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Balada do universo: à descoberta de Laniakea | Hélène Courtois | TEDxLyon

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    Nós, os cosmólogos,
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    somos os investigadores
    que contam a história do Universo.
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    Como, em 13 700 milhões de anos,
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    se passou de um estado
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    em que a matéria está distribuída
    duma forma simples e uniforme
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    para uma arquitetura complexa atual.
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    Para isso, realizamos
    cartografias dinâmicas,
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    localizando as galáxias no céu
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    e medindo as distâncias e as deslocações.
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    É cartografando os movimentos no Universo
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    que compreendemos que vivemos
    num planeta, a Terra,
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    que orbita em volta duma estrela, o Sol.
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    Este Sol faz parte dum conjunto
    de 200 mil milhões de outras estrelas,
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    a nossa galáxia, a Via Láctea.
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    Como acabo de descobrir,
    com a minha equipa,
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    a nossa galáxia faz parte
    dum conjunto muito grande
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    a que chamamos
    um super-aglomerado de galáxias
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    que contém um milhão de galáxias.
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    Convido-vos a passear pelo universo
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    para descobrir Laniakea,
    o nosso super-aglomerado.
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    Tudo começa no início dos anos 60,
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    quando dois norte-americanos
    descobrem, por acaso, uma radiação
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    em que todo o Universo está banhado.
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    Isso permite-nos medir
    que a nossa galáxia se desloca
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    a uma velocidade exorbitante
    de 630 km por segundo.
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    Naquela época, não conseguíamos
    explicar essa velocidade tão grande.
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    Isso desencadeou um entusiasmo
    entre os astrofísicos
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    e formam-se várias equipas
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    para se lançarem nessa procura
    de compreensão.
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    Em especial, uma equipa
    de cosmólogos norte-americanos
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    que se intitulam os Sete Samurais,
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    consegue, ao fim de 20 anos,
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    produzir uma primeira cartografia
    dinâmica consequente:
  • 1:56 - 2:00
    conseguiram medir
    a velocidade de deslocação
  • 2:00 - 2:02
    de 400 galáxias.
  • 2:02 - 2:04
    Isso permite-lhes delimitar
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    a região que nos atrai para o Universo.
  • 2:07 - 2:12
    Infelizmente, são medidas
    muito difíceis de realizar.
  • 2:12 - 2:17
    Em especial, o local
    que parece atrair-nos, está oculto
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    pela nossa própria galáxia.
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    As estrelas da nossa galáxia
    formam uma faixa luminosa no céu
  • 2:26 - 2:30
    que nos oculta essa região do Universo.
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    Os Sete Samurais, como não conseguem
    compreender esta velocidade,
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    propõem um modelo:
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    tratar-se-ia duma enorme massa
    esférica e obscura,
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    escondida à nossa vista,
    que nos atrai.
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    Chamam-lhe "O Grande Atrator",
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    Eu tenho 22 anos na época
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    fico fascinada por este misterioso
    Grande Atrator.
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    Decido fazer a minha tese
    de doutoramento sobre esse tema.
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    Para isso, parto para a Austrália,
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    porque não é possível observá-lo
    no hemisfério norte.
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    Ali, durante três anos,
    vou escrutinar os céus
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    num observatório
    totalmente isolado no mato
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    e tento interligar filamentos,
  • 3:13 - 3:16
    alinhamentos de galáxias nos meus mapas,
  • 3:16 - 3:20
    sem conseguir compreender melhor
    esse Grande Atrator.
  • 3:20 - 3:26
    Por fim, em 1999,
    uma conferência internacional
  • 3:26 - 3:29
    reagrupa todas as equipas
    que trabalham nesse assunto,
  • 3:29 - 3:33
    confirma os resultados de cada uma
    e anuncia o status quo.
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    Não chegaremos lá.
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    Os sinais são demasiado fracos,
    demasiado difíceis de medir.
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    Esbarramos num impasse tecnológico;
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    os telescópios não são
    suficientemente potentes.
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    Vão ser precisos uns 10 anos
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    para construir novos telescópios
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    e melhorar e renovar os existentes.
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    Vamos construir radiotelescópios gigantes
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    como aquele ali, que é o meu preferido.
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    Tem 110 m de diâmetro,
  • 4:01 - 4:05
    está situado em Green Bank,
    na Virginia do Oeste, nos EUA.
  • 4:05 - 4:06
    Com estes radiotelescópios
  • 4:06 - 4:09
    — reparem no tamanho dos homens
    em baixo, na foto —
  • 4:09 - 4:14
    com este tipo de radiotelescópios,
    podemos observar as galáxias, de dia.
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    Quando estamos no domínio
    dos raios luminosos,
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    o que se chama o rádio,
  • 4:20 - 4:23
    não ficamos ofuscados
    pela nossa estrela, o Sol,
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    que é uma estrela que emite
    sobretudo nas cores visíveis.
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    Portanto, com este radiotelescópio,
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    posso observar as galáxias,
    tanto de noite como de dia.
  • 4:32 - 4:35
    Para medir velocidades de galáxias,
  • 4:35 - 4:37
    há uma dificuldade suplementar,
  • 4:37 - 4:41
    que é precisarmos de duas observações
    para cada galáxia
  • 4:41 - 4:46
    e quanto mais longe está uma galáxia
    — queremos aumentar a cartografia —
  • 4:46 - 4:50
    mais fraco é o sinal que ela nos envia.
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    Vemos aqui três galáxias.
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    Sim, sim! De cima para baixo,
    são três galáxias
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    que estão cada vez mais longe.
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    Vemos que o sinal
    está cada vez mais ruidoso.
  • 5:01 - 5:04
    A segunda observação é na ótica.
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    Também preciso duma imagem
    desta galáxia.
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    Para isso, são telescópios mais clássicos,
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    os telescópios óticos
    que vocês conhecem melhor.
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    Mas, do mesmo modo
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    — é a mesma galáxia que estão a ver
    representada de modo diferente —
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    quanto mais afastada do observador
    está a galáxia,
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    mais pequena se torna
    e mais difícil de medir.
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    Em 2006, vou trabalhar durante um ano
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    num dos maiores observadores do mundo
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    que se situa a 5000 m de altitude
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    no alto de um vulcão extinto,
    na Ilha do Havai.
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    Faço observações de teste,
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    com os instrumentos da nova geração
  • 5:42 - 5:48
    e fico maravilhada com a enorme
    qualidade dos dados que obtenho.
  • 5:48 - 5:53
    De regresso a Lyon, decido relançar
    este programa de investigação
  • 5:53 - 5:55
    com um entusiasmo renovado.
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    Para poder aumentar a cartografia
    do Universo em todas as direções.
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    vou precisar de observar
    com instrumentos,
  • 6:02 - 6:05
    com telescópios, repartidos
    pelos dois hemisférios
  • 6:05 - 6:08
    e também com investigadores
    espalhados por todos os fusos horários,
  • 6:08 - 6:10
    para avançar mais depressa.
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    Recruto uma pequena equipa
    de uma dezena de homens e mulheres,
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    norte- americanos, europeus,
    russos, australianos.
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    Aí, durante três anos,
    vamos observar,
  • 6:22 - 6:24
    dia após dia, noite após noite,
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    quase sempre no isolamento mais total,
  • 6:27 - 6:30
    por vezes a uma altitude muito alta.
  • 6:30 - 6:34
    As nossas famílias bem veem
    que não sabemos em que dia estamos,
  • 6:34 - 6:36
    em que fuso horário trabalhamos.
  • 6:37 - 6:40
    Por vezes, estamos num estado
    de fadiga física extrema.
  • 6:40 - 6:44
    Mas, ao fim de três anos de observações,
  • 6:44 - 6:48
    medimos a velocidade de 8000 galáxias.
  • 6:48 - 6:51
    Essas 8000 galáxias estão repartidas
  • 6:51 - 6:54
    numa cartografia que duplicou de tamanho,
  • 6:54 - 6:58
    em relação à do fim dos anos 90,
    a dos Sete Samurais.
  • 6:58 - 7:00
    Nessas cartografias estão repartidas,
  • 7:00 - 7:03
    nesse volume do Universo,
    100 000 galáxias,
  • 7:04 - 7:08
    incluindo as 8000 a que medimos
    a velocidade de deslocação.
  • 7:09 - 7:11
    Agora precisamos de tratar desses dados,
  • 7:11 - 7:15
    calcular a coerência dos movimentos.
  • 7:15 - 7:18
    Convenço um teórico a juntar-se a nós
  • 7:18 - 7:22
    e um especialista em visualização
    de dados a três dimensões.
  • 7:22 - 7:25
    Devemos ter em conta
    nos nossos cálculos
  • 7:25 - 7:29
    que haverá cinco vezes
    mais matéria invisível no Universo
  • 7:29 - 7:31
    do que matéria visível.
  • 7:32 - 7:36
    Utilizamos as galáxias
    como captores luminosos
  • 7:36 - 7:40
    que estariam repartidos
    pela superfície de um oceano
  • 7:40 - 7:42
    de matéria invisível e móvel.
  • 7:42 - 7:46
    Também vamos precisar
    de recorrer a outro conceito
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    porque as nossas cartas
    nem sempre fazem sentido.
  • 7:49 - 7:53
    Utilizamos o conceito
    das bacias hidrográficas
  • 7:53 - 7:55
    que vêm de outra disciplina,
    a hidrografia.
  • 7:55 - 7:58
    E aí, de repente,
  • 7:58 - 8:00
    as cartas fazem sentido.
  • 8:00 - 8:02
    Vemos aparecer,
  • 8:02 - 8:04
    nas trajetórias das galáxias,
  • 8:05 - 8:07
    duas bacias hidrográficas diferentes
  • 8:07 - 8:10
    que colorimos aqui
    a vermelho e a preto.
  • 8:10 - 8:16
    A nossa galáxia pertence
    a esta bacia colorida a preto.
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    Os nossos olhos reajustam-se,
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    já não vemos as coisas do mesmo modo,
  • 8:20 - 8:22
    e decidimos deslocar o centro do mapa
  • 8:22 - 8:25
    fora da nossa posição de observador
  • 8:25 - 8:27
    e para o centro desta bacia hidrográfica
  • 8:27 - 8:30
    que parece ser o Grande Atrator.
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    De súbito, salta-nos aos olhos
    uma linha de separação das águas.
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    Vamos interligar a três dimensões
    esta superfície que engloba um volume
  • 8:40 - 8:45
    no qual cada galáxia tem um movimento
    convergente para o interior.
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    Portanto, esta linha
    de separação das águas
  • 8:49 - 8:53
    separa as galáxias que pertencem
    à nossa estrutura física,
  • 8:53 - 8:56
    galáxias que vão
    para uma outra estrutura.
  • 8:56 - 8:58
    Pela primeira vez,
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    vamos dar uma definição física
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    ao que é a maior estrutura
    das galáxias no Universo,
  • 9:05 - 9:07
    um super-conglomerado.
  • 9:07 - 9:11
    O super-conglomerado
    em que vivemos é imenso.
  • 9:11 - 9:15
    Agarrem na nossa galáxia,
    multipliquem-na por 100 000,
  • 9:15 - 9:18
    juntem um milhão de galáxias mais pequenas
  • 9:18 - 9:21
    e obtêm a Laniakea.
  • 9:21 - 9:25
    Eu organizo uma conferência
    internacional em França,
  • 9:25 - 9:30
    onde convido todos os investigadores
    que tinham voltado a trabalhar neste tema,
  • 9:30 - 9:32
    para lhes anunciar os resultados
  • 9:32 - 9:35
    para que eles possam
    trabalhar com os nossos dados.
  • 9:36 - 9:40
    Os nossos colegas concordam
    e aprovam oficialmente
  • 9:40 - 9:43
    o nome que escolhemos dar-lhe.
  • 9:43 - 9:46
    Laniakea em havaiano significa
  • 9:46 - 9:48
    "horizonte celeste imenso".
  • 9:48 - 9:51
    Horizonte, porque foi
    encontrando uma fronteira
  • 9:51 - 9:53
    que a descobrimos;
  • 9:53 - 9:55
    celeste, porque se situa no espaço;
  • 9:55 - 9:58
    e imenso porque é cem vezes maior
  • 9:58 - 10:01
    do que julgávamos que era
    um super-conglomerado.
  • 10:01 - 10:03
    Ao nosso endereço cósmico,
  • 10:03 - 10:05
    podemos juntar uma linha:
  • 10:05 - 10:07
    planeta Terra, estrela Sol,
  • 10:07 - 10:09
    galáxia Via Láctea,
  • 10:09 - 10:13
    super-conglomerado Laniakea,
    no Universo.
  • 10:14 - 10:17
    (Aplausos)
  • 10:21 - 10:25
    Laniakea é muito grande,
    mede 500 milhões de anos-luz
  • 10:25 - 10:27
    de diâmetro.
  • 10:27 - 10:29
    Assim, o ano-luz,
  • 10:29 - 10:33
    para nós, astrofísicos,
    o espaço é um dado temporal.
  • 10:33 - 10:37
    O Sol situa-se a 150 milhões
    de quilómetros de nós.
  • 10:37 - 10:40
    A luz que nos chega do Sol
    demora oito minutos,
  • 10:40 - 10:42
    está a oito minutos-luz.
  • 10:42 - 10:48
    A luz que atravessaria a nossa galáxia
    de um lado ao outro levaria 100 000 anos.
  • 10:48 - 10:51
    A nossa galáxia mede 100 000 anos-luz.
  • 10:52 - 10:55
    A Laniakea faz 500 milhões de anos-luz
  • 10:55 - 11:00
    e foi atingindo esta distância,
    ultrapassando-a e englobando-a,
  • 11:01 - 11:03
    que compreendemos
  • 11:03 - 11:06
    que o Grande Atrator
    não é um objeto esférico,
  • 11:06 - 11:09
    obscuro, imenso, e oculto à nossa vista,
  • 11:09 - 11:14
    mas é o vale central
    de um continente celeste
  • 11:14 - 11:17
    para o qual convergem, gravitacionalmente
  • 11:17 - 11:19
    cinco rios de matéria.
  • 11:19 - 11:22
    Mas tudo isto representa apenas 1%
  • 11:22 - 11:23
    — apenas 1% —
  • 11:23 - 11:26
    do Universo que é preciso cartografar.
  • 11:26 - 11:28
    Mesmo que tenhamos
    localizado e quantificado
  • 11:29 - 11:30
    continuamos sem saber
  • 11:30 - 11:34
    o que é a matéria negra,
    a nível microscópio.
  • 11:35 - 11:39
    A essência da profissão do físico,
    é manter o rumo,
  • 11:39 - 11:42
    prosseguir a busca
    de conhecimentos da Humanidade,
  • 11:42 - 11:45
    é manter-se nesta linha de partilha,
  • 11:45 - 11:48
    nesta fronteira entre o que sabemos
    e o que não sabemos.
  • 11:48 - 11:51
    Convido-vos a manterem-se connosco,
  • 11:52 - 11:56
    a virarem o olhar para o céu,
    nos vossos quotidianos atarefados,
  • 11:56 - 12:01
    e a sentir, partilhar esta vertigem
  • 12:01 - 12:05
    da beleza e da complexidade
    do nosso Universo.
  • 12:05 - 12:07
    Obrigada.
  • 12:07 - 12:10
    (Aplausos)
Title:
Balada do universo: à descoberta de Laniakea | Hélène Courtois | TEDxLyon
Description:

Uma balada e uma aventura excecional no infinitamente grande e seus segredos.

Hélène Courtois, astrofísica-cosmóloga de Lyon, descobriu as fronteiras do continente de galáxias em que vivemos: Laniakea. Este trabalho de grande fôlego foi coberto pela Nature. O vídeo publicado sobre este tema, pela prestigiada revista, contabilizou mais de 2,5 milhões de visitas no primeiro mês de difusão em novembro de 2014.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
French
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
12:14

Portuguese subtitles

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