Tecnologia sustentável na comunidade indígena | Nanblá Gakran | TEDxRiodoSul
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0:25 - 0:28(Língua indígena)
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0:42 - 0:44Vocês compreenderam alguma coisa?
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0:45 - 0:50Então, eu vou traduzir
o que eu acabei de falar. -
0:50 - 0:53Estava cumprimentando, dizendo:
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0:53 - 0:55"Amigos, como estão?
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0:56 - 1:01Vou hoje compartilhar uma pequena
partícula da minha pesquisa -
1:01 - 1:07e minha preocupação com vocês,
para que nós possamos planejar algo -
1:07 - 1:10pra nós podermos fazer acontecer".
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1:12 - 1:13Então, gente.
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1:15 - 1:19Essa é a língua que eu defendo,
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1:19 - 1:24eu defendo, eu preservo,
eu me considero um guardião -
1:24 - 1:30da história de um povo indígena.
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1:31 - 1:33Sou membro dessa comunidade,
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1:33 - 1:35falante nativo.
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1:36 - 1:41Então, vou falar um pouco
sobre a minha preocupação -
1:41 - 1:44que, na verdade, não é
minha área de pesquisa, -
1:44 - 1:49sobre o uso de tecnologia
e a comunidade indígena. -
1:49 - 1:54Na verdade, a minha área
de pesquisa é diferente. -
1:55 - 1:59É de Ciências Humanas,
Ciências da Linguagem. -
1:59 - 2:04Mas, ao longo do tempo de convivência
enquanto membro de um povo, -
2:04 - 2:06eu considerei isso
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2:06 - 2:11e eu vejo que é preocupante
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2:11 - 2:14manter viva uma cultura
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2:14 - 2:19que está sendo gradativamente agredida
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2:19 - 2:22ao longo da história brasileira.
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2:23 - 2:27Então, a minha preocupação hoje, talvez,
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2:27 - 2:31é falar uma língua indígena, manter viva,
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2:31 - 2:34talvez não seja comum isso,
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2:34 - 2:37um programa dessa natureza,
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2:37 - 2:43mas eu acredito que é dessa maneira
que nós podemos pensar -
2:43 - 2:47um caminho de como manter viva
uma cultura indígena. -
2:48 - 2:53Ao longo da história brasileira,
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2:53 - 2:58a cultura indígena foi
agredida gradativamente. -
2:58 - 3:04Os povos indígenas foram,
tentaram aculturá-los -
3:04 - 3:06ao longo dos 500 anos.
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3:06 - 3:12Mas houve uma resistência
muito grande dos povos indígenas. -
3:14 - 3:20Mas, ao longo da história, também,
quando eu falo em agressão, -
3:20 - 3:24uma das coisas foi, primeiramente,
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3:24 - 3:28aculturar os povos indígenas
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3:28 - 3:33pra inserir, falar numa língua,
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3:33 - 3:35padronizar a língua.
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3:35 - 3:40Aculturar no sentido também de catequizar.
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3:41 - 3:46Porque acreditavam que são povos
que não tinham alma, -
3:46 - 3:47são pagãos.
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3:48 - 3:53Então, isso foi ao longo da história
dos povos indígenas. -
3:53 - 3:59E quando eu falo sobre o uso
da tecnologia de maneira sustentável, -
3:59 - 4:01vejo que isso,
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4:01 - 4:06ao longo da história dos povos indígenas,
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4:06 - 4:07ele vem,
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4:09 - 4:12depois dos 500 anos de contato,
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4:12 - 4:16agredindo tão rapidamente.
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4:18 - 4:23E isso é muito preocupante
enquanto eu, pesquisador, -
4:23 - 4:26ver isso ao longo de contato,
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4:26 - 4:32ao longo de palestras
que eu participei em alguns estados. -
4:32 - 4:36E vejo isso,
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4:36 - 4:40jovens pesquisadores indígenas
falando na mesma linguagem -
4:40 - 4:42que estou falando hoje.
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4:43 - 4:46Então, isso é preocupante.
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4:48 - 4:54Ver que um povo,
que ao longo da história, -
4:54 - 4:57repassava todo o conhecimento
através da oralidade, -
4:57 - 5:02onde os jovens conversavam com os anciões,
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5:02 - 5:06e que isso foi deixado de lado.
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5:07 - 5:10Então, na atualidade, hoje,
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5:10 - 5:15ao longo da história, desde jovem,
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5:15 - 5:18uma das coisas que eu quero
deixar claro para o público hoje -
5:18 - 5:23é de que a língua de minha comunicação
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5:23 - 5:26é a língua portuguesa por necessidade.
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5:28 - 5:31Tanto que o que eu quero dizer,
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5:31 - 5:36não estou preocupado hoje
em falar um português acadêmico. -
5:36 - 5:41Repassar para o povo o meu conhecimento,
a minha preocupação. -
5:41 - 5:47A minha preocupação, hoje,
é fazer com que nós aqui, -
5:47 - 5:53você compreenda minha preocupação
através da minha comunicação -
5:53 - 5:56porque a língua portuguesa,
pra mim, é uma língua estrangeira. -
5:56 - 6:00Eu aprendi a falar a língua portuguesa
com 15 anos de idade. -
6:00 - 6:02Com muita dificuldade, eu aprendi.
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6:04 - 6:08Então, por necessidade,
vendo isso ao longo do tempo, -
6:08 - 6:11desde pequeno, eu fui vendo isso.
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6:11 - 6:17Então, jovem, comecei a fazer
minha pesquisa, me preocupar. -
6:17 - 6:21Nos anos 80 já, início dos anos 90,
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6:21 - 6:25fui vendo, houve essa preocupação.
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6:26 - 6:28Isso partiu de mim.
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6:28 - 6:35O que eu poderia fazer
é conscientizar os jovens. -
6:35 - 6:37Por que manter viva uma cultura?
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6:37 - 6:42Por que manter viva a nossa língua?
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6:42 - 6:43Por quê?
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6:43 - 6:45Por que a nossa língua
está sendo substituída -
6:45 - 6:48por uma outra língua estrangeira.
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6:48 - 6:52Então, isso fez com que eu buscasse...
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6:52 - 6:55Eu vi que uma das ferramentas
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6:55 - 6:59seria um conhecimento acadêmico.
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7:00 - 7:04Que hoje eu considero
que é uma ferramenta. -
7:04 - 7:07Porque quando se faz qualquer pesquisa,
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7:07 - 7:11pesquisa acadêmica de um não indígena,
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7:11 - 7:14aquele cara é um grande pesquisador.
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7:14 - 7:18Mas quando se trata
de um pesquisador indígena, -
7:18 - 7:21ele precisa ter um título acadêmico.
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7:21 - 7:24Isso fez com que eu buscasse.
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7:24 - 7:30Então, eu fui buscar
um conhecimento na academia. -
7:31 - 7:32Sou sociólogo.
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7:35 - 7:40Vi que não era aquilo que eu queria,
por estar preocupado com uma língua. -
7:40 - 7:43Então, fui na área da Linguagem.
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7:44 - 7:48Hoje a minha formação
de preservar a língua, -
7:48 - 7:51de registrar essa língua,
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7:51 - 7:53sou linguista.
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7:53 - 7:54Sou Mestre e Doutor em Linguística.
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7:54 - 8:00Atualmente, tenho uma formação
em pós-doutorado em Política Linguística. -
8:00 - 8:02Então, esse seria...
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8:02 - 8:08Eu vendo os jovens
substituindo a tecnologia, -
8:09 - 8:12tanto que eles não conversam mais
com os sábios anciões, -
8:12 - 8:16sentindo vergonha
na qualidade de indígena, -
8:16 - 8:19de falar sua língua materna,
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8:19 - 8:22de manter viva sua cultura,
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8:22 - 8:25deixar de lado os seus costumes.
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8:25 - 8:29Então, é isso que eu fiz
para poder conscientizar. -
8:29 - 8:33E hoje eu sou o único pesquisador
dessa área da linguagem, -
8:33 - 8:39dessa língua a qual acabei de falar,
que vocês estão ouvindo. -
8:39 - 8:45Então, a minha preocupação hoje,
como acabei de falar, -
8:45 - 8:51sobre a substituição, sobre a agressão,
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8:51 - 8:56onde os jovens estão deixando de usar
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8:56 - 8:58uma tradição oral, substituindo isso,
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8:58 - 9:04a tecnologia, de maneira tão agressiva,
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9:04 - 9:06sem planejamento,
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9:06 - 9:10e que está sendo substituído tão rápido.
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9:10 - 9:15Então, hoje, eu gostaria
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9:15 - 9:19de compartilhar essa minha preocupação
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9:19 - 9:23e fazer um convite ao TEDxRiodoSul
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9:23 - 9:26para que nós pudéssemos pensar juntos.
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9:27 - 9:34De que forma nós podemos evitar
com que culturas indígenas, -
9:34 - 9:36eu não estou falando do meu povo só,
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9:36 - 9:39mas de culturas indígenas brasileiras.
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9:40 - 9:43Porque em várias palestras,
como acabei de falar, -
9:43 - 9:46participei de bancas
de mestrado e de doutorado, -
9:46 - 9:49onde vários povos indígenas,
jovens pesquisadores, -
9:49 - 9:52falando esta linguagem.
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9:52 - 9:56Então, a minha preocupação
é hoje: o que nós vamos pensar? -
9:56 - 9:58Usar essa mesma tecnologia
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9:58 - 10:03que está agredindo
gradativamente a cultura indígena -
10:03 - 10:08pra poder registrar a língua,
a história de um povo, -
10:08 - 10:13que os jovens não estão se interessando
mais em conversar com os anciões. -
10:13 - 10:18Então, que tipo de programa
nós vamos fazer pra que esses jovens -
10:18 - 10:23que usam estão tão preocupados mesmo,
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10:23 - 10:27digamos, com a tecnologia de informação,
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10:27 - 10:30que no caso seria a internet?
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10:30 - 10:32Não há mais conversa.
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10:32 - 10:33Um exemplo vivo que eu tenho:
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10:33 - 10:35tenho três filhos.
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10:35 - 10:39Eles não conversam mais comigo!
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10:39 - 10:42De várias pesquisas, sou um pesquisador
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10:42 - 10:46e muitas vezes, eles
me perguntam do quarto: -
10:46 - 10:51"Pai, o que nós vamos fazer hoje?"
"O que nós vamos comer hoje?" -
10:51 - 10:55Ou, às vezes, certo,
porque os três estudam, hoje. -
10:55 - 10:58Eles estudam na Universidade Federal
de Santa Catarina, -
10:58 - 11:02inclusive, eu sou professor
da Universidade Federal de Santa Catarina. -
11:02 - 11:08Então, lá eles, dentro da minha casa:
"Pai, eu preciso saber isso..." -
11:08 - 11:11Então, isso é preocupante, eu vivo isso.
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11:11 - 11:14Presencio isso no meu dia a dia.
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11:14 - 11:19Então, de que forma nós vamos usar
esse mesmo mecanismo? -
11:19 - 11:22Eu acredito que temos que usar
esse mesmo mecanismo -
11:22 - 11:28que fez com que a nova geração
está deixando sua cultura de lado. -
11:28 - 11:30Vamos usar isso.
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11:31 - 11:37Eu estou convidando
pra que nós tenhamos parceiros. -
11:37 - 11:43Fazer parceria para nós podermos
pensar de que formas registrar isso. -
11:43 - 11:47A língua, então, enquanto,
principalmente a língua, -
11:47 - 11:53eu considero que uma língua,
ela é o DNA da pessoa. -
11:53 - 11:58Eu não posso dizer que eu pertenço
a um povo de determinada etnia, -
11:58 - 12:03se a minha língua materna ou a língua
daquele povo eu não sei falar. -
12:03 - 12:07O mesmo, tá, eu digo:
"Ó, eu pertenço a tal povo". -
12:07 - 12:09"Pertencia, meus ancestrais são isso."
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12:09 - 12:16Então, para evitar isso, eu acredito
que uma das maneiras seria isso. -
12:18 - 12:22Pra nós podermos registrar
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12:22 - 12:26as histórias de um povo tão sofrido.
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12:28 - 12:30Quando você diz:
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12:30 - 12:37"Ah, eu não pertenço a um povo..."
ou "Eu não sou indígena", -
12:37 - 12:41Brasil é um povo
de miscigenação muito forte. -
12:42 - 12:46Então, eu posso dizer
que não tenho uma mistura -
12:46 - 12:50quando há mais de 100 anos,
quando meu pai, meu bisavô, -
12:50 - 12:54meu vô, tiveram contato
com a sociedade não indígena. -
12:54 - 12:56Eles vieram do mato.
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12:56 - 13:00Então, eu não tenho mistura nenhuma.
Agora, já meus filhos têm. -
13:00 - 13:03Meus filhos têm uma mistura
de sangue europeu. -
13:03 - 13:07Então, isso, vamos pensar
em conjunto, convido vocês. -
13:08 - 13:10Vamos pensar de que forma nós vamos fazer.
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13:10 - 13:15Estou à disposição como pesquisador
de uma linguagem. -
13:17 - 13:21Então, nós podemos pensar isso,
criar um programa específico -
13:21 - 13:25para esses povos indígenas
a nível nacional. -
13:25 - 13:29Eu convido isso, repito novamente,
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13:29 - 13:33eu vou me manter em contato,
já que nós estamos hoje também, -
13:33 - 13:39já quero agradecer esse convite
de estar falando da minha preocupação -
13:39 - 13:45sobre manter viva uma história,
uma língua que a internet, -
13:45 - 13:52as tecnologias de informação estão
ocupando o espaço dessa nova geração. -
13:53 - 13:57Eu agradeço essa oportunidade e obrigado.
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13:57 - 14:00(Aplausos)
- Title:
- Tecnologia sustentável na comunidade indígena | Nanblá Gakran | TEDxRiodoSul
- Description:
-
O uso de tecnologias se espalhou rapidamente nos últimos anos, em todo lugar, crianças e jovens estão mais conectados do que nunca. Nosso palestrante Nanblá Gakran fez um estudo superbacana sobre o tema na comunidade indígena, e sua fala no nosso palco mostrará a busca por diferentes estratégias de utilizar a tecnologia para fortalecer a cultura tradicional de maneira educativa.
Nanblá é graduado em Ciências Sociais e Licenciatura Plena em Ciências Sociais. Mestre e Doutor em Linguística, complementa seus estudos como aluno de Pós-doutorado em Política Linguística na Universidade Federal de Santa Catarina/ UFSC. Nasceu e se criou na Terra Indígena Laklãnõ/SC, onde sua primeira língua foi a Língua Xokleng/Laklãnõ. É Professor substituto na UFSC e membro do grupo de pesquisa em Políticas Linguísticas Críticas da Universidade. Tecnologia Sustentável na comunidade indígena.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- Portuguese, Brazilian
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 14:04