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A música é uma arte visual | Hunter Ewen | TEDxBoulder

  • 0:05 - 0:09
    Gostaria de contar o meu momento eureca.
  • 0:10 - 0:14
    Sou compositor e trabalho muito
    com trilhas visuais,
  • 0:14 - 0:16
    mas nem sempre foi assim.
  • 0:16 - 0:19
    Durante muito tempo,
    lutei com a minha música.
  • 0:19 - 0:24
    Tinha uma ideia específica em mente
    sobre como queria que minha música soasse,
  • 0:24 - 0:28
    mas sempre sentia que algo
    havia se perdido na tradução.
  • 0:28 - 0:30
    Eu gostava da música;
  • 0:30 - 0:32
    só sentia que não me representava.
  • 0:32 - 0:37
    Esse problema em particular veio à tona
    num ensaio cerca de dez anos atrás.
  • 0:37 - 0:40
    Eu escrevi uma música
    de câmara muito complicada
  • 0:40 - 0:42
    e tinha um efeito especial
    específico em mente
  • 0:42 - 0:43
    para a minha trompista.
  • 0:43 - 0:46
    Eu queria que ela cantasse no instrumento.
  • 0:46 - 0:49
    Minha notação ficou assim.
  • 0:49 - 0:51
    (Risos)
  • 0:51 - 0:54
    Ela tocou perfeitamente,
    exatamente como eu havia composto,
  • 0:54 - 0:57
    mas não ficou nem perto
    do que tinha na minha cabeça.
  • 0:57 - 0:59
    Então mudei algumas notas, alguns ritmos,
  • 0:59 - 1:02
    pensando que talvez se eu
    ajustasse um pouco a notação,
  • 1:02 - 1:05
    de repente, ela se sintonizaria
    com o que eu tinha na cabeça.
  • 1:05 - 1:06
    Não funcionou.
  • 1:07 - 1:09
    "Pode tentar desse jeito?",
    ela fez e não funcionou.
  • 1:09 - 1:11
    "Pode tentar assim?", não funcionou.
  • 1:11 - 1:14
    Por fim, estávamos um pouco nervosos
  • 1:14 - 1:18
    e ela disse: "Hunter,
    como diabos você quer que soe?"
  • 1:18 - 1:21
    Levei um minuto, pensei sobre isso
  • 1:21 - 1:25
    e eu gritei... (Uivo de lobo).
  • 1:27 - 1:29
    (Risos)
  • 1:29 - 1:31
    E algo deu um clique.
  • 1:33 - 1:36
    Todo esse tempo, queria o uivo de um lobo.
  • 1:36 - 1:38
    (Risos)
  • 1:39 - 1:41
    Mas ninguém conseguia entender,
  • 1:41 - 1:43
    nem mesmo eu,
    através desta notação ridícula.
  • 1:44 - 1:47
    Então, no ensaio seguinte,
    mudei minha partitura para isso.
  • 1:47 - 1:49
    (Risos)
  • 1:49 - 1:50
    (Aplausos)
  • 1:55 - 1:56
    Isso é uma coisa mágica.
  • 1:56 - 1:59
    Aquele lobo resolveu
    vários problemas de uma só vez.
  • 1:59 - 2:02
    Ajudou a artista a entrar
    um pouco mais na minha cabeça,
  • 2:02 - 2:04
    tocar exatamente como eu queria;
  • 2:04 - 2:07
    adicionou um pouco
    de intriga visual à partitura...
  • 2:07 - 2:09
    (Risos)
  • 2:09 - 2:10
    e talvez o mais importante,
  • 2:10 - 2:15
    finalmente, me direcionou
    para o que eu realmente queria dizer.
  • 2:16 - 2:18
    E depois daquele dia, comecei a perceber
  • 2:18 - 2:21
    que as notas, as pausas,
    as articulações, a dinâmica,
  • 2:21 - 2:24
    a linguagem que usamos
    para falar sobre música
  • 2:24 - 2:28
    não são tão importantes
    quanto a imagem visual
  • 2:28 - 2:30
    que temos com nossa música.
  • 2:31 - 2:33
    Eu podia escrever todas as notas do mundo,
  • 2:33 - 2:35
    mas se o artista não tem a imagem mental,
  • 2:35 - 2:37
    não vai adiantar nada.
  • 2:38 - 2:43
    Comecei a me afastar cada vez mais
    desse modelo tradicional de notação,
  • 2:43 - 2:47
    tentando mostrar minha música
    em vez de contá-la.
  • 2:47 - 2:49
    De repente, pude fazer
    minha música gritar.
  • 2:50 - 2:52
    Ou impressionar.
  • 2:52 - 2:53
    Ou acusar.
  • 2:54 - 2:55
    Ou apertar.
  • 2:55 - 2:57
    As pessoas começaram a entender.
  • 2:57 - 3:02
    Ao dar a elas essa metáfora visual,
    ficou subitamente mais fácil se comunicar.
  • 3:03 - 3:05
    Senti como se tivesse um superpoder.
  • 3:05 - 3:10
    Eu finalmente pude expressar
    a "nerdice" da minha música.
  • 3:10 - 3:11
    (Risos)
  • 3:11 - 3:13
    Ou a repetitividade dela.
  • 3:14 - 3:18
    Ou o espírito otimista dela,
    com as mãos apontadas para o céu.
  • 3:19 - 3:23
    Pode parecer contraintuitivo,
    mas quanto mais escondi as pausas,
  • 3:23 - 3:25
    obscureci as notas
  • 3:25 - 3:28
    e rompi com essa estrutura
    tradicional de notação,
  • 3:28 - 3:31
    melhor tudo funcionou.
  • 3:31 - 3:33
    Os artistas pensaram mais profundamente,
  • 3:33 - 3:34
    mais artisticamente,
  • 3:34 - 3:36
    de forma mais criativa.
  • 3:36 - 3:41
    Trouxeram a própria personalidade
    e experiência para a performance.
  • 3:41 - 3:44
    E não estou dizendo que este
    é um sistema perfeito
  • 3:44 - 3:46
    ou que sempre funciona desse jeito,
  • 3:46 - 3:48
    mas pensar em música nesses termos
  • 3:48 - 3:51
    me deu um tipo muito específico de base
  • 3:51 - 3:54
    para criar uma música mais significativa,
  • 3:54 - 3:56
    mais comunicativa.
  • 3:58 - 4:01
    Eu finalmente separei o código da música,
  • 4:01 - 4:04
    da música da música.
  • 4:05 - 4:07
    E uma vez que fiz isso,
    os resultados foram emocionantes.
  • 4:08 - 4:10
    Membros da plateia vinham depois dos shows
  • 4:10 - 4:15
    com histórias totalmente detalhadas
    que eles imaginaram durante a performance.
  • 4:15 - 4:18
    Artistas vinham durante o ensaio
    com ideias criativas,
  • 4:18 - 4:19
    sugestões para melhorias
  • 4:19 - 4:23
    porque finalmente sentiram
    que poderiam fazer algo,
  • 4:23 - 4:25
    sentiram que entenderam.
  • 4:26 - 4:28
    De repente, a música não era
    um manual de instruções,
  • 4:28 - 4:30
    era uma visão compartilhada.
  • 4:30 - 4:35
    Todos sentiam que tinham participação,
    até mesmo um senso de propriedade.
  • 4:35 - 4:38
    Lembro-me da primeira vez
    em que realmente vi isso em ação.
  • 4:38 - 4:40
    Eu tinha escrito isso,
  • 4:40 - 4:44
    o desenlace de uma peça alta, larga
    e grande para um conjunto de sopro.
  • 4:45 - 4:49
    Estava na plateia durante a estreia
    e vi a coisa mais gloriosa acontecer.
  • 4:49 - 4:50
    Da seção de percussão,
  • 4:50 - 4:53
    um par de baquetas foram lançadas ao ar,
  • 4:53 - 4:55
    pairaram sobre todo o conjunto
  • 4:55 - 4:58
    e aterrissaram com um ruído,
    na seção de trombones.
  • 4:58 - 5:00
    (Risos)
  • 5:00 - 5:04
    Não tinha escrito isso na música,
    não sabia que alguém faria isso.
  • 5:04 - 5:06
    Não tínhamos falado a respeito.
  • 5:06 - 5:10
    Foi uma surpresa total, mas assim que vi
    aquelas baquetas voando majestosamente
  • 5:10 - 5:15
    sobre os instrumentos, percebi que era
    exatamente a coisa certa no momento certo.
  • 5:15 - 5:17
    Então eu fui ao artista depois do show
  • 5:17 - 5:19
    e perguntei-lhe por que
    pensou em fazer isso.
  • 5:19 - 5:22
    Ele disse: "Achei que você se importaria".
  • 5:22 - 5:24
    (Risos)
  • 5:27 - 5:28
    E ele estava certo.
  • 5:28 - 5:29
    Perfeição, finalmente.
  • 5:29 - 5:33
    Um momento de verdadeira
    honestidade musical.
  • 5:35 - 5:38
    Vejamos uma composição
    que muitos conhecemos.
  • 5:38 - 5:42
    Esta é a "Dança da Fada Açucarada",
    do "Quebra-Nozes", de Tchaikovsky.
  • 5:42 - 5:44
    Quero que tentemos um pequeno experimento.
  • 5:44 - 5:46
    Vamos todos reger essa música.
  • 5:46 - 5:49
    Não quero reger o código da música,
  • 5:49 - 5:52
    mas sim minha visão
    de como a música parece,
  • 5:52 - 5:54
    que é assim.
  • 5:55 - 5:56
    Então, se não se importam,
  • 5:56 - 5:58
    apontem os dedos para a tela
  • 5:58 - 6:02
    e acompanhem enquanto
    ouvimos as notas de abertura.
  • 6:02 - 6:04
    Certo? Todo mundo pronto?
  • 6:08 - 6:11
    (Música: Tchaikovsky,
    "Dança da Fada Açucarada")
  • 6:22 - 6:24
    (Risos)
  • 6:48 - 6:49
    Certo.
  • 6:49 - 6:51
    Muito bem.
  • 6:51 - 6:53
    (Aplausos) (Vivas)
  • 6:58 - 7:00
    Então, visualizando esta música,
  • 7:00 - 7:04
    de repente estamos abertos a várias coisas
    que talvez não percebamos ao ouvi-la.
  • 7:04 - 7:07
    Podemos ver padrões
    e sequências mais facilmente.
  • 7:07 - 7:10
    Ver quais instrumentos
    estão tocando, onde e como.
  • 7:10 - 7:12
    E podemos ver a harmonia
    se tornar melodia,
  • 7:12 - 7:15
    quando há uma nota versus muitas notas.
  • 7:16 - 7:19
    A visualização nos ajuda a compreender.
  • 7:19 - 7:21
    E quando visualizamos a música;
  • 7:21 - 7:23
    não estou dizendo que tem que ser assim;
  • 7:23 - 7:25
    ela pode parecer abelhas zumbindo,
  • 7:25 - 7:27
    pipoca estourando,
  • 7:29 - 7:30
    sepulturas,
  • 7:31 - 7:34
    relógios, ovos, olhos,
  • 7:35 - 7:36
    rabiscos;
  • 7:36 - 7:40
    mas começamos a desenvolver
    um senso de entendimento visual,
  • 7:40 - 7:44
    uma linguagem visual para falar
    e descrever essa música.
  • 7:44 - 7:47
    Ao adicionar esse sentido
    ao nosso kit de ferramentas musical,
  • 7:47 - 7:51
    de repente nos sentimos
    mais conectados e próximos.
  • 7:51 - 7:54
    As linhas de comunicação
    finalmente se abrem
  • 7:54 - 7:55
    quando pensamos em música assim.
  • 7:55 - 7:59
    E a música em sua essência
    tem tudo a ver com comunicação,
  • 7:59 - 8:03
    de melodia, ritmo, métrica,
  • 8:03 - 8:06
    metáfora, história e emoção.
  • 8:09 - 8:12
    Mas o que acontece quando não pensamos
    na música desse jeito,
  • 8:13 - 8:15
    quando as linhas de comunicação se cortam?
  • 8:15 - 8:17
    E esse é um problema com o qual
    cada um de nós lida hoje:
  • 8:17 - 8:22
    vivemos em um mundo
    de consumo passivo de mídia,
  • 8:22 - 8:23
    para melhor ou pior,
  • 8:23 - 8:27
    e quando pensamos na mídia passivamente,
    nós não usamos nossa imaginação
  • 8:27 - 8:28
    e temos problemas.
  • 8:28 - 8:29
    A metáfora, a história,
  • 8:29 - 8:33
    o profundo significado da música
    começa a se perder.
  • 8:33 - 8:37
    A música tem o poder
    de exaltar o espírito humano.
  • 8:37 - 8:39
    Quando pensamos em nossa música
    em termos visuais,
  • 8:39 - 8:43
    começamos a reabrir
    essas linhas de comunicação.
  • 8:43 - 8:46
    Isso é algo que todos podemos fazer hoje.
  • 8:46 - 8:50
    Vão para casa, peguem a faixa favorita
    no seu iPod, seu CD ou disco favorito;
  • 8:50 - 8:53
    coloquem no sistema hi-fi
    e tentem fazer uma imagem mental
  • 8:53 - 8:55
    do que vocês estão vendo.
  • 8:55 - 8:59
    Sua música parece estranha
    e embaralhada como espaguete?
  • 9:00 - 9:01
    Ou é nítida e angular?
  • 9:02 - 9:05
    A música é redonda ou reta?
  • 9:05 - 9:08
    Densa ou leve?
  • 9:08 - 9:11
    É grande ou pequena?
  • 9:11 - 9:13
    Sua música é pontual
  • 9:13 - 9:18
    ou se move e desliza livremente,
    organicamente ao longo do tempo?
  • 9:20 - 9:23
    Plaina sobre o chão como um fantasma
  • 9:23 - 9:25
    ou fica caindo?
  • 9:25 - 9:28
    Percam-se em mundos fantásticos:
  • 9:28 - 9:30
    explosões gigantes,
  • 9:30 - 9:32
    montanhas altas,
  • 9:32 - 9:33
    animais assustadores,
  • 9:33 - 9:34
    flores,
  • 9:34 - 9:37
    ondas no oceano.
  • 9:37 - 9:38
    Escutem sua música.
  • 9:38 - 9:40
    Como é o som?
  • 9:40 - 9:42
    Com o que se parece?
  • 9:42 - 9:43
    Qual é a sensação?
  • 9:43 - 9:45
    Falem sobre sua música,
  • 9:45 - 9:47
    escutem o que outras pessoas têm a dizer
  • 9:47 - 9:51
    e falem sobre as visões
    que têm ao ouvir música.
  • 9:51 - 9:53
    Imaginem tudo e qualquer coisa
  • 9:53 - 9:55
    e saibam que não há caminho errado
  • 9:55 - 9:58
    para ouvir, experimentar,
    interpretar música.
  • 9:58 - 10:03
    Pensem em música em imagens,
    história, narrativa,
  • 10:03 - 10:05
    não em semínimas e colcheias.
  • 10:05 - 10:09
    Porque no final das contas,
    a música é uma arte visual,
  • 10:09 - 10:11
    e o que precisamos para amá-la,
  • 10:11 - 10:15
    para realmente formar um vínculo emocional
    profundo e significativo com ela,
  • 10:16 - 10:18
    é visualizá-la.
  • 10:18 - 10:19
    Obrigado.
  • 10:19 - 10:21
    (Aplausos)
Title:
A música é uma arte visual | Hunter Ewen | TEDxBoulder
Description:

Se você fechar os olhos e ouvir música, as imagens surgem em sua mente? Hunter Ewen usa recursos visuais para melhor codificar e descrever a música que compõe.

Hunter Ewen é um compositor musical dramático, educador e designer de multimídia. Durante o dia, o Dr. Ewen ensina estratégias para a criatividade digital na Universidade do Colorado, no centro de arte colaborativo infantil Reel Kids e na cidade de Longmont e como educador independente. À noite, ele compõe, solda, coreografa e dirige projetos interdisciplinares em todo o mundo. Práticas experimentais de desempenho e notação incomum figuram com destaque nos trabalhos de Ewen. Ele acredita que as composições devem ser vistas e ouvidas, sua música parece tão estranha quanto soa. Redemoinhos, rabiscos, setas e presas muitas vezes substituem notas e pausas tradicionais. Suas preferências estéticas gravitam de uivos, latidos, lamentos e guinchos, a gritos que se disfarçam de arte, clamor e desvio. A música de Ewen oscila entre os lustres.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
10:38

Portuguese, Brazilian subtitles

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