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Como treinar funcionários a ter conversas difíceis

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    Vivemos num mundo
    no qual a coleta de dados
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    acontece 24 horas por dia,
    7 dias por semana,
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    365 dias por ano.
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    Esses dados são normalmente coletados
    agora pelos "especialistas em recepção".
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    São balconistas em suas lojas favoritas,
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    os caixas nos supermercados,
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    os especialistas em registro no hospital
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    e até a pessoa que lhe vendeu
    seu último ingresso de cinema.
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    Eles fazem perguntas discretas, como:
    "Pode, por favor, me passar seu CEP?"
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    Ou: "Gostaria de usar
    seu cartão de descontos hoje?"
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    Tudo isso nos fornece dados.
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    No entanto, a conversa
    torna-se um pouco mais complexa
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    quando perguntas mais difíceis
    precisam ser feitas.
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    Deixem-me contar uma história.
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    Era uma vez uma mulher
    chamada Srta. Margaret.
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    Ela tinha sido especialista em recepção
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    por quase 20 anos.
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    E em todo esse tempo ela nunca,
    e quero dizer "nunca",
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    precisou perguntar a um paciente
    o sexo, raça ou etnia dele.
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    Pois a Srta. Margaret pode
    simplesmente olhar pra você e dizer:
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    "Então tá!"
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    e pode dizer se você é menino ou menina,
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    preto ou branco, norte-americano ou não.
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    E na cabeça dela,
    essas eram as únicas categorias.
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    Então, imaginem aquele dia sombrio,
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    quando a supervisora petulante dela
    a convida pra uma reunião de "muda tudo",
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    e lhe diz que ela teria que pedir
    a cada um dos pacientes
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    que se identificassem.
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    A supervisora deu a ela 6 sexos,
    8 raças e mais de 100 etnias.
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    Claro que a Srta Margaret ficou chocada,
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    extremamente ofendida.
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    Tanto que marchou para o departamento
    de recursos humanos
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    pra saber se tinha direito
    a uma aposentadoria antecipada.
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    E terminou seu discurso dizendo
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    que a supervisora petulante a convidou
    pra uma reunião de "muda tudo"
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    e ela nem sequer, nem sequer
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    levou, levou comida, comida, comida...
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    (Risos)
  • 1:53 - 1:55
    (Aplausos) (Vivas)
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    Qualquer um sabe que tem
    que levar comida para essas reuniões.
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    (Risos)
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    Pois é...
  • 2:05 - 2:06
    (Risos)
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    Agora, esse foi um exemplo
    no ambiente da saúde,
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    mas é claro, todas as empresas
    coletam algum tipo de dado.
  • 2:12 - 2:16
    História verdadeira:
    eu ia transferir um dinheiro.
  • 2:16 - 2:19
    E a representante do atendimento
    ao cliente me perguntou
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    se eu tinha nascido nos Estados Unidos.
  • 2:21 - 2:24
    Hesitei em responder à pergunta dela,
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    e antes mesmo de ela perceber
    por que hesitei,
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    ela começou a detonar a empresa
    pra qual ela trabalhava.
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    Ela disse: "Garota, sei que é idiotice,
    mas estão nos fazendo perguntar isso".
  • 2:35 - 2:36
    (Risos)
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    Pelo modo como ela falou comigo,
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    eu disse: "Garota, por quê?
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    Por que estão fazendo você perguntar isso?
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    Eles estão deportando pessoas?"
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    (Risos)
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    Mas então, tive que ligar meu outro lado,
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    o meu lado mais poeta profissional.
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    Aquele que entendia que havia
    senhoritas Margaret por todo canto.
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    Pessoas que eram gente boa,
    talvez até bons funcionários,
  • 3:00 - 3:03
    mas faltava a elas a habilidade
    de fazer perguntas corretamente
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    e, infelizmente, isso passou
    uma má impressão dela,
  • 3:05 - 3:08
    mas o pior, passou uma impressão
    ainda mais negativa do negócio
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    do que a impressão dela mesma,
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    pois ela não tinha ideia de quem eu era.
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    Eu literalmente poderia ter sido
    uma mulher que daria uma palestra no TED
  • 3:16 - 3:18
    e a usaria como um exemplo.
  • 3:18 - 3:19
    Imaginem só!
  • 3:19 - 3:21
    (Aplausos) (Risos)
  • 3:23 - 3:27
    E infelizmente, as pessoas
    recusariam responder às perguntas,
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    pois sentiriam que você usaria
    a informação para discriminá-las,
  • 3:30 - 3:34
    tudo por causa do modo
    como você apresentou a informação.
  • 3:34 - 3:35
    E é assim que conseguimos dados ruins.
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    E todos sabem o que dados ruins fazem.
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    Eles custam seu tempo,
    dinheiro e recursos.
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    Infelizmente, quando temos dados ruins,
  • 3:45 - 3:48
    isso também custa muito mais,
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    pois temos disparidades na saúde,
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    temos determinantes sociais da saúde,
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    e temos a mortalidade infantil,
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    e tudo depende dos dados que coletamos,
  • 3:57 - 4:00
    e se tivermos dados ruins,
    ainda temos esses problemas.
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    E temos populações desprivilegiadas
  • 4:02 - 4:05
    que permanecem infelizes
    e desprivilegiadas,
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    porque os dados que usamos
    estão desatualizados,
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    não são nada bons ou não temos nada.
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    Não seria incrível se pessoas
    como a Srta. Margaret
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    e o representante do atendimento
    ao cliente no local de remessa de dinheiro
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    fossem agraciados por coletar dados
    com cuidado compassivo?
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    Posso lhes explicar o que
    quero dizer com "agraciados"?
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    Escrevi um poema acróstico.
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    G: Garantir que o especialista em recepção
    esteja envolvido e ciente da
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    R: Relevância de seu papel
    quando ele se torna
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    A: Agente responsável pela precisão
    dos dados durante a implementação do
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    C: Cuidado compassivo dentro
    de todos os conflitos, tornando-se
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    E: Equipado com a educação necessária
    para informar as pessoas sobre por que
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    D: Dados coletados são tão importantes.
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    (Aplausos)
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    Eu sou artista.
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    Então quando crio algo artisticamente,
    o treinador em mim também se desperta.
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    Comecei a desenvolver esse poema acróstico
    em um treinamento completo
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    intitulado "Eu sou G.R.A.C.E.D."
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    Porque me lembro de quando
    era especialista em recepção,
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    e fui ao escritório de equidade
    para começar a trabalhar,
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    e disse: "É por isso que nos pediram
    pra perguntar isso?"
  • 5:18 - 5:20
    Tudo ficou totalmente claro pra mim
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    e percebi que perguntava
    às pessoas e falava com elas...
  • 5:24 - 5:27
    eu as chamava pelo sexo errado,
    pela raça errada,
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    e pela etnia errada,
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    e o ambiente se tornava hostil,
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    as pessoas se ofendiam e eu me frustrava
    porque não era agraciada.
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    E me lembro do meu
    treinamento computadorizado
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    e, infelizmente, esse treinamento
    não me preparou pra aliviar uma situação.
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    Não me preparou pra ter momentos
    de ensinamento quando tinha perguntas
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    sobre como fazer perguntas.
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    Eu olhava pro computador e dizia:
    "E aí, o que faço quando isso acontece?"
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    E o computador dizia...
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    nada, porque um computador
    não consegue falar contigo.
  • 5:57 - 5:59
    (Risos)
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    Então, essa é a importância
    de ter alguém lá
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    que foi treinado pra te ensinar
    e dizer o que você faz
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    em situações assim.
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    Então, quando criei o treinamento
    "Eu sou G.R.A.C.E.D.",
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    foi com a experiência
    que eu tinha em mente,
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    mas também uma convicção
    que eu tinha em mente.
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    Porque eu queria
    que o design instrucional dele
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    fosse um espaço seguro
    pro diálogo aberto para as pessoas.
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    Eu queria falar sobre preconceitos,
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    os inconscientes e os conscientes,
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    e o que fazemos.
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    Pois agora sei que quando
    você envolve as pessoas no porquê,
  • 6:31 - 6:34
    isso desafia a perspectiva
    e muda as atitudes delas.
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    Agora sei que os dados
    que temos na recepção
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    se traduzem em pesquisa que eliminam
    disparidades e encontram curas.
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    Agora sei que ensinar às pessoas
    a mudança transitória
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    em vez de forçá-las a mudar
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    é sempre um modo melhor
    de implementar a mudança.
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    Agora sei que é mais provável
    que as pessoas compartilhem informações
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    quando são tratadas com respeito
    por funcionários experientes.
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    Agora sei que não é
    preciso ser estatístico
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    pra entender o poder
    e o propósito dos dados,
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    mas precisa tratar as pessoas com respeito
    e demonstrar cuidado compassivo.
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    Agora sei que quando você foi agraciado,
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    passou a ser responsabilidade sua
    capacitar outra pessoa.
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    Mas o mais importante é que agora sei
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    que ao ensinar seres humanos
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    a se comunicarem com outros seres humanos,
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    isso deve ser feito por um ser humano.
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    (Aplausos)
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    Então, quando forem trabalhar
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    e tiverem que participar
    daquela reunião de "mudar tudo",
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    (Risos)
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    lembrem-se da Srta. Margaret.
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    E não se esqueçam da comida,
    comida, comida, comida...
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    Obrigada.
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    (Aplausos) (Vivas)
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    Obrigada.
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    (Aplausos)
Title:
Como treinar funcionários a ter conversas difíceis
Speaker:
Tamekia MizLadi Smith
Description:

É hora de investir em treinamentos presenciais que capacitam os funcionários a terem conversas difíceis, diz Tamekia MizLadi Smith. Numa palestra espirituosa e provocativa, Smith compartilha um programa de treinamento no local de trabalho chamado "Eu sou G.R.A.C.E.D." que inspirará chefes e funcionários a se comunicar com compaixão e respeito. Resumindo: sempre diga às pessoas por que o trabalho delas é importante.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
08:10

Portuguese, Brazilian subtitles

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