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Como as redes sociais instilam nova vida às línguas de minorias | Teresa Lynn | TEDxFulbrightDublin

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    Irlanda — uma terra de mitos e lendas.
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    Aqui na Irlanda,
    adoramos contar histórias,
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    lendas como As Crianças de Lir
    ou O Salmão da Sabedoria.
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    Esta é outra história:
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    "A língua irlandesa está morta".
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    Este mito tem circulado por todo o mundo
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    para muitas línguas de minorias.
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    Este, em especial, sobre o irlandês,
    ou o gaélico, como é conhecida,
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    começou como um boato,
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    uma coisa mais ou menos assim:
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    "O irlandês é uma língua moribunda".
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    Depois, os alarmistas
    apressaram-se a juntar-se ao coro.
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    Acharam que aquela versão
    não era bastante sensacional
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    e que tinham de a transformar
    numa coisa ameaçadora.
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    É este o problema em contar histórias.
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    Há uma certa dose
    de liberdade poética envolvida.
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    Podemos acrescentar uma personagem
    aqui e ali, talvez matar uma delas
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    e o que acontece é que as pessoas
    agarram-se à nova versão da história
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    e ela ganha asas e viaja depressa.
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    É por isso que tenho recebido
    reações muito estranhas, a nível mundial
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    quando digo às pessoas
    que os meus estudos de doutoramento
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    foram sobre a tecnologia
    para a língua irlandesa,
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    porque isso contradiz totalmente
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    a crença de que o irlandês
    é uma língua morta ou moribunda.
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    Há muita gente convencida
    por estas antigas crenças
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    do que é a língua irlandesa,
  • 2:06 - 2:09
    que só está associada a pessoas
    mais velhas no oeste da Irlanda,
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    que só é falada por pessoas
    que vivem em Gaeltacht
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    ou por ativistas da língua.
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    É sobre este mito que vou falar.
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    Quando as pessoas inclinam
    a cabeça e dizem:
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    "Tecnologia para a língua irlandesa?
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    "Mas o irlandês não é uma língua morta?"
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    Eu digo: "Não. Não é".
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    E digo-lhes como o irlandês
    saltou para as redes sociais,
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    que os que falam irlandês estão "online",
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    nas plataformas das redes sociais,
    como o Facebook e o Twitter.
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    As pessoas estão a ser criativas
    e a desfrutar a sua língua.
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    Já deve haver mais de um milhão
    de "tweets" em irlandês até agora.
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    Este é um mapa da distribuição
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    da atividade da língua irlandesa
    no Twitter, na Irlanda.
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    Portanto, já podemos enterrar o mito
    de só ser falado no oeste da Irlanda.
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    E este mapa?
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    Estas são as conversas em irlandês
    no Twitter, cruzando continentes.
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    Podemos contar a mesma história
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    para muitas línguas de minorias,
    a nível mundial.
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    Talvez agora estejam a pensar
    em se juntarem a estas conversas.
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    Mas vocês sentem-se nervosos
    em escrever na vossa língua?
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    Permitem que isso vos restrinja?
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    Parece que não restringe as pessoas
    de escreverem "tweets" em inglês,
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    ou em francês,
    ou em qualquer outra língua.
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    É o que acontece nas redes sociais:
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    são sociais e são descontraídas.
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    Não se liga às regras da ortografia,
    não se liga às regras da gramática.
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    Podemos encurtar as palavras,
    escrevê-las foneticamente.
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    Vemos isso sobretudo no Twitter,
    onde o atual limite de 140 caracteres
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    encoraja as pessoas a serem criativas
    e económicas com a língua,
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    o que me traz à minha investigação.
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    Enquanto linguista informática,
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    estou interessada em observar
    mais de perto as línguas
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    com a ajuda de computadores.
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    Por isso, no ano passado, numa visita
    de investigação da Fulbright,
  • 4:30 - 4:33
    à Universidade de St. Louis, nos EUA,
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    trabalhei com o Professor Kevin Scannell.
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    Em conjunto, observámos
    mais de perto os "tweets" em irlandês.
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    Queríamos descobrir como é
    que o irlandês está a ser usado "online".
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    O que é que fizemos?
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    Agarrámos em ferramentas
    de processamento de línguas,
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    concebidas para usar em textos irlandeses
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    bem estruturados gramaticalmente,
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    e usámo-las em "tweets" em irlandês.
  • 4:59 - 5:03
    Queríamos descobrir como
    essas ferramentas iriam reagir.
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    Que problemas surgiriam?
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    Este é um exemplo de um "tweet" irlandês
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    que levantou problemas a essa tecnologia.
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    Este "tweet" é de um apoiante
    de futebol, em gaélico irlandês, e diz:
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    "an t-am seo an t7ain seo chugainn,
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    "bei 2 ag partyáil
    le muintir Ráth Daingin!
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    "Hope youre not too scared #upthevillage."
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    (Risos)
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    O que o irlandês quer dizer é:
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    "Na próxima semana, vais festejar
    com o pessoal de Rathdangan."
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    O que é que se passa aqui?
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    Basicamente, as pessoas
    estão a divertir-se com a sua língua,
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    estão a ser criativas.
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    Esta usa dígitos em vez de palavras
    ou partes de palavras.
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    As vírgulas desaparecem,
    O verbo "beidh" escreve-se "b-e-i",
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    porque a eliminação do "dh"
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    não afeta a pronúncia da palavra.
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    E inventa uma palavra nova: "partyáil".
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    "áil" é a terminação do substantivo
    formado a partir do verbo, em irlandês.
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    Se o juntarmos a uma palavra
    inglesa, como raiz,
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    temos uma nova forma verbal: "partying"
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    Claro, há a mudança de idioma
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    ou mudança de código, no final.
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    Isto é apenas o exemplo de um "tweet",
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    mas fizemos uma análise
    a 1500 "tweets" em irlandês
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    para obter uma ideia mais completa
    do que está a acontecer.
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    Descobrimos que o irlandês se comporta
    como qualquer outra língua "online"
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    e como qualquer outra língua
    analisada desta forma,
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    está a evoluir.
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    O uso "online" está a fazer surgir
    novas tendências linguísticas.
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    É muito importante notar
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    que não estamos a falar
    de um irlandês novo.
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    Estamos a falar de uma nova
    variedade escrita da língua.
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    É uma versão do irlandês mais acessível
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    a uma gama mais ampla de falantes,
    especialmente, para os estudantes.
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    Um relatório recente mostra
    que estão a aparecer os mesmos padrões
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    para as línguas de minorias
    nossas vizinhas:
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    o gaélico escocês, o escocês do Ulster,
    da Ilha de Man, do País de Gales,
  • 7:15 - 7:17
    da Cornualha e da Ilha de Jersey,
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    em que os falantes e os estudantes
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    estão a reunir-se e a contactar
    socialmente "online".
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    Se pensarem nisso, faz sentido.
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    Se falamos uma língua de minorias,
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    talvez não haja ninguém
    na família que a fale,
  • 7:35 - 7:38
    talvez os nossos amigos não a falem,
  • 7:38 - 7:42
    ou talvez vivamos a centenas
    ou milhares de quilómetros de distância
  • 7:42 - 7:45
    da comunidade linguística mais próxima.
  • 7:45 - 7:47
    Como comunicar com os outros falantes?
  • 7:48 - 7:52
    É simples. Vão à Internet.
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    Escolham a plataforma
    de rede social que melhor vos servir
  • 7:58 - 8:01
    e comecem a interagir com os falantes
    da vossa comunidade linguística.
  • 8:02 - 8:06
    Sejam criativos com a vossa língua,
    divirtam-se e tenham orgulho nela.
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    Por fim, a página da Internet
    indigenoustweets.com
  • 8:13 - 8:18
    fornece estatísticas sobre línguas
    de minorias, no Twitter, a nível mundial.
  • 8:20 - 8:23
    Muitas das línguas listadas nesta página
  • 8:23 - 8:27
    são consideradas
    como obsoletas ou moribundas,
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    quando, de facto, as estatísticas
    relatam uma história totalmente diferente.
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    Mostram uma realidade
    que desmascara os mitos.
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    É aqui que eu penso
  • 8:44 - 8:47
    que a tecnologia e as línguas de minorias
    podem andar de mãos dadas.
  • 8:48 - 8:54
    Acredito firmemente que a tecnologia
    pode ser um ótimo fator para contribuir
  • 8:55 - 8:58
    para a sobrevivência
    das línguas de minorias.
  • 8:58 - 9:02
    Nalguns casos, até podem
    ser ressuscitadas.
  • 9:04 - 9:07
    Qual é a moral desta história?
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    Não acreditem em todas
    as histórias que ouvem,
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    porque podem ser apenas uma lenda.
  • 9:14 - 9:17
    (Aplausos)
Title:
Como as redes sociais instilam nova vida às línguas de minorias | Teresa Lynn | TEDxFulbrightDublin
Description:

Nesta palestra, a Dra. Teresa Lynn analisa o uso da língua irlandesa no Twitter e a importância das redes sociais para as línguas de minorias.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
09:27

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