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タイトル:
Como lidar com a ansiedade | Olivia Remes | TEDxUHasselt
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概説:
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite: http://ted.com/tedx
A ansiedade é um dos transtornos mentais mais prevalentes, afetando, provavelmente, 1 em 14 pessoas no mundo. Levando a condições como depressão, maior risco de suicídio, deficiência e necessidade de serviços de saúde especializados, somente poucas pessoas que precisam de tratamento o recebem. Nesta palestra, Olivia Remes, da Universidade de Cambridge, compartilha sua visão sobre a ansiedade e revela formas de tratar e administrar esse transtorno de saúde. Argumentando que tratamentos como psicoterapia e medicação normalmente dão pouco resultado e apresentam altas taxas de recaídas, ela reforça a importância de mobilizarmos as forças em nós mesmos, modificando nossas estratégias de lidar com os problemas da vida. Olivia enfatiza que, ao nos permitirmos acreditar que o que acontece na vida é abrangente, relevante e administrável, as pessoas podem, de forma significativa, diminuir o risco de desenvolver transtornos de ansiedade.
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Imagine que você esteja
se aprontando para uma festa.
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Você está animado, mas nervoso também,
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e sente o estômago pulsar,
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como se lá batesse um coração.
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Algo está te travando, impedindo
que você se sinta feliz demais.
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"Não, você não pode ficar feliz demais.
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É melhor ter cuidado,
ou alguma coisa ruim pode acontecer."
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E começa a se preocupar: "Mas com quem
vou conversar quando chegar lá?
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E se ninguém quiser conversar comigo?
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E se me acharem esquisito?"
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Ao chegar à festa,
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alguém se aproxima, puxa conversa
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e, enquanto isso acontece,
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sua mente começa a girar,
o coração fica aos pulos,
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você começa a suar,
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e parece que vai sair de si mesmo,
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numa espécie de viagem fora do corpo,
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como se pudesse se ver de fora.
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"Controle-se", você diz
a si mesmo, mas não consegue.
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E a coisa só piora.
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Depois de alguns minutos de papo,
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a pessoa com quem estava conversando sai,
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e você se sente terrivelmente abatido.
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Já faz um bom tempo que isso
lhe acontece em situações sociais.
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Ou imagine que, todas as vezes
que for a lugares lotados,
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sentir bater um pânico.
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Ao se ver cercado de muita gente,
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como num ônibus, você começa
a sentir calor, náuseas, inquietação
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e, para impedir que isso aconteça,
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começa a evitar lugares
que o fazem se sentir só e isolado.
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Ambos os cenários nos mostram alguém
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com transtorno de ansiedade,
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e posso afirmar
que a ansiedade é muito comum,
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muito mais do que se pensa.
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Neste exato momento,
1 em 14 pessoas no mundo
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apresenta transtorno de ansiedade
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e, todo ano, gastam-se
mais de US$ 42 bilhões
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no tratamento desse problema
de saúde mental.
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Para mostrar o impacto
da ansiedade na vida das pessoas,
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basta mencionar
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que ela pode levar à depressão,
ao abandono escolar e ao suicídio.
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Ela dificulta a concentração
e a permanência no emprego,
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podendo levar a dificuldades
de relacionamento.
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Mas muitas pessoas não sabem disso,
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motivo pelo qual, muitas vezes, elas
varrem a ansiedade pra debaixo do tapete,
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como se ela demandasse apenas
coragem para ser superada,
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como se fosse uma fraqueza.
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Mas a ansiedade é muito mais do que isso.
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Uma razão para muitas pessoas
não lhe darem a devida importância
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é não saberem do que se trata.
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Seria um problema de personalidade?
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Uma doença?
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É um sentimento normal? O que é?
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Por isso, é importante diferenciar
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a ansiedade normal
do transtorno de ansiedade.
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A ansiedade normal
é uma emoção que todos temos
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em situações de estresse.
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Por exemplo, suponhamos
que você esteja no meio do mato,
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e fique cara a cara com...
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um urso.
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Isso provavelmente
vai deixá-lo um pouco ansioso,
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e certamente vai fazê-lo
começar a correr como um louco.
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Esse sentimento de ansiedade é bom,
pois nos protege, nos salva
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e nos faz sair voando dali,
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apesar de não ser uma boa ideia
correr quando se vê um urso.
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Acho que os ursos correm
mais depressa do que nós.
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A ansiedade nos ajuda a cumprir
nossos prazos no trabalho
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e a lidar com emergências na vida,
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mas, quando é levada ao extremo
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e aumenta em situações
que não apresentam ameaça real,
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pode indicar um transtorno de ansiedade.
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Por exemplo, pessoas com transtorno
de ansiedade generalizada
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se preocupam excessiva e constantemente
sobre tudo o que acontece em suas vidas,
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e acham dificílimo
controlar essa preocupação.
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Elas também apresentam sintomas
como inquietação e medo,
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acham difícil conciliar o sono à noite
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e não conseguem se concentrar.
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Seja lá o tipo de ansiedade que tiver,
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é possível fazer algo para diminuí-la.
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Isso funciona, e é mais
simples do que se pensa.
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Em geral, prescrevem-se medicamentos
para os transtornos mentais,
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mas nem sempre eles resolvem
o problema de forma definitiva.
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É comum os sintomas reaparecerem
e a pessoa voltar à estaca zero.
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Então, é preciso considerar o seguinte:
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a forma como lidamos com os problemas
tem um impacto direto
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no nível de ansiedade que sentimos
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e, se mudarmos isso, vamos conseguir
baixar o nível de ansiedade.
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Nosso estudo na Universidade de Cambridge
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mostrou que mulheres de baixa renda
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possuem um risco maior de ter ansiedade
do que aquelas com renda mais alta.
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Esses resultados não nos surpreendem,
mas, quando analisamos com atenção,
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descobrimos que,
se as mulheres de baixa renda
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tiverem algumas estratégias
para lidar com isso,
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não vão ter ansiedade,
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enquanto que mulheres de baixa renda
sem essas estratégias
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apresentam ansiedade.
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Nossos estudos mostraram
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que pessoas que enfrentaram
circunstâncias difíceis,
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adversidades como guerras
ou desastres naturais,
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se tiverem estratégias
para lidar com isso,
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vão continuar saudáveis
e livres de distúrbios mentais,
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enquanto outras, enfrentando as mesmas
dificuldades, mas sem essas estratégias,
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entram numa espiral vertiginosa
e desenvolvem distúrbios mentais.
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Então, quais seriam os recursos
para se lidar com o isso
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e como usá-los para baixar
nosso nível de ansiedade?
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Antes de entrar nesse assunto,
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gostaria de ressaltar,
pois acho bastante interessante,
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que podemos desenvolver esses recursos
ou essas competências sozinhos,
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através das coisas que fazemos;
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podemos controlar
nossa ansiedade e baixá-la,
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o que acaba por nos empoderar.
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Assim, gostaria de abordar
esses três recursos,
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e o primeiro é sentir que estamos
no controle da nossa vida.
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As pessoas que se sentem
mais no controle da própria vida
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têm uma saúde mental melhor.
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Quando nos sentimos
desprovidos desse controle,
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a pesquisa mostra
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que podemos nos envolver em experiências
que nos proporcionem um maior controle.
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Vou explicar isso melhor.
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Você se pega adiando o início de algo
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simplesmente por não
sentir que está preparado o suficiente?
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Você acha difícil tomar decisões,
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como o que vestir, o que comer,
quem namorar, que emprego arrumar?
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Você tende a gastar muito tempo
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decidindo o que fazer,
e não acontece nada?
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Uma forma de superar a indecisão
e a falta de controle da própria vida
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é fazer as coisas de qualquer jeito.
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Há uma citação de um escritor
e poeta, GK Chesterton,
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que diz: "Tudo o que vale a pena ser feito
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vale a pena ser feito
de qualquer jeito da primeira vez".
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O motivo pelo qual funciona tão bem
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é que isso apressa a tomada de decisões
e nos empurra para a ação.
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Do contrário, podemos gastar horas
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decidindo se devemos ou não fazer algo
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ou o que fazer.
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Isso pode ser paralisante e nos fazer
ter medo até mesmo de começar.
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Frequentemente buscamos a perfeição,
mas nunca terminamos fazendo coisa alguma,
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pois os padrões que colocamos
para nós mesmos
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são elevados demais, intimidantes demais,
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o que nos estressa,
e, assim, adiamos começar algo,
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ou chegamos até a abandonar
a coisa toda completamente.
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Fazer de qualquer jeito nos libera
para partirmos para a ação.
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Quero dizer, é assim:
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normalmente, queremos fazer algo
de forma perfeita, e não podemos começar
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até que chegue o momento perfeito,
até termos todas as habilidades,
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o que pode ser assustador e estressante,
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então, por que não apenas
ir em frente e fazer de qualquer jeito,
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sem se preocupar se vai ficar bom ou ruim?
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Isso facilita muito começar algo,
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e enquanto você estiver fazendo
de qualquer jeito para terminar,
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ao olhar pra trás,
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vai perceber que, na maioria das vezes,
não ficou tão ruim assim.
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Uma grande amiga que tem ansiedade
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começou a usar esse lema,
e veja o que ela disse:
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"Quando comecei a usar esse lema,
minha vida se transformou.
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Descobri que conseguia terminar tarefas
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em períodos de tempo
bem mais curtos do que antes.
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Fazer de qualquer jeito
me deu liberdade para assumir riscos,
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tentar fazer as coisas
de um jeito diferente
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e me divertir muito mais
durante todo o processo.
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Tirou a ansiedade, e trouxe empolgação".
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Assim, faça de qualquer jeito,
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e vá melhorando ao longo do percurso.
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Por favor, pense sobre isto:
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se você começasse a usar esse lema hoje,
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o que mudaria em sua vida?
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A segunda estratégia é se perdoar,
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e isso é muito poderoso.
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Pessoas com ansiedade pensam muito
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no que fizeram de errado,
nas suas preocupações,
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e como se sentem mal com isso.
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Imagine que você tenha um amigo
que constantemente aponta
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tudo de errado que você faz
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e tudo de errado na sua vida.
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Provavelmente, vai querer
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se livrar dessa pessoa
rapidinho, não é mesmo?
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Bem, pessoas ansiosas fazem isso
consigo mesmas o dia inteiro.
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Elas não são boas consigo mesmas.
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Assim, talvez seja hora de começarmos
a ser mais bondosos conosco mesmos,
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hora de começarmos a nos apoiar,
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e uma forma de fazer isso é nos perdoar
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por quaisquer erros que achamos
ter cometido, seja há alguns minutos,
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seja num passado distante.
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Se você tem ataques de pânico,
e se envergonha disso,
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perdoe-se;
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se você quer conversar com alguém,
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mas não tem coragem para tanto,
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não se preocupe com isso, deixe pra lá;
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perdoe-se por qualquer coisa e por tudo,
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e isso vai lhe proporcionar
maior compaixão por si mesmo.
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Não conseguimos nos curar
até fazermos isso.
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E, por último, mas não menos importante,
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ter um projeto e um sentido na vida
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é uma estratégia muito importante.
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Não importa o que façamos na vida,
seja lá qual for nosso trabalho,
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não importa quanto dinheiro ganhemos,
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não conseguimos ser completamente felizes
sabendo que alguém precisa de nós,
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que alguém depende de nossas conquistas
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ou do amor que temos para dar.
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Não é que precisamos
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dos elogios dos outros
para continuar vivendo,
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mas, se não fizermos algo
pensando nos outros,
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temos, então, um risco muito maior
de ter uma saúde mental ruim.
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Dr. Victor Frankel,
um famoso neurologista, disse:
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"Para pessoas que não acham
uma razão para viver
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e que não têm mais nada
que esperar da vida,
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a questão é fazer com que percebam
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que é a vida que ainda
está esperando algo delas".
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Fazer algo pensando nos outros pode
nos ajudar a vencer os tempos difíceis.
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Você vai descobrir
uma razão para sua existência
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e vai ser capaz de aguentar
quase tudo; quase tudo.
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Assim, a pergunta é:
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você faz pelo menos uma coisa
pensando nos outros?
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Pode ser um trabalho voluntário,
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ou pode ser compartilhar o conhecimento
adquirido aqui hoje com as pessoas,
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especialmente as mais necessitadas,
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que normalmente são as pessoas
que não têm dinheiro para terapia,
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e normalmente são aquelas
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com as maiores taxas
de distúrbios de ansiedade.
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Dê isso a elas, compartilhe com os outros,
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porque isso pode melhorar
sua saúde mental de verdade.
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Então, gostaria de concluir assim:
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uma outra forma de fazer algo
pensando nos outros
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é realizar um trabalho que possa
beneficiar as futuras gerações.
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Mesmo que essas pessoas
nunca saibam o que você fez por elas,
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não importa,
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porque você vai saber,
e isso vai fazê-lo perceber
-
o caráter único
e a importância da sua vida.
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Obrigada.
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(Aplausos)