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Title:
Insultos de Shakespear
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Description:
"You're a fishmonger!" Tomando as palavras de Shakespeare - especificamento os insultos - podemos ver porque ele é conhecido como um mestre cujos trabalhos trancendem o tempo e caem no gosto do público pelo mundo todo.
Lição de April Gudenrath, narração de Juliet Blake, animação de TED-Ed.
Veja a lição completa em: http://ed.ted.com/lessons/insults-by-shakespeare
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(Música)
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Por que nos sentimos incomodados quando ouvimos “Shakespeare”?
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Se querem saber, normalmente é por causa das suas palavras.
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Todos esses tu e vós e portantos
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e os ‘por que haverias de ser tu’, podem ser bem maçantes.
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Mas temos que nos perguntar, por que ele é tão popular?
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Por que sua peças são feitas e refeitas mais do que qualquer outra peça teatral?
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Isso se deve às suas palavras.
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No fim dos anos 1500 e começo de 1600,
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esta era a melhor ferramenta que uma pessoa tinha,
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e havia muito do que falar.
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Todavia, a maior parte delas era bem deprimente.
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Como a Peste Negra e tudo mais.
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Shakespeare de fato usa muitas palavras.
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Uma de suas realizações mais impressionante é o seu uso de insultos.
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Eles uniam todo o público;
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não importava onde você se sentava, você ria do que se passava no palco.
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Palavras, principalmente nos diálogos de uma peça,
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são usadas por motivos diferentes:
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para estabelecer o tom da cena,
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para dar mais atmosfera à montagem,
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e para cultivar relacionamentos entre os personagens.
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Insultos fazem isso de maneira breve e aguda.
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Vamos primeiro a “Hamlet”.
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Exatamente antes deste diálogo,
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Polônio é o pai de Ofélia que está apaixonada pelo Príncipe Hamlet.
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O Rei Cláudio procura averiguar por que Príncipe Hamlet age como um louco
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desde que o rei se casou com a sua mãe.
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Polônio oferece sua filha
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para obter informação sobre o Príncipe Hamlet.
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Seguimos ao Ato II Cena 2.
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Polônio: “Sabes quem sou, meu senhor?”
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Hamlet: “Excelentemente bem. És um peixeiro”.
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Polônio: “Não eu, meu senhor.”
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Hamlet: “Então quisera eu que fosses homem do mais honesto.”
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Bom, mesmo se não soubéssemos o que “peixeiro” significa,
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podemos usar algumas dicas contextuais.
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Primeira: Polônio reagiu de forma negativa, portanto deve ser ruim.
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Segunda: Peixe cheira mal, portanto deve ser ruim.
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E terceira: “Monger” em inglês não soa exatamente como uma palavra boa.
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Então mesmo sem saber o significado,
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nós começamos a construir alguma caracterização
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da relação entre Hamlet e Polônio,
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que não era boa.
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Mas se sondamos mais, “comerciante de peixe” significa um tipo de intermediário,
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e neste cenário, significaria algo tipo cafetão,
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como se Polônio estivesse utilizando sua filha por dinheiro,
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o que ele fazia como favores ao rei.
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Isto nos permite ver que Hamlet não é tão louco como ele alega,
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e intensifica a animosidade entre estes dois personagens.
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Querem outro exemplo?
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“Romeo e Julieta” contém uns dos melhores insultos das obras de Shakespeare.
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É uma peça sobre duas quadrilhas,
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e os amantes malfadados que acabam com suas vidas.
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Bem, quando tem pancadaria sabemos que algo grave está se passando.
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E vocês não ficam desapontados.
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No Ato I Cena 1, logo no início
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vemos o nível de desconfiança e ódio
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entres os membros das duas famílias, os Capuletos e os Montecchios.
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Gregório: “Vou franzir o rosto quando eu passar
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e eles que interpretem como quiserem.”
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Sansão: “Não, como ousam, morderei meu polegar, o que para
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eles será desonroso, no caso de não retrucarem.”
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Entram Abraão e Baltazar.
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Abraão: “Mordes teu polegar para nós, senhor?”
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Sansão: “Eu mordo meu polegar, senhor.”
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Abraão: “Mordes teu polegar para nós, senhor?”
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Muito bem, então como este processo nos ajuda a entender o tom ou caráter?
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Vamos analisar o insulto.
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Morder seu polegar hoje em dia pode não parecer grande coisa,
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mas Sansão diz que isto é um insulto para eles.
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Se assim se sentiam, é porque era um insulto.
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Isso começa a nos mostrar o nível de animosidade
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até mesmo entre os homens que trabalham para ambas Casas.
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E normalmente não faríamos algo a alguém a não ser que quiséssemos provocar uma luta,
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o que é exatamente o que está prestes a acontecer.
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Analisando mais a fundo, morder o polegar na época em que a peça foi escrita
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é como agora se mostra o dedo médio.
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Este gesto provoca um sentimento muito forte,
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portanto começamos a sentir a tensão na cena.
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Mais adiante na cena, Tebaldo, da Casa dos Capuletos,
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faz uma boa com Benvólio da casa dos Montecchios.
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Tebaldo: “Como! Usas a espada contra estes corços inúteis?
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Venha, Benvólio e encare a tua morte.”
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Benvólio: “Eu mantenho a paz; guarde tua espada,
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ou ajude-me a acalmar estes homens.”
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Tebaldo: “Como, sacas a espada e falas em paz!
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Eu odeio a palavra, tanto quanto odeio o inferno, todos os Montecchios, e tu.
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Defenda-te, covarde!”
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Ok, corços inúteis.
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Sabemos que isto também não é boa coisa
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Ambas famílias se odeiam e isto é como atiçar lenha na fogueira.
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Mas quão ruim é este golpe?
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Um ‘corço inútil’ é um covarde,
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e chamar alguém assim na frente de seus próprios homens, e a família rival,
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quer dizer que vai ter uma briga.
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Tebaldo basicamente chama Benvólio
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e, a fim de manter sua honra, Benvólio tem que lutar.
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Este diálogo nos dá uma boa visão da caracterização entre estes dois personagens.
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Tebaldo pensa que os Montacchios são não mais do que covardes,
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e não tem nenhum respeito por eles.
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Mais uma vez, acrescentando uma tensão dramática à cena.
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Bom, aqui está um sobreaviso.
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A obsessão e imenso ódio de Tebaldo pelos Montacchios
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é o que chamamos em literatura de hamartia,
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ou o que o leva a sua ruína.
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Ah, é. Ele morre nas mãos de Romeu.
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Portanto, quando você examinar Shakespeare,
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pare e examine as palavras,
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porque na verdade elas tentam lhe dizer algo.