Eu mono | Pablo Herreros Ubalde | TEDxGalicia
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0:07 - 0:10Como em todas as grandes histórias
da nossa espécie, -
0:10 - 0:14desde há milhares de anos,
começa sempre tudo por um fogo. -
0:14 - 0:17Vou tentar fazê-lo
como o faziam os pré-históricos, -
0:18 - 0:21com tutano, sílex, magnésio,
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0:21 - 0:24pirite e um candeeiro Pierre.
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0:25 - 0:26Vamos lá!
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0:31 - 0:32Já está!
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0:32 - 0:35(Aplausos)
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0:39 - 0:43E assim começa a nossa história.
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0:44 - 0:50O fogo foi um fator importantíssimo
quando se tratou de socializarmos -
0:50 - 0:54com outras pessoas
do nosso grupo ou da nossa tribo. -
0:54 - 0:59Imaginam a diferença entre
ter de ir para a cama ou para a gruta -
0:59 - 1:01às cinco da tarde
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1:01 - 1:05ou poder prolongar essas horas,
várias horas, -
1:05 - 1:08até às 10, 11 ou 12 da noite?
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1:08 - 1:13Poder partilhar com os outros
membros da tribo, do grupo, -
1:13 - 1:16e poder transmitir os conhecimentos,
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1:16 - 1:19as técnicas novas como, por exemplo,
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1:19 - 1:23caçar um veado, cortar melhor
pedras como estas, -
1:23 - 1:27como estes bifaces
que tenho aqui, esta tarde. -
1:28 - 1:33Já imaginaram como o grupo
ganhou em sociabilidade, -
1:33 - 1:36ao poder reunir-se em volta
de um mesmo ponto, -
1:36 - 1:38de uma mesma fogueira?
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1:38 - 1:40Sem dúvida, é uma coisa incrível.
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1:41 - 1:43Então, se sabemos
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1:43 - 1:49que os nossos antepassados mais próximos,
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1:49 - 1:53os primeiros Homo sapiens
foram primatas, -
1:53 - 1:59uns animais muito cooperantes
e muito solidários entre si, -
1:59 - 2:05como é que passámos dessa realidade
para uma interpretação da Natureza -
2:05 - 2:08baseada na agressividade e na violência?
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2:08 - 2:12Certamente todos se recordam
dos documentários na TV -
2:12 - 2:15em que uma gazela escapa
sempre de um tigre, -
2:16 - 2:21ou de um pequeno elefante ferido
ou que lhe aconteceu qualquer coisa -
2:21 - 2:23e ele não pode continuar o caminho
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2:23 - 2:27e a manada tem de seguir em frente
— como diz o documentário — -
2:27 - 2:33para sobreviver e, por isso,
tem de o deixar abandonado. -
2:34 - 2:36Começamos a descobrir
que todas estas ideias, -
2:36 - 2:39todos estes modelos mentais
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2:39 - 2:42baseados em que foi a agressividade
que nos tornou humanos, -
2:42 - 2:46que a violência foi um motor da história,
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2:46 - 2:48estão errados.
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2:48 - 2:50Afirmações como
"a lei do mais forte" -
2:50 - 2:55ou "só sobrevivem os mais fortes"
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2:55 - 2:58ou "todos contra todos".
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2:58 - 3:03Não é verdade que conhecem estas frases
tão recorrentes na nossa sociedade? -
3:03 - 3:07Tudo isso existe, é verdade.
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3:07 - 3:10Não se trata de negar
o conflito e a violência, -
3:10 - 3:13mas são apenas uma pequena
parte da história. -
3:17 - 3:22Jane Goodall, com quem tive
a ocasião de conversar várias vezes, -
3:22 - 3:24recordou-me isso,
em muitas ocasiões e dizia-me: -
3:24 - 3:28"Pablo, não penses na guerra
e na violência, -
3:28 - 3:33"como a característica fundamental
dos primatas e dos seres humanos". -
3:34 - 3:36Claro que existe, mas esquecemo-nos
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3:37 - 3:40duma grande quantidade
de comportamentos sociais -
3:40 - 3:45como o altruísmo, a cooperação,
a generosidade, o auxílio, -
3:45 - 3:48que fazem parte do mais profundo
do nosso ADN. -
3:48 - 3:52Para poder pôr isto à prova,
uma maneira, um método -
3:52 - 3:55é compararmo-nos com outros animais
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3:55 - 4:00e ver se os chimpanzés, os bonobos,
com quem partilhamos 98% do ADN, -
4:00 - 4:04também apresentam estas características.
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4:05 - 4:08Eduard Punset,
quando eu passava tardes com ele, -
4:08 - 4:11na sua casa de Gerona, dizia-me:
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4:11 - 4:16"Pablo, nunca te esqueças que tudo começou
como uma história de amor e cooperação". -
4:16 - 4:19A cooperação está documentada
a todos os níveis, -
4:19 - 4:23desde as moléculas até aos países,
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4:23 - 4:26passando por todos os organismos
ou seres intermédios -
4:26 - 4:30— pessoas, grupos, tribos, comunidades.
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4:30 - 4:36Quer dizer, a cooperação inundou,
colonizou, até ao último rincão -
4:36 - 4:38o nosso planeta Terra.
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4:40 - 4:42Então, vamos dar uma olhadela
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4:42 - 4:45à cooperação e ao altruísmo
noutros animais -
4:45 - 4:48e assim poder tirar algumas conclusões
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4:48 - 4:50sobre o que somos
ou do que somos capazes. -
4:51 - 4:55Nesta experiência, colocam-se
umas lajes de cimento -
4:55 - 5:00de modo que um chimpanzé sozinho
não consegue chegar à recompensa -
5:00 - 5:03que está por baixo e necessita
da ajuda de outra pessoa. -
5:04 - 5:06Vamos ver o que se passa.
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5:15 - 5:16(Risos)
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5:16 - 5:21Como veem, coopera
com grande facilidade, -
5:21 - 5:23pede que o ajudem, pede auxílio
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5:23 - 5:25e indica ao investigador humano
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5:26 - 5:28onde é o local adequado
para puxarem juntos, -
5:28 - 5:34para que esse esforço se transforme
numa cooperação, numa atividade conjunta. -
5:34 - 5:37Agora, vou mostrar
outro vídeo mais antigo, -
5:37 - 5:42que põe à prova essa capacidade
de coordenarmos e nos sincronizarmos -
5:42 - 5:45com outros membros
para obter recompensas -
5:45 - 5:49que, por si só, ou por nós mesmos,
não conseguiríamos. -
5:50 - 5:53Temos aqui dois chimpanzés
e fazemos o mesmo. -
5:53 - 5:55Pomos uma tábua de modo
que seja necessária -
5:55 - 5:57a cooperação de dois indivíduos.
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6:01 - 6:05Reparem no chimpanzé, a cooperação
nem sempre foi fácil na evolução. -
6:08 - 6:11(Risos)
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6:18 - 6:22Como vemos, puxam, sincronizam-se
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6:22 - 6:25e finalmente conseguem
a recompensa maior. -
6:25 - 6:30Mas agora devem estar a perguntar:
"Que se passa com os homens?" -
6:30 - 6:33Claro que os animais são
uns seres maravilhosos, -
6:33 - 6:35mas que se passa connosco?
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6:35 - 6:37Somos altruístas?
Somos cooperantes? -
6:37 - 6:40Para pôr isso à prova,
pusemos umas crianças -
6:40 - 6:44em situações em que um adulto
precisava de ajuda. -
6:44 - 6:49Não podíamos dar à criança
nenhum tipo de ordem nem de conselho. -
6:50 - 6:51Nem podíamos olhar para ela.
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6:51 - 6:54A criança ajudaria de modo espontâneo?
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7:03 - 7:05Como vemos, a criança, rapidamente,
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7:05 - 7:10não demora nem dois segundos,
a reagir e a ajudar o investigador. -
7:11 - 7:14(Aplausos)
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7:16 - 7:18Nesta outra prova, é o mesmo.
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7:18 - 7:23O investigador deixa cair uma colher
na caixa e não sabe como apanhá-la. -
7:23 - 7:25A criança repara nisso.
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7:25 - 7:28(Risos)
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7:30 - 7:35Como, para os cientistas,
as provas nunca são suficientes, -
7:35 - 7:38no programa Redes,
repetimos estas experiências -
7:38 - 7:41com idênticos resultados positivos.
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7:41 - 7:44Vão ver-me a mim, a deixar
cair uma mola no chão, -
7:44 - 7:47enquanto estou a estender a roupa
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7:47 - 7:50e vamos ver o que se passa
com estas crianças. -
8:01 - 8:04Não me conhecem, nunca me viram.
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8:04 - 8:08Parece que, de modo altruísta,
estão dispostos a cooperar comigo. -
8:08 - 8:10Não lhes damos nenhuma recompensa.
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8:10 - 8:15De facto, quando recompensámos
estas crianças por nos ajudar, -
8:15 - 8:17elas deixavam de nos ajudar.
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8:17 - 8:19A motivação deles diminuía.
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8:19 - 8:22Porque, para eles, era muito interessante.
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8:22 - 8:25Os chimpanzés também mostram
estes comportamentos de ajuda. -
8:26 - 8:31Vemos uma investigadora desconhecida
que deixa cair uns potes ou tampas -
8:31 - 8:33e o chimpanzé também a ajuda.
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8:33 - 8:36Mas vamos mais longe.
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8:36 - 8:39Vamos dar a um bonobo a oportunidade
de comer a comida sozinho -
8:39 - 8:43ou de poder partilhá-la
com um companheiro desconhecido -
8:43 - 8:47ou seja, outro bonobo que está
numa gaiola adjacente -
8:47 - 8:51e ele pode abrir o compartimento
para partilhar com ele. -
8:51 - 8:53Fá-lo-á ou não?
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8:55 - 8:57Recordo que eles nunca se viram.
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8:59 - 9:00Pois aí os temos.
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9:00 - 9:03Podia ter ficado com a comida
só para ele, -
9:03 - 9:07mas preferiu partilhá-la,
mesmo com um estranho. -
9:08 - 9:11Muita gente não o sabe, mas estamos
programados para cooperar, -
9:11 - 9:15não só no cérebro,
mas também no corpo. -
9:15 - 9:21Há adaptações anatómicas no ser humano
que nos permitem cooperar, -
9:21 - 9:24ou que nos facilitam muito a cooperação,
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9:24 - 9:26como, por exemplo, a esclerótica humana.
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9:26 - 9:29A esclerótica é a parte branca dos olhos
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9:29 - 9:34e, graças a ela, podemos saber
para onde estão a olhar outras pessoas. -
9:34 - 9:37Podem assinalar-nos um objetivo comum
ou talvez um perigo. -
9:37 - 9:39Imaginam o valioso que é
-
9:39 - 9:42este tipo de comunicação,
na ausência da linguagem? -
9:43 - 9:46Quando os primeiros seres humanos
ainda não sabiam falar, -
9:46 - 9:51poder indicar com o olhar um perigo
ou um alimento, podia ser fundamental. -
9:51 - 9:53Mas também assinalamos com um dedo.
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9:53 - 9:58Nenhum outro primata entende
quando apontamos com o dedo. -
9:58 - 10:01Os que o entendem,
graças a uma história de amor -
10:02 - 10:05com mais de 20 000 anos
de antiguidade, são os nossos cães. -
10:05 - 10:07Precisamente, por toda essa evolução,
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10:07 - 10:10por todo esse historial
de evolução partilhada, -
10:10 - 10:13eles entendem o olhar
e para onde apontamos com o dedo. -
10:13 - 10:18Devo confessar que estou
na reserva militar como pastor, -
10:18 - 10:22porque decidi não fazer
o serviço militar -
10:22 - 10:27e, enquanto objetor de consciência,
fui para pastor de cabras. -
10:27 - 10:29Nunca me agradou mais ver a ligação
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10:29 - 10:32que existe entre os homens e estes cães
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10:32 - 10:35que nos acompanham desde há 20 000 anos.
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10:35 - 10:39Eu apontava com o dedo para um local,
assinalava uma cabra, com o meu olhar, -
10:39 - 10:42e lá ia o cão a correr
para reuni-la e recuperá-la, -
10:42 - 10:46para manter a unidade
e a coesão do rebanho. -
10:47 - 10:49Mas que se passa com os valores?
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10:50 - 10:54Viemos ao mundo, sabendo
o que está bem e o que está mal, -
10:54 - 10:58ou com alguma ideia
protomoral arcaica? -
10:58 - 11:00Para pôr isso à prova,
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11:00 - 11:03Frans de Waal e Sara Brosnan
realizaram esta experiência -
11:03 - 11:09em que vão dando fichas
para ração a dois capuchinhos. -
11:09 - 11:11Mas, de repente, premeiam um
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11:11 - 11:15e, como vemos, dão-lhe
um alimento melhor. -
11:17 - 11:22Este é premiado ou favorecido
com uma uva, -
11:22 - 11:26e este é o prejudicado
com a ração. -
11:26 - 11:28(Risos)
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11:28 - 11:31Reparem que até esse momento,
tinha-a aceitado -
11:32 - 11:35mas, ao ver o companheiro
receber uma recompensa maior, -
11:35 - 11:38pelo mesmo esforço, recusa-a.
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11:45 - 11:50Pensa: "Olha, meu, estás
a passar das marcas, para!" -
11:52 - 11:55Voltemos a fazer a experiência.
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11:55 - 11:58(Risos)
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12:06 - 12:09Temos de novo a ficha na mão.
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12:09 - 12:14"Não, não! Não é isto que eu quero".
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12:17 - 12:21Vamos ver como se zanga
e atira a ração à cara. -
12:23 - 12:26Segundo esta perspetiva,
parece-me muito provável -
12:26 - 12:28sermos parecidos com estes animais.
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12:28 - 12:31Vejamos a diferença
que a Igreja sempre fez -
12:31 - 12:35entre os seres humanos e o resto
dos animais por não terem alma. -
12:35 - 12:37Uma coisa que nem sequer
sabemos o que é, -
12:37 - 12:40pelo menos, do ponto de vista científico.
-
12:40 - 12:44Por isso, parece-me
que é muito importante conhecer -
12:44 - 12:47o comportamento de outros primatas
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12:47 - 12:50porque, quando encontramos
uma mesma característica -
12:50 - 12:54nos seres humanos e noutros primatas
próximos de nós, -
12:54 - 12:57há muitas probabilidades
de que o nosso antepassado comum, -
12:57 - 13:02que viveu há quatro milhões de anos,
já possuísse essa característica. -
13:02 - 13:09Ou seja, somos os descendentes
de hominídeos especialmente cooperantes -
13:09 - 13:12que encontraram o êxito na colaboração,
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13:12 - 13:15na criatividade e na imaginação.
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13:16 - 13:19Ou seja, a forma de colonizar
as latitudes do planeta -
13:19 - 13:21que até esse momento
não tinha sido possível. -
13:22 - 13:25Convivemos nalguns locais
com homens do Neandertal -
13:25 - 13:28e com homens como
o Homo erectus, na China. -
13:28 - 13:31Porque é que eles desapareceram
e nós não? -
13:31 - 13:33A hipótese mais aceitável
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13:33 - 13:36é que nós colaborávamos
de forma muito estreita. -
13:36 - 13:41Temos provas, temos jazidas
em que se comprova -
13:41 - 13:43que os seres humanos
cuidavam das crias, -
13:43 - 13:46cuidavam dos doentes, dos anciãos.
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13:46 - 13:48Havia uma "lei" da dependência.
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13:49 - 13:53Também cuidávamos de gente
que não se podia valer por si mesma. -
13:53 - 13:55Ou seja, não os deixávamos abandonados
-
13:55 - 14:00como muitos documentários na TV
tratam de nos transmitir. -
14:00 - 14:05Há bondade, há generosidade,
também fazem parte do nosso ADN. -
14:05 - 14:07Não podemos esquecer
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14:08 - 14:12— e gostaria de vos lembrar
para que o levem para casa — -
14:13 - 14:17que descendemos de uns hominídeos
especialmente cooperantes. -
14:17 - 14:20Todos os que estamos aqui
somos fósseis vivos, -
14:20 - 14:26somos a prova de que
descendemos de uns homens -
14:26 - 14:30especialmente generosos,
especialmente altruístas -
14:30 - 14:32e que encontraram na colaboração
-
14:33 - 14:37a chave do seu êxito.
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14:38 - 14:44Portanto, afirmações como
"a lei do mais forte", "a lei da selva", -
14:44 - 14:48não são nada aceitáveis nos dias de hoje.
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14:49 - 14:54Por isso, convido-vos a tirar
de dentro de vocês esse primata, -
14:54 - 14:56esse mono.
-
14:56 - 15:00Porque, afinal, vocês, nós, toda a gente,
-
15:00 - 15:01somos monos.
-
15:01 - 15:02Muito obrigado.
-
15:03 - 15:06(Aplausos)
- Title:
- Eu mono | Pablo Herreros Ubalde | TEDxGalicia
- Description:
-
De há anos para cá, Pablo investiga o comportamento dos primatas, aplicando-o a ambientes dos seres humanos como a empresa, a política ou a educação. Rompendo com os preconceitos sobre o comportamento animal, através de uma série de experiências com crianças e primatas, Pablo mostra-nos como, entre os instintos primários, existem valores positivos como a colaboração, a cooperação e o sentimento de justiça.
Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx
- Video Language:
- Spanish
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 15:28
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