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Kary Mullis fala sobre o que os cientistas fazem

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    Vou começar falando sobre o século XVII.
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    Espero que ninguém ache isso desagradável.
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    Eu - sabe, quando eu - depois que inventei a PCR,
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    eu meio que precisava de uma mudança.
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    Daí eu me mudei para La Jolla na Califórnia e aprendi a surfar.
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    E comecei a morar na praia por muitos anos.
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    E quando surfistas estão esperando
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    por ondas,
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    você provavelmente se pergunta, se nunca teve esta experiência: o que eles ficam fazendo?
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    Sabe como é, às vezes há 10-15 minutos de pausa
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    quando você está esperando por ondas.
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    Eles geralmente falam sobre o século XVII.
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    Sabe, eles são julgados injustamente.
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    Pessoas acham que eles não são tão inteligentes assim.
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    Certo dia, alguém sugeriu que eu lesse um livro.
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    Era chamado --
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    era chamado "A Bomba de Ar,"
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    ou algo como "O Leviatã e a Bomba de Ar."
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    Era um livro bem estranho sobre o século XVII.
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    E pude perceber, que as raízes
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    da minha linha de pensamento
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    é o jeito natural de se pensar sobre as coisas.
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    Sabe, nasci pensando deste jeito,
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    e sempre fui um cientista mirim.
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    Pois quando era para eu descobrir sobre algo,
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    eu usava o método científico. Eu não fiquei surpreso,
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    sabe, quando me disseram --
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    como um cientista deveria ser,
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    pois eu já estava sendo um, meio que de brincadeira e tal.
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    Mas eu não, -- nunca pensei
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    que foi algo que tivesse que ser inventado
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    e que foi de fato inventado
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    apenas há 350 anos atrás.
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    Sabe, a ciência
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    meio que aconteceu na Inglaterra, na Alemanha e na Itália
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    meio que ao mesmo tempo.
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    E a história de como isso aconteceu,
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    pensei, fora fascinante.
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    Então vou falar um pouco disso,
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    e o que exatamente cientistas presumidamente fazem.
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    Então, vamos lá --
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    Charles I fora decapitado
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    a certa altura no início do século XVII.
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    Os ingleses armaram uma armadilha para Cromwell
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    e mais um monte de republicanos,
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    não os republicanos que tínhamos nos EUA.
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    Eles mudaram o governo, e este não funcionou.
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    E
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    Charles II, o filho,
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    fora reinstituído ao trono da Inglaterra.
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    Ele estava muito nervoso, pois seu pai fora,
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    decapitado por ser o rei da Inglaterra.
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    Ele estava preocupado que
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    as conversas que começaram a acontecer
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    em lugares como bares e afins
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    se tornassem --
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    num tipo de -- difícil de acreditar,
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    mas as pessoas no século XVII na Inglaterra
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    estavam começando a falar sobre
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    filosofia e coisas do tipo em bares.
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    Eles não tinham a TV,
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    e nem jogos de futebol para assistir.
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    Então eles ficavam bêbados,
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    tomavam as ruas e brigavam
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    sobre assuntos como por exemplo se
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    era correto para Robert Boyle
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    criar um instrumento chamado de bomba de vácuo.
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    Agora, Boyle era amigo de Charles II,
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    era um cristão nos finais de semana,
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    mas nos dias de semana era cientista.
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    (Risos)
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    O que era -- naquele tempo era
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    tipo, sabe,
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    se fizesse algo assim -- bom, ele fez este aparelho,
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    parecido com uma bomba de ar para bicicletas
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    ao contrário que podia sugar todo o ar de dentro de --
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    vocês sabem o que é uma redoma de vidro? Uma dessas coisas,
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    você levanta, abaixa, e possui vedação,
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    e você pode ver dentro dela,
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    e assim pode ver o que acontece dentro dela.
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    O que ele estava tentando fazer era tirar todo o ar de dentro da câmara,
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    e ver o que acontecia dentro dela.
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    Acho que um de seus primeiros experimentos
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    foi colocar um pássaro dentro dela.
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    E gente daquela época,
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    não entendia as coisas do jeito que entendemos hoje
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    tipo, que ali dentro tinha
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    um monte de tipos de moléculas,
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    e que respiramos aquilo para um propósito e por aí vai.
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    Assim como peixes não sabem muito sobre água,
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    pessoas não sabiam muito sobre o ar.
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    Então ambos começaram a experimentar com o aparato.
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    Colocaram um pássaro dentro dele, removeram todo o ar,
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    e o pássaro morreu. Então ele disse, hmm...
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    Ele chamou isso de criar um --
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    eles não nomearam o aparato de bomba de vácuo na época.
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    Agora chamamos de bomba de vácuo; ele nomeou-a apenas de vácuo.
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    Certo? Imediatamente,
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    ele entrou am apuros com o clero
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    que disseram que era impossível para ele fazer um vácuo.
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    Ah, uh --
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    (Risos)
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    Aristóteles disse que a natureza abomina vácuos.
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    Acho que foi uma tradução mal feita, provavelmente,
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    mas o povo realmente seguia suas autoridades naqueles tempos.
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    E daí, Boyle disse, pois bem.
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    Eu faço vácuos o tempo todo!
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    Seja quer o que seja o que mata o pássaro --
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    eu vou chamar de vácuo.
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    E os religiosos disseram
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    se Deus quisesse que fizesse um --
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    Deus está em tudo,
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    esta era uma das regras deles, que Deus está em tudo.
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    E num vácuo -- não há nada no vácuo,
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    então Deus não poderia estar lá.
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    Então a igreja proibiu que criasse o vácuo.
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    E Boyle disse, "vocês estão brincando."
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    Se quiserem chamá-lo de "sem Deus"
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    que o chamem de sem Deus.
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    mas este não é meu trabalho, não é meu interesse.
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    Religião para mim, só no final de semana. E --
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    o que estou tentando descobrir aqui é o que acontece
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    quando removemos tudo de algum compartimento.
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    E ele executou vários destes pequenos experimentos.
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    Ele fez um, com uma pequena roda,
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    como uma ventoinha, que
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    era conectada com folga para que girasse no próprio eixo.
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    Tinha outra ventoinha do lado oposto
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    Que ele tinha como --
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    Bem, o jeito que eu teria o feito seria com uma banda de borracha,
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    e com umas pás feitas destes de kits de madeira.
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    Eu sei exatamente como ele o fez; eu vi os desenhos do projeto.
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    São duas ventoinhas, uma delas que ele podia manuseá-la de fora do vidro
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    depois de ter criado o vácuo,
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    e dái ele descobriu que se ele tirasse todo o ar de dentro,
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    uma ventoinha não seria mais capaz de fazer a outra girar, certo?
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    Algo não estava mais presente, sabe. Engraçado,
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    É estranho pensar que alguém teve que fazer um experimento para mostrar isso,
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    mas era esta a ciência daqueles tempos.
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    Pois bem, haviam grandes discussões sobre o aparato
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    nos bares e nos cafés e tal.
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    E Charles II
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    começou a não gostar desta falação toda.
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    Ele estava meio que dizendo, olha, você deve manter isso --
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    vamos criar um lugar especial para que se possa fazer estes experimentos
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    para que o povo não se preocupe -- sabe,
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    Nõs não queremos -- nós não queremos gente brava comigo de novo. Pois --
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    sabe como que é: o povo começa a falar de religião
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    e ciência e tal,
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    e foi assim que meu pai entrou em apuros.
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    Então,
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    Charles disse, eu vou dar-lhe a verba
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    disponibilizar um local,
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    e podem reunir-se neste local,
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    mas não falem de religião aqui.
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    E Boyle aceitou a proposta.
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    Ele disse, OK, nós vamos começar a nos reunir desta forma.
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    E qualquer um que queira comparecer e fazer ciência está convidado --
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    tudo isso na mesma época em que Isaac Newton estava começando a criar
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    muitas coisas interessantes.
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    E todo tipo de gente poderia participar da Sociedade Real,
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    assim entitulado o novo "clube". Você tinha que ir muito bem vestido.
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    Não era com o TED.
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    Era o único pré-requisito, que você
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    parecesse um grã-fino, e assim as portas estariam abertas.
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    Não era necessário ser sócio.
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    E daí, eles apareciam e executavam experimentos --
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    Qualquer um com um experimento,
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    que era uma palavra nova na época,
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    e para demonstrar um princípio,
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    deveria fazê-lo no palco, para que todos pudessem assistir.
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    E assim era feito --
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    o mais importante era que,
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    você não poderia supostamente falar
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    sobre as causas finais, por exemplo.
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    E Deus estava fora das conversas.
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    A natureza da realidade em sí não estava em pauta.
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    Você não podia falar sobre a natureza absoluta de nada.
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    Não podia falar sobre nada
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    que não pudesse ser demonstrado.
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    Então se alguém podia ver, você podia dizer: é assim que tal máquina funciona,
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    isso é o que fazemos e aqui está o que acontece.
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    E ao ver o que acontecia, era aceitável
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    generalizar,
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    e dizer, "certamente estes resultados se repetirão
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    todas as vezes que fizermos tal experimento".
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    E aí começaram a criar regras.
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    Por exemplo, toda vez que existe um vácuo,
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    você verá que uma ventoinha não girará a outra,
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    se a única conexão entre as ventoinhas
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    era o que estava lá antes do vácuo. Este tipo de coisa.
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    Velas não funcionam no vácuo,
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    portanto, provavelmente faiscadores também não.
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    Não é verdade; faiscadores funcionam sim,
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    mas eles não sabiam disso;
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    Eles não tinha faiscadores. Mas, eles --
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    (Risos)
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    -- você podia criar regras, mas elas tinham que se relacionar
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    apenas ao que conseguiu demonstrar.
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    E a maioria das demonstrações eram visuais mesmo.
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    Se você fizesse um experimento no palco,
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    e ninguém pudesse vê-lo mas pudessem escutá-lo, provavelmente pensariam que era uma aberração.
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    Realidade era o que se podia ver.
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    Essa não era uma regra explícita da Sociedade,
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    mas acredito eu que era parte dela. Se pessoas ouvissem vozes,
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    e não pudessem ver de onde vêm e associá-las a alguém,
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    a pessoa provavelmente não existiria.
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    A ideia principal era que só se podia --
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    só se podia falar naquele lugar de coisas
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    que tinham alguma base experimental.
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    Não importava o que Thoma Hobbes,
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    que era o fisólofo residente,
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    diria sobre o fato,
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    porque as causas finais não estavam em pauta.
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    Então o que acontecia ali,
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    bem no meio do século XVII,
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    foi que, o que hoje é meu campo de trabalho --
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    ciência, a ciências experimentais--
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    estava se separando,
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    de uma maneira física, porque começávamos a praticá-la em lugares específicos,
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    e isso foi algo fantástico que aconteceu.
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    Ciência sempre foi entrelaçada
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    com teologia, e filosofia,
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    e -- e -- e a matemática,
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    que na verdade não é uma ciência.
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    Mas a ciência experimental foi ligada a todas estas coisas.
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    E a parte da matemática
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    e a parte da ciência baseada em experimentos
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    estava se desligando da filosofia.
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    E de outras coisas também --
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    e nunca mais voltamos atrás.
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    Tem sido tão legal desde então.
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    Quero dizer, que simplesmente desembaraçamos algo que estava impedindo
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    tecnologia de ser desenvolvida.
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    E, todos nesta sala --
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    agora, isso tudo apenas 350 anos atrás.
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    Lembrem-se, isso é pouco tempo.
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    Fora a 300 mil anos provavelmente
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    que a maioria de nós, os ancestrais da maioria de nós aqui
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    vieram da África e viraram para a esquerda.
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    Os que viraram para direita, há alguns
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    na tradução japonesa.
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    Mas isso aconteceu há muito tempo atrás,
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    comparados a
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    350 curtos anos atrás.
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    Mas nestes 350 anos,
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    passamos por muitas mudanças.
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    De fato, todos neste auditório provavelmente,
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    especialmente se você pegou seu kit do TED --
  • 10:16 - 10:18
    sei que alguns de vocês nao pegaram seus kits --
  • 10:18 - 10:20
    mas se pegaram, todos neste auditório
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    carregam consigo, ou em seus quartos,
  • 10:22 - 10:24
    algo
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    que 350 atrás,
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    reis teriam declarado guerra para obter.
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    Quero dizer, se você pensar o grau de importância --
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    se você tem um sistema de GPS e não existem satélites,
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    ele será inútil. Mas --
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    mas, se alguém tivesse um GPS
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    no século XVII
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    algum rei teria organizado um exército
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    e partido em sua busca, sabe. Se tal pessoa --
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    Platéia: E para o ursinho de pelúcia do TED?
  • 10:46 - 10:48
    Kary Mullis: Eles poderiam ter ido para a guerra sim pela ursinho.
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    Mas -- todos nós temos coisas.
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    Quero dizer, cidadãos hoje tem coisas
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    que reis teriam declarado guerra para obtê-las.
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    E isso a só 350 anos.
  • 10:57 - 10:59
    Não muitos fazendo isso antigamente.
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    Sabe, das pessoas notáveis
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    pode-se quase que ler tudo sobre as vidas delas.
  • 11:03 - 11:06
    sobre aqueles que são realmente importantes, que criaram avanços, sabe.
  • 11:06 - 11:08
    E, quero dizer
  • 11:08 - 11:11
    isso tudo, tudo isso
  • 11:11 - 11:13
    nasceu da separação
  • 11:13 - 11:16
    do que chamamos de ciência hoje, das outras coisas.
  • 11:16 - 11:18
    E quando eu era criança,
  • 11:18 - 11:20
    eu nasci com esta ideia
  • 11:20 - 11:22
    de que se você quiser aprender algo sobre algo --
  • 11:22 - 11:24
    talvez porque papai não era dos mais presentes,
  • 11:24 - 11:26
    e minha mãe não sabia muito de ciência,
  • 11:26 - 11:28
    mas eu pensava que se quisesse saber algo sobre as coisas,
  • 11:29 - 11:31
    eu tinha que criar - fazer um experimento.
  • 11:31 - 11:33
    Eu tinha --
  • 11:33 - 11:36
    Eu tinha uma tendência natural para a ciência
  • 11:36 - 11:38
    e para criar experimentos. Eu pensava que todos pensavam assim.
  • 11:38 - 11:41
    Eu pensava que qualquer um com meio cérebro pensaria assim.
  • 11:41 - 11:44
    Não é verdade. Digo, há muitas pessoas --
  • 11:44 - 11:47
    Eu fui um do cientistas que --
  • 11:47 - 11:49
    arrumou confusão uns dias atrás no jantar
  • 11:49 - 11:51
    numa discussão sobre pós-modernismo.
  • 11:51 - 11:53
    Não foi de propósito, sabe -- Onde está aquele senhora?
  • 11:53 - 11:54
    Platéia: Aqui.
  • 11:54 - 11:55
    (Risos)
  • 11:55 - 11:57
    Kary Mullis: não imaginei aquilo como uma briga,
  • 11:57 - 12:00
    mas sim como uma calorosa discussão.
  • 12:00 - 12:02
    Não levei para o lado pessoal, mas --
  • 12:03 - 12:06
    Eu pensei-- eu ingenuamente pensava,
  • 12:06 - 12:09
    até o dia que aprendi sobre o século 17 surfando,
  • 12:09 - 12:11
    sempre achava que era assim que as pessoas pensavam,
  • 12:11 - 12:14
    e todos o faziam assim, e todos reconheciam a realidade
  • 12:14 - 12:16
    através do que podiam ver, ou tocar ou escutar.
  • 12:17 - 12:20
    Mudando de assunto, quando eu era criança --
  • 12:22 - 12:24
    eu, por exemplo, tinha --
  • 12:24 - 12:26
    Eu tinha um livrinho vindo de Fort Sill, Oklahoma --
  • 12:26 - 12:28
    Isso foi na época que o pai de George Dyson,
  • 12:28 - 12:30
    começara a fazer testes nucleares
  • 12:30 - 12:33
    e começara a pensar sobre foguetes nucleares e tal.
  • 12:33 - 12:36
    Eu estava querendo fazer meus próprios foguetinhos.
  • 12:36 - 12:39
    E eu sabia que sapos -- sapinhos --
  • 12:39 - 12:41
    tinham sonhos de serem astronautas,
  • 12:41 - 12:43
    igual a gente. E eu --
  • 12:43 - 12:46
    (Risos)
  • 12:46 - 12:48
    Eu estava a procura
  • 12:48 - 12:50
    de um sistema de propulsão
  • 12:50 - 12:52
    que fizesse um foguete
  • 12:52 - 12:54
    de 1,30m subir a uns 3km de altura.
  • 12:54 - 12:57
    E este era meu objetivo.
  • 12:57 - 13:00
    Eu queria que ele saisse do meu campo de visão e que o pequeno paraquedas
  • 13:00 - 13:03
    voltasse com o sapinho.
  • 13:03 - 13:05
    E, eu --
  • 13:05 - 13:07
    peguei o livrinho de Fort Sill, Oklahoma,
  • 13:07 - 13:09
    onde há uma base de mísseis.
  • 13:09 - 13:11
    Eles enviavam estes livrinhos para apaixonados por foguetes,
  • 13:12 - 13:14
    e
  • 13:14 - 13:16
    lá estava escrito
  • 13:16 - 13:19
    nunca aqueça uma mistura de perclorato de potássio e açúcar.
  • 13:19 - 13:22
    (Risos)
  • 13:22 - 13:24
    Sabe,
  • 13:24 - 13:26
    isso é chamado de "pista".
  • 13:26 - 13:28
    (Risos)
  • 13:28 - 13:30
    Daí não teve jeito, fui tentar
  • 13:30 - 13:33
    conseguir um pouco de perclorato e açúcar,
  • 13:33 - 13:36
    para aquecê-los. Seria interessante ver o que eles não querem que eu faça,
  • 13:36 - 13:38
    e o que isso vai fazer -- e como funcionará.
  • 13:38 - 13:40
    E não tínhamos --
  • 13:40 - 13:42
    bom, minha mãe
  • 13:42 - 13:45
    ficava de olho no quintal
  • 13:45 - 13:47
    de uma janela do segundo andar,
  • 13:47 - 13:49
    onde ela ficava passando roupas ou algo do tipo.
  • 13:49 - 13:51
    Ela tava só olhando mesmo, para que
  • 13:51 - 13:53
    se pegasse fogo em algo por exemplo
  • 13:53 - 13:55
    ela iria nos alertar
  • 13:55 - 13:57
    para ter cuidado com os olhos. Essa era a mamãe --
  • 14:00 - 14:02
    Assim, aquilo era o pior que poderia acontecer com a gente.
  • 14:02 - 14:03
    E por isso pensava, enquanto meus olhos continuarem intactos ...
  • 14:04 - 14:07
    Eu não vou me preocupar com o fato
  • 14:07 - 14:09
    que mexer com estes químicos é proibido.
  • 14:09 - 14:11
    Eu os manusearei cuidadosamente, mas vou fazê-lo.
  • 14:11 - 14:13
    É igual a tudo que é proibido:
  • 14:13 - 14:15
    é só fazer atrás da garagem.
  • 14:15 - 14:17
    (Risos)
  • 14:17 - 14:19
    Daí eu fui na farmácia
  • 14:19 - 14:22
    e tentei comprar um pouco de perclorato
  • 14:22 - 14:24
    e não era nenhum absurdo na época pra uma criança
  • 14:24 - 14:27
    ir numa farmácia e comprar produtos químicos.
  • 14:27 - 14:29
    Hoje em dia, é só "não senhora",
  • 14:29 - 14:31
    pode mostrar seus sapatos. E --
  • 14:31 - 14:33
    (Risos)
  • 14:33 - 14:35
    Mas eles nao tinham perclorato,
  • 14:35 - 14:38
    e perguntei, que tipos de sais ou potássio você tem?
  • 14:38 - 14:40
    E ele tinha nitrato de potássio.
  • 14:40 - 14:43
    Eu disse, deve funcionar do mesmo jeito, seja o que isso for.
  • 14:43 - 14:46
    Certamente tem haver com foguetes pois estava no manual.
  • 14:46 - 14:48
    Então fui fazer os experimentos.
  • 14:48 - 14:50
    E comecei com pequeninas quantidades
  • 14:50 - 14:52
    de nitrato de potássio e açúcar,
  • 14:52 - 14:54
    que eram abundantes e disponíveis,
  • 14:54 - 14:56
    e eu os misturei em proporções diferentes,
  • 14:56 - 14:58
    E tentava acender a mistura.
  • 14:59 - 15:01
    Só pra ver o que acontecia, quando misturados.
  • 15:01 - 15:03
    E eles queimavam.
  • 15:03 - 15:05
    Queimavam devagar, mas fazia um cheiro gostoso,
  • 15:05 - 15:07
    comparado a outros combustíveis que tinha tentado,
  • 15:07 - 15:09
    que tinham enxofre na composição.
  • 15:09 - 15:11
    Este cheirava como doce, açúcar queimado.
  • 15:12 - 15:15
    E daí comecei a tentar derreter os materiais.
  • 15:15 - 15:19
    E então derreti e criei uma mistura como um xarope, marrom.
  • 15:19 - 15:22
    E então esfriou e endureceu como pedra,
  • 15:22 - 15:24
    e quando acendia-se aquilo,
  • 15:24 - 15:26
    voava pra todo lado.
  • 15:26 - 15:28
    Uma pequena porção do xarope frio endurecido --
  • 15:28 - 15:30
    era só atear fogo e ela dançava pelo quintal inteiro.
  • 15:30 - 15:32
    E daí pensei,
  • 15:32 - 15:35
    aí está o que vai levar o sapinho ao espaço.
  • 15:35 - 15:36
    (Risos)
  • 15:36 - 15:39
    Daí comecei a fazer o foguete --
  • 15:39 - 15:41
    poxa, o pai de George tinha muita ajuda. Eu tinha só meu irmão.
  • 15:42 - 15:45
    Eu levei uns, imagino,
  • 15:45 - 15:47
    uns seis meses
  • 15:47 - 15:49
    pra finalmente resolver todos os detalhes.
  • 15:49 - 15:51
    Há muitos detalhes involvidos
  • 15:51 - 15:53
    para se fazer um foguete que realmente vai funcionar,
  • 15:53 - 15:55
    mesmo com o combustível em mãos.
  • 15:55 - 15:57
    Mas dá pra fazer, sabe --
  • 15:57 - 15:59
    você faz os experimentos,
  • 15:59 - 16:00
    e escreve coisas às vezes,
  • 16:00 - 16:02
    faz observações,
  • 16:02 - 16:04
    e devagarzinho se constrói uma teoria
  • 16:04 - 16:06
    de como isso funciona.
  • 16:06 - 16:08
    Eu estava seguindo as regras.
  • 16:08 - 16:10
    Eu não sabia que elas existiam,
  • 16:10 - 16:12
    eu era um cientista nato, imagino,
  • 16:12 - 16:15
    ou uma versão retrô de cientistas de antigamente, sei lá.
  • 16:15 - 16:19
    Então, nós enfim conseguimos
  • 16:19 - 16:21
    ter um foguete que consistentemente
  • 16:21 - 16:23
    levaria um sapo até perder de vista
  • 16:23 - 16:25
    e voltasse com ele vivo.
  • 16:25 - 16:27
    E nós --
  • 16:27 - 16:30
    Nós não estávamos nem um pouco com medo.
  • 16:30 - 16:32
    Deveríamos, pois ele fazia um monte de fumaça
  • 16:32 - 16:34
    e fazia um barulhão,
  • 16:34 - 16:36
    e era poderoso, sabe.
  • 16:36 - 16:38
    E de vez em quando, eles explodiam.
  • 16:38 - 16:40
    Eu não me preocupava, por sinal
  • 16:40 - 16:42
    sobre uma eventual
  • 16:42 - 16:44
    explosão causar o fim do mundo.
  • 16:44 - 16:46
    Eu não sabia da lista das 10 coisas
  • 16:46 - 16:48
    das quais deveríamos ter medo --
  • 16:48 - 16:50
    Por sinal,
  • 16:50 - 16:52
    Eu poderia ter pensando,
  • 16:52 - 16:54
    que era melhor não mexer com isso porque
  • 16:54 - 16:56
    eles falam que não.
  • 16:56 - 16:58
    Melhor pedir permissão pro governo.
  • 16:58 - 17:00
    Se tivesse esperado por isso,
  • 17:00 - 17:03
    Eu nunca teria -- o sapo teria morrido.
  • 17:04 - 17:07
    Bem, eu falo disso porque é uma boa história,
  • 17:07 - 17:09
    e fui instruído pra contar histórias de minha vida,
  • 17:09 - 17:11
    eu ia falar sobre a noite que conheci minha esposa,
  • 17:12 - 17:14
    mas isso seria pessoal demais, certo?
  • 17:15 - 17:17
    Então, vou falar de algo mais que não é pessoal.
  • 17:17 - 17:20
    Digo que, processos são ciência.
  • 17:20 - 17:23
    Assim, começa-se com uma ideia,
  • 17:23 - 17:25
    e ao invés de pesquisar a respeito,
  • 17:26 - 17:28
    pesquisar sobre todos os experts no assunto --
  • 17:28 - 17:30
    as vezes eu faço isso,
  • 17:30 - 17:32
    se vou escrever uma tese ou algo assim,
  • 17:32 - 17:34
    se você quer saber quem também já trabalhou na ideia.
  • 17:34 - 17:36
    Mas no processo cientítico, pega-se uma ideia --
  • 17:36 - 17:38
    como a ideia que tive uma noite
  • 17:38 - 17:41
    que eu poderia amplificar DNA com dois oligonucleotídeos,
  • 17:41 - 17:43
    e assim poderia copiar infitinamente pedaços de DNA
  • 17:44 - 17:46
    bem, o processo criativo para isso
  • 17:46 - 17:49
    aconteceu por 20 minutos enquanto eu dirigia,
  • 17:50 - 17:53
    sim, falei da ideia pra alguns de meus colegas,
  • 17:53 - 17:55
    mas se tivesse escutado os caras, todos biologistas moleculares --
  • 17:58 - 18:00
    eu teria abandonado a ideia.
  • 18:00 - 18:02
    Se eu tivesse ido procurar aprovação de algum expert
  • 18:02 - 18:04
    que iria me dizer se funcionaria ou não,
  • 18:04 - 18:06
    ele provavelmente diria que não.
  • 18:06 - 18:09
    Porque os resultados eram tão fantásticos
  • 18:10 - 18:13
    que se funcionassem mudariam a forma na qual todos praticavam a biologia molecular.
  • 18:13 - 18:15
    Ninguém quer que um químico intrometido
  • 18:15 - 18:18
    mexa nas coisas deles e faça mudanças.
  • 18:18 - 18:20
    E se for ao expert, e não se deve fazê-lo --
  • 18:20 - 18:22
    nem sempre você tem a resposta que quer escutar.
  • 18:22 - 18:24
    Mas eu sabia, que se fosse ao laboratório
  • 18:24 - 18:26
    eu poderia tentar fazê-lo funcionar. E daí eu seria o expert, a autoridade,
  • 18:26 - 18:28
    e daí posso dizer, eu sei que funciona,
  • 18:28 - 18:30
    porque bem aqui neste tubo de ensaio
  • 18:30 - 18:32
    é onde aconteceu,
  • 18:32 - 18:34
    e aqui, neste gel, tem uma faixinha
  • 18:34 - 18:37
    que sei que é DNA, e ele era o DNA que eu queria amplificado,
  • 18:37 - 18:39
    então aí está! Então realmente funciona.
  • 18:39 - 18:41
    É assim que funciona a ciência.
  • 18:41 - 18:43
    E a próxima pergunta é, como posso melhorar isso agora?
  • 18:43 - 18:45
    E daí você descobre formas cada vez melhores de fazê-lo.
  • 18:45 - 18:47
    mas sempre trabalha-se a partir de fatos,
  • 18:47 - 18:50
    que você tornou disponíveis
  • 18:50 - 18:52
    na execução de outros experimentos: coisas feitas no palco.
  • 18:52 - 18:55
    Nada de falcatruas por sinal. É tudo --
  • 18:55 - 18:57
    deve-se ser muito honesto
  • 18:57 - 18:59
    com o trabalho, se ele realmente vai funcionar.
  • 18:59 - 19:01
    É impossível fabricar resultados,
  • 19:01 - 19:03
    e basear outros experimentos em resultados inventados.
  • 19:03 - 19:05
    Então a honestidade é crucial.
  • 19:05 - 19:07
    E eu sou basicamente, alguém honesto.
  • 19:07 - 19:10
    Tenho uma memória ruim, e desonestidade me colocaria em enrascadas,
  • 19:10 - 19:12
    então eu vivo naturalmente com honestidade
  • 19:12 - 19:14
    e naturalmente com curiosidade,
  • 19:15 - 19:17
    e isso leva ao tipo de ciência que faço.
  • 19:17 - 19:19
    Agora, vejamos....
  • 19:19 - 19:22
    Tenho mais um 5 minutos, né?
  • 19:22 - 19:25
    Nem todos cientistas falam tanto.
  • 19:26 - 19:28
    Sabe, muito aconteceu --
  • 19:28 - 19:30
    (Risos)
  • 19:30 - 19:32
    Muito aconteceu desde que
  • 19:32 - 19:35
    Isaac Newton e tudo aquilo começou.
  • 19:35 - 19:37
    Uma destas coisas aconteceu na época da segunda guerra
  • 19:37 - 19:39
    um pouco antes,
  • 19:39 - 19:41
    e certamente um pouco depois,
  • 19:41 - 19:44
    o governo sacou que cientistas não eram tão doidos assim
  • 19:44 - 19:47
    que escondem-se em torres de marfim
  • 19:47 - 19:50
    e fazem coisas ridículas com um tubo de ensaio.
  • 19:50 - 19:52
    CIentistas, fizeram acontecer a segunda guerra
  • 19:52 - 19:54
    possível, como a conhecemos.
  • 19:54 - 19:56
    Eles fizeram máquinas mais rápidas.
  • 19:57 - 20:00
    FIzeram armas maiores para derrubar armas rápidas.
  • 20:00 - 20:03
    E fizeram remédios para os pilotos
  • 20:03 - 20:06
    se eles se quebrassem no processo.
  • 20:06 - 20:09
    Faziam de tudo -- e finalmente fizeram uma bomba gigante
  • 20:09 - 20:11
    para acabar com tudo, certo?
  • 20:11 - 20:13
    E daí todo mundo parou um pouco pra respirar e disseram:
  • 20:13 - 20:15
    temos que investir nestes caras,
  • 20:15 - 20:18
    pois quem tiver mais destes caras
  • 20:18 - 20:21
    trabalhando, dominará seus campos de atuação,
  • 20:21 - 20:24
    ao menos no campo militar, e provavelmente em todos os campos da economia.
  • 20:24 - 20:26
    E eles se envolveram, e as instituições
  • 20:26 - 20:28
    científicas e industriais nasceram,
  • 20:28 - 20:30
    e delas vieram muitos cientistas
  • 20:30 - 20:33
    que entraram no jogo pelo dinheiro,
  • 20:33 - 20:35
    porque de repente estava disponível.
  • 20:35 - 20:37
    E estes caras não era garotinhos curiosos
  • 20:37 - 20:39
    fazendo sapos ir para o espaço.
  • 20:39 - 20:42
    São as mesmas pessoas que posteriormente viraram médicos, por exemplo,
  • 20:42 - 20:45
    por ter tanto dinheiro em jogo. E depois, todos viraram empresários --
  • 20:45 - 20:48
    Assim, há tempos e modas diferentes nas escolas,
  • 20:48 - 20:51
    uma hora é assim: quer ter sucesso, seja um cientista. Hoje em dia, não.
  • 20:51 - 20:53
    Quer ser rico, seja um empresário.
  • 20:53 - 20:56
    Muitos entraram para a ciência por dinheiro, poder e viagens.
  • 20:56 - 20:59
    Na época em que viajar era fácil.
  • 21:00 - 21:02
    E estas pessoas não acham --
  • 21:02 - 21:04
    Eles --
  • 21:04 - 21:06
    Eles não são sempre verdadeiros.
  • 21:06 - 21:08
    Não há nada nos contratos deles,
  • 21:08 - 21:10
    que torna-se vantagem
  • 21:10 - 21:12
    dizer a verdade.
  • 21:12 - 21:15
    Estou falando de gente que
  • 21:15 - 21:18
    dizem que são membros de um comitê
  • 21:18 - 21:22
    por exemplo, chamado de Painel intergovernamental para Mudanças Climáticas.
  • 21:22 - 21:25
    E eles têm estas mega reuniões em que tentam descobrir
  • 21:26 - 21:28
    como vamos continuar a provar
  • 21:28 - 21:31
    que o planeta está ficando mais quente,
  • 21:31 - 21:34
    quando na verdade o contrário é real na sensação da maioria.
  • 21:34 - 21:36
    Se você medir mesmo
  • 21:36 - 21:38
    as temperaturas de um período --
  • 21:38 - 21:40
    temperaturas tem sido medidas
  • 21:40 - 21:43
    muito cuidadosamente por 50, 60 anos.
  • 21:43 - 21:45
    Por mais tempo estão sendo medidas
  • 21:45 - 21:47
    mas de formas bem legais, precisas,
  • 21:47 - 21:50
    dados tem sido catalogados por 50 ou 60 anos,
  • 21:50 - 21:52
    e o fato é, que a temperatura não subiu.
  • 21:52 - 21:54
    A temperatura média
  • 21:54 - 21:56
    subiu minimamente,
  • 21:56 - 21:59
    porque as temperaturas à noite
  • 21:59 - 22:01
    nas estações de medição subiram um pouco.
  • 22:01 - 22:03
    Mas há uma explicação lógica para tal.
  • 22:03 - 22:06
    É que as estações foram construídas fora das cidades,
  • 22:06 - 22:08
    onde aeroportos ficavam, e agora
  • 22:08 - 22:10
    a cidade chegou lá, e tem concreto pra todo lado
  • 22:10 - 22:12
    e eles chamam isso de efeito da linha do horizonte.
  • 22:12 - 22:14
    E a maioria de pessoas responsáveis
  • 22:14 - 22:16
    que medem temperatura notam que
  • 22:16 - 22:18
    deve-se isolar o instrumento de medição desde efeito.
  • 22:18 - 22:21
    E ainda assim,
  • 22:21 - 22:22
    como os prédios esquentam durante o dia,
  • 22:22 - 22:24
    eles acabam deixando tudo um pouco aquecido à noite.
  • 22:24 - 22:26
    Assim a temperatura está, digamos, arrastando-se pra cima.
  • 22:26 - 22:29
    E deveria. Mas não muito. Não como
  • 22:29 - 22:31
    o cara que teve a ideia
  • 22:31 - 22:33
    que estamos nos fritando aqui no planeta.
  • 22:33 - 22:35
    Na verdade, ele não pensava desta forma.
  • 22:35 - 22:38
    O nome dele é Sven Arrhenius. Um Sueco, que disse,
  • 22:38 - 22:41
    que se dobrarmos o nível de CO2 na atmosfera,
  • 22:41 - 22:43
    o que desconfiava que poderia acontecer -- isso em 1900 --
  • 22:44 - 22:47
    a temperatura subiria cerca de 3 graus celsius, ele calculou.
  • 22:47 - 22:49
    Ele pensava que a Terra era,
  • 22:49 - 22:52
    como um corpo completamente insulado,
  • 22:52 - 22:54
    com nada dentro dela, sério,
  • 22:54 - 22:56
    só energia entrando, energia saindo.
  • 22:56 - 22:58
    Então ele inventou essa teoria,
  • 22:58 - 23:00
    e disse que isso seria bom,
  • 23:00 - 23:03
    pois teriam uma época de plantio maior na Suécia,
  • 23:03 - 23:05
    e é claro, surfistas adoraram
  • 23:05 - 23:07
    acharam uma ideia legal,
  • 23:07 - 23:10
    porque a água dos oceanos é gelada às vezes, --
  • 23:10 - 23:12
    mas muita gente depois começou a achar
  • 23:12 - 23:14
    que isso seria ruim.
  • 23:15 - 23:17
    Mas claro, ninguém conseguiu demonstrar isso, certo?
  • 23:17 - 23:19
    As temperaturas, como foram medidas
  • 23:19 - 23:21
    e se pode encontrar estas informações na internet,
  • 23:21 - 23:24
    basta ir nos registros da NASA,
  • 23:24 - 23:26
    e nos registros da agência de clima e tempo,
  • 23:26 - 23:29
    e você mesmo poderá constatar que as temperaturas
  • 23:29 - 23:32
    noturnas, medidas na superfície do planeta
  • 23:32 - 23:34
    subiram um pouquinho só.
  • 23:34 - 23:36
    Então limitando-se a tirar a média com os dados diurnos, parece que
  • 23:36 - 23:39
    a temperatura subiu 0,5 graus celsius neste século.
  • 23:39 - 23:41
    Mas o fato é que, o que estava subindo
  • 23:41 - 23:43
    eram as temperaturas noturnas; as diurnas não subiram.
  • 23:43 - 23:46
    Então, a teoria de Arrhenius --
  • 23:46 - 23:48
    e o que todos os que apoiam o aquecimento global
  • 23:48 - 23:50
    diriam, sim, claro que elas tinham que subir de dia também,
  • 23:50 - 23:52
    se a causa é o efeito estufa.
  • 23:52 - 23:55
    Agora, o povo gosta de coisas assim, que tem nomes
  • 23:55 - 23:58
    coisas que podem visualizar, certo?
  • 23:58 - 24:00
    Mas não gostam de coisas como, melhor dizendo,
  • 24:00 - 24:02
    eles não se empolgam tanto com coisas
  • 24:03 - 24:05
    como as provas,
  • 24:05 - 24:07
    como o que seria prova do aumento da força
  • 24:07 - 24:10
    da circulação tropical dos anos 90.
  • 24:10 - 24:12
    A prova é uma pesquisa que saiu agora em fevereiro
  • 24:12 - 24:15
    e provavelmente a maioria de vocês desconhece.
  • 24:15 - 24:17
    "Evidência de Grande Variabilidade Decenal
  • 24:17 - 24:20
    nos Totais Energéticos Radiativos do Meio Tropical ."
  • 24:21 - 24:24
    Perdão. Estas pesquisas foram publicadas pela NASA
  • 24:24 - 24:26
    e alguns cientistas de Columbia, e Viliki
  • 24:26 - 24:29
    e mais um monte de outros, como Princeton.
  • 24:29 - 24:32
    E estas pesquisas foram publicadas na revista Science,
  • 24:32 - 24:34
    em primeiro de fevereiro.
  • 24:34 - 24:37
    E a conclusão de ambas pesquisas,
  • 24:37 - 24:40
    assim como os comentários editoriais da revista,
  • 24:40 - 24:42
    com descrições destas pesquisas,
  • 24:42 - 24:44
    resumidamente,
  • 24:44 - 24:46
    é que nossas teorias sobre aquecimento global
  • 24:46 - 24:48
    estão completamente erradas. Digo,
  • 24:48 - 24:50
    o que estes caras estão fazendo,
  • 24:50 - 24:53
    e é isso que -- o pessoal da NASA tem dito por um tempão.
  • 24:53 - 24:56
    Eles dizem que se você medir as temperaturas atmosféricas, elas não estão subindo --
  • 24:56 - 24:59
    não mesmo. Estamos observando-as cuidadosamente por 20 anos,
  • 24:59 - 25:02
    de satélites, e não estão subindo.
  • 25:02 - 25:05
    E nesta pesquisa, eles mostram algo ainda mais incrível,
  • 25:05 - 25:08
    o que eles chamam de radiação --
  • 25:08 - 25:11
    bem, não vou entrar em detalhes, pois é bem complicado,
  • 25:11 - 25:14
    mas não tão complicado assim como eles fariam você pensar
  • 25:14 - 25:17
    usando as palavras que usam nestas pesquisas. No fim, eles dizem,
  • 25:17 - 25:19
    que o sol gera certa quantidade de energia;
  • 25:19 - 25:21
    sabemos o quanto é isso,
  • 25:21 - 25:23
    ela desce à Terra, e a Terra devolve uma certa quantidade.
  • 25:23 - 25:26
    Quando ela se aquece, ela gera
  • 25:26 - 25:29
    energia mais vermelha -- como infravermelho,
  • 25:29 - 25:32
    como o calor gerado pela luz infravermelha.
  • 25:32 - 25:34
    Esta história toda de aquecimento global --
  • 25:34 - 25:36
    esta porcaria, na verdade,
  • 25:36 - 25:39
    é que -- e se -- há CO2 em excesso na atmosfera,
  • 25:39 - 25:41
    o calor que está tentando escapar
  • 25:41 - 25:44
    não teria como escapar. Mas o calor que está vindo do sol,
  • 25:44 - 25:47
    na faixa de 350 nanômetros,
  • 25:47 - 25:50
    atravessa diretamente o CO2.
  • 25:50 - 25:52
    Então o aquecimento acontece, mas nada é dissipado.
  • 25:52 - 25:54
    Estes caras mediram isso tudo.
  • 25:54 - 25:56
    Você pode falar sobre tudo isso,
  • 25:56 - 25:59
    escrever teses enormes, e conseguir recursos públicos pra fazê-lo,
  • 25:59 - 26:02
    mas estes caras mediram tudo,
  • 26:02 - 26:04
    e descobriram que nos últimos 10 anos --
  • 26:04 - 26:06
    por isso chamam a pesquisa de decenal --
  • 26:06 - 26:09
    que a anergia -- que o nível
  • 26:09 - 26:11
    do que eles chamam de "desequilíbrio"
  • 26:11 - 26:14
    está muita acima do que eles esperavam.
  • 26:14 - 26:17
    Esta quantidade de desequilíbrio --
  • 26:17 - 26:20
    melhor dizendo, o calor que entra e não sai
  • 26:20 - 26:22
    que teríamos se dobrássemos o CO2,
  • 26:22 - 26:25
    não está nem próximo disso.
  • 26:25 - 26:27
    Mas se acontecesse, em 2025 mais ou menos,
  • 26:27 - 26:30
    de termos o dobro de C02 que tínhamos em 1900,
  • 26:30 - 26:32
    eles dizem que o total energético aumentaria
  • 26:32 - 26:35
    por mais ou menos --
  • 26:35 - 26:37
    um watt por centímetro quadrado
  • 26:37 - 26:39
    a mais estaria entrando do que saindo.
  • 26:39 - 26:42
    Então o planeta deveria esquentar mesmo.
  • 26:42 - 26:44
    E descobriram neste estudo -- nestas duas pesquisas
  • 26:44 - 26:46
    por dois times diferentes --
  • 26:46 - 26:48
    que 5,5 watts
  • 26:48 - 26:50
    por metro quadrado
  • 26:50 - 26:53
    tem entrado desde 1998, 1999,
  • 26:53 - 26:55
    e o planeta não esquentou.
  • 26:55 - 26:57
    Então a teoria do aquecimento está errada -- reduzida a nada.
  • 26:57 - 26:59
    Estas pesquisas deveriam ter sido chamadas,
  • 26:59 - 27:02
    "O Fim do Fiasco do Aquecimento Global".
  • 27:02 - 27:04
    Eles estão preocupados,
  • 27:04 - 27:07
    e pode-se notar que suas conclusões nas pesquisas têm várias considerações,
  • 27:07 - 27:09
    porque eles estão rebatendo grandes laboratórios
  • 27:09 - 27:11
    apoiados por bastante dinheiro
  • 27:11 - 27:13
    e por pessoas com medo.
  • 27:13 - 27:15
    E imagine, e se eles dissessem, sabe de uma coisa?
  • 27:15 - 27:17
    Não existe mais este problema de aquecimento global,
  • 27:17 - 27:19
    então nós podemos -- eles estão pagando por isso.
  • 27:19 - 27:21
    Se você iniciar um pedido de verba com uma ideia assim
  • 27:22 - 27:24
    e dizer, obviamente o aquecimento global não aconteceu...
  • 27:24 - 27:26
    se eles realmente dissessem isso.
  • 27:26 - 27:28
    Eu tô fora.
  • 27:28 - 27:31
    (Risos)
  • 27:31 - 27:33
    Eu levantarei também, e --
  • 27:33 - 27:35
    (Risos)
  • 27:35 - 27:38
    (Aplausos)
  • 27:38 - 27:40
    Eles deveriam dizer isso.
  • 27:40 - 27:42
    Eles tiveram que ser cautelosos.
  • 27:42 - 27:44
    O que estou dizendo é que, e você pode ficar maravilhado,
  • 27:44 - 27:47
    porque o editor da revista Science, que não é nenhum ignorante,
  • 27:47 - 27:50
    e ambos os times
  • 27:50 - 27:53
    profissionais qualificados, tiveram a mesma conclusão
  • 27:53 - 27:55
    e no final de suas pesquisas
  • 27:55 - 27:57
    eles têm que dizer: o que sempre pensamos
  • 27:58 - 28:00
    fora que o modelo de circulação global que previmos
  • 28:00 - 28:02
    que a Terra vai ficar super aquecida
  • 28:02 - 28:05
    está totalmente errado. Está errado por uma larga margem.
  • 28:05 - 28:08
    E não por uma margem pequena. Eles --
  • 28:08 - 28:11
    interpretaram mal o fato de que na Terra
  • 28:11 - 28:13
    existem alguns mecanismos funcionando
  • 28:13 - 28:15
    que ninguém sabia a respeito,
  • 28:15 - 28:17
    porque o calor chega até aqui e ela não se aquece.
  • 28:17 - 28:20
    O planeta é fantástico mesmo sabe,
  • 28:20 - 28:22
    é grande e horrível -- e grande e fantástico,
  • 28:22 - 28:25
    e faz um monte de coisas que não sabemos nada a respeito.
  • 28:25 - 28:27
    A razão que falei sobre isso tudo,
  • 28:27 - 28:29
    OK, aqui está a forma como a ciência deve ser --
  • 28:29 - 28:32
    às vezes ciência é feita por outros motivos, ou apenas curiosidade.
  • 28:32 - 28:34
    E existem muitas coisas, como o aquecimento global,
  • 28:34 - 28:36
    e o buraco na camada de ozônio e tal,
  • 28:36 - 28:38
    e várias outras situações publicas cientíticas,
  • 28:38 - 28:40
    que se você se interessa por elas,
  • 28:40 - 28:43
    então deve se aprofundar nos detalhes, e ler pesquisas,
  • 28:43 - 28:45
    como a "Alta Variabilidade Decenal na..."
  • 28:45 - 28:47
    Você tem que descobrir o que estas palavras significam.
  • 28:47 - 28:49
    Pois se você só escutar estes caras
  • 28:49 - 28:52
    que estão inflando estas situações, e ganhando muito dinheiro com isso,
  • 28:52 - 28:55
    estará mal informado, e preocupado com as coisas erradas.
  • 28:55 - 28:58
    Lembre das 10 coisas que vão te pegar. Uma delas --
  • 28:58 - 29:00
    (Risos)
  • 29:00 - 29:03
    Colisão com asteróides é a teoria com a qual realmente concordo.
  • 29:03 - 29:06
    Sério, temos que ficar ligados nos asteróides. Ok. Obrigado por me receber aqui.
  • 29:06 - 29:09
    (Aplausos)
Title:
Kary Mullis fala sobre o que os cientistas fazem
Speaker:
Kary Mullis
Description:

O bioquímico Kary Mullis fala sobre o conceito básico da ciência moderna: o experimento. Compartilhando histórias do século XVII e de seus dias de construtor amador de foguetes, Mullis comemora a curiosidade, inspiração e rigor da boa ciência em todas suas formas.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
29:09
Leonardo Silveira added a translation

Portuguese, Brazilian subtitles

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