Return to Video

Uma estratégia de "saída" da COVID-19 para acabar com o confinamento e reabrir a economia

  • 0:01 - 0:04
    Chris Anderson:
    O nosso primeiro palestrante
  • 0:04 - 0:07
    fez uma palestra TED no TEDGlobal
    há sete anos, segundo creio.
  • 0:07 - 0:09
    Chama-se Uri Alon,
  • 0:09 - 0:12
    é Professor no Instituto
    de Ciências Weizman.
  • 0:12 - 0:16
    Ele e os seus colegas desse Instituto
    apareceram com uma ideia brilhante
  • 0:16 - 0:18
    que responde à seguinte pergunta:
  • 0:18 - 0:22
    Como poderemos voltar ao trabalho
  • 0:22 - 0:26
    sem criar um segundo surto da infeção?
  • 0:27 - 0:30
    Uri Alon, bem-vindo ao TED.
  • 0:30 - 0:34
    Uri Alon: Obrigado.
    É ótimo estar aqui de novo.
  • 0:34 - 0:36
    CA: É um prazer vê-lo de novo por aqui.
  • 0:36 - 0:40
    Penso que o segredo para a sua ideia
  • 0:40 - 0:44
    é essa obsessão com a taxa
    de reprodução R, R-zero.
  • 0:44 - 0:46
    Se essa taxa for menor que um,
  • 0:46 - 0:50
    menos de uma pessoa
    é infetada por uma pessoa comum,
  • 0:50 - 0:54
    E por fim, a epidemia desaparece.
  • 0:54 - 0:57
    As pessoas têm receio que,
    quando voltarem a trabalhar,
  • 0:57 - 0:59
    a taxa R volte a subir acima de um.
  • 0:59 - 1:02
    Você tem uma sugestão
    para podermos evitar isso.
  • 1:02 - 1:04
    Qual é essa sugestão?
  • 1:05 - 1:06
    UA: Exatamente.
  • 1:06 - 1:09
    Estamos a sugerir uma estratégia
  • 1:09 - 1:12
    baseada num ponto fraco
    em relação à biologia do vírus.
  • 1:12 - 1:16
    que é um ciclo de trabalho e confinamento.
  • 1:16 - 1:21
    Explora a vulnerabilidade do vírus
    que, quando uma pessoa é infetada,
  • 1:21 - 1:24
    não retransmite o vírus
    durante cerca de três dias
  • 1:24 - 1:27
    Ou seja, não infeta outras pessoas
    nos primeiros três dias,
  • 1:27 - 1:29
    e só sente os sintomas,
    ao fim de mais dois dias, em média.
  • 1:30 - 1:34
    Assim, estamos a propor uma estratégia
    que consiste em quatro dias de trabalho
  • 1:34 - 1:36
    e 10 dias de confinamento.
  • 1:36 - 1:38
    Nas duas semanas seguintes, outra vez:
  • 1:38 - 1:40
    quatro dias de trabalho,
    10 dias de confinamento.
  • 1:40 - 1:43
    Dessa forma, se uma pessoa
    for infetada no trabalho,
  • 1:43 - 1:46
    vai atingir o pico do contágio
    durante o confinamento,
  • 1:46 - 1:49
    e assim, evita infetar muitos outros.
  • 1:49 - 1:53
    Isso restringe a transmissão viral.
  • 1:53 - 1:55
    E também, trabalhar quatro dias
    em duas semanas
  • 1:55 - 1:58
    restringe o tempo do contacto do vírus
    com outras pessoas
  • 1:58 - 2:00
    e isso é um efeito poderoso.
  • 2:00 - 2:02
    Assim, toda a gente trabalha
    nos mesmos quatro dias,
  • 2:02 - 2:05
    as crianças nas escolas
    durante os mesmos quatro dias,
  • 2:05 - 2:09
    com todas as medidas
    de distanciamento social, máscaras, etc,
  • 2:09 - 2:12
    e após isso, um período de confinamento.
  • 2:12 - 2:15
    CA: Então, se considerarmos
    o pior cenário possível,
  • 2:15 - 2:18
    em que vamos para o trabalho
    na manhã de segunda-feira,
  • 2:18 - 2:19
    no início dos quatro dias
  • 2:19 - 2:22
    e somos infetados no metro, digamos,
    a caminho do trabalho
  • 2:22 - 2:26
    a teoria aqui é que,
    mesmo no fim dos quatro dias,
  • 2:26 - 2:30
    não chegamos a infetar
    os nossos colegas de trabalho?
  • 2:30 - 2:33
    UA: Correto. Somos infetados no metro,
  • 2:33 - 2:36
    e durante os três dias seguintes, mais ou
    menos, estamos no período latente,
  • 2:36 - 2:38
    não infetamos os nossos colegas,
  • 2:38 - 2:40
    alcançamos o pico de
    infecciosidade em casa,
  • 2:40 - 2:43
    haverá infeções secundárias em casa,
  • 2:43 - 2:47
    e as pessoas com sintomas
    podem colocar-se em quarentena.
  • 2:47 - 2:50
    E após um tempo considerável, alcançamos
    um número de reprodução menor que um,
  • 2:50 - 2:53
    e a epidemia, se continuarmos neste ciclo,
  • 2:53 - 2:55
    vai-se embora.
  • 2:57 - 3:01
    CA: Quer dizer, é frustrante
  • 3:01 - 3:03
    pensar que as pessoas vão dizer:
  • 3:03 - 3:05
    "Espere aí, não quero infetar
    as pessoas lá de casa,
  • 3:05 - 3:08
    "prefiro infetar as pessoas no trabalho."
  • 3:08 - 3:09
    Qual é a resposta para isso?
  • 3:09 - 3:12
    UA: Temos de considerar as alternativas.
  • 3:12 - 3:15
    Se abrirmos a economia
    e houver um segundo surto,
  • 3:15 - 3:19
    vamos ter essas infeções de qualquer modo,
    durante o período do confinamento,
  • 3:19 - 3:22
    juntamente com os efeitos devastadores
    na economia, etc.
  • 3:22 - 3:25
    Então, a longo prazo,
  • 3:25 - 3:27
    se adotarmos uma estratégia
    cíclica como esta
  • 3:27 - 3:30
    mas com um número de reprodução
    que é menor que um,
  • 3:30 - 3:34
    evitamos, pelo menos com essas
    considerações e modelos matemáticos,
  • 3:34 - 3:38
    um número muito maior de infeções
    que se teriam com um segundo surto.
  • 3:39 - 3:44
    CA: Certo. Satisfazemos as necessidades
    da nossa família... desculpe, continue.
  • 3:45 - 3:48
    UA: Os indivíduos infetados não
    infetam todas as pessoas da casa.
  • 3:48 - 3:52
    As taxas de contaminação são de 10 a 30%,
    de acordo com vários estudos.
  • 3:53 - 3:54
    CA: Certo.
  • 3:54 - 3:57
    Mas a esperança é que tenhamos em atenção
    as necessidades da família
  • 3:57 - 4:01
    envolvendo-nos numa estratégia em que
    poucos dos nossos colegas de trabalho
  • 4:01 - 4:02
    serão infetados, de certa forma.
  • 4:02 - 4:04
    Então esse é o plano, mas...
  • 4:05 - 4:06
    UA: Exatamente.
  • 4:07 - 4:09
    CA: Explique-me...
    porque quatro dias em 14,
  • 4:09 - 4:11
    alguém dirá: "Bem, boa ideia,
  • 4:11 - 4:16
    "mas isso implica 70% de perda
    de produtividade na economia,
  • 4:16 - 4:18
    "por isso não pode funcionar".
  • 4:18 - 4:21
    Acho que você pensa
    que a perda de produtividade
  • 4:21 - 4:23
    não precisa de ser tão grande.
  • 4:23 - 4:24
    UA: Exatamente.
  • 4:24 - 4:27
    Há muitas pessoas
    que não trabalham nos fins de semana,
  • 4:27 - 4:30
    então são quatro dias em 10 dias úteis
    nas duas semanas,
  • 4:30 - 4:33
    e se tivermos um programa previsível
  • 4:33 - 4:34
    de quatro dias de trabalho,
  • 4:34 - 4:36
    podemos trabalhar mais horas,
  • 4:36 - 4:38
    criar turnos e obter mais produtividade
  • 4:38 - 4:40
    dando prioridade nesses quatro dias
  • 4:40 - 4:43
    a muito mais de 40% dos dias úteis.
  • 4:44 - 4:47
    CA: Sim. Então, diga-me como é
    que isso pode funcionar.
  • 4:47 - 4:50
    Quero dizer, vamos imaginar
    primeiro de tudo, o fabrico,
  • 4:50 - 4:52
    que atualmente está paralisado.
  • 4:52 - 4:57
    Pressupõe-se que um fabricante
    poderá definir
  • 4:57 - 5:00
    dois ou mesmo três turnos
    de quatro dias,
  • 5:00 - 5:05
    talvez 35 horas de trabalho, mais ou
    menos, durante esses quatro dias
  • 5:05 - 5:09
    e ainda assim obter muita produtividade,
  • 5:09 - 5:13
    basicamente, tendo as linhas a funcionar
    quase continuamente dessa maneira?
  • 5:13 - 5:15
    UA: Exatamente
  • 5:15 - 5:18
    Essa é uma versão escalonada
    desta ideia
  • 5:18 - 5:22
    em que dividimos a população
    em dois ou três grupos.
  • 5:22 - 5:26
    Digamos que um grupo trabalha quatro dias
    e depois tem 10 dias de confinamento.
  • 5:26 - 5:29
    Então entra outro grupo.
  • 5:29 - 5:32
    Esta ideia foi proposta por colegas
    na Universidade de Bar-llan.
  • 5:32 - 5:34
    Assim, obtém-se o benefício adicional
  • 5:34 - 5:36
    de haver menos densidade
    em dias de trabalho
  • 5:36 - 5:38
    Se houver dois grupos,
  • 5:38 - 5:40
    a densidade fica pela metade
    e há menos transmissão.
  • 5:40 - 5:44
    E assim, mantemos as linhas de produção
    a funcionar quase continuamente,
  • 5:44 - 5:47
    usando essa estratégia escalonada.
  • 5:49 - 5:54
    CA: E se aplicarmos isso à reflexão
    do regresso ao escritório,
  • 5:54 - 5:57
    quer dizer, parece-me que,
    como já vimos,
  • 5:57 - 6:00
    pode haver muita produtividade
    quando estamos em casa.
  • 6:00 - 6:04
    Pode projetar nessa ideia
    de pessoas a fazer uma série de coisas
  • 6:04 - 6:07
    durante os quatro dias
    quando voltarem ao escritório,
  • 6:07 - 6:12
    expondo-se e estimulando-se
    uns aos outros,
  • 6:12 - 6:15
    as discussões, o "brainstorming",
    todas essas coisas boas,
  • 6:15 - 6:19
    enquanto que em casa,
    fazem todas as coisas
  • 6:19 - 6:21
    que andamos a fazer nas últimas semanas,
  • 6:21 - 6:23
    a trabalhar de forma individual.
  • 6:23 - 6:25
    Já tem pensado sobre como,
  • 6:25 - 6:29
    se for possível, efetivamente, dividir
    o trabalho em diferentes tipos
  • 6:29 - 6:31
    e usar uma estratégia como esta
  • 6:32 - 6:35
    para manter uma produtividade
    quase completa ou ainda melhor?
  • 6:35 - 6:39
    UA: Eu concordo — em muitos setores,
    as pessoas trabalham em casa eficazmente
  • 6:39 - 6:41
    e ouvimos várias indústrias afirmarem
  • 6:41 - 6:43
    que a produtividade até aumentou
    durante o confinamento
  • 6:43 - 6:45
    com as pessoas a trabalhar
    em casa.
  • 6:45 - 6:48
    Então, se possuirmos um programa,
    uma estratégia de saída cíclica
  • 6:48 - 6:51
    podemos restringir a quantidade
  • 6:51 - 6:54
    ou podemos planear o trabalho
    quando precisamos de estar juntos
  • 6:54 - 6:55
    de maneira muito eficaz,
  • 6:55 - 6:57
    evitando o desperdício de tempo,
  • 6:57 - 7:00
    se o trabalho dessa pessoa pode
    ser mais eficaz em casa
  • 7:00 - 7:03
    ou mais eficaz no trabalho
    e obter alta produtividade.
  • 7:03 - 7:06
    Devo dizer que alguns setores
    precisam realmente de se ajustar,
  • 7:06 - 7:08
    como os hotéis,
    o turismo, os restaurantes.
  • 7:08 - 7:11
    Em muitas indústrias isso vai requerer
    mais planeamento e ajustes.
  • 7:11 - 7:14
    Mas outras indústrias são quase
    construídas por ideias como esta.
  • 7:14 - 7:17
    Talvez seja até algo que possamos
    considerar após a pandemia,
  • 7:17 - 7:20
    porque a produtividade
    pode ser pelo menos igualmente alta.
  • 7:21 - 7:25
    CA: Sim, eu li isso e comecei a pensar
    na nossa própria organização, TED,
  • 7:25 - 7:30
    e como, de várias formas, podemos firmar
    que isso funcionaria muito bem.
  • 7:30 - 7:31
    Quer dizer, por um lado.
  • 7:31 - 7:34
    há essa questão sobre
    os extrovertidos e introvertidos.
  • 7:34 - 7:37
    Alguns introvertidos, se forem honestos,
  • 7:37 - 7:39
    diriam que esta pandemia tem sido
    o maná do céu para eles.
  • 7:39 - 7:42
    Eles acharam o trabalho menos estressante.
  • 7:42 - 7:45
    Eles têm conseguido concentrar-se,
    e assim por diante.
  • 7:45 - 7:49
    Com essa estratégia de quatro dias
    de trabalho e quatro de isolamento,
  • 7:49 - 7:52
    será que podemos pensar
    num mundo de trabalho
  • 7:52 - 7:55
    otimizado para
    introvertidos e extrovertidos?
  • 7:56 - 7:59
    UA: Exatamente. Quer dizer,
    eu também sinto isso.
  • 7:59 - 8:02
    Eu e a minha parceira,
    com diferentes personalidades,
  • 8:02 - 8:03
    ensinamos em universidades,
  • 8:04 - 8:05
    e o ensino nestas condições
  • 8:05 - 8:08
    ajuda-me a ser mais
    produtivo, de certa forma.
  • 8:08 - 8:10
    Concordo plenamente,
  • 8:10 - 8:14
    e acho que, ao aproveitar a criatividade
    das pessoas nos locais de trabalho,
  • 8:14 - 8:18
    estamos só no começo do que este tipo
    de misturas pode oferecer-nos.
  • 8:19 - 8:21
    CA: Mas para as pessoas
    na linha de frente,
  • 8:22 - 8:27
    se estão a entregar
    produtos e coisas dessas
  • 8:27 - 8:29
    e não podem fazer isso virtualmente,
  • 8:29 - 8:31
    há algum pensamento sobre
  • 8:31 - 8:34
    como numa estratégia de quatro dias
    de trabalho e isolamento
  • 8:34 - 8:37
    como esse tempo poderá ser usado
  • 8:37 - 8:39
    para contribuir
    com o trabalho dessa pessoa
  • 8:39 - 8:42
    através de alguma forma de formação?
  • 8:42 - 8:48
    Ou as pessoas trabalhariam mais
    intensamente nesses quatro dias,
  • 8:48 - 8:54
    e talvez as pessoas não estejam a ser
    pagas totalmente neste cenário,
  • 8:54 - 8:57
    mas é melhor do que
    um confinamento completo,
  • 8:57 - 9:00
    e é melhor do que voltar ao trabalho
    e haver outro surto?
  • 9:01 - 9:03
    UA: Correto. A nível social,
  • 9:03 - 9:05
    é melhor do que abrir e ver outro surto,
  • 9:06 - 9:08
    o que exigiria outro confinamento total.
  • 9:08 - 9:10
    Para pessoas, como em turnos hospitalares,
  • 9:10 - 9:13
    alguns hospitais adotaram
    programas desse tipo
  • 9:13 - 9:16
    para podermos proteger
    os turnos e evitar misturas.
  • 9:16 - 9:19
    Também cria muita
    simplicidade e claridade.
  • 9:19 - 9:21
    Então entendemos
    quando estamos a trabalhar,
  • 9:21 - 9:25
    e temos alguma confiança porque
    se baseia no modelo científico
  • 9:25 - 9:29
    sobre a eficácia desse plano.
  • 9:29 - 9:32
    Também é justo no sentido
    que todos têm de trabalhar,
  • 9:32 - 9:34
    não apenas alguns setores,
  • 9:34 - 9:36
    É transparente, etc.
  • 9:36 - 9:38
    (Conversa cruzada)
  • 9:40 - 9:43
    CA: E isso é algo mais bem implementado
  • 9:43 - 9:45
    por empresas individuais?
  • 9:45 - 9:49
    Ou, na verdade, é algo muito mais
    bem implementado numa cidade de cada vez
  • 9:49 - 9:51
    ou mesmo num país de cada vez?
  • 9:52 - 9:54
    UA: Pensamos que isso
    pode funcionar por níveis.
  • 9:54 - 9:58
    Em certas empresas,
    é muito natural adotá-lo
  • 9:58 - 10:00
    ou em hospitais, escolas, etc.
  • 10:00 - 10:03
    Pode também funcionar
    a nível de uma cidade ou região,
  • 10:03 - 10:07
    e então nós aconselharíamos
    experimentá-lo por um mês mais ou menos,
  • 10:07 - 10:09
    vendo se os casos aumentam.
  • 10:09 - 10:13
    Nesse caso, podemos diminuir
    o número de dias de trabalho.
  • 10:13 - 10:17
    Ou, se os casos diminuem rapidamente,
    podemos adicionar mais dias de trabalho
  • 10:17 - 10:21
    e portanto adaptar ao clima
    e ao local onde a pessoa está.
  • 10:21 - 10:23
    Então é bastante adaptável.
  • 10:23 - 10:27
    CA: Mas ao alinhar agendas de trabalho
    com escolas, por exemplo,
  • 10:27 - 10:30
    que subitamente permitam aos pais
    voltarem ao trabalho
  • 10:30 - 10:35
    nos dias em que os filhos estiverem
    na escola, teríamos de tentar...
  • 10:35 - 10:36
    UA: Exatamente.
  • 10:36 - 10:38
    CA: Ou seja, o melhor exemplo disso
  • 10:38 - 10:41
    são os países que dividem as famílias
  • 10:41 - 10:45
    em diferente categorias A e B,
    ou algo parecido,
  • 10:45 - 10:48
    então esse tipo de alinhamento
    poderá ocorrer?
  • 10:49 - 10:53
    UA: Exato. Podermos alinhar diferentes
    famílias, Grupo A e Grupo B,
  • 10:53 - 10:57
    e depois as crianças vão para a escola,
    os pais vão para o trabalho
  • 10:57 - 10:58
    duma maneira sincronizada,
  • 10:58 - 11:01
    e o outro grupo,
    digamos, em semanas alternadas.
  • 11:01 - 11:05
    Uma certa quantidade de pessoas
    precisa de trabalhar a tempo inteiro.
  • 11:05 - 11:08
    Talvez os professores sejam essenciais
    e precisem de trabalhar a tempo inteiro.
  • 11:08 - 11:10
    Como nas situações de confinamento,
  • 11:10 - 11:13
    uma certa parte da população
    ainda trabalha em tempo integral.
  • 11:13 - 11:16
    Mas uma região que faça isso
    deve ser protegida,
  • 11:16 - 11:19
    para ter um número de reprodução
    menor que um,
  • 11:19 - 11:23
    assim, as infeções importadas
    também não podem espalhar-se muito.
  • 11:23 - 11:27
    CA: E aqui está o acima mencionado
    David Biello. David.
  • 11:27 - 11:29
    David Biello: Olá a todos.
  • 11:29 - 11:33
    Uri, como pode imaginar,
    há muitas perguntas da audiência,
  • 11:33 - 11:35
    e temos a primeira
  • 11:35 - 11:40
    sobre os trabalhadores
    que foram marcados como essenciais.
  • 11:40 - 11:46
    Pode comentar qual o impacto disso
    nos profissionais de saúde e outros
  • 11:46 - 11:51
    que podem não ter tempo
    ou flexibilidade para estar de quarentena
  • 11:51 - 11:53
    da maneira que você sugere.
  • 11:53 - 11:57
    UA: Ótimo. Quero dizer que
    há trabalhadores essenciais,
  • 11:57 - 12:01
    há pessoas com baixos rendimentos,
    que não podem aderir ao confinamento
  • 12:01 - 12:03
    porque têm de ganhar para viver.
  • 12:03 - 12:09
    Os estudos mostram que a mobilidade
    das pessoas de baixos rendimentos
  • 12:09 - 12:11
    é maior durante o confinamento.
  • 12:11 - 12:14
    Também, nos países em desenvolvimento,
    as pessoas tem de sair de casa.
  • 12:14 - 12:16
    Não se pode forçar o confinamento.
  • 12:16 - 12:21
    Então esse ciclo de quatro-em10
    pode tornar o confinamento mais fácil
  • 12:21 - 12:25
    para as pessoas que ainda podem
    ganhar a vida durante esses dias,
  • 12:25 - 12:27
    ou pelo menos fazer as suas escolhas
  • 12:27 - 12:30
    sobre qual a parte a trabalhar
    e qual a parte a ficar em confinamento.
  • 12:30 - 12:34
    Alguns países mesmo em confinamento
    não conseguem manter um R menor que um,
  • 12:34 - 12:37
    por causa desse problema de adesão,
    dos setores informais, etc.
  • 12:37 - 12:42
    Nós cremos que um ciclo de quatro-em-10
    tornaria mais fácil fazer um confinamento
  • 12:42 - 12:44
    e talvez manter o nível de infeção
    menor que um.
  • 12:44 - 12:48
    Isso afeta milhares de milhões
    de pessoas no mundo.
  • 12:48 - 12:51
    Espero ter respondido à sua pergunta.
  • 12:51 - 12:52
    DB: Acho que sim.
  • 12:52 - 12:55
    Podemos ter outra pergunta
  • 12:55 - 12:58
    se aquela puder ir para a fila.
  • 12:58 - 13:00
    É esta:
  • 13:01 - 13:03
    Há alguma hipótese
    de poder fazer os cálculos
  • 13:03 - 13:08
    e quantificar o aumento no risco
    desse ciclo quatro-em-10?
  • 13:08 - 13:12
    UA: O aumento do risco,
    dizemos no nosso artigo científico,
  • 13:12 - 13:15
    fizemos todas as análises sensíveis, etc.
  • 13:15 - 13:19
    e a questão é: comparamos
    o risco acrescido com o quê?
  • 13:19 - 13:21
    Com a economia...
  • 13:21 - 13:24
    É possível que haja uma segunda onda.
  • 13:24 - 13:26
    Ou seja, espero que não,
    mas certamente é possível,
  • 13:26 - 13:31
    e nesse caso, é claro que uma segunda onda
    e outro confinamento
  • 13:31 - 13:36
    terão piores consequências para a saúde
  • 13:36 - 13:39
    do que um ciclo quatro-em-10.
  • 13:39 - 13:44
    Então é uma questão do que
    estamos a comparar.
  • 13:46 - 13:48
    DB: Claro.
  • 13:48 - 13:51
    Bem, muito obrigado
    por partilhar esta ideia, Uri.
  • 13:53 - 13:55
    CA: De facto.
  • 13:55 - 13:59
    David, espera, antes de ir:
  • 13:59 - 14:03
    Algum governo mostrou interesse
    em explorar isto?
  • 14:03 - 14:06
    Vê as pessoas a considerar
    implementar isso
  • 14:06 - 14:09
    como uma política nacional?
  • 14:09 - 14:13
    UA: Sim, estamos em contacto
    com vários países europeus
  • 14:13 - 14:16
    e países da América do Sul
    e Israel, claro.
  • 14:16 - 14:21
    A Áustria adotou um programa similar
    para o seu sistema de ensino,
  • 14:22 - 14:26
    que é de cinco dias de aulas
    em cada duas semanas.
  • 14:27 - 14:32
    E várias empresas e hospitais, etc.
  • 14:33 - 14:37
    Então estamos muito interessados
    em ver como isso acabará.
  • 14:38 - 14:42
    CA: Bem, eu gosto
    do ponto de partida básico
  • 14:42 - 14:45
    de começar a olhar
    para as fraquezas do inimigo.
  • 14:45 - 14:47
    E temos este período de quatro dias
  • 14:47 - 14:53
    que não é necessariamente
    tão perigoso depois de uma infeção,
  • 14:53 - 14:56
    Se pudéssemos imaginar
    uma forma de trabalhar.
  • 14:56 - 15:00
    Acho que fazer um teste
    melhoraria muito essa ideia, certo?
  • 15:00 - 15:03
    Testar as pessoas
    antes de elas voltarem...
  • 15:03 - 15:05
    UA: Não se defende a realização de testes.
  • 15:05 - 15:07
    Não é preciso fazer testes
    para esta ideia,
  • 15:07 - 15:09
    Isto pode aplicar-se a regiões
    sem muitos testes.
  • 15:09 - 15:13
    Se fizerem testes, seria bom
    fazê-los da maneira mais eficaz
  • 15:13 - 15:17
    concentrando os testes em pessoas
    no fim dos seus 10 dias de confinamento,
  • 15:17 - 15:19
    quando estiverem prestes
    a voltar ao trabalho.
  • 15:19 - 15:21
    Isso faria com que cada teste
    tivesse mais impacto
  • 15:21 - 15:24
    em termos da redução
    do número de reprodução.
  • 15:24 - 15:26
    CA: De facto, em vez de ter
    de testar toda a população.
  • 15:26 - 15:28
    todos os três ou quatro dias,
  • 15:28 - 15:30
    é apenas uma vez em cada duas semanas.
  • 15:30 - 15:32
    Esse é um objetivo muito mais imaginável.
  • 15:32 - 15:33
    UA: Com certeza.
  • 15:33 - 15:34
    CA: Sim.
  • 15:34 - 15:37
    Bem, Uri Alon, muito obrigado
    por gastar este tempo.
Title:
Uma estratégia de "saída" da COVID-19 para acabar com o confinamento e reabrir a economia
Speaker:
Uri Alon, Chris Anderson
Description:

Como podemos voltar ao trabalho sem estimular uma segunda vaga da infeção do coronavírus? O biólogo Uri Alon apresenta uma estratégia estimulante: quatro dias de trabalho, seguidos por 10 dias de confinamento um ciclo que explorará uma fraqueza na biologia do vírus e pode impedir a sua taxa de reprodução num nível aceitável. Saibam mais sobre esta abordagem — que já foi adotada tanto por empresas como por países — e como poderá ser a chave para uma reabertura responsável da economia.
(Esta entrevista virtual, feita por Chris Anderson e pelo curador David Biello, foi gravada a 20 de maio de 2020).

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:50

Portuguese subtitles

Revisions