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A crise da democracia

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    Este episódio de "É o fim do mundo
  • 0:09 - 0:11
    tal como o conhecemos e estou de boa"
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    ficou possível graças às contribuições
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    de escravos como você!
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    Muito obrigado!
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    Que revolução bonitinha essa daqui.
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    Revolução? Como assim revolução?
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    Por favor... Nem vem com essa
    de revolução
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    Manjo de revoluções e como começam.
  • 0:24 - 0:27
    Quem lê os livros vai até quem não lê,
  • 0:27 - 0:29
    os pobres, e dizem que chegou a hora
    de mudar, né?
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    Shhhhh!
  • 0:30 - 0:33
    Shhh shhhh shhh o caralho!
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    Sei do que tô falando quando falo
    de revolução.
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    Quem lê os livros vai até quem
    não tem condição de ler,
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    os pobres, e dizem que tem que mudar.
  • 0:43 - 0:47
    Aí os pobres fazem a mudança. E aí
    quem lê os livros,
  • 0:47 - 0:51
    eles sentem em grandes mesas
    enceradas, conversam conversam,
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    comem comem comem...
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    Mas o que houve com os pobres?
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    Morreram!
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    Booooooooom dia escravos
    e bem-vindos a uma nova sedição de
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    "É o fim do mundo tal como
    o conhecemos e estou de boa"
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    o programa onde atletas também são
    agentes de turismo.
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    Ouvimos dizer que uma estrela do futebol
    brasileiro, Rivaldo,
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    que é imensamente famoso, fez uns
    comentários muito controversos...
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    Rivaldo pediu aos turistas que não viajem
    para o rio de janeiro nas olimpíadas.
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    E o que ele disse é que turistas
    internacionais deveriam ficar longe
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    das olimpíadas. Colocariam suas vidas
    em risco se viessem.
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    Hã... Não vou.
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    Sou seu apresentador o Stimulator
    e 10 anos atrás,
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    os esquerdistas do mundo
    comemoravam a chamada onda rosa
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    que inundava a américa latina.
  • 1:42 - 1:46
    Como os pesadelos de efeito dominó comunistas que mantêm henry kissinger acordado...
  • 1:46 - 1:47
    O HORROR
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    em país após país, chefes de estados
    socialistas foram eleitos,
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    prometendo libertar seus países das
    algemas do IMF e de esmagar
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    as porras das elites locais corruptas,
    que por décadas se acostumaram a
  • 2:01 - 2:05
    tratar as economias nacionais como
    seus cofrinhos pessoais.
  • 2:05 - 2:09
    De várias maneiras esse gauchismo foi
    alimentado pelo crescimento explosivo
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    dos movimentos sociais militantes,
  • 2:10 - 2:13
    formados por uma mistura dinâmica
    de proletário urbano,
  • 2:13 - 2:15
    camponeses sem terra e
    povos indígenos.
  • 2:15 - 2:19
    Maaaaaaaaaas apesar de ser óbvio
    que os últimos 10 anos viu ganhos
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    importantes na região, das taxa de pobreza e analfabetismo em queda
  • 2:24 - 2:27
    até o crescimento maciço
    em despesas sociais...
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    a realidade é que esse experimento
    em socialismo do século 21
  • 2:31 - 2:35
    ainda era capitalista pra caralho e
    amplamente financiado pela
  • 2:35 - 2:38
    alta histórica do preço do petróleo e
    das outras commodities.
  • 2:38 - 2:43
    E agora que a festa acabou, o pêndulo
    está voltando para a direita.
  • 2:43 - 2:46
    Enquanto george w bush e e seus
    conselheiros neoconservadores doidões
  • 2:46 - 2:49
    estava distraídos com a porra daquela
    obsessão em bombardear
  • 2:49 - 2:53
    o oriente médio até a liberdade,
    a administração obama
  • 2:53 - 2:56
    trabalhou duro nas mocas para
    reafirmar a doutrina monroe
  • 2:56 - 2:58
    de dominação americana do hemisfério.
  • 2:58 - 3:03
    Entre o golpe de estado orquestrado por
    hillary clinton em honduras em 2009
  • 3:03 - 3:07
    até o encontro histórico entre obama
    e raul castro, que ajudou a abrir
  • 3:07 - 3:10
    a orgulhosa nação culturalmente rica
    de cuba para a praga dos turistas americanos...
  • 3:10 - 3:14
    os estragos unidos estão preparados
    para lucrar com
  • 3:14 - 3:16
    a instabilidade econômica
    e o caos político que estão atualmente
  • 3:16 - 3:18
    desestabilizando a região.
  • 3:18 - 3:22
    O fato é... que os estados unidos não
    ficarão prisioneiros do passado.
  • 3:22 - 3:27
    E no topo de sua lista fica a venezuela,
    a nação rica em petróleo atualmente
  • 3:27 - 3:31
    devastada pela hiper-inflação, penúria
    de alimentos e bens básicos,
  • 3:31 - 3:35
    e uma crise energética que causa
    apagões diários.
  • 3:35 - 3:38
    Cenas de saques em massa e confrontos
    violentos entre a oposição
  • 3:38 - 3:42
    e os apoiadores do presidente
    nicolas maduro,
  • 3:42 - 3:47
    deixam os decidores americanos e
    petrolíferas babando com a perspectiva
  • 3:47 - 3:48
    de um colapso estatal iminente.
  • 3:48 - 3:52
    Marudo declarou o estado
    de emergência.
  • 3:52 - 3:58
    Ele liberou os trabalhadores para que
    expropriem as fábricas fechadas,
  • 3:58 - 4:01
    numa tentativa desesperada de conter
    o declínio de seu apoio,
  • 4:01 - 4:03
    e relançar a economia.
  • 4:03 - 4:06
    Maduro está enfrentando a possibilidade
    de um referendo de recall,
  • 4:06 - 4:09
    um processo constitucional que
    ele criticou como um golpe
  • 4:09 - 4:14
    apoiado pelos EUA, ecoando o linguajar
    de sua antiga colega-camarada-mor,
  • 4:14 - 4:19
    dilma roussef, que foi afastada após um
    voto de impeachment
  • 4:19 - 4:21
    no senado brasileiro no dia 12 de maio.
  • 4:21 - 4:24
    Não cometi nenhum crime previsto
    na constituição e nas leis
  • 4:24 - 4:27
    para justificar a interrupção
    do meu mandato.
  • 4:27 - 4:30
    Condenar alguém por um crime
    que não praticou
  • 4:30 - 4:34
    é a maior violência que se pode cometer
    contra qualquer pessoa.
  • 4:34 - 4:37
    Os esquerdistas e os ditos
    "progressistas" mundo afora
  • 4:37 - 4:42
    transmitiram essa fala, descrevendo
    a tomada de poder da oposição
  • 4:42 - 4:44
    como um golpe, ou golpeachment.
  • 4:44 - 4:47
    Maaaaaaaaaaas muitos daqueles que
    correm no facebook para valentemente
  • 4:47 - 4:51
    criticar a quebra grosseira do processo
    democrático parecem estar
  • 4:51 - 4:57
    bem tranquilos em relação ao fato de que
    a dilma tinha ficado amplamente odiada
  • 4:57 - 5:01
    Com uma taxa de aprovação de
    9 míseros porcentos e milhões indo
  • 5:01 - 5:03
    às ruas frequentemente para pedir
    sua demissão.
  • 5:03 - 5:07
    Ou o fato que ela era presidente do
    conselho de administração da estatal
  • 5:07 - 5:13
    petrobras, onde mais de 33 bilhões
    de dólares se evaporaram em corrupção,
  • 5:13 - 5:16
    na porra de um escândalo gigantesco
    que envolveu mais da metade dos
  • 5:16 - 5:21
    políticos do país em exercício, inclusive
    muitos de seu próprio partido.
  • 5:21 - 5:25
    Ou o caráter inconfortávelmente
    neoliberal de seu governo,
  • 5:25 - 5:32
    que cabeçeou a pacificação violenta
    das favelas do país pelos omis do BOPE,
  • 5:32 - 5:36
    E o desperdício maciço de dinheiro
    gasto em infraestruturas inúteis pacas
  • 5:36 - 5:40
    para preparar o país a brincar de
    copa do mundo em 2014,
  • 5:40 - 5:43
    e as CINCO ROLAS CIRCULARES
    DA MORTE neste verão...
  • 5:43 - 5:45
    o que, diga-se de passagem, parece
    estar no caminho certo para se tornar
  • 5:45 - 5:46
    um puto fracasso épico.
  • 5:47 - 5:51
    Entao... Apesar da velha guarda da
    política latinoamericana ser um
  • 5:51 - 5:55
    bando de putos corruptos neoliberais
    no bolso do tio sam, também passou
  • 5:55 - 5:58
    da hora dos críticos esquerdistas
    deixarem de lado sua retórica
  • 5:58 - 6:03
    moralizadora e hipócrita de democracia
    e se tocarem que a luta de classes é
  • 6:03 - 6:07
    um processo cansativo, e que o ímpeto
    por transformações revolucionárias
  • 6:07 - 6:12
    vem de baixo, não das estruturas do
    estado, não importa o quão
  • 6:12 - 6:14
    revolucionários seus líderes dizem ser.
  • 7:18 - 7:22
    Este ano marca o 10o aniversário
    da comuna de oaxaca,
  • 7:22 - 7:28
    uma insurreição de 7 meses no país
    dos tacos, apelidado por alguns
  • 7:28 - 7:31
    "a primeira revolução latinoamericana
    do século 21".
  • 7:32 - 7:36
    Para quem não está familiarizado com
    este capítulo ético nos anais da revolta,
  • 7:36 - 7:41
    a revolta de oaxaca começou em maio
    de 2006 quando membros da
  • 7:41 - 7:46
    famosamente militante secção 22 do
    sindicato dos professores, a CNTE,
  • 7:46 - 7:51
    iniciou uma greve e ocupou a praça
    central, ou zócalo, na capital do estado,
  • 7:51 - 7:55
    oaxaca city, pedindo do governo mais
    investimento em educação
  • 7:55 - 7:59
    e especificamente em escolas das áreas
    rurais remotas do estado,
  • 7:59 - 8:03
    onde a maioria dos alunos vem de
    famílias indígenas de agricultores pobres.
  • 8:03 - 8:07
    Maaaaaaaaas em vez de aumentarem
    o orçamento, no dia 14 de junho,
  • 8:07 - 8:12
    a porra do governador fascista,
    ulises ruiz ortiz, mandou um esquadrão
  • 8:12 - 8:16
    de 3000 omis para limpar a ocupação
    de forma violenta e fechar a estação
  • 8:16 - 8:21
    de rádio deles, radio planton, que
    divulgava notícias sobre a greve,
  • 8:21 - 8:23
    junto com entrevistas de alunos e pais
    agradecidos.
  • 8:23 - 8:27
    Bom... pelo andar da carruagem, foi
    um erro do caralho!
  • 8:27 - 8:31
    Em resposta imediata ao claro ato de
    agressão, milhares de pessoas foram
  • 8:31 - 8:35
    às ruas, botaram os puliça para correr,
    e começaram a construir barricadas.
  • 8:35 - 8:40
    No seu auge, a comuna de oaxaca
    possuia mais de 3000 barricadas,
  • 8:40 - 8:43
    o que paralisava completamente as
    operações dos omis
  • 8:43 - 8:46
    que não conseguiam lançar ataques
    ou circular em lugar nenhum da cidade.
  • 8:46 - 8:49
    Em outras palavras... durante meses,
    não havia polícia merda nenhuma!
  • 8:53 - 8:57
    Na ausência de poder, uma estrutura
    horizontal de autogestão popular
  • 8:57 - 9:02
    chamada "assembleia popular dos povos
    de oaxaca", ou APPO, se formou para
  • 9:02 - 9:04
    assumir a coordenação da autodefesa
  • 9:04 - 9:07
    e a organização da vida cotidiana
    na comuna.
  • 9:07 - 9:10
    A revolta se espalhou rapidamente em
    oaxaca com estudantes ocupando suas
  • 9:10 - 9:13
    universidades e outras pessoas
    ocupando os prédios oficiais
  • 9:13 - 9:17
    e formando assembleias populares em
    cidades e vilas de todo o estado.
  • 9:17 - 9:19
    Todas essas assembleias publicaram
    demandas repetidas
  • 9:19 - 9:22
    que o governador largue do cargo e vaze.
  • 9:22 - 9:25
    No dia 1o de agosto, uma multidão de
    mulheres revolucionárias invadiu
  • 9:25 - 9:30
    a rádio estatal e as emissoras de TV,
    transformando-as em centrais de
  • 9:30 - 9:34
    comunicações e coordenação vitais,
    divulgando programas revolucionários
  • 9:34 - 9:37
    e notícias sobre as atividades nas áreas
    libertadas.
  • 9:37 - 9:39
    As mulheres também tomaram o papel
    de liderança em muitos outros aspectos
  • 9:39 - 9:43
    da insurreição, entre a organização de
    marchas e concentrações e a defesa
  • 9:43 - 9:47
    de barricadas, e assim se libertaram
    temporariamente da divisão do trabalho
  • 9:47 - 9:53
    patriarcal que as deixava
    tradicionalmente no papel de domésticas.
  • 9:53 - 9:57
    Tragicamente, a comuna de oaxaca
    teve seu coração arrancado
  • 9:57 - 10:01
    em outubro, quando um exército da
    polícia federal conseguiu limpar
  • 10:01 - 10:03
    o zócalo ocupada em oaxaca city.
  • 10:03 - 10:08
    Apesar da resistência continuar por mais
    dois meses, esses foram dias sombrios,
  • 10:08 - 10:11
    em que muitos militantes revolucionários
    foram detidos e presos com
  • 10:11 - 10:14
    acusações forjadas, e dezenas de outros
    desapareceram ou foram assassinados
  • 10:14 - 10:17
    pelos esquadrões da morte paramilitares
  • 10:17 - 10:19
    a serviço das forças de segurança mexicanas.
  • 10:19 - 10:22
    Maaaaaaaaas apesar da
    comuna de oaxaca, em última instância,
  • 10:22 - 10:25
    ter sido esmagada por uma puta onda
    de repressão sombria,
  • 10:25 - 10:29
    o espírito de revolta que inspirou
    e alimentou ainda vive.
  • 10:30 - 10:33
    Hoje, oaxaca ainda é um foco de
    resistência militante
  • 10:33 - 10:36
    à merda neoliberal que é
    o estado mexicano.
  • 10:36 - 10:39
    E os professores da secção 22, que
    ajudaram a lançar isso
  • 10:39 - 10:43
    uma década atrás, continuam na
    vanguarda dessa resistência.
  • 10:43 - 10:46
    Nos últimos anos, estiveram lutando
    contra tentativas
  • 10:46 - 10:50
    do jefe amante de gringos,
    enrique peña nieto,
  • 10:50 - 10:53
    de passar reformas capitalistas no
    sistema de educação do estado.
  • 10:53 - 10:56
    Então... Para saber mais sobre o que
    está acontecendo, falei recentemente
  • 10:56 - 11:00
    com cesar chavez, um professor em
    oaxaca
  • 11:00 - 11:03
    e membro da seccão 22 do CNTE.
  • 11:03 - 11:06
    E aí cesar, como anda?
  • 11:06 - 11:09
    Bom... Estamos trabalhando duro.
    Estamos cansados.
  • 11:09 - 11:12
    Pouco depois de ter sido eleito,
    o presidente mexicano atual,
  • 11:12 - 11:16
    enrique peña nieto, passou uma série
    de reformas neoliberais chamadas
  • 11:16 - 11:18
    "pacto para o méxico".
  • 11:18 - 11:22
    Uma dessas reformas foi uma
    reformulação do sistema de educação.
  • 11:22 - 11:24
    Pode explicar as motivações pro trás
    dessas reformas,
  • 11:24 - 11:27
    e porque despertaram resistência
    por parte dos professores em oaxaca?
  • 11:27 - 11:33
    Em 2012, nas eleições presidenciais
    no méxico, o PRI voltou ao poder,
  • 11:33 - 11:38
    o partico que abusou do povo mexicano
    por grande parte dos últimos 100 anos.
  • 11:38 - 11:41
    O pacto pelo méxico é basicamente uma
    conspiração para reformar diversas
  • 11:41 - 11:46
    instituições governamentais, o que
    necessita de mudanças na constituição
  • 11:46 - 11:48
    empurradas pelos estados unidos.
  • 11:48 - 11:52
    Querem privatizar todo o setor produtivo
    do país,
  • 11:52 - 11:57
    energia, trabalho, finanças, até a água,
    e uma das reformas específicas
  • 11:57 - 12:00
    trata do artigo terceiro
    da constituição mexicana
  • 12:00 - 12:04
    que o governos precisa mudar para
    permitir a privatização da educação.
  • 12:04 - 12:08
    Então o estado procura esquivar suas
    obrigações de garantir
  • 12:08 - 12:11
    uma educação pública gratuita e laica,
  • 12:11 - 12:16
    que em sua forma básica cobre crianças
    de 3 a 15 anos de idade.
  • 12:16 - 12:19
    E um dos maiores obstáculos é o direito
    dos professores
  • 12:19 - 12:21
    a um contrato de trabalho permanente.
  • 12:21 - 12:24
    por isso inventaram uma avaliação que
    vai deixá-los demitirem professores
  • 12:24 - 12:28
    sem que haja recurso legal, e estão
    propondo isso
  • 12:28 - 12:30
    como o modelo de educação federal.
  • 12:30 - 12:35
    Mas aqui em oaxaca, nós professores
    continuamos a luta, como sempre,
  • 12:35 - 12:38
    porque somos contra a privatização
    do serviço de educação.
  • 12:38 - 12:41
    Essa proposta significaria que daqui
    a 3 anos,
  • 12:41 - 12:44
    as crianças pobres das favelas
    não conseguirão ir à escola.
  • 12:44 - 12:50
    Sem educação básica, condenam
    nossas crianças à miséria.
  • 12:50 - 12:54
    E é claro que esse modelo está sendo
    imposto pelo banco mundial e o FMI.
  • 12:54 - 12:58
    Estão impondo esse tipo de modelo na
    américa latina, e já experimentaram
  • 12:58 - 13:01
    com ele em outros países da
    américa do sul.
  • 13:01 - 13:03
    E agora querem implantar isso
    no méxico.
  • 13:03 - 13:05
    Mas aqui em oaxaca vamos resistir.
  • 13:05 - 13:09
    Porque as crianças merecem uma
    educação pública gratuita e laica.
  • 13:11 - 13:13
    Que tipos de táticas os professores
    tem aplicado
  • 13:13 - 13:16
    para resistir às propostas do governo?
  • 13:16 - 13:19
    Neste momento a resistência é cível,
    pacífica e organizada.
  • 13:19 - 13:24
    Em oaxaca vimos construindo um projeto
    educacional anti-hegemonia.
  • 13:24 - 13:27
    Entendemos isso como um projeto
    contra a imposição de um modelo
  • 13:27 - 13:30
    de currículo educacional que vai
    favorecer o setor privado,
  • 13:30 - 13:32
    que vai favorecer o capitalismo.
  • 13:32 - 13:35
    Temos um modelo baseado na nossa
    própria diversidade cultural.
  • 13:35 - 13:38
    Compomos parte dos povos indígenas
    desta terra.
  • 13:38 - 13:42
    E o que propomos é o empoderamento
    da cultura do nosso povo...
  • 13:42 - 13:45
    nossa lingua... nosso modo de vida...
    nosso modo de organização.
  • 13:45 - 13:49
    Estamos tentando criar um modelo
    nas quase 13.000 escolas
  • 13:49 - 13:50
    do estado de oaxaca.
  • 13:50 - 13:53
    E temos um projeto geral,
    mas cada comunidade,
  • 13:53 - 13:57
    cada escola de acordo com sua área
    geográfica, sua cultura,
  • 13:57 - 14:00
    vai adotar e criar seu próprio modelo
    de resistência.
  • 14:00 - 14:02
    Incluímos maneiras de trabalhar com os
    livros escolares,
  • 14:02 - 14:04
    mas também com a história oral.
  • 14:04 - 14:07
    E não inclui só os professores. Envolve
    toda a comunidade.
  • 14:07 - 14:12
    Inclui trabalhadores, agricultores,
    quem prepara as tortilhas...
  • 14:12 - 14:14
    porque acreditamos que seu
    conhecimento também é importante
  • 14:14 - 14:16
    e queremos valorizar esse tipo
    de sabedoria.
  • 14:16 - 14:19
    Os professores do méxico,
    particularmente nos estados do sul,
  • 14:19 - 14:22
    estiveram na vanguarda de
    muitas lutas populares,
  • 14:22 - 14:25
    e também foram os alvos principais
    da repressão do estado
  • 14:25 - 14:26
    e dos paramilitares.
  • 14:26 - 14:28
    Um exemplo dramático recente é
    o desaparecimento
  • 14:28 - 14:32
    de 43 estudantes normalistas
    no estado de guerrero.
  • 14:32 - 14:34
    Porque as lutas dos professores ecoa
    tanto
  • 14:34 - 14:37
    em outros setores da sociedade mexicana ?
  • 14:37 - 14:39
    E porque o estado enxerga vocês
    como uma ameaça?
  • 14:39 - 14:44
    A luta dos professores existe neste país
    desde os anos 60.
  • 14:44 - 14:48
    E foi muito ligada à resistência dos
    povos indígenas.
  • 14:48 - 14:51
    É por esse motivo que o estado nos
    vê como ameaça.
  • 14:51 - 14:54
    Estamos discutindo outras maneiras
    de fazer política
  • 14:54 - 14:57
    fora das estruturas parlamentares
    e eleitorais,
  • 14:57 - 15:00
    e questionando o verdadeiro papel
    e funções dos partidos políticos.
  • 15:00 - 15:05
    Assim o estado quer destruir
    a resistência dos professores de oaxaca.
  • 15:05 - 15:08
    Os desaparecimentos no país tiveram
    muita cobertura
  • 15:08 - 15:11
    pela imprensa internacional, porque
    esses jovens, esses normalistas,
  • 15:11 - 15:15
    estavam estudando para se colocar
    a serviço da educação do povo.
  • 15:15 - 15:19
    Desapareceram brutalmente e é
    um ato atroz,
  • 15:19 - 15:22
    mas devemos insistir que não são só 43.
  • 15:22 - 15:26
    Depois dos 43 houve mais assassinatos
    no estado de oaxaca.
  • 15:26 - 15:29
    Podemos contar 260 professores
    que foram mortos,
  • 15:29 - 15:31
    e outros que desapareceram.
  • 15:31 - 15:35
    Podemos também dizer que tem mais
    de 30 pessoas em exílio.
  • 15:35 - 15:37
    Isso apenas no estado de oaxaca.
  • 15:37 - 15:41
    Em 2006, os professores se revoltaram
    contra o antigo governador
  • 15:41 - 15:42
    ulises ruiz ortiz.
  • 15:42 - 15:45
    No mesmo ano, o presidente
    felipe calderón
  • 15:45 - 15:47
    lançou a guerra às drogas no méxico.
  • 15:47 - 15:50
    Esses anos de intervenção foram palco
    de um sério aumento das
  • 15:50 - 15:52
    reestruturações capitalistas neoliberais
  • 15:52 - 15:56
    e militarização das forças se segurança
    mexicanas.
  • 15:56 - 16:00
    Como essas mudanças mudaram a
    situação no dia a dia em oaxaca?
  • 16:00 - 16:03
    o movimento de 2006 foi um movimento
    maciço social que envolveu
  • 16:03 - 16:05
    muitos aspectos da sociedade.
  • 16:05 - 16:08
    O governo federal militarizou
    imediatamente os protestos pacíficos,
  • 16:08 - 16:11
    como estão militarizando agora
    o estado de oaxaca,
  • 16:11 - 16:14
    onde tem agora
    25.000 policiais mobilizados.
  • 16:14 - 16:19
    Para comparação, em 2006 foram
    mobilizados mais ou menos 14.000.
  • 16:19 - 16:22
    Naquela época sofremos
    níveis incríveis de repressão.
  • 16:22 - 16:26
    Mais de 26 pessoas foram mortas,
    26 que possamos confirmar,
  • 16:26 - 16:29
    mas há testemunhos sobre centenas de
    pessoas desaparecidas.
  • 16:29 - 16:31
    Então, o governo,
    junto com os narcotraficantes,
  • 16:31 - 16:33
    declaram guerra ao povo.
  • 16:33 - 16:36
    Leva pessoas doentias para declarar
    guerra a um povo inteiro.
  • 16:36 - 16:38
    Essas são decisões que refletem
    obviamente
  • 16:38 - 16:42
    a lógica de um sistema mais amplo,
    um sistema capitalista internacional.
  • 16:42 - 16:45
    Assim nessa guerra houve mais de
    200.000 desaparecimentos.
  • 16:45 - 16:48
    E foram principalmente pessoas
    inocentes, filhos e filhas de agricultores,
  • 16:48 - 16:52
    que são a força vital de suas
    comunidades, que são levadas
  • 16:52 - 16:55
    por essas organizações, por essas
    gangues criminais ou traficantes.
  • 16:55 - 17:00
    Assim por esse tempo todo vivemos
    cercados.
  • 17:00 - 17:04
    Em 2010, o partido no poder, o PRI,
    perdeu as eleições em oaxaca...
  • 17:04 - 17:06
    a primeira vez em 80 anos.
  • 17:06 - 17:10
    O governador ulises ruiz foi substituído
    por gabino cué monteagudo,
  • 17:10 - 17:14
    um membro da suporta esquerda,
    do "partido dos cidadãos".
  • 17:14 - 17:18
    Maaaaaaaaas sob seu governo o ritmo
    das reformas neoliberais só aumentou.
  • 17:18 - 17:22
    Que efeitos isso tem na fé que o povo
    mexicano tem no sistema eleitoral?
  • 17:22 - 17:26
    Assim... Depois de 80 anos de PRI
    em oaxaca,
  • 17:26 - 17:30
    temos finalmente um novo governo.
    Mas não é só um assunto interno.
  • 17:30 - 17:34
    Acreditamos que essa situação foi
    manipulada pelos gringos em washington
  • 17:34 - 17:37
    e não só nesta parte do méxico, mas em
    outras partes da américa latina
  • 17:37 - 17:41
    onde implantaram, ou promoveram um
    governo supostamente de esquerda
  • 17:41 - 17:45
    apenas para controlar a insatisfação
    geral das populações latinoamericanas.
  • 17:45 - 17:48
    E no méxico foi promovido como se
    essa alternativa fosse
  • 17:48 - 17:52
    melhorara nossas vidas e aliviar
    o ressentimento dos trabalhadores
  • 17:52 - 17:54
    e da população em geral.
  • 17:54 - 17:58
    É claro que não aconteceu, e no caso
    de oaxaca, todo mundo entendeu
  • 17:58 - 18:01
    que esse governo supostamente de
    esquerda que tivemos nos últimos 6 anos
  • 18:01 - 18:04
    não chegou ao poder para apoiar os
    trabalhadores, mas em vez
  • 18:04 - 18:07
    como uma extensão dos partidos
    tradicionais no poder.
  • 18:07 - 18:11
    Politicamente, nada mudou, e as
    pessoas entendem isso muito bem.
  • 18:11 - 18:14
    Em oaxaca, tem nada menos que 36
    projetos capitalistas em andamento
  • 18:14 - 18:18
    financiados pelo banco mundial
    e capital internacional.
  • 18:18 - 18:20
    Há capital canadense investido em
    mineração em oaxaca,
  • 18:20 - 18:25
    e as operações são apoiadas por esse
    governo supostamente de esquerda.
  • 18:25 - 18:28
    Esses projetos estão deslocando
    comunidades e contaminando nossos
  • 18:28 - 18:31
    recursos naturais. nossa água está
    sendo contaminada.
  • 18:31 - 18:34
    Então essa é a situação que estamos
    vivendo em nosso estado...
  • 18:34 - 18:36
    e estamos tentando resistir e nos
    organizar.
  • 18:36 - 18:39
    E queremos muito que as pessoas
    reparem isso.
  • 18:39 - 18:42
    Qual é o nível de coordenação entre
    os revolucionários em oaxaca
  • 18:42 - 18:45
    e outros movimentos populares
    como os zapatistas,
  • 18:45 - 18:48
    ou as forças
    de autodefesa de michoacán?
  • 18:48 - 18:51
    Bom... tem diversas organizações
    que resistem.
  • 18:51 - 18:56
    Isso inclui os zapatistas, ou EZLN, e os
    insurgentes em guerrero
  • 18:56 - 19:00
    e outras organizações
    que não compactuam com o estado.
  • 19:00 - 19:03
    Pedem autonomia.
    É para isso que essa luta existe.
  • 19:03 - 19:07
    È por isso que o estado quer militarizar
    e paramilitarizar essas áreas.
  • 19:07 - 19:11
    Por exemplo em michoacan, sobre o que
    conversamos muito em oaxaca,
  • 19:11 - 19:15
    decidiram se defender contra forças
    maiores que tentaram impor
  • 19:15 - 19:16
    essas ideias criminais.
  • 19:16 - 19:19
    E tentamos nos coordenar com essas
    forças de resistência.
  • 19:19 - 19:22
    Cremos que será um processo
    longo e difícil,
  • 19:22 - 19:25
    porque há um ambiente repressivo
    que dificulta a organização.
  • 19:25 - 19:29
    O estado nunca nos derá
    o que precisamos ou queremos sem luta,
  • 19:29 - 19:31
    por isso precisamos dar o nosso melhor
    para revidar.
  • 19:31 - 19:33
    E é isso que achamos que vamos fazer,
  • 19:33 - 19:35
    e é assim que vamos triunfar.
  • 19:35 - 19:36
    Obrigado cesar.
  • 19:36 - 19:38
    E é mais ou menos isso
    para esta sedição de
  • 19:38 - 19:41
    É o fim do mundo
    tal como o conhecemos e estou de boa.
  • 19:41 - 19:43
    Quero que saibam que
    nesses meses de verão
  • 19:43 - 19:49
    vamos reduzir o fluxo de vídeos de lança
    de bombeiro para regador de jardim.
  • 19:49 - 19:51
    Essa metáfora faz algum sentido sequer?
  • 19:51 - 19:54
    De qualquer forma, vocês putos não
    deveriam estar na frente do PC
  • 19:54 - 19:57
    quando está quente. Deveriam estar
    lá fora fazendo bagunça.
  • 19:57 - 20:00
    Maaaaaaas não se preocupam, saporra
    deveria chegar
  • 20:00 - 20:04
    a cada 3 semanas até agosto
    até voltarmos com toda força
  • 20:04 - 20:07
    com mais sedições, novos curtas
    A de Anarquia
  • 20:07 - 20:10
    e mini-relatos da porra da resistência
    global.
  • 20:10 - 20:13
    Isso dito, um aperto de mão virtual
    para todos os escravos
  • 20:13 - 20:17
    que nos ajudaram a criar esse
    monólogo de sedição selvagem.
  • 20:17 - 20:18
    Então abraços para:
  • 20:18 - 20:20
    Sebastian, Yifan, Renzo, Christopher,
  • 20:20 - 20:22
    Michael, Reto, Gavin, Jeremy, Debbie,
  • 20:22 - 20:24
    Raul, Daniel, Maciej, Willie, Justina,
  • 20:24 - 20:26
    Kirk, Rob, Mason, John, Michael, Itay,
  • 20:26 - 20:28
    Romain, Marisol, Joseph, Andrew,
  • 20:28 - 20:30
    Lauren, Ina, Coby, Sebastien, Stephen,
  • 20:30 - 20:33
    Juliano, Joseph, Gabriel, Willam, Bear
  • 20:33 - 20:35
    Michael, Flyn, Per, Jamie, Andrew, Jan,
  • 20:35 - 20:37
    Jane, Brina, Jonathan, Steve,
  • 20:37 - 20:39
    Blade e Karils.
  • 20:39 - 20:40
    Tlayudas!
  • 20:40 - 20:43
    Também quero das calorosasas
    bem-vindas à mais nova membro
  • 20:43 - 20:44
    da taconspiracy:
  • 20:44 - 20:45
    Laura.
  • 20:45 - 20:46
    Mescalito!
  • 20:46 - 20:51
    Fiquem ligados em subMedia.tv para
    mais notícias sobre a resistência global!
  • 20:51 - 20:52
    Hasta la pasta compañeras!
Title:
A crise da democracia
Description:

Esta semana olhamos para a agitação atual na américa do sul, onde a chamada "onda rosa" está começando a recuar na venezuela e no brasil, à medida que os estragos unidos procuram explorar as crises econômicas e políticas para seu próprio benefício geopolítoco.

No intervalo musical temos Calle 13 com La Bala.

Depois, prestamos homenagem à comuna de oaxaca, 10 anos depois... e finalmente fechamos com uma entrevista com cesar chavez, um professor de oaxaca da secção 22 do CNTE.

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English

Portuguese, Brazilian subtitles

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