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(Música de Samba)
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Rio de Janeiro recebe
os Paralímpicos 2016.
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Esta é uma cidade de riqueza
e pobreza extremas
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Famosa pelo futebol
e as cirurgias plásticas.
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estamos aqui para conhecer pessoas:
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Sambistas, uma apresentadora de TV,
Paralímpicos,
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um advogado e um antigo bandido..
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E para revelar como é
viver com a deficiência
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numa das mais belas
cidades do mundo.
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Na Cidade do Samba o Carnaval está
no ar e os guarda-roupa são segredo.
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mas fomos autorizados a filmar
uma das mais famosas sambistas do Rio:
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- Viviane de Assis.
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Eles são
"Os Embaixadores da Alegria"
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É a primeira e única Escola de Samba
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com pessoas portadoras
de deficiência no mundo.
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Nos últimos 2 anos,
os 1800 participantes desta Escola
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tem aberto o desfile de Carnaval
no Sambódromo
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Os Embaixadores são famosos
em todo o Rio de Janeiro
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Vivianne é a Sambista Principal.
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Fernanda tem sido jornalista do
Programa Especial nos últimos 8 anos.
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Fernanda é titular do muito prestigiado
lugar de Rainha de Bateria,
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a secção de percussão da Escola
de Samba Embaixadores da Alegria
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As Olimpíadas e Paralimpíadas 2016
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serão uma novidade na América do Sul
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São esperados perto de
1 milhão de visitantes.
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A maior parte dos jogos decorrerá
num distrito próximo,
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a uma hora de automóvel,
no sul do Rio de Janeiro
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Chamo-me Carlos,
ando numa cadeira de rodas
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porque tive poliomielite
quando tinha seis meses,
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cinquenta anos atrás.
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Toda a minha vida...
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sempre dependi dela. É-me
muito útil para me deslocar por aí.
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Para mim não constitui problema.
A cadeira de rodas não é um problema
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Toda a vida a usei, é normal, para mim.
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Muita gente pensa "não pode fazer... "
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Mas eu faço tudo o que posso fazer.
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Eu fui o primeiro
portador de deficiência
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a ter carta de condução de pesados,
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como grandes furgões,
autocarros e camiões.
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Até há cinco anos
era proibido, para nós
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Porque é que não posso conduzir
um furgão, um autocarro, um camião?
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"Deixem-me mostrar-lhes
o que consigo fazer. "
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"Não, é perigoso...
Não, não está certo... "
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E fazem leis, Leis, leis, leis...
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Isto é mau. É muito mau.
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Mas nós somos Brasileiros, somos
lutadores, ninguém nos pára.
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Temos que continuar esta luta
sempre, sempre
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Eu acredito que tudo pode mudar,
a mudança é possível.
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Conduzir no Rio não é difícil...
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mas tem que se ter presente
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que não há regras de trânsito...
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É preciso estar com atenção aos outros
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O tráfego é meio caótico
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Quando Carlos era ainda um
adolescente, foi para a Europa
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com 40 dólares no bolso
e uma bola de futebol.
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Fazia uns toques de bola
nas ruas de Zurique
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e juntou o suficiente
para regressar ao Brasil
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e abrir uma empresa de transportes.
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É preciso ser forte
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e continuar, continuar, continuar!
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O meu nome é Elisabete
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Nasci e vivo no Rio de Janeiro.
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Tive um acidente quando tinha 19 anos
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A minha vida pareceu ter parado,
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mas eu acredito na Vida, e
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tinha duas opções:
uma era ficar sozinha e morrer.
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A outra era viver
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Optei pela vida.
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E vivo uma vida feliz assim.
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Ensino Inglês, Português, Matemática...
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fui arquitecta...
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Houve um tempo em que nós não
éramos visíveis.
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Éramos pessoas invisíveis.
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Pensava-se que devíamos ficar em casa
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Não era suposto estudarmos,
casarmo-nos...
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Mas nós temos direitos,
temos uma dignidade,
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nós somos, sobretudo, gente comum,
como as outras pessoas.
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Porque havemos de
ficar invisíveis? Porquê?
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Eu tento falar pelas pessoas
que "não têm voz"
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Quero uma grande vida para os outros,
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para que tenham os mesmo direitos
e as mesmas oportunidades.
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Esta rampa está mal feita!
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Se eu tiver boas rampas, bons pisos
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penso que posso ir onde me apetecer
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Quando quero ir a algum sítio,
peço ao meu marido
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se ele tiver tempo, para me levar lá,
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porque sozinha não consigo ir.
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"A garota de Ipanema,
que vem e que passa... "
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Hein? Não posso andar
mas também posso passar!
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Mas também não sou
a "garota de Ipanema",
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Sou a senhora de Ipanema.
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As favelas são complexos
de vários bairros pobres,
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a habitação para mais de
1 milhão de pessoas no Brasil.
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Erguido originalmente por
antigos escravos, no Séc. XIX,
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elas são, muitas vezes,
"governadas" por gangues da droga.
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Carlos vem de uma família pobre
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mas a sua forma diferente de
ver as coisas e o trabalho árduo
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livrou-o de uma vida na favela
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Estamos no "Complexo do Alemão"
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É a maior Favela do Rio de Janeiro
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e está rodeada de outras17 Favelas
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Mais de 50 mil pessoas
vivem neste espaço
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não consigo imaginar como é que
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alguém em cadeira de rodas
vive num sítio assim
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Mas sei que há muita gente
aqui que usa cadeira de rodas
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como, não sei.
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Precisam de ajuda para cada degrau,
precisam da ajuda de alguém para tudo.
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O que vale é que as pessoas
residentes num lugar pobre, assim
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é muito solidária, ajudam-se uns aos
outros.
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Eles ajudam-se uns aos outros.
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É muito difícil fazer qualquer coisa,
porque é demasiado grande
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há demasiada população,
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muita gente a viver aqui,
cerca de 50 ou 60 mil pessoas
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que não têm dinheiro
para viver num sítio melhor
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Que fazer?
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Nos últimos 15 dias
não aconteceu nada, aqui,
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é por isso que podemos estar
aqui hoje e ver tudo muito calmo
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Mas nunca se sabe quando
tudo começa de novo.
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Porque esta é uma área de conflitos
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onde os gangues lutam, fazem
guerras, e a população está indefesa.
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Que podem eles fazer?
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Esquecer esta parte,
não podem fazer muito mais.
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E é assim por todo o lado no Brasil,
não é só no Rio.
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Aos 22 anos foi baleado nas costas
durante um assalto mal sucedido.
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Ficou paralisado do lado esquerdo.
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Sobrevive de uma pequena reforma
e do pouco que ganha com a fotografia.
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Ao mesmo tempo pôs
o irmão mais novo a estudar.
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Por vezes pode estar aqui sentado
três horas antes que alguém passe.
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e o levante até à casa.
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CENTRO DE ARTES NOVA HOLANDA
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As suas fotos já foram mostradas em
exposições nacionais e internacionais,
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assim como têm aparecido
em revistas, jornais e livros.
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Deborah cegou depois de uma
medicação para um tipo de pneumonia
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Continuou a trabalhar em casa
até há dois anos atrás
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quando todos os processos legais
do Brasil foram informatizados.
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Sem acesso à leitura digital
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ficou incapacitada
de trabalhar a partir daí.
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e agora estuda Direitos Humanos.
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Dez mil Brasileiros
são jogadores profissionais
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de futebol em todo o mundo.
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Estes são jogadores de futebol cegos.
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estão a competir por um lugar
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na equipa dos próximos
Jogos Paralímpicos.
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O futebol para invisuais joga-se
em equipas de cinco
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Todos, excepto o guarda-redes, devem
ser portadores de deficiência visual
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Usam uma máscara para
igualar as capacidades de jogo,
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A bola contém guizos no interior.
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Os treinadores
ficam atrás da baliza da equipa
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adversária para orientar os atletas.
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O Brasil é um país muito diferente porque
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tem muitos contrastes.
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Temos a parte rica
e a parte pobre da cidade
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Algumas partes são muito,
muito modernas como a Europa
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ou os Estados Unidos ou a Oceania
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por serem muito modernos, muito ricos...
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esta zona, esta parte da cidade,
tem acessibilidades. Tudo funciona.
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Mas a 5 Kms daqui já é muito mau.
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O Brasil está a fazer muitas coisas
porque vem aí os Jogos Paralímpicos
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mas só aqui,
numa pequena parte da cidade.
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E o resto? E depois
dos Jogos Paralímpicos?
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E as outras cidades?
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Mas apesar de tudo,
nós gostamos deste país.
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Não sei explicar porque é que
temos este sentimento pelo país.
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O melhor é que não é preciso
muito para se ser feliz no Brasil
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Tudo é motivo de festa, de celebração
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Todos os dias se pode fazer uma festa.
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(música de Samba)