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As boas notícias da década? Estamos a ganhar a guerra contra a mortalidade infantil

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    Estamos aqui, hoje,
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    porque a ONU
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    definiu objectivos
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    para o desenvolvimento dos países.
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    São chamados de
    Objetivos de Desenvolvimento do Milénio.
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    E a razão por que eu gosto bastante
    destes objectivos
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    é porque são oito.
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    E ao especificarem
    oito objectivos diferentes,
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    as Nações Unidas dizem
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    que estas são as coisas que é necessário
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    mudar num país
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    para obter uma vida boa
    para a população.
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    Reparem aqui,
    temos de acabar com a pobreza,
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    educação, igualdade para ambos os sexos,
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    saúde materna e infantil
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    controlar infecções,
    proteger o meio ambiente
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    e construir boas ligações entre as nações
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    em todos os aspectos
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    desde a ajuda até ao comércio.
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    Há uma segunda razão
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    por que eu gosto destes objectivos
    de desenvolvimento,
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    e ela é porque cada um deles
    pode ser medido.
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    Por exemplo, a mortalidade infantil.
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    O objectivo aqui é reduzir
    a mortalidade infantil
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    em dois terços,
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    de 1990 a 2015.
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    É uma redução de 4% ao ano.
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    E isto, com medições.
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    Isso é que faz a diferença
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    entre a conversa política assim
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    e realmente tentar alcançar o importante,
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    uma vida melhor para as pessoas.
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    E o que me deixa tão contente com isto
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    é que já está documentado
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    que há muitos países
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    na Ásia, no Médio Oriente,
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    na América Latina e Europa de Leste
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    a reduzir a este ritmo.
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    E mais, o poderoso Brasil
    está a reduzir a 5% por ano,
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    e a Turquia a 7% por ano.
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    Portanto, temos boas notícias.
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    Mas depois ouço pessoas dizerem:
    "Não há progresso em África.
  • 1:37 - 1:39
    "E nem sequer há estatísticas sobre África
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    "para sabermos o que está a acontecer".
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    Vou provar que estão errados
    em ambos os pontos.
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    Venham comigo
    para o mundo maravilhoso da estatística.
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    Conduzo-vos para a página da "web",
    ChildMortality.org,
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    onde podem encontrar o número
    de mortes em crianças
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    abaixo dos cinco anos de idade
    para todos os países.
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    É feito por especialistas da ONU.
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    E vou usar o Quénia como exemplo.
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    Aqui podem ver os dados.
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    Não entrem em pânico agora.
    Eu ajudo-vos com isto.
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    Parece horrível, como na universidade,
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    quando não gostavam de estatística.
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    Mas a primeira coisa,
    quando vêem pontos como estes,
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    que têm de perguntar a vocês mesmos, é:
  • 2:12 - 2:14
    "De onde é que vem a informação?
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    "Qual é a origem dos dados?
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    "Será o caso de que, no Quénia,
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    "há médicos e outros especialistas
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    "que escrevem a certidão de óbito
    quando a criança morre,
  • 2:23 - 2:25
    "e depois a enviam
    para o gabinete de estatística?"
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    Não, os países de baixos rendimentos
    como o Quénia
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    ainda não têm esse nível de organização.
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    Existe, mas não está completo,
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    porque tantas mortes ocorrem em casa
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    com a família,
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    e não são registadas.
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    Nós não nos baseamos
    num sistema incompleto.
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    Temos entrevistas, temos questionários.
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    E são feitos por entrevistadoras
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    altamente profissionais,
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    que se sentam com uma mulher,
    por uma hora,
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    e lhe fazem perguntas
    acerca da sua história reprodutiva.
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    Quantas crianças teve?
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    Estão todas vivas?
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    Se morreram, que idade tinham
    e em que ano aconteceu?
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    E depois, isto é feito
    numa amostra representativa
  • 3:01 - 3:04
    de milhares de mulheres no país
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    e resumido no que costumava ser chamado
  • 3:06 - 3:09
    Relatório dos Estudos de Saúde
    Demográfica.
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    Mas estes estudos são caros,
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    por isso só podem ser feitos
    em intervalos de três a cinco anos.
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    Mas são de boa qualidade.
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    Mas essa é a limitação.
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    E todas estas linhas coloridas
    aqui são os resultados;
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    cada cor é um estudo.
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    Mas isto é demasiado complicado,
    por isso, vou simplificar para vocês,
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    e dou-vos um ponto médio por cada estudo.
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    Este foi em 1977, 1988,
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    1992, 1997
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    e 2002.
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    E quando os especialistas na ONU
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    colocam todos estes estudos
    na sua base de dados,
  • 3:42 - 3:45
    eles usam fórmulas matemáticas avançadas
  • 3:45 - 3:48
    para produzirem uma linha de regressão,
    que é esta.
  • 3:48 - 3:51
    Vejam aqui.
    É a melhor aproximação que conseguem.
  • 3:51 - 3:53
    Mas reparem:
  • 3:53 - 3:55
    Eles continuam a linha
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    para lá do último ponto
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    para o vazio.
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    E estimaram que em 2008
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    o Quénia teria uma mortalidade infantil
    de 128.
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    E eu fiquei triste,
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    porque podíamos ver
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    esta inversão no Quénia
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    com um aumento da mortalidade infantil
    nos anos 90.
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    Era tão trágico.
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    Mas em Junho, recebi um "email"
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    dos Estudos de Saúde Demográfica
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    que mostrava boas notícias do Quénia.
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    Fiquei tão contente.
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    Esta era a estimativa do último estudo.
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    Depois, só demorou outros três meses
  • 4:30 - 4:32
    para a ONU colocar tudo no seu servidor
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    e na sexta-feira,
    recebemos a nova linha de regressão.
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    Estava aqui em baixo.
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    Tão agradável, não é?
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    Eu estava, na sexta-feira,
    sentado em frente ao meu computador,
  • 4:42 - 4:44
    e vi a taxa de mortalidade cair
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    de 128 para 84 naquela manhã.
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    E então festejámos.
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    Mas agora,
    quando temos esta linha de regressão,
  • 4:51 - 4:53
    como é que medimos o progresso?
  • 4:53 - 4:55
    Vou entrar em alguns detalhes aqui,
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    porque a ONU faz isto desta forma.
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    Eles começam em 1990, e medem até 2009.
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    Eles dizem "0,9%, não há progresso."
  • 5:03 - 5:05
    É injusto.
  • 5:05 - 5:08
    Como professor, acho que tenho o direito
    de propor algo diferente.
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    Eu diria, ao menos façam isto.
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    Dez anos é suficiente
    para seguir a tendência.
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    São dois estudos,
    e podem ver o que está a acontecer agora.
  • 5:15 - 5:17
    Eles estão a 2,4%.
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    Se eu estivesse
    no Ministério da Saúde no Quénia,
  • 5:19 - 5:22
    provavelmente usava estes dois pontos.
  • 5:22 - 5:24
    Portanto, o que estou a dizer-vos
  • 5:24 - 5:26
    é que sabemos
    qual é a taxa de mortalidade.
  • 5:26 - 5:28
    Temos uma boa estimativa.
  • 5:28 - 5:30
    Estamos a encontrar
    algumas dificuldades
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    quando medimos os ODM.
  • 5:32 - 5:35
    E a razão, para África,
    é especialmente importante,
  • 5:35 - 5:37
    porque os anos 90 foram uma má década,
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    não só no Quénia, mas por toda a África.
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    A epidemia do VIH
    atingiu o seu ponto máximo.
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    Havia resistência aos antigos medicamentos
    contra a malária, até surgirem os novos.
  • 5:46 - 5:49
    Recebemos, depois,
    as redes contra os mosquitos.
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    E houve problemas socioeconómicos,
  • 5:51 - 5:53
    que estão agora a ser resolvidos
    a uma escala muito melhor.
  • 5:53 - 5:54
    Portanto, olhem para a média aqui.
  • 5:54 - 5:56
    Esta é a média
    para toda a África Subsariana.
  • 5:56 - 5:58
    E a ONU diz
  • 5:58 - 6:01
    que é uma redução de 1,8%.
  • 6:01 - 6:03
    Agora, isto parece um pouco teórico,
  • 6:03 - 6:05
    mas não é assim tão teórico.
  • 6:05 - 6:07
    Sabem, estes economistas
  • 6:07 - 6:10
    adoram dinheiro, e eles querem mais,
    querem que o dinheiro cresça.
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    Por isso, calculam a taxa percentual
    de crescimento anual da economia.
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    Nós, em saúde pública,
    detestamos morte infantil,
  • 6:16 - 6:18
    por isso, queremos cada vez
    menos mortes infantis.
  • 6:18 - 6:21
    Por isso,
    calculamos a redução percentual por ano.
  • 6:21 - 6:23
    Mas é mais ou menos
    o mesmo tipo de percentagem.
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    Se a vossa economia crescer a 4%,
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    deveriam reduzir
    a mortalidade infantil em 4%,
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    se o crescimento for bem utilizado
    e as pessoas se envolverem realmente
  • 6:31 - 6:34
    e puderem utilizar os recursos
    da forma que quiserem.
  • 6:34 - 6:36
    Então, será justo medir isto
    num período de 19 anos?
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    Um economista nunca faria isso.
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    Simplesmente, dividi-o em dois períodos.
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    Nos anos 90, apenas 1,2%.
  • 6:43 - 6:45
    apenas 1,2%.
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    Enquanto que agora, em segunda,
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    é como se a África
    tivesse estado em primeira,
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    e agora engataram a segunda.
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    Mas mesmo isto,
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    não é uma representação justa de África,
  • 6:55 - 6:57
    porque é uma média,
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    é a velocidade média de redução em África.
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    E vejam aqui quando eu vos levo
    para os meus gráficos de bolas.
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    Aqui ainda temos
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    a mortalidade infantil
    por cada 1000, neste eixo.
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    Aqui temos o ano.
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    E agora estou a mostrar-vos uma imagem
    mais abrangente do que os ODM.
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    Começo há 50 anos,
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    quando África celebrou a independência
    da maioria dos países.
  • 7:17 - 7:19
    Aqui mostro o Congo,
    que estava lá em cima,
  • 7:19 - 7:21
    o Gana mais abaixo
    e o Quénia, ainda mais abaixo.
  • 7:21 - 7:24
    E o que aconteceu nestes anos?
    Aqui vamos nós.
  • 7:24 - 7:27
    Podem ver, com a independência,
    a alfabetização melhorou
  • 7:27 - 7:30
    e as vacinações começaram,
    a varíola foi erradicada,
  • 7:30 - 7:33
    a higiene melhorou
    e a situação, em geral, também.
  • 7:33 - 7:35
    Mas depois, nos anos 80, reparem aqui.
  • 7:35 - 7:37
    O Congo entrou em guerra civil,
  • 7:37 - 7:39
    e estabilizaram ali.
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    O Gana melhorou muito rápido.
  • 7:41 - 7:44
    Aqui foi o recuo no Quénia
    e o Gana ultrapassou,
  • 7:44 - 7:46
    mas depois o Quénia e o Gana
    descem juntos,
  • 7:46 - 7:48
    o Congo ainda paralisado.
  • 7:48 - 7:50
    E aqui estamos hoje.
  • 7:50 - 7:53
    Podem ver, não faz sentido
  • 7:53 - 7:56
    fazer uma média desta melhoria zero
  • 7:56 - 7:59
    e desta melhoria muito rápida.
  • 8:00 - 8:02
    Chegou o tempo
  • 8:02 - 8:06
    de parar de pensar na África Subsariana
    com um único lugar.
  • 8:06 - 8:09
    Os países são tão diferentes
  • 8:09 - 8:12
    e merecem ser reconhecidos dessa forma,
  • 8:12 - 8:15
    tal como nós não falamos da Europa
    como um só lugar.
  • 8:15 - 8:18
    Posso dizer-vos que a economia
    na Grécia e na Suécia é muito diferente.
  • 8:18 - 8:19
    Toda a gente sabe isso.
  • 8:19 - 8:22
    E eles são avaliados, cada país,
    com base no seu desempenho.
  • 8:22 - 8:25
    Então deixem-me dar-vos
    uma visão mais ampla.
  • 8:25 - 8:28
    O meu país, a Suécia:
  • 8:28 - 8:31
    Em 1800 estávamos lá em cima.
  • 8:31 - 8:34
    Que estranho distúrbio de personalidade
    nós devemos ter,
  • 8:34 - 8:36
    contar as crianças
    de forma tão meticulosa,
  • 8:36 - 8:38
    apesar da alta taxa
    de mortalidade infantil.
  • 8:38 - 8:40
    É muito estranho. É meio embaraçoso.
  • 8:40 - 8:42
    Mas tínhamos esse hábito na Suécia, sabem,
  • 8:42 - 8:44
    de contar todas as mortes infantis
  • 8:44 - 8:47
    mesmo que não fizéssemos nada
    para resolver o problema.
  • 8:47 - 8:49
    E depois, vejam,
    estes foram anos de fome.
  • 8:49 - 8:51
    Estes foram anos maus,
    e as pessoas fartaram-se da Suécia.
  • 8:51 - 8:53
    Os meus antepassados
    mudaram-se para os EUA.
  • 8:53 - 8:56
    E eventualmente,
    começaram a melhorar aqui.
  • 8:56 - 9:00
    E aqui começámos a ter melhor educação,
    e começámos a ter serviço de saúde,
  • 9:00 - 9:01
    e a mortalidade infantil desceu.
  • 9:01 - 9:04
    Nunca tivemos uma guerra;
    a Suécia esteve em paz todo este tempo.
  • 9:04 - 9:08
    Mas reparem, a taxa de diminuição
    na Suécia
  • 9:08 - 9:10
    não foi rápida.
  • 9:10 - 9:13
    A Suécia alcançou
    uma taxa de mortalidade infantil baixa
  • 9:13 - 9:16
    porque começámos cedo.
  • 9:16 - 9:18
    Na verdade, o ensino primário
  • 9:18 - 9:20
    começou em 1842.
  • 9:20 - 9:22
    E depois, temos aquele efeito maravilhoso
  • 9:22 - 9:24
    de quando tivemos
    a alfabetização das mulheres,
  • 9:24 - 9:26
    uma geração depois.
  • 9:26 - 9:29
    Têm que compreender que os investimentos
    que fazemos em progresso
  • 9:29 - 9:31
    são investimentos a longo prazo.
  • 9:31 - 9:33
    Não é apenas a cinco anos.
  • 9:33 - 9:35
    São investimentos a longo prazo.
  • 9:35 - 9:38
    E a Suécia nunca alcançou a taxa dos ODM
  • 9:38 - 9:40
    3,1%, segundo os meus cálculos.
  • 9:40 - 9:43
    Então estamos fora dos carris.
    É como a Suécia está.
  • 9:43 - 9:45
    Mas não se fala muito sobre isso.
  • 9:45 - 9:47
    Queremos que os outros sejam melhores
    do que nós.
  • 9:47 - 9:49
    E, de facto, os outros têm sido melhores.
  • 9:49 - 9:51
    Deixem-me que vos mostre a Tailândia,
  • 9:51 - 9:54
    vejam que história de sucesso,
    a Tailândia desde os anos 60,
  • 9:54 - 9:57
    como eles desceram aqui
    e alcançaram quase o mesmo nível
  • 9:57 - 9:59
    de mortalidade infantil que na Suécia.
  • 9:59 - 10:01
    E dou-vos outra história, a do Egipto,
  • 10:01 - 10:03
    o mais bem escondido e glorioso sucesso
    em saúde pública.
  • 10:03 - 10:06
    O Egipto estava aqui em cima em 1960,
  • 10:06 - 10:07
    mais alto do que o Congo.
  • 10:07 - 10:10
    O delta do Nilo era uma miséria
    para as crianças,
  • 10:10 - 10:12
    com doenças diarreicas
  • 10:12 - 10:14
    e malária e muitos problemas.
  • 10:14 - 10:16
    E depois eles construíram
    a barragem de Assuão.
  • 10:16 - 10:18
    Começaram a ter electricidade
    nas suas casas.
  • 10:18 - 10:20
    Aumentaram a educação.
  • 10:20 - 10:22
    E começaram a ter
    cuidados de saúde primários.
  • 10:22 - 10:24
    E vieram por aí abaixo, vêem?
  • 10:24 - 10:27
    E obtiveram água mais saudável,
    erradicaram a malária.
  • 10:27 - 10:29
    E vejam que história de sucesso.
  • 10:29 - 10:31
    As taxas para a mortalidade infantil
    dos ODM
  • 10:31 - 10:33
    são inteiramente possíveis.
  • 10:33 - 10:35
    E a boa notícia é
  • 10:35 - 10:37
    que o Gana hoje está com a mesma taxa
  • 10:37 - 10:40
    que o Egipto apresentou
    na sua fase mais rápida.
  • 10:40 - 10:42
    O Quénia está a acelerar.
  • 10:42 - 10:44
    Aqui temos um problema.
  • 10:44 - 10:47
    Temos um problema grave
    em países que estão estagnados.
  • 10:48 - 10:51
    Agora, deixem-me mostrar-vos
    uma visão mais ampla,
  • 10:51 - 10:54
    uma visão mais ampla
    da mortalidade infantil.
  • 10:54 - 10:55
    Vou mostrar-vos a relação
  • 10:55 - 10:58
    entre a mortalidade infantil
    aqui, neste eixo,
  • 10:58 - 11:01
    -- este eixo aqui
    é a mortalidade infantil --
  • 11:01 - 11:04
    e aqui temos o tamanho da família.
  • 11:04 - 11:07
    A relação entre a mortalidade infantil
    e o tamanho das famílias.
  • 11:07 - 11:09
    Uma, duas, três, quatro crianças
    por mulher.
  • 11:09 - 11:11
    Seis, sete, oito crianças por mulher.
  • 11:11 - 11:13
    Isto é, mais uma vez, 1960,
  • 11:13 - 11:14
    há 50 anos.
  • 11:14 - 11:16
    Cada bola é um país.
  • 11:16 - 11:18
    As cores, podem ver, são os continentes
  • 11:18 - 11:20
    O azul escuro aqui é a África Subsariana.
  • 11:20 - 11:23
    E o tamanho das bolas é a população.
  • 11:24 - 11:26
    E estes são
  • 11:26 - 11:28
    os chamados países "em desenvolvimento".
  • 11:28 - 11:31
    Eles tinham mortalidades infantis
    altas ou muito altas
  • 11:31 - 11:34
    e famílias de seis a oito membros.
  • 11:34 - 11:36
    E aqueles daquele lado,
  • 11:36 - 11:38
    estes eram os chamados países ocidentais.
  • 11:38 - 11:40
    Tinham baixa mortalidade infantil
  • 11:40 - 11:42
    e famílias pequenas.
  • 11:42 - 11:44
    O que é que aconteceu?
  • 11:44 - 11:47
    O que eu quero é que vejam
    com os vossos próprios olhos
  • 11:47 - 11:50
    a relação entre a queda
    da mortalidade infantil
  • 11:50 - 11:53
    e a diminuição do tamanho das famílias.
  • 11:53 - 11:55
    Peço-vos que vejam,
    para que não haja dúvidas.
  • 11:55 - 11:57
    Têm de ver com os vossos próprios olhos.
  • 11:57 - 12:00
    Isto é o que aconteceu.
    Agora começo com o mundo.
  • 12:00 - 12:02
    Aqui descemos com erradicação da
  • 12:02 - 12:04
    varíola, melhor educação,
  • 12:04 - 12:06
    serviços de saúde.
  • 12:06 - 12:07
    Chegaram ali abaixo.
  • 12:07 - 12:09
    A China entra na caixa
    dos países ocidentais aqui.
  • 12:09 - 12:12
    E aqui o Brasil está na caixa ocidental.
  • 12:12 - 12:13
    A Índia aproxima-se.
  • 12:13 - 12:15
    Os primeiros países africanos
    entram na caixa ocidental.
  • 12:15 - 12:17
    E ganhamos muitos vizinhos.
  • 12:17 - 12:18
    Bem-vindos a uma vida decente.
  • 12:18 - 12:21
    Venham daí.
    Queremos toda a gente aqui em baixo.
  • 12:21 - 12:22
    Esta é a nossa ambição, não é?
  • 12:22 - 12:25
    E vejam agora, os primeiros países
    africanos estão a entrar.
  • 12:25 - 12:27
    Aqui estamos hoje.
  • 12:28 - 12:30
    Não existe essa coisa
  • 12:30 - 12:33
    de um "mundo ocidental"
    e um "mundo em desenvolvimento".
  • 12:33 - 12:34
    Este é o relatório da ONU
  • 12:34 - 12:36
    que saiu na sexta-feira.
  • 12:36 - 12:39
    É muito bom -- "Níveis e Tendências
    em Mortalidade Infantil" --
  • 12:39 - 12:41
    excepto esta página.
  • 12:41 - 12:43
    Esta página é muito má.
  • 12:43 - 12:46
    É uma categorização de países.
  • 12:46 - 12:49
    Classifica de "países em desenvolvimento"
    -- posso ler da lista aqui --
  • 12:49 - 12:52
    países em desenvolvimento:
    Coreia do Sul.
  • 12:52 - 12:54
    Hã?
  • 12:54 - 12:57
    Eles têm a Samsung, como podem ser
    um país em desenvolvimento?
  • 12:57 - 12:59
    Têm aqui Singapura.
  • 12:59 - 13:02
    Singapura tem a mortalidade infantil
    mais baixa do mundo.
  • 13:02 - 13:04
    Ultrapassaram a Suécia
    há cinco anos,
  • 13:04 - 13:06
    e são classificados
    como um país em desenvolvimento.
  • 13:06 - 13:07
    Têm aqui o Qatar.
  • 13:07 - 13:09
    É dos países com a Al Jazeera,
    o mais rico.
  • 13:09 - 13:12
    Como é que podem ser um país
    em desenvolvimento?
  • 13:12 - 13:13
    Isto é uma porcaria.
  • 13:13 - 13:16
    (Aplausos)
  • 13:16 - 13:18
    O resto que aqui está é bom.
    O resto é bom.
  • 13:18 - 13:20
    Temos de ter um conceito moderno,
  • 13:20 - 13:22
    que se encaixe nos dados.
  • 13:22 - 13:24
    E temos de perceber
  • 13:24 - 13:27
    que vamos todos para aqui para baixo.
  • 13:27 - 13:30
    Qual é a importância destas relações aqui.
  • 13:30 - 13:32
    Vejam. Mesmo se olharmos para África.
  • 13:32 - 13:34
    Estes são os países africanos.
  • 13:34 - 13:37
    Podem ver claramente a relação
    entre a queda da mortalidade infantil
  • 13:37 - 13:40
    e a diminuição do tamanho das famílias
  • 13:40 - 13:41
    mesmo em África.
  • 13:41 - 13:43
    É muito claro que é isto que acontece.
  • 13:43 - 13:46
    E um resultado muito importante
    saiu na sexta-feira
  • 13:46 - 13:50
    do Instituto de Avaliação e Métricas
    de Saúde, em Seattle,
  • 13:50 - 13:52
    que mostra que quase 50%
  • 13:52 - 13:54
    da redução da mortalidade infantil
  • 13:54 - 13:57
    pode ser atribuída
    à educação das mulheres.
  • 13:57 - 14:00
    Ou seja, quando pomos raparigas na escola,
  • 14:00 - 14:02
    temos um impacto 15 a 20 anos mais tarde,
  • 14:02 - 14:05
    uma tendência secular que é muito forte.
  • 14:05 - 14:08
    É por isso que temos de ter
    essa perspectiva a longo prazo,
  • 14:08 - 14:10
    mas temos de medir o impacto
  • 14:10 - 14:12
    de um período de 10 anos.
  • 14:12 - 14:14
    É inteiramente possível
  • 14:14 - 14:17
    diminuir a mortalidade infantil
    em todos estes países
  • 14:17 - 14:19
    e levá-los para o canto ali em baixo
  • 14:19 - 14:21
    onde todos gostaríamos de viver juntos.
  • 14:22 - 14:25
    E, claro, diminuir a mortalidade infantil
  • 14:25 - 14:28
    é um assunto da maior importância
  • 14:28 - 14:30
    da perspectiva humanitária.
  • 14:30 - 14:32
    É de uma vida decente para as crianças
  • 14:32 - 14:34
    que estamos a falar.
  • 14:34 - 14:37
    Mas também é um investimento estratégico
  • 14:37 - 14:39
    no futuro de toda a humanidade,
  • 14:39 - 14:42
    porque é acerca do ambiente.
  • 14:42 - 14:44
    Nós não seremos capazes
    de tratar do ambiente
  • 14:44 - 14:46
    e evitar a terrível crise climática
  • 14:46 - 14:48
    se não estabilizarmos a população mundial.
  • 14:48 - 14:50
    Sejamos claros acerca disso.
  • 14:50 - 14:52
    E a forma de o fazer
  • 14:52 - 14:55
    é reduzir a mortalidade infantil,
    ter acesso ao planeamento familiar
  • 14:55 - 14:58
    e por trás disso,
    incentivar a educação das mulheres.
  • 14:58 - 15:00
    E isso é inteiramente possível.
    Vamos a isso.
  • 15:00 - 15:02
    Muito obrigado.
  • 15:02 - 15:12
    (Aplausos)
Title:
As boas notícias da década? Estamos a ganhar a guerra contra a mortalidade infantil
Speaker:
Hans Rosling
Description:

Hans Rosling reorganiza 10 anos de informação da ONU com os seus gráficos espectaculares, revelando uma surpreendente -- e geralmente pouco divulgada -- boa notícia, merecedora de primeira página. De caminho, desmascara uma imperfeita abordagem estatística que esconde estas histórias vitais.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:14
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for The good news of the decade? We're winning the war against child mortality
Inês Pereira added a translation

Portuguese subtitles

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