 - 70:19
    Mas eu não preciso de ter pressa, sim?
    É muito parecido.
  • 70:20 - 70:24
    Essa é uma canção que vamos aprender a cantar mais vezes
    e aqui canta-se muito.
  • 70:24 - 70:28
    Espero que não se importem com isso.
    Quando vim ao mosteiro
  • 70:28 - 70:32
    pela primeira vez, pensei:
    “O que é isto, tanto canto?”
  • 70:32 - 70:36
    Mas há muita alegria no canto,
    por isso vamos
  • 70:37 - 70:44
    sentar-nos com beleza,
    ouvir, e voltar ao canto da nossa respiração.
  • 70:44 - 70:50
    Podemos fechar os olhos.
    Vamos ouvir três sons do sino
  • 70:52 - 71:00
    e regressamos a um sentido de confiança.
    Encontrámos, de algum modo, as condições
  • 71:00 - 71:07
    para estarmos aqui, na montanha, no mosteiro.
  • 71:08 - 71:14
    Sentimo-nos gratos por todas as condições
  • 71:14 - 71:18
    que tornam esta semana possível.
  • 72:10 - 72:16
    Para quem não está habituado a este gesto,
    é como uma flor de lótus, certo?
  • 72:16 - 72:20
    E é a forma como expressamos
    gratidão uns pelos outros.
  • 72:20 - 72:24
    Também nos podemos cumprimentar assim.
  • 72:25 - 72:29
    Fazemos uma vénia uns aos outros, assim.
    E na nossa mente pensamos: “Um pensamento fresco
  • 72:29 - 72:34
    é um lótus para ti.”
    A bela pessoa que tu és.
  • 72:34 - 72:38
    É assim que nos cumprimentamos
    no mosteiro.
  • 72:38 - 72:43
    Ou como que a natureza de Buda em ti está viva.
    Olhamos nos olhos.
  • 72:44 - 72:48
    Reconhecemos, vemos
    que são um milagre.
  • 72:49 - 72:53
    O contacto visual —
    é uma qualidade tão humana.
  • 72:53 - 72:57
    É como... uau... tens essa consciência.
  • 72:58 - 73:03
    É maravilhoso. Olhas para um animal,
    e eles também a têm.
  • 73:04 - 73:08
    E isso é o ser humano...
    a natureza de Buda, como "uau".
  • 73:08 - 73:12
    Há também muita comunicação
    no contacto visual.
  • 73:13 - 73:17
    Tanto, que às vezes até assusta —
    “uau”.
  • 73:17 - 73:22
    Mas não é incrível? É um verdadeiro milagre.
    Por isso, fazemos uma vénia assim.
  • 73:23 - 73:28
    Fazemos esse mesmo gesto
    quando nos levantamos, depois de quase todas as atividades.
  • 73:29 - 73:36
    E fazemos uma vénia uns aos outros
    para expressar essa qualidade que todos temos e partilhamos.
  • 73:37 - 73:43
    Mostramos gratidão por isso.
    E depois viramo-nos para o altar,
  • 73:44 - 73:50
    que representa todos os nossos mestres,
    os nossos mestres ancestrais, todas as pessoas belas
  • 73:50 - 73:54
    que desenvolveram e, de certa forma,
    sustentaram esta tradição.
  • 73:55 - 74:00
    Basicamente todos os humanos que vieram antes,
    que cultivaram esta consciência
  • 74:00 - 74:06
    e agora chegou até nós e estamos a aprendê-la.
    É uma forma de gratidão por todos os mestres
  • 74:06 - 74:12
    que vieram antes de nós.
    É isso que significa esse gesto.
  • 74:16 - 74:21
    Estes são pequenos sons do sino
    que nos ajudam a levantar-nos,
  • 74:21 - 74:27
    e ficamos de pé atrás da nossa almofada.
    É também uma forma de expressarmos gratidão à almofada e ao tapete.
  • 74:27 - 74:32
    Por, de certa forma, tornarem
    as nossas joelhos e os nossos pés um pouco mais confortáveis, não é?
  • 74:33 - 74:37
    E a almofada ajuda-nos a sentar.
    E esta almofada já ajudou muitas pessoas
  • 74:38 - 74:42
    a terem momentos de “aha”.
    Mesmo com os objetos materiais,
  • 74:42 - 74:46
    aprendemos a respeitar. É como:
    “porque é que fazes vénia a uma almofada?”
  • 74:46 - 74:51
    É que... sabes... naquela almofada, ali mesmo,
    alguém já se sentou e chorou
  • 74:51 - 74:57
    pela primeira vez, sabias?
    Por isso também fazemos vénia à almofada.
  • 74:58 - 75:02
    E a tudo, na verdade.
    Podes fazer vénia a uma árvore, podes fazer vénia ao céu.
  • 75:03 - 75:10
    É uma forma de aprendermos a relacionar-nos
    com as coisas materiais. Fazemos vénia à nossa comida.
  • 75:12 - 75:16
    Há pessoas que fazem vénia à máquina da loiça,
    antes de a ligarem.
  • 75:18 - 75:22
    Já vi alguém fazer isso —
    parou e fez uma vénia.
  • 75:24 - 75:28
    E eu fiquei tipo... “o quê?”,
    quase que abri a boca para perguntar,
  • 75:28 - 75:32
    mas depois parei e pensei:
    “ah, ok... percebo.”
  • 75:34 - 75:39
    Enfim, estas são algumas das etiquetas
    ou cultura do mosteiro.
  • 76:16 - 76:21
    Desejo-vos um bom descanso. E talvez possamos ajudar a trazer de volta
    os tapetes e almofadas.
Title:
Learning to Love Ourselves: An Orientation by Brother Phap Dung | #9
Description:

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Video Language:
English
Duration:
01:16:56

Portuguese subtitles

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