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Um dispositivo capaz de salvar vidas ao detetar ataques cardíacos silenciosos

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    Quando eu tinha 13 anos,
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    perdi o meu avô por causa
    de um ataque cardíaco silencioso.
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    O mais chocante foi que, aos 75 anos,
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    o meu avô era saudável e cheio de energia,
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    à exceção de ser diabético.
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    Foi tão doloroso aperceber-me de tudo isto
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    que acabei por declarar guerra
    a este assassino implacável
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    e ver o que poderia ser feito.
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    Foi chocante ser confrontado com
    os resultados de estudos recentes
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    que ditavam uma estimativa
    de quase oito milhões de pessoas
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    que morriam anualmente
    de ataques cardíacos.
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    Um ataque cardíaco pode ocorrer
    por várias razões,
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    mas, na maioria das vezes, dá-se
    quando certas artérias ficam obstruídas,
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    o fluxo sanguíneo é cortado
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    e as células privadas de oxigénio
    no miocárdio começam a morrer.
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    Muitos de vós conhecem
    os sintomas comuns de um enfarte:
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    dor torácica, dor no braço,
    falta de ar, fadiga, etc.
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    Contudo, há um tipo de ataque cardíaco
    bastante comum,
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    e igualmente fatal,
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    mas mais difícil de detetar,
    uma vez que os sintomas são silenciosos.
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    Quem sofre um ataque cardíaco silencioso
    não se apercebe do que está a acontecer,
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    pelo que não procura assistência médica,
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    o que se traduz numa menor probabilidade
    de receber o tratamento que precisa
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    atempadamente.
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    E mesmo que, por acaso,
    chegue ao hospital
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    antes ou depois de sofrer
    um ataque cardíaco,
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    é possível que tenha de ser submetido
    a um ou mais exames caros e demorados
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    bem como a tratamentos
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    que são atualmente considerados
    o "padrão-ouro"
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    no diagnóstico de um ataque cardíaco.
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    O mais preocupante, no entanto,
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    é que estes ataques cardíacos silenciosos
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    correspondem a quase 45%
    do total de ataques cardíacos.
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    Doentes com diabetes e distúrbios
    similares têm lesões ao nível dos nervos
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    que os impede de sentirem o tipo de dor
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    que geralmente alerta uma pessoa
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    para a possibilidade de estar
    a sofrer um ataque cardíaco.
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    Isto significa que estão a
    sofrer um ataque cardíaco
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    sem se aperceberem
    ou sentirem alguma coisa.
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    Estes doentes de risco apresentam
    lesões ao nível dos nervos,
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    e devido a isso não recebem
    assistência médica imediata.
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    Não há qualquer aviso prévio
    que aponte para um episódio inesperado.
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    O meu avô também era
    um destes doentes de risco.
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    Dediquei-me ainda mais a esta questão
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    — li tanto quanto podia
    para melhor entender o coração,
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    reuni-me com investigadores,
    trabalhei em vários laboratórios na Índia.
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    E, por fim, após três longos anos
    de intensa investigação,
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    tenho uma solução promissora
    para partilhar com o resto do mundo.
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    Um dispositivo não-invasivo,
    de baixo custo,
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    portátil e de utilização contínua
    por doentes de risco.
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    É algo que reduz em muito
    a necessidade de uma análise ao sangue
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    e funciona ininterruptamente,
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    com recolhas e análises de dados
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    agendadas segundo
    intervalos pré-definidos.
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    Estes dados são recolhidos
    com um único propósito:
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    a deteção de ataques cardíacos
    à medida que ocorrerem.
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    Trata-se de uma solução promissora
    e que pode ser-nos muito útil no futuro.
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    Por vezes nem nos apercebemos
    de quão inteligente é o nosso coração.
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    Este tenta comunicar com o resto do corpo
    inúmeras vezes antes de entrar em falência
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    através de sintomas como a dor torácica.
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    Estes sintomas ocorrem
    quando o coração é privado
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    de fluxo sanguíneo rico em oxigénio.
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    Mas tenham presente a questão
    das lesões nos nervos.
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    Estas silenciam os sintomas
    que antecedem um ataque cardíaco,
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    tornando-o ainda mais letal.
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    E é possível que nem reconheçam
    os sintomas mais comuns.
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    Enquanto isso, o coração envia também
    certos biomarcadores,
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    biomarcadores cardíacos ou proteínas
    que funcionam como mensagens SOS,
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    e que entram na corrente sanguínea,
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    indicando que o coração está em risco.
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    E conforme a situação fica mais precária,
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    as concentrações destas proteínas
    biomarcadoras cardíacas
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    aumentam também, de forma descomunal.
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    Este dispositivo baseia-se unicamente
    nestes marcadores.
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    O ponto fundamental é que
    estes biomarcadores cardíacos surgem
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    num dos primeiros estádios
    de evolução de um enfarte,
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    quando a sobrevivência
    é ainda quase garantida
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    desde que o doente beneficie
    de cuidados imediatos.
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    É este o fundamento
    por detrás do dispositivo.
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    E eis como funciona:
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    Coloca-se um adesivo de silicone
    à volta do pulso ou perto do coração.
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    Poupando o doente a uma punção,
    inerente a uma análise de biomarcadores,
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    o adesivo consegue detectar, isolar
    e monitorizar um biomarcador específico,
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    denominado H-FABP,
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    alertando se este atingir um valor crítico
    na corrente sanguínea,
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    um processo mais simples, fácil e barato
    em comparação com os métodos convencionais
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    no diagnóstico de ataques cardíacos.
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    Ao avaliar a concentração
    de biomarcadores,
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    um sistema como este,
    aliado a investigação de ponta,
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    pode reduzir em muito a necessidade
    de o doente de risco ser submetido
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    a uma recolha de sangue
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    uma vez que o dispositivo
    é de uso contínuo,
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    registando subidas nos níveis
    de biomarcadores em tempo real.
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    Deste modo, caso o dispositivo registe
    valores que ultrapassem um nível crítico,
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    o doente de risco é advertido
    de uma paragem cardíaca iminente
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    e que deve procurar
    assistência médica de imediato.
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    Ainda que o dispositivo não seja capaz
    de fornecer ao doente
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    uma análise detalhada da lesão cardíaca,
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    pode constituir uma preciosa ajuda
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    na identificação do estado do doente
    como sendo de risco
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    de modo a alertá-lo
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    para que este perceba que
    o cuidado imediato é crucial.
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    Com isto, os doentes de risco
    possuem agora mais tempo de sobrevida
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    e procuram assistência médica.
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    Desta forma, os doentes
    não precisam de ser submetidos
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    a intervenções médicas
    invasivas e dispendiosas
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    que, de outro modo, seriam
    prescritas após um ataque cardíaco.
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    Durante a fase de testes do dispositivo
    em doentes de risco em observação,
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    as provas de validação clínica
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    atribuíram ao dispositivo um valor de
    96% em sensibilidade e exatidão.
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    O meu objetivo é tornar este dispositivo
    acessível em dois modelos:
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    um deles, que produza uma análise
    digital dos níveis de biomarcadores,
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    e uma versão mais simples,
    para doentes em zonas rurais,
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    com uma vibração programada para quando
    o biomarcador ultrapasse valores críticos.
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    Quando estudamos o progresso até hoje
    nos cuidados de saúde cardiovascular,
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    vemos que este se centra na prestação
    de cuidados e não em medidas preventivas.
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    Ficamos à espera
    que o ataque cardíaco ocorra
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    e dedicamos a maioria dos nossos recursos
    a tratamentos pós-operatórios.
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    Porém, por essa altura,
    já temos em mãos danos irreversíveis.
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    Acredito que está na hora de repensar
    a forma como praticamos medicina.
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    É fundamental desenvolver
    tecnologias de saúde proactivas.
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    Temos de gerar mudança,
    não daqui a dez anos,
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    não daqui a cinco anos,
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    mas hoje.
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    E assim, esperamos que um dia,
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    com a ajuda destes dispositivos,
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    alguém não tenha de passar
    pelo que passei, e perder o avô.
  • 7:50 - 7:52
    Muito obrigado.
  • 7:52 - 7:53
    (Aplausos)
  • 7:53 - 7:55
    Obrigado.
  • 7:55 - 7:57
    (Aplausos)
  • 7:57 - 7:58
    Obrigado.
Title:
Um dispositivo capaz de salvar vidas ao detetar ataques cardíacos silenciosos
Speaker:
Akash Manoj
Description:

É provável que estejam familiarizados com os sintomas mais comuns de um ataque cardíaco: dor torácica, dor no braço, falta de ar e fadiga. Existe, porém, um outro tipo de ataque cardíaco, possivelmente mais letal e ainda mais difícil de ser detetado devido aos seus sintomas silenciosos. Nesta breve palestra, Akash Manoj, um jovem inventor de 17 anos, partilha connosco o dispositivo por ele desenvolvido na batalha contra esta ameaça silenciosa: um adesivo não-invasivo e pouco dispendioso, concebido para alertar os doentes assim que estes se encontrem em momentos críticos, e que pode fazer a diferença entre a vida e a morte.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
08:15

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