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O que a morte me ensinou sobre a vida | Jane Whitlock | TEDxMinneapolis

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    Nascimento e morte
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    são os pilares sagrados das nossas vidas.
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    Então, por que nos preparamos
    com atenção e cuidado para um
  • 0:20 - 0:22
    e não para o outro?
  • 0:23 - 0:28
    Imagine se tratássemos o nascimento
    do mesmo modo que fazemos com a morte.
  • 0:29 - 0:34
    Uma mulher recebe
    a notícia que está grávida.
  • 0:34 - 0:37
    Não saberíamos como conversar.
  • 0:38 - 0:40
    Ela perderia amigos
  • 0:40 - 0:43
    porque eles teriam medo
    de falar algo errado.
  • 0:44 - 0:46
    Ela iria ao médico,
  • 0:46 - 0:50
    e este, em vez de prepará-la
  • 0:50 - 0:53
    para a gravidez e o nascimento,
  • 0:53 - 0:57
    estaria interessado
    apenas no plano de tratamento.
  • 0:58 - 1:04
    Conforme a gravidez avançasse,
    e o tratamento se tornasse menos eficaz,
  • 1:04 - 1:06
    (Risos)
  • 1:09 - 1:15
    seria muito difícil para seus amigos,
    sua família, ou o médico dizerem:
  • 1:15 - 1:18
    "É melhor pararmos,
    acho que não está funcionando".
  • 1:18 - 1:19
    (Risos)
  • 1:22 - 1:23
    Até mesmo a grávida,
  • 1:23 - 1:26
    quando dissesse: "Acho
    que preciso me preparar.
  • 1:26 - 1:28
    Sinto que o nascimento vai acontecer,
  • 1:28 - 1:31
    acho que deveria ir a um obstetra",
  • 1:31 - 1:33
    seus amigos e sua família diriam:
  • 1:33 - 1:35
    "Ah, não. Você ainda não está pronta.
  • 1:35 - 1:39
    Não, você não pode desistir.
    Continue lutando".
  • 1:39 - 1:43
    Esse seria o nosso padrão preferido
    para apoiar as mulheres grávidas:
  • 1:43 - 1:45
    "Você pode vencer isso".
  • 1:45 - 1:48
    Desse modo, negando,
  • 1:49 - 1:54
    negando a morte até o minuto
    em que ela acontece,
  • 1:54 - 1:59
    perdemos a oportunidade de crescer,
  • 1:59 - 2:02
    curar nossas relações,
  • 2:02 - 2:05
    encontrar um propósito para nossa vida
  • 2:05 - 2:07
    e deixar um legado.
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    Essas são as coisas
    que nos preparam para a morte.
  • 2:12 - 2:16
    A morte é natural e inevitável.
  • 2:16 - 2:20
    Então, por que temos medo de falar dela?
  • 2:20 - 2:24
    Oitenta por cento das pessoas dizem
  • 2:24 - 2:26
    que planejar o fim da vida
    é uma ideia boa.
  • 2:26 - 2:30
    Vinte e sete por cento das pessoas
    fazem um testamento em vida.
  • 2:30 - 2:33
    Desses 27%,
  • 2:33 - 2:39
    apenas 11% das pessoas responsáveis
    por executar o testamento
  • 2:39 - 2:41
    sabem onde ele está.
  • 2:41 - 2:42
    (Risos)
  • 2:42 - 2:49
    A incapacidade de se preparar eficazmente
    para a morte tem consequências bem reais.
  • 2:49 - 2:54
    Hospitais estão cheios de pessoas ligadas
    a respiradores e tubos de alimentação,
  • 2:55 - 2:58
    pessoas rodeadas por cuidadores
  • 2:58 - 3:03
    que acham que a única escolha
    é esperar por um milagre
  • 3:03 - 3:07
    porque eles não têm ideia
    do que aquela pessoa desejaria.
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    Eu nem sempre fui assim.
  • 3:11 - 3:12
    Não era a minha fantasia
  • 3:12 - 3:16
    falar com um público cativo sobre a morte.
  • 3:16 - 3:17
    (Risos)
  • 3:19 - 3:21
    Eu era normal como todo mundo.
  • 3:21 - 3:23
    (Risos)
  • 3:23 - 3:27
    Eu ficava na beira do campo
    nos jogos de futebol dos meus filhos
  • 3:27 - 3:30
    e reclamava dos hábitos
    irritantes do meu marido.
  • 3:30 - 3:31
    (Risos)
  • 3:31 - 3:35
    Eu planejava as férias meses antes,
  • 3:35 - 3:39
    supondo que eu estaria viva
    para desfrutar delas.
  • 3:39 - 3:41
    (Risos)
  • 3:42 - 3:46
    Eu ficava bastante irritada
    com quem não dava seta,
  • 3:46 - 3:48
    isso me deixava louca.
  • 3:48 - 3:52
    Mas tudo mudou no outono de 2013,
  • 3:52 - 3:56
    quando meu parceiro de 26 anos
    desenvolveu uma tosse.
  • 3:56 - 3:57
    Ela não ia embora.
  • 3:58 - 4:01
    Visitamos especialista
    atrás de especialista,
  • 4:01 - 4:02
    e nenhum conseguia descobrir
  • 4:02 - 4:08
    por que um homem saudável de 49 anos
    não conseguia melhorar.
  • 4:09 - 4:12
    Por fim, uma das radiografias
    foi um pouco além do seu pulmão
  • 4:12 - 4:14
    e encontrou um tumor do tamanho
    de uma bola de golfe
  • 4:14 - 4:16
    no seu rim.
  • 4:17 - 4:19
    Houve mais testes.
  • 4:19 - 4:22
    Eu liguei para ele
    no intervalo do meu trabalho,
  • 4:22 - 4:24
    e perguntei: "O que está acontecendo?"
  • 4:24 - 4:26
    A voz dele estava estranha.
  • 4:26 - 4:31
    Ele disse: "Acabei de receber o resultado.
  • 4:31 - 4:34
    Eu tenho carcinoma de células renais".
  • 4:43 - 4:45
    (Aplausos)
  • 4:48 - 4:49
    Obrigada.
  • 4:49 - 4:52
    "Espalhou para os meus pulmões."
  • 4:52 - 4:57
    Larguei o telefone
    e corri para o banheiro.
  • 4:57 - 5:01
    Fiquei trancada lá, com minhas mãos
    contra a porta da cabine,
  • 5:01 - 5:03
    tentando recuperar meu fôlego,
  • 5:04 - 5:07
    e eu só conseguia pensar: "Preciso sair.
  • 5:07 - 5:09
    Preciso ficar debaixo do céu".
  • 5:10 - 5:12
    Enfim, consegui sair.
  • 5:12 - 5:15
    Acho que existe algo
    na natureza que nos segura
  • 5:15 - 5:17
    quando tudo está desmoronando.
  • 5:18 - 5:20
    Finalmente, consegui chegar em casa,
  • 5:20 - 5:24
    e, nos primeiros dias e semanas,
    ficamos em choque.
  • 5:24 - 5:28
    Eu tinha uma imagem que se repetia,
    provavelmente bem inapropriada,
  • 5:28 - 5:30
    de um coador gigante no meu jardim,
  • 5:30 - 5:34
    e nossas vidas eram jogadas nesse coador.
  • 5:34 - 5:37
    Tudo o que não tinha importância
  • 5:37 - 5:39
    passava pelo coador e caía no meu jardim.
  • 5:39 - 5:42
    Todas as conversas na minha cabeça,
  • 5:42 - 5:43
    sobre a minha aparência,
  • 5:43 - 5:45
    se eu era bem-sucedida,
  • 5:45 - 5:50
    se meu carro era o menos
    decente na fila da escola?
  • 5:50 - 5:51
    (Risos)
  • 5:51 - 5:55
    que eu estava perdendo a luta
    contra as ervas-daninhas,
  • 5:55 - 5:57
    tudo isso desapareceu.
  • 5:57 - 5:59
    (Risos)
  • 6:01 - 6:03
    Preocupações do meu ego.
  • 6:03 - 6:08
    O que ficou no coador foram
    as pessoas e as relações.
  • 6:08 - 6:10
    Fiquei grata pelas coisas
  • 6:10 - 6:14
    que eu não valorizava uma semana antes.
  • 6:14 - 6:17
    Caminhadas com Rob no pôr do sol.
  • 6:18 - 6:23
    Deitar na rede sob uma copa
    de folhas verdes e cintilantes.
  • 6:24 - 6:27
    Jogar basquete com meus filhos na sala.
  • 6:29 - 6:32
    Coisas que alimentavam minha alma.
  • 6:33 - 6:36
    Sabe o que mais estava no coador,
    radiante e reluzente,
  • 6:36 - 6:41
    elevado a um status nunca imaginado antes?
  • 6:41 - 6:43
    O agora.
  • 6:43 - 6:45
    O momento presente.
  • 6:45 - 6:49
    É isso o que acontece
    quando o seu futuro desaparece.
  • 6:50 - 6:52
    Também percebi os meus direitos,
  • 6:52 - 6:54
    direito de ter tempo,
  • 6:54 - 6:56
    direito de, claro,
  • 6:56 - 7:00
    ter ao menos a expectativa média de vida,
  • 7:00 - 7:05
    direito de ter o homem que amo
    do meu lado durante toda minha vida.
  • 7:05 - 7:08
    Esse é um dos dons da morte.
  • 7:08 - 7:14
    Você se torna profundamente grato
    pelo que sempre esteve lá.
  • 7:15 - 7:18
    As coisas mais banais se tornam sagradas.
  • 7:19 - 7:22
    Rob faleceu quatro meses depois,
    na noite de Natal.
  • 7:23 - 7:26
    Antes de falecer, exigi
    que ele me fizesse um plano.
  • 7:26 - 7:27
    Ele disse: "Volte para a escola.
  • 7:27 - 7:30
    Faça o mestrado em educação física.
  • 7:30 - 7:32
    Você terá os mesmos
    horários que os meninos.
  • 7:32 - 7:34
    Você vai ganhar mais dinheiro".
  • 7:34 - 7:36
    Mas eu não consegui.
  • 7:36 - 7:39
    Depois que ele morreu, tive uma epifania.
  • 7:39 - 7:41
    Penso nisso como o Jogo da Vida,
  • 7:41 - 7:44
    em que todo mundo tem
    seu carrinho de plástico,
  • 7:44 - 7:47
    colocando nele os pinos rosas e azuis.
  • 7:47 - 7:51
    Na minha cabeça, todo carro
    tem dois ocupantes:
  • 7:51 - 7:53
    um ego e uma alma.
  • 7:53 - 7:57
    É fácil deixar o ego ficar na direção.
  • 7:58 - 8:02
    Mas daqui em diante, eu sabia
    que a alma precisava ser o motorista.
  • 8:02 - 8:05
    Acredito que a alma fala
    através da intuição,
  • 8:05 - 8:07
    e eu decidi seguir a minha.
  • 8:08 - 8:12
    Ela me fez aprender tudo o que eu podia
    sobre a morte, o morrer e o luto.
  • 8:12 - 8:15
    Livros, podcasts, seminários online,
  • 8:15 - 8:18
    palestras TED, documentários.
  • 8:18 - 8:21
    Então descobri sobre as doulas da morte,
  • 8:21 - 8:28
    pessoas não médicas que fornecem
    apoio espiritual, emocional e físico
  • 8:28 - 8:31
    para quem está prestes a morrer
    e seus cuidadores.
  • 8:32 - 8:37
    Eu tinha uma nova perspectiva
    para ver a minha relação com Rob.
  • 8:38 - 8:41
    Nove em cada dez pessoas
    querem morrer em casa.
  • 8:41 - 8:45
    Uma unidade de cuidados paliativos
    é a organização responsável por isso.
  • 8:45 - 8:50
    Mas o modelo de cuidado paliativo espera
    que você fique lá por vários meses
  • 8:50 - 8:53
    para ser treinado.
  • 8:54 - 8:59
    A média de permanência
    nos Estados Unidos é de 11 a 17 dias.
  • 9:00 - 9:04
    Ninguém consegue aprender a cuidar
    de um ente querido nesse tempo.
  • 9:05 - 9:06
    Por causa disso,
  • 9:06 - 9:09
    pode haver falhas dolorosas
    na experiência da morte.
  • 9:10 - 9:12
    Sendo uma voluntária,
  • 9:12 - 9:15
    eu recebia frequentemente
    mensagens deste tipo:
  • 9:16 - 9:17
    "Paciente morrendo progressivamente.
  • 9:17 - 9:21
    Cuidador exausto, sobrecarregado".
  • 9:21 - 9:25
    Ou: "Paciente preocupado com a morte.
  • 9:25 - 9:28
    Não tem amigos, família,
    está morrendo sozinho".
  • 9:29 - 9:36
    Essas pessoas, assim como eu,
    e acredito que muitos de nós,
  • 9:36 - 9:41
    poderiam ter tido uma presença
    tranquilizante do nosso lado,
  • 9:41 - 9:43
    alguém que tivesse sabedoria
  • 9:43 - 9:47
    adquirida pela experiência
    de já ter passado por isso,
  • 9:48 - 9:53
    alguém que nos ajudaria a entrar
    na natureza sagrada desse tempo
  • 9:54 - 9:58
    e alguém que ficaria conosco
    enquanto precisássemos,
  • 9:59 - 10:00
    uma doula da morte.
  • 10:00 - 10:03
    Era esse o meu chamado para me tornar uma,
  • 10:03 - 10:05
    foi no que me tornei.
  • 10:06 - 10:09
    Quero compartilhar algumas
    das histórias do meu trabalho.
  • 10:10 - 10:11
    Conheçam Bill e Shirley.
  • 10:11 - 10:14
    Eles são meus pais
    e minhas primeiras cobaias.
  • 10:14 - 10:15
    (Risos)
  • 10:17 - 10:20
    Eu queria praticar
    uma avaliação final de vida,
  • 10:20 - 10:25
    as pessoas têm uma sensação de paz
    quando veem um propósito para suas vidas.
  • 10:25 - 10:29
    Uma das maneiras é escrever
    o seu próprio obituário.
  • 10:29 - 10:31
    Então pedi ao meu pai
    se ele podia fazer isso.
  • 10:32 - 10:33
    Sem hesitar, ele disse:
  • 10:33 - 10:35
    "Ah, é o que eu faço antes de dormir".
  • 10:35 - 10:37
    (Risos)
  • 10:39 - 10:42
    Ele disse: "Leio a seção de obituários
    até pegar no sono".
  • 10:43 - 10:45
    Então eu escrevi
  • 10:45 - 10:49
    e, quando ele chegou na parte
    que dizia: "Ele será lembrado",
  • 10:49 - 10:52
    ele disse: "Meus filhos
    têm que fazer isso".
  • 10:52 - 10:56
    Enviei aos meus três irmãos e à minha irmã
  • 10:56 - 11:00
    e eles escreveram de volta as coisas
    mais maravilhosas e bonitas
  • 11:00 - 11:02
    sobre como eles vão
    se lembrar do nosso pai,
  • 11:02 - 11:04
    e eu li para ele.
  • 11:05 - 11:08
    Ele ficou emocionado,
    sem saber o que dizer.
  • 11:08 - 11:11
    Ele disse: "Ora, acho
    que foi uma boa vida".
  • 11:12 - 11:14
    Então minha mãe fala:
  • 11:14 - 11:16
    "Eu vou ter um péssimo obituário".
  • 11:16 - 11:19
    (Risos)
  • 11:19 - 11:20
    "Por quê?"
  • 11:21 - 11:25
    E ela disse: "Nunca fui à faculdade.
    Nunca tive uma carreira".
  • 11:25 - 11:26
    Eu perguntei: "O que você fez?"
  • 11:26 - 11:29
    Ela disse: "Eu sempre soube
    que eu queria ser uma mãe".
  • 11:29 - 11:31
    Fiz algumas perguntas a ela,
  • 11:31 - 11:33
    e então ela descobre
  • 11:33 - 11:37
    que, de fato, ela se tornou a mãe
    de cinco crianças incríveis.
  • 11:38 - 11:42
    E ela é uma segunda mãe para todo mundo
    que cruza o seu caminho.
  • 11:43 - 11:44
    Conheça Bea.
  • 11:44 - 11:46
    A família de Bea me contratou
  • 11:46 - 11:50
    porque ela estava em coma há uma semana,
  • 11:50 - 11:52
    e eles achavam que ela estava resistindo,
  • 11:52 - 11:53
    mas não sabiam por quê.
  • 11:54 - 11:56
    A primeira vez que visitei Bea,
  • 11:57 - 12:02
    ela tinha a testa enrugada
    e essa aparência de preocupação.
  • 12:02 - 12:06
    Ela estava em coma profunda,
    mas a audição é o último sentido a sumir.
  • 12:07 - 12:08
    Sentei com ela por um tempo,
  • 12:08 - 12:11
    e sugeri uma meditação guiada.
  • 12:12 - 12:16
    Eu sabia que ela tinha
    crescido perto do mar,
  • 12:16 - 12:20
    então queria que ela imaginasse
    que estava andando na areia,
  • 12:20 - 12:25
    sentindo o vento no seu rosto,
    o cheiro da brisa do mar,
  • 12:26 - 12:30
    e ouvindo o barulho das ondas.
  • 12:31 - 12:35
    É um exercício para as pessoas
    entrarem no corpo e saírem da mente.
  • 12:35 - 12:39
    No fim, eu disse que a visitaria de novo.
  • 12:39 - 12:42
    Ela pegou minha mão e disse: "Eu te amo".
  • 12:42 - 12:45
    Eu não sei com quem ela falava
    ou sobre o que ela falava,
  • 12:45 - 12:48
    mas eu sabia que eu tinha
    uma conexão com ela.
  • 12:49 - 12:52
    Mais tarde, ela desenvolveu
    um medo de ficar sozinha,
  • 12:53 - 12:56
    e todos na casa de repouso
    sabiam do seu medo.
  • 12:56 - 12:59
    Então enquanto eu estava sentada com ela,
  • 12:59 - 13:03
    depois da quarta pessoa entrar,
    se inclinar sobre a cama dela e dizer:
  • 13:03 - 13:05
    "Não se preocupe, Bea.
    Estamos aqui com você.
  • 13:05 - 13:07
    Você não está sozinha",
  • 13:09 - 13:12
    percebi que não importa
    quantas vezes lhe dissessem aquilo,
  • 13:12 - 13:14
    ela continuaria sozinha.
  • 13:14 - 13:17
    Então eu disse: "Bea, você está sozinha.
  • 13:17 - 13:19
    Você está numa jornada solitária.
  • 13:19 - 13:22
    Ninguém pode ir com você.
  • 13:22 - 13:24
    Deve ser assustador".
  • 13:24 - 13:26
    Ela me olhou nos olhos
    e assentiu com a cabeça.
  • 13:26 - 13:28
    Conversamos então sobre a coragem
  • 13:28 - 13:31
    e como ela a tinha encontrado
    ao longo da vida.
  • 13:32 - 13:34
    Bea faleceu três dias depois.
  • 13:35 - 13:37
    Conheça Reese.
  • 13:37 - 13:40
    Reese tinha nove quando isso aconteceu,
  • 13:40 - 13:42
    ele é meu filho.
  • 13:42 - 13:46
    Ele veio comigo para ver Rob
    na manhã de Natal.
  • 13:46 - 13:48
    Eu estava no corredor,
  • 13:48 - 13:51
    interrogando o amigo de Rob,
    que tinha passado a noite com ele.
  • 13:51 - 13:53
    Reese entrou no quarto.
  • 13:54 - 13:56
    Eu entrei dez minutos depois.
  • 13:56 - 14:00
    Rob estava em um coma profundo
    do qual ele nunca acordaria,
  • 14:00 - 14:03
    sua boca estava aberta
    e seus lábios estavam secos,
  • 14:03 - 14:07
    ele tinha a aparência de alguém
    que estava morrendo.
  • 14:08 - 14:10
    Reese tinha subido na cama do seu pai,
  • 14:10 - 14:12
    estava segurando a mão dele,
  • 14:12 - 14:14
    acariciando seu rosto,
  • 14:14 - 14:20
    dizendo: "Sou o menino mais sortudo
    de todos porque tive o melhor pai.
  • 14:20 - 14:24
    Peço imensa desculpa pelas minhas birras.
  • 14:24 - 14:29
    Peço imensa desculpa pelos nomes feios.
  • 14:29 - 14:33
    Obrigado pelas brincadeiras
    que você fez comigo e Caleb.
  • 14:33 - 14:35
    Nunca vou me esquecer de você".
  • 14:35 - 14:38
    Isso durou uma hora.
  • 14:39 - 14:42
    Então ele disse: "Pai, te vejo por aí".
  • 14:42 - 14:43
    (Risos)
  • 14:45 - 14:48
    E ele disse para mim:
    "Mãe, estou pronto para ir".
  • 14:50 - 14:54
    Todos nós sabemos como fazer isso,
  • 14:54 - 14:57
    sabemos como nos expressar para o outro.
  • 14:59 - 15:03
    No livro mais recente de Caitlin Doughty,
    "Para Toda a Eternidade"
  • 15:03 - 15:06
    ela cita o psiquiatra Irvin Yalom.
  • 15:07 - 15:12
    Ele diz: "O adulto que é atormentado
    pela ansiedade da morte
  • 15:12 - 15:17
    não é um pássaro exótico
    que contraiu uma doença exótica,
  • 15:17 - 15:22
    mas um homem ou uma mulher
    cuja família e cultura
  • 15:22 - 15:26
    falharam em tricotar uma malha protetora
  • 15:26 - 15:30
    para suportar o frio
    arrepiante da mortalidade".
  • 15:31 - 15:33
    Eu tenho um desafio para vocês.
  • 15:33 - 15:36
    quem aí está apto a aprender a tricotar?
  • 15:36 - 15:38
    (Aplausos)
  • 15:39 - 15:44
    É nosso trabalho pegar
    o novelo de lã e as agulhas,
  • 15:44 - 15:47
    abrir a porta e deixar a morte entrar.
  • 15:47 - 15:52
    Não podemos nos preparar
    enquanto não conversarmos sobre ela.
  • 15:52 - 15:53
    (Aplausos)
  • 15:56 - 15:57
    Então como fazer isso?
  • 15:57 - 15:59
    Acho que um bom começo
  • 15:59 - 16:02
    é se sentir confortável
    com a sua própria mortalidade.
  • 16:02 - 16:04
    E isso é um exercício,
  • 16:04 - 16:07
    não é algo que basta uma vez
    e você está pronto.
  • 16:07 - 16:08
    (Risos)
  • 16:08 - 16:11
    Eu gosto de procurar pela morte
    em todos os lugares que estou.
  • 16:11 - 16:14
    (Risos)
  • 16:15 - 16:18
    Eu disse que eu não era normal.
  • 16:19 - 16:21
    Do lado de fora é muito fácil, certo?
  • 16:21 - 16:23
    Porque a morte e a decomposição
    estão na natureza,
  • 16:23 - 16:27
    até mesmo nas coisas verdes,
    pois elas só têm uma estação.
  • 16:27 - 16:30
    Mas se você está em uma mesa
    de conferência, está tudo bem.
  • 16:30 - 16:33
    Se você está olhando
    para o seu jantar, morte.
  • 16:33 - 16:35
    (Risos)
  • 16:35 - 16:41
    Para mim, isso me coloca
    naturalmente no ciclo,
  • 16:41 - 16:46
    não é difícil ver que eu também
    vou me tornar parte do mundo natural.
  • 16:46 - 16:50
    Outro jogo que gosto de brincar é:
    o que vai durar mais do que eu?
  • 16:50 - 16:52
    (Risos)
  • 16:53 - 16:56
    Vocês podem olhar
    ao redor deste auditório.
  • 16:56 - 17:01
    Este auditório vai continuar a existir
    depois que todos nós morrermos.
  • 17:03 - 17:06
    É um bom jeito de construir
    uma perspectiva.
  • 17:06 - 17:07
    (Risos)
  • 17:07 - 17:11
    Faço isso até a minha perspectiva mudar,
  • 17:11 - 17:15
    de "eu sou importante"
    para "eu sou completamente irrelevante".
  • 17:15 - 17:19
    Você é efêmero, pequeno,
    e nós somos mortais.
  • 17:20 - 17:22
    Por último, lembre-se do carro
  • 17:22 - 17:26
    com a alma na direção
    e o ego no banco de trás.
  • 17:26 - 17:30
    Aconselho deixar a morte
    no banco do passageiro.
  • 17:31 - 17:33
    (Aplausos)
  • 17:33 - 17:40
    Porque a morte nos lembra de sermos
    as nossas melhores versões,
  • 17:40 - 17:44
    e isso não significa o dente mais branco,
  • 17:44 - 17:45
    o corpo mais musculoso, o melhor carro.
  • 17:46 - 17:48
    Significa o melhor ser humano:
  • 17:49 - 17:51
    bondoso, amoroso
  • 17:52 - 17:56
    e grato por essa coisa
    maravilhosa chamada vida.
  • 17:57 - 17:59
    (Aplausos)
Title:
O que a morte me ensinou sobre a vida | Jane Whitlock | TEDxMinneapolis
Description:

Jane perdeu seu marido aos 47 anos. Essa experiência transformou todos os aspectos da sua vida, um nível de transformação que ela acredita estar disponível para todas as pessoas. Quando não conversamos sobre a morte e não nos lembramos diariamente de que vamos morrer, corremos o risco de não valorizar esse presente mágico chamado vida e nos perdermos com coisas que não importam.

Jane Whitlock, também conhecida como Doula Jane, é uma doula da morte. Ela fornece suporte emocional e orientação para indivíduos e familiares no processo de fim da vida. Reconhecendo a necessidade de uma perspectiva imparcial e compassiva durante a batalha do seu marido contra o câncer em 2013, Whitlock lançou seu treinamento para ajudar outros a lidar com as constantes frágeis e efêmeras da vida e da morte. Whitlock afirma que a morte e seus rituais sagrados têm muitos presentes a nos oferecer. Quando sabemos que estamos morrendo e que o tempo é curto, surge uma oportunidade de um transformação profunda tanto para aquele que parte quanto para seus entes queridos.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:01

Portuguese, Brazilian subtitles

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