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Três mitos a respeito da corrupção

  • 0:01 - 0:05
    Bem, esta manhã, vou falar
    sobre a questão da corrupção.
  • 0:06 - 0:08
    A corrupção é definida
  • 0:08 - 0:14
    como o abuso de uma posição de confiança
  • 0:14 - 0:17
    em benefício próprio
    ou, no caso do nosso contexto,
  • 0:17 - 0:21
    em benefício de amigos,
    familiares ou financiadores, OK?
  • 0:21 - 0:23
    Amigos, familiares e financiadores.
  • 0:23 - 0:24
    (Aplausos)
  • 0:25 - 0:28
    Mas precisamos reavaliar
    o que entendemos por corrupção,
  • 0:29 - 0:31
    e precisamos entender
  • 0:31 - 0:33
    que não fomos educados
    corretamente sobre o assunto.
  • 0:33 - 0:36
    E temos que ter a coragem
    de reconhecer isso,
  • 0:36 - 0:39
    para começarmos a mudar
    a maneira como lidamos com a questão.
  • 0:39 - 0:42
    Primeiramente, o maior dos grandes mitos
  • 0:42 - 0:44
    é crer que a corrupção não é crime.
  • 0:44 - 0:48
    Quando encontramos amigos e familiares
    e falamos sobre crimes em nosso país,
  • 0:48 - 0:51
    crimes em Belmont,
    em Diego ou em Marbella,
  • 0:51 - 0:54
    ninguém fala sobre corrupção,
    pra falar a verdade.
  • 0:54 - 0:57
    Quando o chefe de polícia vai à TV
    para falar sobre crimes,
  • 0:57 - 0:59
    ele não fala sobre corrupção.
  • 0:59 - 1:03
    E, claro, quando o ministro
    da segurança nacional fala sobre crimes,
  • 1:03 - 1:05
    ele também não menciona a corrupção.
  • 1:06 - 1:09
    O que quero dizer é que corrupção é crime,
    é um crime econômico,
  • 1:09 - 1:13
    por tratar-se de apropriação ilícita
    do dinheiro dos contribuintes.
  • 1:13 - 1:16
    É uma realidade
    nos setores público e privado.
  • 1:16 - 1:17
    Como alguém que vem do setor privado,
  • 1:17 - 1:21
    posso dizer que há altíssimos níveis
    de corrupção no setor privado
  • 1:21 - 1:22
    que nada tem a ver com o governo.
  • 1:22 - 1:26
    Os mesmos subornos e troca de favores
    que acontecem por debaixo dos panos
  • 1:26 - 1:28
    também acontecem no setor privado.
  • 1:28 - 1:31
    Hoje, meu foco será
    a corrupção no setor público,
  • 1:31 - 1:34
    da qual o setor privado também participa.
  • 1:35 - 1:37
    O segundo mito que
    precisamos compreender...
  • 1:37 - 1:39
    porque temos que derrubar esses mitos,
  • 1:39 - 1:41
    desmantelá-los, destruí-los,
    ridicularizá-los...
  • 1:41 - 1:45
    o segundo mito que precisamos
    compreender é aquele que diz
  • 1:46 - 1:49
    que a corrupção é, na verdade,
    um problema sem relevância,
  • 1:49 - 1:52
    ou seja, se é um problema,
    é um problema bem pequeno,
  • 1:52 - 1:55
    que, na verdade, são apenas 10 ou 15%,
  • 1:55 - 1:59
    que sempre foi assim
    e provavelmente será sempre assim,
  • 1:59 - 2:03
    e que não faz sentido aprovar leis,
    pois há pouco que se possa fazer.
  • 2:03 - 2:07
    Eu quero mostrar que isso também
    é um mito perigoso, perigosíssimo.
  • 2:07 - 2:09
    É um exemplo de desrespeito
    à coisa pública.
  • 2:09 - 2:14
    E eu quero falar um pouco
    sobre o passado, uns 30 anos atrás.
  • 2:14 - 2:16
    Hoje, estamos aqui, em Trindade e Tobago,
  • 2:16 - 2:20
    um pequeno país caribenho
    rico em recursos.
  • 2:20 - 2:24
    No início dos anos 1970, tivemos
    um aumento gigantesco na riqueza do país,
  • 2:24 - 2:28
    e esse aumento foi devido ao aumento
    do preço mundial do petróleo.
  • 2:28 - 2:31
    Os cofres públicos transbordavam
    do que chamamos de petrodólar.
  • 2:31 - 2:33
    É uma ironia,
  • 2:33 - 2:36
    pois estamos hoje dentro do prédio
    do Banco Central do país.
  • 2:36 - 2:39
    Vejam como a história é cheia de ironias.
  • 2:39 - 2:41
    Estamos dentro do Banco Central,
  • 2:41 - 2:44
    que é o responsável por muitas das coisas
    sobre as quais eu vou falar, OK?
  • 2:44 - 2:48
    Me refiro à irresponsabilidade
    no serviço público.
  • 2:48 - 2:52
    Me refiro ao fato de que, na torre ali
    ao lado, fica o Ministério da Fazenda,
  • 2:52 - 2:54
    que tem muito a ver conosco hoje.
  • 2:54 - 2:57
    Estamos falando de dentro
    do templo de vocês hoje, OK?
  • 2:57 - 2:59
    (Aplausos)
  • 3:01 - 3:03
    A primeira coisa sobre a qual quero falar
  • 3:03 - 3:08
    é que, quando todo esse dinheiro
    entrou em nosso país uns 40 anos atrás,
  • 3:08 - 3:12
    o governo daquela época celebrou
    uma série de acordos bilaterais,
  • 3:12 - 3:14
    a fim de acelerar
    o desenvolvimento do país.
  • 3:14 - 3:16
    Alguns dos maiores projetos deste país
  • 3:16 - 3:19
    foram elaborados por meio
    de acordos intergovernamentais,
  • 3:19 - 3:21
    com alguns dos "principais"
    países do mundo:
  • 3:21 - 3:24
    EUA, Grã-Bretanha, França e por aí vai.
  • 3:24 - 3:27
    Como já disse, o prédio em que estamos,
    o que é uma das ironias,
  • 3:27 - 3:30
    foi parte de um complexo de edifícios,
    conhecidos como "Torres Gêmeas".
  • 3:33 - 3:36
    Toda aquela situação era tão absurda
  • 3:36 - 3:41
    que uma comissão de inquérito
    foi instaurada e emitiu, em 1982...
  • 3:41 - 3:43
    30 anos atrás a comissão fez isso...
  • 3:43 - 3:45
    emitiu o Relatório Ballah, há 30 anos.
  • 3:45 - 3:49
    Imediatamente os acordos bilaterais
    foram interrompidos.
  • 3:49 - 3:52
    O então primeiro-ministro foi ao Congresso
    para falar sobre o orçamento
  • 3:52 - 3:54
    e disse coisas que jamais vou esquecer.
  • 3:54 - 3:58
    Me atingiram aqui no peito.
    Eu era bem jovem, e me atingiram no peito.
  • 3:58 - 4:00
    Na verdade, ele disse...
  • 4:00 - 4:03
    Vejamos se isso aqui vai funcionar.
  • 4:03 - 4:04
    Funcionou? Sim.
  • 4:06 - 4:07
    Foi isso que ele disse.
  • 4:07 - 4:10
    Ele disse, na verdade,
  • 4:12 - 4:15
    que dois em cada três
    dos petrodólares que eram gastos,
  • 4:15 - 4:16
    do dinheiro público,
  • 4:16 - 4:19
    eram mal-gastos ou desviados.
  • 4:19 - 4:22
    Então, aquela história
    dos 10 ou 15% é pura piada.
  • 4:23 - 4:26
    Como se diz, é conversa fiada.
    É história pra boi dormir.
  • 4:26 - 4:30
    Somos adultos e estamos tentando lidar
    com o que está acontecendo em nosso país.
  • 4:30 - 4:32
    Esse é o verdadeiro tamanho do problema.
  • 4:32 - 4:35
    Dois terços do dinheiro público
    foram roubados ou mal-gastos.
  • 4:35 - 4:38
    Isso foi 30 anos atrás,
    Relatório Ballah, em 1982.
  • 4:38 - 4:40
    Então, o que mudou de lá pra cá?
  • 4:40 - 4:43
    Não gosto de lavar roupa suja
    diante de uma plateia internacional,
  • 4:43 - 4:45
    mas tenho que fazer isso.
  • 4:45 - 4:48
    Quatro meses atrás, sofremos
    uma violação constitucional neste país,
  • 4:48 - 4:51
    que chamamos de fiasco da Seção 34.
  • 4:51 - 4:53
    O fiasco da Seção 34,
  • 4:53 - 4:54
    um texto legislativo suspeito.
  • 4:54 - 4:57
    A verdade é essa:
    um texto de lei suspeito,
  • 4:57 - 5:00
    que foi aprovado em uma época suspeita,
    para livrar alguns suspeitos.
  • 5:00 - 5:01
    (Risos)
  • 5:01 - 5:03
    Ele ficou conhecido...
  • 5:04 - 5:06
    Ficou conhecido como...
  • 5:06 - 5:09
    Essas pessoas são conhecidas
    como "os acusados do Aeroporto Piarco".
  • 5:09 - 5:12
    Vou usar meu próprio vocabulário
    para falar aqui hoje:
  • 5:12 - 5:14
    os acusados do Aeroporto Piarco.
  • 5:14 - 5:16
    Foi uma das maiores
    violações constitucionais,
  • 5:16 - 5:21
    que chamei de Trama
    para Corromper o Congresso.
  • 5:21 - 5:24
    A mais alta instituição
    do nosso país foi corrompida.
  • 5:24 - 5:27
    Lidamos com pervertidos aqui,
    de natureza econômica e financeira.
  • 5:27 - 5:30
    Percebem como é grave esse problema?
  • 5:30 - 5:34
    Houve um enorme protesto do qual muitos
    aqui participamos de diferentes formas.
  • 5:34 - 5:37
    O mais importante foi que a embaixada
    norte-americana reclamou.
  • 5:37 - 5:41
    O Congresso se reuniu rapidamente
    e a lei foi abolida, foi revogada;
  • 5:41 - 5:44
    como dizem advogados, "revogada".
  • 5:44 - 5:46
    Mas a questão
  • 5:47 - 5:50
    é que o Congresso foi defraudado
    em todo esse processo,
  • 5:50 - 5:52
    porque, na realidade, o que aconteceu
  • 5:52 - 5:56
    foi que, por conta da aprovação
    duvidosa dessa lei...
  • 5:56 - 5:58
    ela começou a vigorar, na verdade,
  • 5:58 - 6:01
    no fim de semana em que celebrávamos
    o aniversário de 50 anos da independência,
  • 6:01 - 6:03
    nosso jubileu da independência.
  • 6:03 - 6:05
    Esse é o nível de ultraje da coisa,
  • 6:05 - 6:09
    meio que uma forma sórdida de passarem
    despercebidos, mas nós percebemos,
  • 6:09 - 6:10
    porque todos entendemos,
  • 6:10 - 6:12
    e, pela primeira vez, que eu me lembre,
  • 6:12 - 6:15
    houve protestos em massa
    contra essa corrupção.
  • 6:15 - 6:17
    E isso me trouxe muita esperança.
  • 6:17 - 6:22
    Às vezes nós nos sentimos
    sozinhos nessa luta.
  • 6:23 - 6:26
    A aprovação daquela lei e a sua revogação
  • 6:26 - 6:30
    deram força ao caso
    dos acusados do Aeroporto Piarco.
  • 6:30 - 6:34
    O que estava acontecendo
    era realmente uma tremenda ironia.
  • 6:35 - 6:38
    Mas do que eles foram acusados?
  • 6:38 - 6:41
    Estou deixando vocês curiosos.
    Do que eles foram acusados?
  • 6:41 - 6:44
    Estávamos tentando construir,
    ou reconstruir,
  • 6:44 - 6:46
    um aeroporto que tinha
    se tornado ultrapassado.
  • 6:46 - 6:50
    O projeto inteiro custou
    cerca de $ 1,6 bilhões,
  • 6:50 - 6:53
    em dólares de Trindade e Tobago.
  • 6:53 - 6:56
    Na verdade, houve muitas
    fraudes em licitações.
  • 6:56 - 6:59
    Muitas atividades suspeitas
    e ilícitas aconteceram.
  • 6:59 - 7:03
    Pra se ter uma ideia do que acontecia
  • 7:03 - 7:08
    e para contextualizarmos esse segundo mito
    de que corrupção não é grande coisa,
  • 7:08 - 7:11
    podemos dar uma olhada
    neste segundo eslaide.
  • 7:11 - 7:15
    Isso aí não fui eu quem disse, OK?
  • 7:15 - 7:20
    Foi o diretor de Promotoria Pública
    quem declarou isso, por escrito.
  • 7:20 - 7:24
    E ele disse que, dos $ 1,6 bilhão,
  • 7:24 - 7:28
    $ 1 bilhão foi localizado
    em contas bancárias no exterior.
  • 7:28 - 7:30
    Um bilhão em dinheiro público
  • 7:30 - 7:33
    foi localizado em contas
    bancárias no exterior.
  • 7:34 - 7:36
    Sendo a pessoa desconfiada que sou,
  • 7:36 - 7:38
    fico indignado com isso
    e vou dar uma pausa aqui.
  • 7:38 - 7:41
    Vou pausar de vez em quando,
    trazendo à pauta outras coisas.
  • 7:41 - 7:44
    Vou contar algo que eu vi em novembro
    do ano passado em Wall Street.
  • 7:44 - 7:46
    Eu estava no Zuccotti Park.
  • 7:46 - 7:50
    Era outono, estava frio e úmido,
    estava ficando escuro,
  • 7:51 - 7:53
    e eu estava caminhando
    com os manifestantes,
  • 7:53 - 7:57
    enquanto passava por ali
    com o movimento Ocupy Wall Street.
  • 7:57 - 7:59
    Havia uma senhora
    com um cartaz bem simples,
  • 7:59 - 8:02
    uma senhora loira,
    com aparência meio maltratada.
  • 8:02 - 8:06
    O cartaz era feito de cartolina
    e escrito com marcador permanente.
  • 8:06 - 8:10
    O que estava escrito naquele cartaz
    me acertou em cheio:
  • 8:10 - 8:13
    "Se você não está indignado,
    você não tem andado atento".
  • 8:13 - 8:16
    Se você não fica indignado com tudo isso,
    você não tem andado atento.
  • 8:16 - 8:20
    Então, ouçam bem porque vou contar
    coisas ainda piores.
  • 8:20 - 8:22
    Eu comecei a pensar.
  • 8:23 - 8:24
    "Mas e se..."
  • 8:25 - 8:29
    Sou desconfiado, leio uma série
    de romances de espião e coisas do tipo.
  • 8:29 - 8:31
    "E se..."
    (Risos)
  • 8:31 - 8:34
    Pra sobreviver a esses crimes,
    é preciso ler muita história de espiões
  • 8:34 - 8:37
    dedicar-se a esse tipo de leitura, né?
    (Risos)
  • 8:37 - 8:41
    Mas e se essa não fosse a primeira vez?
  • 8:42 - 8:46
    E se essa fosse só a primeira vez
    que esse ou aquele foi pego?
  • 8:47 - 8:49
    E se isso já aconteceu antes?
  • 8:50 - 8:52
    Como eu iria descobrir?
  • 8:52 - 8:58
    Os últimos dois exemplos que dei foram
    de corrupção no setor de construção civil.
  • 8:58 - 9:02
    Tenho hoje o privilégio
    de liderar o Conselho Consultivo Adjunto,
  • 9:02 - 9:04
    uma organização sem fins lucrativos.
  • 9:04 - 9:06
    Nossa página na internet é jcc.org.tt .
  • 9:06 - 9:11
    Somos líderes na luta para criação
    um novo sistema de contratações públicas
  • 9:11 - 9:13
    e de fiscalização dos gastos públicos.
  • 9:13 - 9:15
    Se alguém tiver interesse
    em saber mais a respeito,
  • 9:15 - 9:19
    juntar-se a nós ou assinar um de nossos
    abaixo-assinados, por favor, participe.
  • 9:19 - 9:21
    Mas vou falar também
    de outra coisa ligada ao assunto,
  • 9:21 - 9:23
    pois uma de minhas campanhas pessoais,
  • 9:23 - 9:26
    que tenho conduzido
    por mais de três anos e meio,
  • 9:26 - 9:29
    é pela transparência e prestação de contas
  • 9:29 - 9:32
    no que diz repeito à ajuda financeira
    dada ao CL Financial.
  • 9:32 - 9:36
    O CL Financial é o maior grupo corporativo
    caribenho que já existiu, certo?
  • 9:37 - 9:40
    Sem entrar em todos os detalhes...
  • 9:40 - 9:43
    estou usando minhas palavras
    com muito cuidado...
  • 9:43 - 9:48
    dizem que ele quebrou em janeiro de 2009,
    fazendo agora quase quatro anos.
  • 9:50 - 9:52
    Num rompante de generosidade
    sem precedentes...
  • 9:52 - 9:55
    e temos que desconfiar
    muito dessas pessoas,
  • 9:55 - 9:57
    e estou usando essas
    palavras com cautela...
  • 9:57 - 10:00
    num rompante de generosidade
    sem precedentes,
  • 10:00 - 10:03
    o governo da época
    se comprometeu por escrito
  • 10:03 - 10:05
    a pagar todos os credores deles.
  • 10:05 - 10:07
    Eu posso garantir,
    sem medo de contestação,
  • 10:07 - 10:10
    que isso nunca aconteceu
    em lugar nenhum do planeta.
  • 10:10 - 10:13
    Vamos entender,
    porque precisamos do contexto.
  • 10:13 - 10:16
    Há quem diga que é assim em Wall Street.
    Mas aqui não é Wall Street.
  • 10:16 - 10:18
    É como se aqui existissem
  • 10:18 - 10:21
    leis diferentes da física,
    biologia ou coisa assim.
  • 10:21 - 10:23
    Não é como outro lugar qualquer.
  • 10:23 - 10:25
    (Aplausos)
  • 10:25 - 10:28
    Não é como outro lugar qualquer.
  • 10:28 - 10:30
    Não é como outro lugar qualquer.
  • 10:30 - 10:33
    Aqui é aqui. Lá fora é lá fora. Certo?
  • 10:33 - 10:34
    Falo sério agora.
  • 10:34 - 10:37
    Ouçam. Já houve ajuda
    financeira em Wall Street.
  • 10:37 - 10:39
    Já houve ajuda financeira em Londres.
  • 10:39 - 10:41
    Já houve ajuda financeira na Europa.
  • 10:41 - 10:43
    Já houve na África.
  • 10:43 - 10:46
    Na Nigéria, seis dos maiores bancos
    quebraram ao mesmo tempo que os nossos.
  • 10:46 - 10:49
    É interessante fazer um paralelo
    com a experiência da Nigéria,
  • 10:49 - 10:51
    como eles lidaram com isso.
  • 10:51 - 10:53
    Lidaram muito bem, se comparados a nós.
  • 10:53 - 10:57
    Em nenhum lugar do planeta todos
    os credores receberam ajuda financeira
  • 10:57 - 11:01
    superior ao que lhes era
    legalmente devido. Somente aqui.
  • 11:01 - 11:03
    Mas qual a razão para tal generosidade?
  • 11:04 - 11:06
    O nosso governo é tão
    generoso assim? Talvez seja.
  • 11:06 - 11:08
    Vamos analisar. Vamos investigar.
  • 11:08 - 11:11
    Comecei a pesquisar,
    a escrever e por aí vai.
  • 11:11 - 11:15
    Esse meu trabalho pessoal pode ser
    encontrando no AfraRaymond.com,
  • 11:15 - 11:16
    que é o meu nome.
  • 11:16 - 11:19
    É um blogue sem fins
    lucrativos que eu tenho.
  • 11:19 - 11:22
    Não é tão popular quanto blogues
    de outras pessoas, mas aí está.
  • 11:22 - 11:24
    (Risos)
  • 11:24 - 11:28
    A questão é que a aquela amarga
    experiência do caso da Seção 34,
  • 11:28 - 11:34
    aquela trama do Congresso corrompido,
    que aconteceu em agosto,
  • 11:34 - 11:37
    quando devíamos estar celebrando
    nossa independência,
  • 11:37 - 11:38
    e início de setembro,
  • 11:38 - 11:43
    me obrigou a fazer uma autoavaliação,
    a rever minha posição
  • 11:43 - 11:46
    e a retomar atividades,
    coisas que eu escrevi
  • 11:46 - 11:48
    e trocas de ideias
    que tive com autoridades,
  • 11:48 - 11:50
    para ver quem é quem realmente.
  • 11:50 - 11:54
    Como dizemos em Trindade e Tobago,
    quem é quem, e o que é o quê.
  • 11:54 - 11:56
    Tentamos reavaliar.
  • 11:56 - 11:58
    Fiz um requerimento
    de sob a Lei da Transparência.
  • 11:58 - 12:02
    em maio deste ano,
    ao Ministério da Fazenda.
  • 12:02 - 12:04
    O Ministério da Fazenda
    é o prédio ao lado.
  • 12:04 - 12:06
    É outro contexto.
  • 12:06 - 12:08
    O Ministério da Fazenda, dizem,
  • 12:08 - 12:12
    está sujeito à Lei da Transparência.
  • 12:12 - 12:15
    Vou dar um exemplo detalhado
    pra vocês verem se é realmente assim.
  • 12:16 - 12:18
    O Banco Central, onde estamos hoje,
  • 12:18 - 12:22
    é imune aos termos
    da Lei da Transparência.
  • 12:22 - 12:25
    Não se pode perguntar nada a eles,
    e eles não têm que responder.
  • 12:25 - 12:29
    Essa é a lei, desde 1999.
  • 12:29 - 12:32
    Então, me lancei nessa luta
    e fiz quatro perguntas.
  • 12:32 - 12:36
    Vou contar quais foram as perguntas
    de forma resumida, e as respostas,
  • 12:36 - 12:38
    para que vocês entendam,
    como eu disse, a situação.
  • 12:38 - 12:40
    Aqui não é como outro lugar qualquer.
  • 12:40 - 12:42
    A primeira pergunta:
  • 12:43 - 12:45
    "Quero ver as contas do CL Financial,
  • 12:45 - 12:48
    e se não for possível
    me mostrar as contas...
  • 12:48 - 12:50
    O Ministro da Fazenda dá declarações,
  • 12:50 - 12:53
    vem aprovando novas leis,
    fazendo discursos, etc.
  • 12:53 - 12:55
    Quais são as cifras em que ele se apoia?"
  • 12:55 - 12:57
    É como aquela piada:
    "Vou beber o mesmo que ele".
  • 12:57 - 13:01
    Eles me responderam, dizendo:
    "O que exatamente você quer?"
  • 13:01 - 13:03
    Eles rebateram a minha pergunta com outra.
  • 13:03 - 13:05
    Segundo ponto:
  • 13:05 - 13:10
    "Quero ver quem são os credores do grupo
    que receberam esses pagamentos".
  • 13:10 - 13:12
    Preciso pausar aqui para dizer
  • 13:12 - 13:15
    que $ 24 bilhões do nosso dinheiro
    foram gastos nisso,
  • 13:15 - 13:18
    o equivalente a US$ 3,5 bilhões,
  • 13:18 - 13:22
    saindo de um pequeno país caribenho,
  • 13:22 - 13:24
    antes rico em recursos.
  • 13:24 - 13:29
    E eu perguntei quem recebeu
    esses US$ 3,5 bilhões.
  • 13:29 - 13:32
    Quero pausar novamente
    para dar o contexto,
  • 13:32 - 13:35
    porque o contexto nos ajuda
    a ter clareza para entender isso.
  • 13:35 - 13:38
    Há uma certa pessoa
    que está no governo agora.
  • 13:38 - 13:39
    O nome não importa.
  • 13:39 - 13:44
    Essa pessoa fez sua carreira
    usando a Lei da Transparência,
  • 13:44 - 13:47
    promovendo seus interesses políticos.
  • 13:47 - 13:49
    O nome não é importante.
  • 13:49 - 13:50
    (Risos)
  • 13:50 - 13:52
    Não darei a ele essa importância.
    Meu foco é a questão.
  • 13:52 - 13:54
    A questão é que essa pessoa
    fez sua carreira
  • 13:54 - 13:58
    usando da Lei da Transparência
    para galgar seus interesses.
  • 13:58 - 14:01
    O caso mais famoso
    foi o que acabamos chamando
  • 14:01 - 14:03
    de Escândalo da Bolsa de Estudos.
  • 14:03 - 14:06
    Cerca de $ 60 milhões,
    em dinheiro público,
  • 14:06 - 14:08
    foram distribuídos
    numa série de bolsas de estudos
  • 14:08 - 14:11
    que não foram devidamente
    divulgadas, enfim.
  • 14:11 - 14:14
    Se valendo dessa lei,
    a Lei da Transparência,
  • 14:14 - 14:18
    ele conseguiu que a Justiça
    divulgasse essa informação,
  • 14:18 - 14:20
    o que eu achei excelente.
  • 14:21 - 14:23
    Foi fantástico.
  • 14:24 - 14:26
    Mas veja, a questão é a seguinte:
  • 14:26 - 14:31
    se é correto e apropriado
    usarmos a Lei da Transparência
  • 14:31 - 14:33
    e usarmos o Judiciário
  • 14:35 - 14:39
    para forçar a transparência sobre o uso
    de $ 60 milhões em dinheiro público,
  • 14:39 - 14:41
    deve ser correto e apropriado
  • 14:41 - 14:44
    forçarmos a transparência
    sobre $ 24 bilhões.
  • 14:45 - 14:46
    Percebem?
  • 14:46 - 14:49
    Mas o secretário permanente
    do Ministério da fazenda me escreveu
  • 14:49 - 14:52
    dizendo que também estão isentos
    de dar essa informação.
  • 14:52 - 14:55
    Percebem? É com isso que temos de lidar.
  • 14:55 - 14:57
    A terceira coisa que vou contar
  • 14:58 - 15:00
    é que também perguntei
  • 15:00 - 15:03
    sobre diretores do CL Financial,
  • 15:03 - 15:05
    se faziam suas declarações de bens,
  • 15:05 - 15:08
    segundo a Lei de Probidade
    na Vida Pública.
  • 15:08 - 15:14
    Essa lei faz parte da estrutura criada
    para resguardar os interesses da nação.
  • 15:14 - 15:16
    Autoridades públicas
    têm de declarar, por escrito,
  • 15:16 - 15:19
    tudo o que possuem,
  • 15:20 - 15:22
    em termos de bens e dívidas.
  • 15:22 - 15:25
    Claro que descobri que eles
    não estavam declarando,
  • 15:25 - 15:28
    e que o ministro da Fazenda
    sequer exigiu isso deles.
  • 15:28 - 15:29
    Então, é isso.
  • 15:29 - 15:31
    Temos uma situação
  • 15:33 - 15:35
    em que medidas básicas
  • 15:35 - 15:38
    de defesa da probidade,
    prestação de contas e transparência
  • 15:38 - 15:40
    foram todas postas de lado.
  • 15:40 - 15:42
    Fiz a pergunta da forma
    legalmente exigida,
  • 15:42 - 15:44
    e ela foi ignorada.
  • 15:44 - 15:49
    Precisamos continuar trabalhando
    em casos como o da Seção 34.
  • 15:49 - 15:50
    Não podemos nos esquecer.
  • 15:50 - 15:54
    Eu descrevi isso como a maior despesa
    da história deste país.
  • 15:54 - 15:58
    É também o maior exemplo
    de corrupção no setor público,
  • 15:58 - 16:00
    de acordo com esta equação.
  • 16:02 - 16:04
    E esta é minha análise dos fatos.
  • 16:04 - 16:07
    Onde há um gasto de dinheiro público
  • 16:07 - 16:09
    e não há prestação de contas,
  • 16:10 - 16:11
    nem há transparência,
  • 16:11 - 16:14
    o resultado sempre será corrupção.
  • 16:14 - 16:18
    Seja na Rússia, na Nigéria, no Alasca,
    o resultado será sempre corrupção.
  • 16:18 - 16:21
    É com isso que estamos lidando aqui.
  • 16:21 - 16:23
    Vou continuar o trabalho,
  • 16:23 - 16:29
    pressionando para obter alguma solução
    para as questões no Ministério da Fazenda.
  • 16:29 - 16:32
    Se eu tiver de ir pessoalmente
    à Justiça, eu irei.
  • 16:32 - 16:35
    Vamos continuar pressionando e trabalhando
    com o Conselho Consultivo Adjunto,
  • 16:35 - 16:38
    mas quero sair do contexto
    de Trindade e Tobago
  • 16:38 - 16:41
    e trazer algo novo à mesa
    em termos de exemplo internacional.
  • 16:41 - 16:44
    Vimos a jornalista [Heather] Brooke falar
  • 16:44 - 16:47
    sobre sua batalha
    contra a corrupção no governo,
  • 16:47 - 16:49
    e ela me mostrou este site...
  • 16:50 - 16:52
    alaveteli.com .
  • 16:52 - 16:57
    O alaveteli.com é uma maneira
    de mantermos um banco de dados
  • 16:57 - 17:00
    para pedidos referentes
    à Lei da Transparência
  • 17:00 - 17:02
    e nos comunicarmos uns com os outros.
  • 17:02 - 17:04
    Eu posso ver o que você está solicitando.
  • 17:04 - 17:07
    Você pode ver o que solicitei
    e as respostas que obtive.
  • 17:07 - 17:10
    Podemos trabalhar nele juntos,
    criar um banco de dados coletivo
  • 17:10 - 17:14
    e uma compreensão coletiva de onde
    estamos e os passos a serem dados.
  • 17:14 - 17:16
    Precisamos ampliar a conscientização.
  • 17:16 - 17:18
    A última coisa que quero mostrar
  • 17:18 - 17:22
    é um site fascinante, da Índia,
  • 17:22 - 17:23
    chamado ipaidabribe.com.
  • 17:23 - 17:28
    Eles têm filiais internacionais,
    e vale a pena conhecer.
  • 17:28 - 17:30
    O ipaidabribe.com é realmente importante,
  • 17:30 - 17:33
    bom para entrar e dar uma olhada.
  • 17:33 - 17:35
    Vou terminar aqui,
    pedindo que vocês tenham coragem
  • 17:35 - 17:38
    e descartem o primeiro mito,
    pois corrupção é crime.
  • 17:38 - 17:39
    Descartem o segundo mito,
  • 17:39 - 17:42
    pois é um problema grande,
    enorme, um crime econômico.
  • 17:42 - 17:46
    E vamos continuar a trabalhar juntos
    pela melhoria dessa situação
  • 17:46 - 17:49
    e pela estabilidade e sustentabilidade
    em nossa sociedade.
Title:
Três mitos a respeito da corrupção
Speaker:
Afra Raymond
Description:

Trindade e Tobago acumulou grande riqueza nos anos 1970, graças ao petróleo. Mas, em 1982, um fato chocante foi descoberto: dois em cada três dólares destinados ao desenvolvimento do país tinham sido mal-gastos ou desviados. Isso tem atormentado Afra Raymond há 30 anos. Trazendo a público uma longa história de corrupção no governo, Raymond apresenta uma redefinição de crime financeiro.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
18:09
  • A versão aqui no Amara está sincronizada com o vídeo,a versão no site por alguma razão está um pouco atrasada

  • ... adiantada, na verdade.

  • Olá, Alexandre. Obrigado por alertar sobre o problema nas legendas. Pedi há pouco ao pessoal do TED para verificar/consertar.

Portuguese, Brazilian subtitles

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