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A minha vida é a minha mensagem | Bento Amaral | TEDxPorto

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    Olá, boa tarde.
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    Eu venho-vos falar de felicidade.
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    Mas da felicidade em momentos de crise.
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    Uma felicidade que tem de ser reinventada
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    porque o futuro não vai ser
    o que nós pensamos.
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    O meu presente é muito diferente do que
    eu pensava que iria ser o meu futuro.
  • 0:29 - 0:30
    Ops.
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    Em agosto de 1994,
    a fazer uma carreirinha,
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    a apanhar boleia com uma onda,
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    bati com a cabeça no fundo.
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    Era um fundo de areia
    e eu era um nadador experimentado.
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    Fiquei tetraplégico,
    mais ou menos como estou hoje.
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    Essa onda levou-me a minha mobilidade
  • 0:56 - 0:59
    mas levou-me também
    o que eram os meus sonhos, na altura.
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    Os meus sonhos na altura
  • 1:01 - 1:03
    — estava a acabar o curso
    de Engenharia Alimentar —
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    era ir fazer vinho para a Austrália
    e andar a conhecer o mundo a fazer vinho.
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    Portanto ia para a Austrália, depois
    para os EUA, Chile e por aí fora.
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    Essa onda levou-me esses sonhos.
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    Se tivesse como sonho casar-me
    — que não era um grande sonho na altura —
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    também mo teria levado.
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    Portanto, estive internado
    no hospital durante seis meses.
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    Depois de seis meses no hospital,
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    tive duas grandes preocupações.
  • 1:33 - 1:37
    A minha integração social.
    O que é que isto quer dizer?
  • 1:37 - 1:41
    Estava numa nova situação física,
    estava numa cadeira de rodas.
  • 1:41 - 1:45
    Como devem imaginar, ninguém
    gosta de se ver numa cadeira de rodas.
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    E tive de aprender a viver,
    a vir para cá para fora
  • 1:51 - 1:55
    e a aceitar os olhares
    das outras pessoas para mim.
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    E a saber conviver com isso.
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    E compreender que,
    se houvesse algum problema,
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    era no olhar das pessoas e não em mim.
  • 2:04 - 2:06
    Depois... ops.
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    Estava eu a dizer que também
    outra preocupação minha...
  • 2:22 - 2:25
    ... foi com a minha
    integração profissional.
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    Não se falava de "geração à rasca",
    eu não sabia sequer que estava à rasca,
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    mas tive que me desenrascar.
  • 2:34 - 2:40
    Durante dois anos, pouco fiz,
    apesar de vontade ter.
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    Fazia umas provas de vinhos
    — que era o que eu queria — com amigos.
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    E umas pequenas provas na faculdade.
  • 2:46 - 2:51
    O meu primeiro emprego, curiosamente,
    foi a trabalhar para a Microsoft,
  • 2:51 - 2:55
    através de uma empresa que se chama
    Telemanutenção, com computadores.
  • 2:55 - 2:59
    Uma área completamente diferente
    da minha, mas onde me realizei.
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    Era um grupo só de pessoas deficientes,
    e com elas aprendi bastante.
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    Também, por exemplo, a escrever
    como escrevo hoje em dia.
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    Mais tarde, isto em 1999
    — cinco anos depois do acidente —
  • 3:15 - 3:21
    finalmente sim, aí apareceram até mais
    do que um, dois empregos dos meus sonhos.
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    Sou provador de vinhos.
    Para mim, isto é uma realização.
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    Eu digo sempre que sou provador,
    não sou bebedor.
  • 3:28 - 3:29
    Também bebo, naturalmente,
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    mas tenho de deitar fora,
    num dia de trabalho.
  • 3:32 - 3:34
    (Risos)
  • 3:34 - 3:36
    Não posso levar nada para casa.
  • 3:36 - 3:37
    (Risos).
  • 3:37 - 3:39
    Bem, mas estava a dizer,
  • 3:39 - 3:42
    sou provador de vinhos no Instituto
    dos Vinhos do Douro e do Porto.
  • 3:42 - 3:46
    Tenho uma equipa, provo à volta
    de 8000 vinhos do Porto e do Douro
  • 3:46 - 3:47
    e depois, de vez em quando,
  • 3:47 - 3:53
    ainda tenho o privilégio de provar outros
    vinhos e para mim é uma grande paixão.
  • 3:53 - 3:56
    Além disso, também dou aulas,
  • 3:56 - 3:58
    pós-graduações de Enologia
    e Marketing de Vinhos.
  • 3:58 - 4:01
    Também da parte de prova de vinhos.
  • 4:01 - 4:04
    Para mim isto tudo é mais, até,
    prazer do que trabalho.
  • 4:04 - 4:07
    Tenho a sorte de me pagarem,
    porque não sabiam que faria isto de borla.
  • 4:07 - 4:08
    (Risos)
  • 4:08 - 4:10
    Não digam isto a ninguém.
  • 4:10 - 4:11
    (Risos)
  • 4:15 - 4:22
    Na altura em que tive o acidente,
    era um desportista, tinha 25 anos.
  • 4:23 - 4:28
    E tinha vindo de Bordéus, dum Erasmus,
    há quatro ou cinco meses,
  • 4:28 - 4:31
    onde tinha começado a fazer esqui na neve.
  • 4:33 - 4:36
    E lembro-me bem dos meus
    primeiros pensamentos que tive,
  • 4:37 - 4:41
    foi que nunca mais
    vou conseguir fazer esqui na neve,
  • 4:41 - 4:45
    e pensar: “Tenho pena, é uma coisa
    que nunca mais vou fazer."
  • 4:45 - 4:51
    Curiosamente, foi o primeiro desporto
    que fiz, depois de ter tido o acidente.
  • 4:53 - 4:56
    Como é que se faz esqui numa cadeira?
  • 4:56 - 5:02
    Portanto, a cadeira em vez de ter rodas,
    tem dois esquis no centro.
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    Funciona como quando se vai a descer
    uma encosta íngreme de bicicleta.
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    Inclinamo-nos para um lado,
    a cadeira vira para esse lado.
  • 5:12 - 5:15
    Inclinamo-nos para o outro,
    a cadeira vira para o outro.
  • 5:15 - 5:17
    Se nos inclinamos demais, caímos.
  • 5:17 - 5:18
    (Risos)
  • 5:18 - 5:20
    Nada de grave.
  • 5:20 - 5:27
    Aconteceu que num ano, em 2000,
    fui fazer esqui para La Plaine, nos Alpes.
  • 5:27 - 5:31
    Dois anos antes, tinha havido
    lá os Jogos Olímpicos.
  • 5:31 - 5:34
    E havia uma pista
    onde se media a velocidade.
  • 5:35 - 5:40
    Depois de o meu instrutor insistir,
    3 ou 4 dias seguidos,
  • 5:40 - 5:43
    para irmos fazer essa pista
    e medir a velocidade, e eu dizer que não,
  • 5:43 - 5:47
    acabei por ir praticamente arrastado
    para o cimo dessa pista.
  • 5:48 - 5:54
    Descemos a pista, e batemos o recorde
    do mundo de velocidade para deficientes,
  • 5:54 - 5:57
    para esqui adaptado, 120 km/hora.
  • 5:57 - 6:00
    (Aplausos)
  • 6:05 - 6:07
    É um recorde oficioso.
  • 6:07 - 6:09
    Para mim é uma memória,
    é uma história para contar aqui,
  • 6:09 - 6:13
    mais do que propriamente uma coisa
    de que me orgulhe por aí além.
  • 6:13 - 6:14
    (Risos)
  • 6:16 - 6:21
    Mas o meu desporto de eleição,
    e tinha feito durante 14 anos, era a vela.
  • 6:24 - 6:29
    Com toda a parafernália
    que a vela tem e exige,
  • 6:29 - 6:32
    pensei que nunca seria possível fazer.
  • 6:32 - 6:36
    Curiosamente, num fim de semana
    que acabou por trazer muita emoção,
  • 6:36 - 6:39
    — o meu irmão casava-se no sábado —
  • 6:39 - 6:42
    a importância da minha família
    e dos meus amigos foi fundamental
  • 6:42 - 6:45
    para a minha reabilitação
    e para a minha motivação.
  • 6:46 - 6:49
    Portanto, esse dia foi emocionante,
    o casamento do meu irmão.
  • 6:49 - 6:54
    No dia a seguir, tinha cá, no Porto,
    um casal de australianos
  • 6:54 - 7:00
    com um barco comandado com um "joystick"
    para comandar as velas e o leme.
  • 7:00 - 7:04
    Foi uma sensação de liberdade
    e de autonomia que sinto na água
  • 7:04 - 7:07
    que não consigo sentir em terra.
  • 7:08 - 7:13
    Porque na água acabo por conseguir velejar
    como qualquer outra pessoa.
  • 7:13 - 7:17
    Esta fotografia é de um barco diferente.
  • 7:18 - 7:23
    Em 2004, depois de alguns anos a treinar,
  • 7:24 - 7:27
    surgiu a oportunidade de ir...
  • 7:29 - 7:32
    fazer um campeonato do mundo à Austrália.
  • 7:33 - 7:35
    Vejam o humor irónico da minha vida.
  • 7:35 - 7:38
    A minha ideia era ir
    fazer vinho para a Austrália,
  • 7:38 - 7:42
    e acabo por ir à Austrália
    porque sou deficiente, a fazer vela.
  • 7:42 - 7:45
    Portanto, acabei por conseguir
    esses meus objetivos.
  • 7:45 - 7:48
    Vou à Austrália e vou com uma
    gastroenterite, bastante debilitado.
  • 7:48 - 7:53
    Na altura, em meio ano perdi 30 quilos,
    que não me fez mal nenhum.
  • 7:53 - 7:54
    Entretanto, já ganhei 10.
  • 7:54 - 7:56
    (Risos).
  • 7:56 - 7:58
    Espero não precisar de
    outra gastroenterite para ir ao sítio.
  • 7:58 - 8:00
    (Risos)
  • 8:00 - 8:07
    Mas, estava eu a dizer, nesse campeonato
    do mundo, estava um bocado apreensivo
  • 8:07 - 8:10
    sobre como ia correr
    e só não queria era ficar em último
  • 8:10 - 8:15
    porque pensava, isto é uma vergonha,
    ficar em último, eu que já fiz vela.
  • 8:15 - 8:18
    As coisas correram bem
    e fui vice-campeão do mundo.
  • 8:19 - 8:21
    No ano a seguir...
  • 8:21 - 8:23
    (Aplausos)
  • 8:26 - 8:29
    No ano a seguir
    ganhei o campeonato do mundo.
  • 8:30 - 8:33
    Depois... não batam palmas
    senão cortam-me no tempo.
  • 8:33 - 8:36
    (Risos)
  • 8:36 - 8:40
    No ano a seguir, fui campeão do mundo
    e depois quis ir aos Jogos Paraolímpicos.
  • 8:41 - 8:46
    Para isso, tive de ir aos EUA,
    a Singapura e, finalmente, a Pequim.
  • 8:46 - 8:49
    As coisas não correram tão bem
    como o que queríamos,
  • 8:49 - 8:53
    mas de qualquer das maneiras,
    todas as recordações que tenho da vela,
  • 8:53 - 8:58
    acima de tudo foi mais das culturas
    que conheci, as experiências que troquei,
  • 8:58 - 9:00
    mais do que propriamente dos títulos.
  • 9:00 - 9:04
    Eu acho que isso é que me enriqueceu
    e é isso que faz parte de mim.
  • 9:05 - 9:10
    E agora, a este capítulo chamo Carmo.
    Carmo é a minha mulher.
  • 9:11 - 9:17
    Mas também deveriam estar aqui
    os amigos, a família, os irmãos,
  • 9:17 - 9:22
    todas as pessoas que me acompanharam
    e que me apoiaram e que me motivaram
  • 9:22 - 9:25
    para eu ser e conseguir
    ser quem eu sou hoje em dia.
  • 9:26 - 9:29
    Falo da Carmo em especial pelo seguinte:
  • 9:29 - 9:33
    porque os meus amigos e a minha família,
    de uma maneira geral,
  • 9:33 - 9:37
    se depararam com uma situação,
    e ajudaram-me, o que já foi ótimo,
  • 9:37 - 9:39
    porque me podiam ter posto de lado.
  • 9:39 - 9:45
    A Carmo entrou numa situação delicada
    e difícil, por amor e por vontade própria.
  • 9:45 - 9:48
    Fica aqui a minha admiração
    para a minha mulher, para a minha família,
  • 9:48 - 9:50
    e para todos os meus amigos.
  • 9:50 - 9:53
    (Aplausos)
  • 9:58 - 10:00
    Isto começa a ficar quente.
  • 10:00 - 10:01
    (Risos)
  • 10:01 - 10:03
    Falo da Carmo, baixam as luzes
  • 10:03 - 10:04
    e aparece a primeira noite...
  • 10:05 - 10:07
    (Risos)
  • 10:07 - 10:09
    ... mas não é essa.
  • 10:09 - 10:11
    (Risos)
  • 10:12 - 10:15
    A primeira noite de que vos vou falar
    nem é a primeira noite,
  • 10:15 - 10:17
    é a seguir ao acidente.
  • 10:19 - 10:23
    A primeira noite passei-a provavelmente
    drogado, anestesiado, não me lembro.
  • 10:23 - 10:29
    O primeiro dia, passei entretido
    a olhar para os outros doentes,
  • 10:29 - 10:34
    passei entretido a olhar para os médicos,
    para os enfermeiros a trabalhar.
  • 10:34 - 10:37
    Na noite a seguir é que foi complicado.
  • 10:37 - 10:43
    Foi a noite... foi o tempo em que tive
    consciência da situação em que estava,
  • 10:43 - 10:46
    e que perguntei a mim:
    O que é que vai ser de mim?
  • 10:47 - 10:49
    E agora? O que é que eu vou fazer?
  • 10:52 - 10:55
    Durante esse tempo, passaram-me
    umas imagens que vos vou passar agora.
  • 10:55 - 10:58
    Não vou pôr exatamente estas,
    com direitos de autor
  • 11:00 - 11:03
    — e que me fizeram pensar.
  • 11:05 - 11:11
    Se eu nunca pus em causa o equilíbrio
    do mundo, a justiça ou a falta dela,
  • 11:12 - 11:16
    quando sei que há
    tanta gente a sofrer e sofreu,
  • 11:16 - 11:19
    porque é que há de ser diferente
    agora que o sofrimento é meu?
  • 11:19 - 11:22
    Eu sou diferente de qualquer outra pessoa?
  • 11:23 - 11:24
    Eu não mereço sofrer?
  • 11:24 - 11:27
    Ou... estarei isento do sofrimento?
  • 11:28 - 11:31
    Não me parece, é a minha opinião.
  • 11:33 - 11:35
    Ainda nessa noite pensei:
  • 11:35 - 11:41
    "Vou tentar reagir e fazer o melhor
    com a minha vida."
  • 11:41 - 11:46
    E foi isso que tentei.
    E então passei para a felicidade.
  • 11:48 - 11:52
    A felicidade tem sempre
    um aspeto dourado.
  • 11:54 - 11:59
    Pode ser mesmo da riqueza,
    ou do poder, ou da beleza;
  • 11:59 - 12:01
    provavelmente para a semana,
  • 12:01 - 12:04
    para muita gente, na forma do iPad 2.
  • 12:04 - 12:07
    (Risos)
  • 12:07 - 12:09
    Para mim a felicidade...
  • 12:12 - 12:15
    aprendi um pouco mais
    o que poderia ser a felicidade
  • 12:15 - 12:17
    através de um episódio que vos vou contar.
  • 12:18 - 12:20
    Num dia em que estava a fazer fisioterapia
  • 12:21 - 12:24
    — eu deveria até continuar
    a fazer fisioterapia mas não tenho feito —
  • 12:24 - 12:28
    Num dia em que estava a fazer fisioterapia
  • 12:28 - 12:32
    estava ao meu lado, deitado, um amigo meu,
    que a fazia com alguma regularidade.
  • 12:32 - 12:36
    Estávamos a falar daquelas coisas
    que fazemos no dia-a-dia:
  • 12:36 - 12:40
    "Então como é que vais? Onde
    foste ontem à noite?" e por aí fora.
  • 12:40 - 12:44
    Bem, este meu amigo tem mais mobilidade
    do que o que eu tenho.
  • 12:44 - 12:49
    Consegue mexer bem os braços, e com isso
    consegue passar da cadeira para o carro,
  • 12:49 - 12:53
    consegue até guiar,
    com a ajuda duns equipamentos,
  • 12:53 - 12:55
    consegue tomar banho sozinho,
    que eu não consigo,
  • 12:55 - 12:57
    vira-se durante a noite sozinho,
    eu não consigo
  • 12:57 - 13:01
    — é a minha mulher que me vira
    duas vezes por noite — e por aí fora.
  • 13:01 - 13:04
    Portanto. tinha o que eu queria ter.
  • 13:05 - 13:10
    A dada altura aparece uma terceira pessoa
    com uma lesão ainda mais baixa,
  • 13:10 - 13:16
    e que consegue dar uns passos com
    a ajuda de um equipamento, uns aparelhos.
  • 13:16 - 13:21
    Esta pessoa, que estava sentada
    ao meu lado,
  • 13:21 - 13:24
    vira-se para mim e diz:
    "Quem me dera estar como ele."
  • 13:24 - 13:27
    E eu pensei: "Que grande lata,
    que falta de sensibilidade."
  • 13:27 - 13:30
    (Risos)
  • 13:30 - 13:33
    Então vem-me dizer isto a mim?
  • 13:33 - 13:34
    (Risos)
  • 13:34 - 13:36
    E eu que queria era ficar como ele está.
  • 13:36 - 13:38
    (Risos)
  • 13:39 - 13:42
    E eu fiquei a pensar naquilo
    durante muito tempo.
  • 13:43 - 13:45
    Hoje em dia vejo as coisas
    de maneira diferente.
  • 13:45 - 13:49
    Eu penso, eu se estivesse na cabeça dele
    diria exatamente a mesma coisa.
  • 13:49 - 13:55
    E se estivesse na cabeça do que
    estava a dar uns passos com os aparelhos,
  • 13:55 - 14:01
    estava a pensar: "Quem me dera era estar
    como o futebolista com o joelho lesionado
  • 14:01 - 14:03
    "que estava ali a fazer fisioterapia."
  • 14:03 - 14:06
    E o futebolista com o joelho lesionado,
    a fazer fisioterapia,
  • 14:06 - 14:10
    estava a pensar: "Estou tramado,
    estou com a época lixada."
  • 14:11 - 14:15
    Mas portanto, na realidade,
    a conclusão a que eu chego
  • 14:16 - 14:22
    é que estamos a pôr a felicidade
    sempre em coisas que não temos.
  • 14:22 - 14:24
    Estamos a adiar a nossa felicidade.
  • 14:24 - 14:30
    Quando o que me parece é que devemos
    saber ser felizes agora e como estamos.
  • 14:31 - 14:36
    Eu acabo por pedir só mais 30 segundos
    extra aqui à organização,
  • 14:36 - 14:43
    com este último "slide" que é, se pudesse
    voltar ao dia do acidente, o que faria?
  • 14:44 - 14:47
    Esta é uma pergunta
    que me fazem com regularidade.
  • 14:48 - 14:51
    E eu só dou graças a Deus
    por não poder voltar ao dia do acidente.
  • 14:52 - 14:55
    Porque provavelmente
    poderia tomar a decisão errada.
  • 14:56 - 14:58
    Compreendem que...
  • 15:00 - 15:05
    a minha vida tem sido
    bastante rica, depois do acidente,
  • 15:06 - 15:10
    que aprendi muito,
    que me sinto uma pessoa diferente
  • 15:11 - 15:13
    e mais ligada às outras pessoas.
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    Que provavelmente se pudesse
    estalar os dedos agora e ficar bom,
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    que não gostaria de apagar a experiência
    que tinha tido para trás.
  • 15:25 - 15:30
    Então, porque é que eu acho
    que daqui para a frente
  • 15:30 - 15:35
    a minha experiência numa cadeira de rodas
    não será melhor do que andar,
  • 15:35 - 15:40
    se nos últimos 16 anos
    me parece que isso aconteceu?
  • 15:40 - 15:44
    É uma reflexão, é uma pergunta
    que eu não sei responder.
  • 15:44 - 15:48
    Só sei responder que o sofrimento
    faz parte da vida.
  • 15:48 - 15:54
    Que muitas vezes confundimos o sofrimento
    e achamos que podemos evitar o sofrimento
  • 15:54 - 15:56
    mas não é possível.
  • 15:56 - 15:58
    O sofrimento existe
    na vida de toda a gente.
  • 15:58 - 16:01
    Temos é que aprender a viver
    com o sofrimento.
  • 16:02 - 16:06
    E pronto, termino por aqui
    e a minha mensagem final é:
  • 16:07 - 16:10
    aprendam a ser felizes
    com o que têm ao vosso alcance.
  • 16:10 - 16:11
    Muito obrigado.
  • 16:11 - 16:14
    (Aplausos)
Title:
A minha vida é a minha mensagem | Bento Amaral | TEDxPorto
Description:

Aos 25 anos, Bento Amaral teve um acidente na praia e ficou tetraplégico. Mas não deixou que a perspetiva de uma vida passada numa cadeira de rodas o impedisse de alcançar os seus sonhos. Aos 41 anos, quando fez esta palestra no Porto, responde desta forma quando lhe perguntam, o que faria se pudesse voltar ao dia do acidente: "Eu só dou graças a Deus por não poder voltar ao dia do acidente. Porque provavelmente poderia tomar a decisão errada. A minha vida tem sido bastante rica, depois do acidente. Provavelmente, se pudesse estalar os dedos agora e ficar bom, não gostaria de apagar a experiência que tinha tido para trás."

Esta palestra foi feita num evento TEDx, organizado de forma independente por uma comunidade local mas usando o formato das Conferências TED. Saiba mais em: http://ted.com/tedx

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Video Language:
Portuguese
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
16:28

Portuguese subtitles

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